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CENTRO HISTORICO DE GUIMARAES, BERCO DA NACAO PORTUGUESA Ano de inclusdo na lista do Patriménio Mundial: 2001 Localizagao: No Minbo ‘Tome-se esta cidade pelo seu conjunto. Nao poderd haver melhor adequagdo para se apre- ciar uma cidade antiga do que esta sugestio, que congrega a lenta evolucio de uma urbe que asceu como assentamento militar com castelo ¢ nécleo habitacional discreto no século x, se foi bipolarizando € polinucleando através da Idade Média, para estabilizar no século xvii. Mais do que de monumentalidade, em Gui- martes fala-se de atmosfera, marcada por exem- plos emblemiticos para a historia de Portugal = a0 ponto de se ter tornado num dos maiores lugares de meméria- nacionais, gragas ao Cas- telo € a0 Paco =, mas sobretudo definida pela homogeneidade vivida do seu tecido urbano. O bercgo De Guimarics desprende-se uma inegivel at mosfera «nérdica». Nio sera por se situar bem chegada ao Norte do pais, mas antes por razdes que se prendem com a sua histéria ¢ com al guns dos moaumentos contidos no centro his- Arico. Mas também por causa dos sistemas de construgio tradicionais que ainda se podem en- contrar na cidade, quer a cidade que remonta ao século Xi, quct a que se espraia jd pelo sé- culo xx dentro. Existe, bem entendido, um sen- tido de harmonia espelhado na morfologia ur- bana mas também na qualidade granitica dos edificios, marcados em muitos pontos por ex- plosdes de cor das fachadas, estreitas, antigas, urcaicas, medievais, de alvenaria. Poder’ pare- cer estranho que uma cidade nortenha (e «n6r- dica>) possa ser caracterizada pela sua cot. £ 0 que estranhamenic nos convoca este centro his- LGrico cuidado € rigoroso, acarinhado mas vivi- do sem muscalizagdes excessivas ou inter- vengdes assépticas ~ como infelizmente acontece ‘eM Lantos outros: © ocre € O «sangue de bois, bem como © cinzento solene do granito, eis 0 cromatismo dominante da cidade: 0 ocre das paredes ¢ rebocos, o vermethio que em alguns deles encontramos, quer nas chapas dos anda- res mais altos das esguias casas, quer nos cai- xithos das janclas, quer ainda no revestimento cerimico policromo das casas burguesas na zona de expansio oitocentista. As proprias ja elas, quase sempre grandes © bem rasgadas, em quantidade ¢ seriagio, compoem este qua~ dro de uma urbe virada para 0 Sol, quando © Sol escasseia em dias de maior humidade. Eo verde que a envolve, nas colinas dos montes prdximos ou na plicida ondulacio desse alto- -lugar da patria (por mérito © por tradiga0) que € 0 Monte Sagrado ou Monte Latito, Fora da cidade sio bem conhecidos os teste- munhos proto-hist6ricos, encabecados pelos Castros de Briteiros e de Sabroso (¢ também pelo que se erguia na propria colina do caste- lo, em Guimaries). Estas pequenas cfritas for tificadas, iniciadas em tempo dos Calaicos, an- tes da chegada dos romanos, receberam depois 0s influxos da romanizag2o. Passaram a organi~ zar-se, do ponto de vista urbano, com a racio- nalidade possivel - com ruas € zonas bem de- marcadas, aglutinando-se nestas as conhecidas casas circulares, as casas castrejas, com a sua composicao tipica de -lar- centralizado, onde ardia a lareira, uma zona delimitada por um mu | rete baixo em pinga (uma expécie de alpendra~ | da baixa) e um pequeno redil para os animais. Civilizaglo pastoril, de montanha, constitui um dos primeiros sinais de organizagio territorial ‘¢m Portugal. Cada castro maior federava, por certo, outros castros mais pequenos, mas entre eles mantinha-se também, a crer nos relatos que desde a Antiguidade nos chegaram, uma isridens te rivalidade, rivalidade que ainda hoje caracte- fiza a vida contemporanea no Norte do pais, onde a independéncia concelhia - quase comu- nal ¢ aut6noma ~ se faz sentir através de uma ve zinhanga por vezes tensa mas inquestiona’ mente dindmica. Sem se pretender fa demasiada histéria ou «inventé-la-, nao admitir que ndo ¢ apenas no regime se da Idade Média udalismo — que se funda- menta a criaclo das unidades territoriais conhe ras» e tipicas do Norte. Re mais atrés no tempo, ta da propria culn Parece evidente se vislumbra em Guimaraes, independe te da dominagai od velmente de 711 a cidas por «t > fraccionamento localis castreja vontinuida por Suevos e Godos ~ ou Visi ~e depois pelo Islio, este a part tropas cristas, logo no século x. Alias, mpos conturbados si que nos restam. Mas mesm > POUCOS oS vestigios 8, Torcato, com a tipi- vos: abacos da Igreja d ca decoracao de rosetas ou hemicirculos com io vegetalii facilidade de cl goticos» p ra possam ser — e decerto sao ~ de tradicao De tradigao mogarabe € 0 conjut € janelas geminadas da Sala do C tiga Coleg! curso do 10 da po. a, hoje em dia inte mpaio, que ficou stalado nas primicias das dependéncias que complementavam o templo. Isto é, no século x a cidade ganhara um protagonismo significati vo com a instalagao de D. adona, que fez reviver aqui a mitologia da cristandade «goda’ De facté, Mumadona Dias fundou em G Mosteiro de Santa Maria, em 949, 9 que se «acastelava» de modo a Jo no per seu de Alberto S: definir 0 seu te srio — a sua «terra 0 castelo de Mumadona deveria correspon: der ao modelo de fortificagio senhorial medie val «antigo: adeira sobre uma mota, eventualmente circundado de um fosso — preci samente na forma da Europa do Norte. Ficava no lugar mais proeminente ¢ em seu redor se desenvolveu uma pequena tarde protegida por uma cinta de muralhas, pos- teriormente remodelada ¢ amplamente acres- a. Um dos a Igreja de S. Miguel, de estrutura romanica discreta e que ainda persiste, >ra comple tamente isolada, uma vez que os vestigios des (parte) originaria enterrada sob 0 Mo: Guimaries se encontra Latito. © século x1 vé a instalagto do Conde D. Hen rique e de sua mulher, D. Teresa, na cidade, que fundada no igo mosteiro, em 1096. em zona algo distante da antiga ¢ origindria ai cAcova e do castelo da Condessa Mu Ihes concede a pri E € definitivames cisivo, tendo em conta a sua esta edificaglo que desde cedo procede & agre gacao de um niicleo urbs tal nas «terras» do Condado Portu cisivamente para aquilo a que se pode chamar tanto constituido, A Colegiada de Santa Maria a bipolarizagio de Guin Murathas do Castelo de Guimarics. que domina + chdade ‘e que data do sé torre de menage, (de 28 mctron de altura, eemonte ae wo

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