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Cntico azul e branco

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Vem para aqui - dizem-me alguns com olhos de carneiro mal
morto,
estendendo-me os braos, e seguros
de que seria bom que eu os ouvisse
quando me dizem pra sair do Porto.
Eu olho-os com olhos de desprezo
(h, nos meus olhos, um carvo aceso)
e fico ao cho bem preso,
e nunca vou para ali

A minha glria esta:
ficar a olhar a azul imensidade!
No ir atrs de ningum!
- Que eu amo o azul at eternidade
desde o dia em rasguei o ventre a minha me.

No, no vou para a! S vou pra onde
haja azul , muito azul com listas brancas
e se assim com firmeza meu gesto vos responde,
porque me repetis: vem para aqui?
Prefiro Luz a Rua Escura e Madragoa
o meu Bolho e Mouraria de Lisboa
eu prefiro, carago, andar por a toa
a ir para a

Se vim ao mundo, foi
s pra gritar Porto! Porto! at ao infinito,
e voltar a soltar o meu grito
de boca escancarada!
Tudo o mais que disser no vale nada.

Como, pois, sereis vs
que me fareis promessas, convites e
ameaas,
para me ver mudar as minhas convices?...
Corre, nas vossas veias, s o sangue mourisco
e vs amais o que no presta!
Eu amo o Azul e Branco,
o Risco,
a Festa,
e o fogo que sai da goela dos Drages

Ide! tendes guias j com gripe,
tendes rbitros fidelssimos,
nunca tendes sumarssimos
e tendes penlties, Calabotes e largos prolongamentos.
- Eu tenho a minha bandeira azul!
Ergo-a bem alto
e desafio o Sul
e, todo ufano, canto vitria
aos quatro ventos

O azul e o branco que me guiam, mais
ningum!
Todos tiveram pai, todos tiveram me;
mas eu, que ganho sempre a minha aposta,
nasci do amor que h entre a vitria
e o Pinto da Costa.

Ah, que ningum me venha com to ms intenes!
Eu sou apenas dos Drages!
Ningum me diga: Vem para aqui!
A minha vida o Porto onde feliz eu sou,
A minha vida o Porto onde a glria ancorou,
A minha vida o Porto onde a festa estoirou!
Eu sei bem onde estou,
eu sei bem pra onde vou,
sei que no vou para a!


Anthero Monteiro(indito)

Uma pardia do Cntico Negro de Jos Rgio:

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