Você está na página 1de 10
UNIDADE 1 \ { \ | AFILOSOFIA EO CONHECIMENTO / \ wi ancer _// SBeivcn e1 Aetri ra um ota posse. Aa voce, sia com o aig "omaio do papo ma mes ds lenchenete, conepate» pensar “eer petra ou manter A primeira idéia que nos vem & cabeca quando tentamos define @ filosoia ¢ 2 de buscar uma rzio Wistériea para sua eisténca. E como nio temos a intengio de defin-la e nem de locazar precisamente asus oigem, preferimos admitc flosofia como "ato de flosofar"e, com base niss, fompzeender © hamem como um ser situado numa época que se senie perpleno com a realidade vivida e comoca as interrogar sobre al realidad, buscando uma razio fundamental para tudo 0 que exist (0 methor meio dese aproximar da flosofa€ fazer perguntas.S6 que rio sio perguntas/questoes Sao pergunta/ problemas. Sao perguntas de cariter selladva, oa aga, 0 pensamento dentro de uma acio hamana que’ permite uma tomada de atitude dos homens diate dos acantecimentos da vida Reflexio vem da expressolatna reflect que significa “voltaratris” Ou. se) epencardetidaments,prestaatenco,aralisar com cuidado eintero- gar se sempre sobre a opnibes, as impresses, os conhecimentosténico cin ‘cose proprio sentido da oso if precisaro instante exato em que se inicia a ativicadefloséticn ns istvia, ow quando as perguntas/ problemas comecam ase feiss pelas pessoas em suas Epocas, Para ss, precsaviames sober em que momento © homem comesoa a questonar-e sobre si mesmo, sobce 0s outros homens, sobre o mando em que vive. Em sums, teramos de determinar quand e por {que ohomem comegona pensar maisseriamente, mais pofundamente sobre Aeterminados fentimenas que pertarbavam sua exsténcia. E claro que muitas texplieagbes foram cradas para 0: Fendmenosnaturas qu incomodavam os Sees humanos mas, em cero momento alguns comecam a ductor dessas explicasies {A parlir da ddvida, 0 ato de filosofar gana proporsies importantes, pois, pereebendo as contradiies exstenes nas diversas explicagSes dos [contzcimentos do mundo, ohomem passou a questoné-las, a pélas em “enue e 8 buscar resposta mas coerenes, mais concretas para suas intrro sabes A primeiraexperinca como "ato de losoar”dequetemos conhcimen te dea-se na Gréca Aiza. Comonascimento da pls ascidaces Estado gregas ppssama expand poder plc, econdmicoecaltural para outascivilizagies, ‘que permit o desenvolvimento de aspecos importantes da cultura, das formas de govera, da paricpacto popu, influencando. desnvolvimento intelectual ¢permitindo que surgssem os problemas reais cbre a exstinca do coamo (os gregas chamavam o munvda de coon, qe significa ordem, bleza, harmonia em oposiga a0 ans, a desordem de quando ainda no havia sido «sito o mundo) E at que aparece fgura do cof, ou sea, um “amanto da ‘sbedoria’, alm cuo objetivo é chegar &sabedosia por isso que o pesaui Sador Jean-Pierre Vernant amo que lewoia filha da dade ‘sam que ples feof el melee por Piégoaano fea V | 16 Elser roverenid come um aa oe um gre), a, od | fr um info moet, dia-se quad mato in sigo de ssber (34 | ‘ics que wren arg, amante — vad, amid —e 2080, ‘sbedove, eta), cunhande pala gota, 9 mae fre uri 8 paler Bone, pr foe cone Sidon O filbsofa procura desvendara saber, Nio ut saber pronto eacabado, ‘mas um saber que experiencia oni saber, que faz 0 movimento da ignordn cia a0 saber. Aquele que busca conhecer alguna coist, que esté sempre & procura de respostas eda constant superacio desss espostas, pos Sempre {que chegamosa uma resposta, ela nos desperta par inimeras tas per gun ths, Por io, defnimos anericrmente a pergunta filosiica como uma per sunt problema ato deilosofarcomecoua sui feltonaguelas comunidades primi tivas que fequentemente recorsiam a ios para expicr os endmends no ‘ompreendides.O mito, em geea, era — e @ae hoye— uma explicagso que utliza elementos simbiliense sobrenaturais pars entender 9 mundo © dat sentido & vida humana, respondendo satisftoriamente 8 curiosidade das pessoas, Muito acreditavam e acreditam em certs explicagtes mitolgicas sem fundsmentagio légica ce um saber raconale sem colocar em davida {spectos desea crnga, O mito ndo coloca em diivida suas explicnbes. S80 \erlaes absolutas a Serem cegamente seguida; ja Slosofia earactenza-se por sempre busca algo mals, por lose contentarcoma primeira expicagso ‘sponte A flosofia nasceu ¢ nasce da aspiragio de estar em toda parte © em ‘qualquer crcunstania, & como o a que espitamose que nos cloca dian ‘Ge questaesqaeexigem “ates” para tomar certs decsoes que preencham ss aspleagies por isso que a filosofia ainda no teve fim, « peovavel rent jarais ler, embore, em ruilos momentos da histra,fibsofos te ham tda a pretensio de ter alcngado a sabedori, isto, ofrn da propria tividadefiloséca, Mas suas iis foramogo questionadas «sua pretensio| ‘i, seguindo a filosofia seu caminho de busca de um saber ca vez mais aprimorado, Vocé esté percebendo que a flosofia & uma atividade em constante transformagio: depende da cenografia de cada epoca e dos atres que saber 25 paleo — os filsofes que tentam compreender essa cena gue vier, Desse modo, € muito dif defini © que se flsofa, pois ela assame diferentes feigdes. Par faclita sa compreensio, flaemos um pouco de tgs grandes figuras do periodo cassicn gogo, que viveram entre of séulos Ve lta.C.€ de como viverama atvidade filostica, 16 eg Uy Séorat A figura de maior destaque da flosofia gregacissica foi Socrates Flenada ese eu, mas andava pelas ruas de Atenas conversando coms pessoas. Gostava de nterrogélas sobresuas renga, evando- ‘sa pereeberoquiotransitvas ela eram. Buscava um conhecimento mals claborado, mas, quanto mais conheca, mas nha consciénca de que sabia ‘muito pouco, For essumir humldemente uma posi de ignorancia, fo seciarado pelo Oréculo de Delios como v homem mals sabio do mundo. \Vivensiando as experincias do dia-a-di tentando questionar sempre ‘os acontecimentos da cidade eas relagdes entre as pessoas, Socrates, atento ‘20 caminho da perfeiio, inquietava os cidadaes stenienses com a magia da arte do didlogo. Ele nos ensnou que aatividade de flosolar nao se distingue lo proprio ato de viver, que o ato de lsofar consist em canscientizar os de que nada sabemos. Nas suas conversas na praga do mereado de Atenas, fle mio queria ensnar, mac aprender com as pessoas Nese dilogo, ambos sprendiam, Scrates conversava com as pessoas ereqientement azia perguntas Levava seus interiocutores aver 0 pontosfracos de suas propria teflendes (Com base nisso, permita que outa pessoa chegasse a suas proprasconcle~ ses. Na werdade, Sécrates dialogava com as pessoas forgandores a Usa? Ele mergulhou no saber. Frocurou compreender os conifites da cidade, das goragSes, dos costumes ea pars dai, mergulhou num constant exerci. lo de vida, no confronto dio com as contradigbes do saber. ‘Séerates sabia muito bem que nada sabia sobre a vida €0 mundo. E que ‘Sto eraum ponto departia paacheyar® vrdade. He proprodizia que ica coisa que sabia era que ni sabia nada. “Eu 86 se que nada set" era seu conhesidolema, Essa posigio oconfrontava com 0s sofstas, que geraimente se satista- iam com resposiasprontas eacabadas, Fara Sécatesos questionamentoss80 ‘aisimportantesepesigosos, Uma tna pergunta pode ser mas importante do que varias resposas. Responder ni &perigoso. Eteacreditaya que oconhecimento do que cero leva ao aie corrto Por isso € tio importante ampliar nossos canhacimentos, [ele estava preocupado em encontrar definigdes clara e viidas parao que é certo eo que € errado,afirmando que essa capacidade de distinguit 0 certo € © errado estava na raxio. S6 assim, agindo de acordo com « azdo, pensive «leas pessoas poderiam ser de fata felizes:ndo uma felicidad baveada nas paréncias, mas uma felicidade real, daguele que também busca fazer os cutros feliz, Mas os questionamenios de Sécrotes despertaram 0 dio de muitos atenienss, pertubados em suas “certezas”e vend rai seu mundi bem «construc, Com mis de 70 anos de dade, ele foi preso,julgado econdenadlo 6 4 morte, acusado de no sereditar tos deuses da cidade e de corromper os jovens. Os atenienses quiseram dar una ligio & flosfia,tentando hug do incémedo causado por el Plato lato fo discipulo de Séeratese também cidedio aeniense. Era uma pesson de fa ria rica, cull, intligente produzit iscursose visas obras filssficas Dest ‘couse apes a publiagio do discurso em efesa de Sécrates, que havia bebido o eiice de ccta, a pena de morte wigenteem Atenas escola que fundou em Atenas, ele deu o nome de Academia, Nessa ‘sco ensinavasefilosofia, matemdtica e ginstica F também ublizava-se0 :método dialgicacriado por Socrates, pois Patio 0 considerava seguro © importante para o desenvolvimento da fosfia A preocupacio central de Patio consita em perceher a relacio entre aquilo que, de um lado, ¢ eterno e imativel, eaquilo que, de oto, li, oa seja, movimentase. Concuis: que aquilo que &etemo e imutavel etl no plano idea, raciona,espirtua. Esti nageilo que elechamou de mundo das ‘dias. J8aquilo que fui pertence 20 mundo dos entidos, dos aconecimen= tos, feito de um material syjeito 8 corrsia da tempo. De fato, essa preocupago de Patio aparece porque ele estava queren- do provar a exiséncia do conhecimento verdadeir, Paria da consatacao de {que tudo nquilo que ssbernos, temas aceso ou pels sentios (visto, audigio, tato,paladar,olfato) ou pelo pensament, pela 2780. Qual dos dois seria ais confvel? conhecimento sensval era 9 do manda dos sentidos, que fie se transforma; poranto,¢ wm conhecimentotransitiro. Jéas ios 5 podem ser conhecdas polo pensamento; née nfo conseguimos fer uma per ‘cepcio sensvel de uma idéia (vl, chit ete), maso mundo das iléas€ ‘omundo ds pereigio, aquele que eterno. Ents, ele chegou a conciusio de {que o verdadeiroconfecimento € 0 das iia, eno o dos setidos, que 80 pens aparéncias Mas 0 verdadeiry conhcimento nio pole desprezar 0 mundo dos sentidos: $6 com base nele ¢ que podemos chegar nas ideas. Portanto, era predso partir do mundo dos ents, compreender como ele se manifestana rwalidade eformular uma idea sida para chegar a um conhecimento que ro nos traga davidas, do qual possams estar seguros, A razio €etema e imatvel, pois emitejuios daquilo que 5 se mani festasobre adios questo eteroseniverais,levando-nosa ities verdad 1s, a0 passo que as opinises eo3 senticos podem nos dar ideas floes sobre ‘oque sentimos eperechemos, pois eto baveadosnatransitoriedade — Essa divisio entre dois mundos ¢ a marca da flosofia de Platio, ‘parecendo também em sua visto do homem,separando o corpo da alma, Parse 0 espitito ou a alma ¢intlectiva(racional) esuperiot.O corpo é icracional (sensive)e inferior. O compo, com suas inclinagSes e paintes, contamina pareza da alma racional, ixpedindo-a de contemplarasicéias perieitaseeternas. Como nossos sentidos estéoligados a0 corpo, ndo si0 fotalmente confdveis, Confivel éa alma mortal, onde exste a morada da razio. E porque a alma no é material ela pode ter acess0 a0 mundo das ides, “Mas Pato dava um papel importante as exrcicos fsicos,atibuindo fa eles a qualidade de vivifcar a alma e permitr a sua concentragio na ‘contemplacio das idézs. Ele mesmo era unt alta (seu verdadeiro rome era ‘Aistocles, mas recebeu 0 apelido Patio que, em gre30, significa “ombros largos")e acreditava que a instica ea msicapermitem a superondade da, espinto sobre o corpo. Assim, a alma e6 pode desenvolver-se com um eorpal forte esaudvel; ao conrio,afraquezafsca tonna-se um empecilh vida superior do esprit, Platao defendia a existincia de um mundo ideal, pefeito¢ imutivel, No nosso mundo sensivel, tudo deveria buscat 0 modelo dessa pectelcio E para isso, era preciso encontrar, tarbéas para sociedad, um modelo que Prvilegiasse eve raciocini, Baseordo-e nso, ele imaginou um Estado tonsttudo come o eoepo humana Sequndo ele, o corpo hurano consis em trés partes cabecs, pito © baxo-ventre. A razio pertence & cabega, a vontade 40 peito eo deseo a0 Daixo-ventre A razio deve inspizar sabedora, a vortade deve mostrar cora jem € 0s deseos devem ser conrolados. Para exitir uma perfeigio social, ‘rganizacio da sociedad deve ser de acco com a classifica do corpo hhumano: govemantes cabo), soldados (pete) e tabalhadores em get (baine-vente) 58 podem goverar a sociedade aqueles que tim a possbildade do pleno uso da razdo, pois s6 eles podem campreender a idéia de Justice ¢ dirige os demais segundo ela. E ness caso, quem temo pleno excrete da ‘ako, segundo Patio, & 0 soto. E por iso que, para ele, ou os fl60f08 tomavamsereis,ow 0s es deveriam trnarsefilGcoos. Platao inventow uma forma de fazer flosofia: pegou emprestado de Séerates o método da conversa, de dislogo para expresas sss ideas, Mas, liferente do seu mere, ni ficava plas ruas conversredo com as pesoes, Pensa etenfava chegar a idéias cada vez mais pereitas Para comics 08 ‘outros esses das estrevia na forma de dalogos, com watioe personagens coaversando entre sl e defendendo ides diferentes. Na imensa maioria de suns obras, Sérates era a personagem principal, ra boca da qual Plas ‘olocava as ideas que pretendia demonstrat, Aristétoles Aistteles pertencou & Academia de Pla- to, Nio era ateniense mas da cade de Estagira,e filo de um méstico/centst Sua formacioe seu inteesse pela nature- 2a fizeram com que divergisee do mestre Platio (que nose preocupou muito como mundo dus entidos), procuranda ser também um estudioso da naturezavivae de seus processos de mudancts eevolasio Aisttcles & considerado como aguele que, aa cultura grege, orga 204, Sstematizoue ordenou as varias encias Ele dizia ques dias no nascom conosco, ls se formam em nacom base nas experncias que temos na vida. For exemplo: para Plato, existe primeira déia de caval (raz) da qual cada cavalo que vemos é uma copia, Para Aratbees, existia a forma do cavalo, dervada daguilo que chamamos de espe, elasificasio que fazemos pelos sentidos. Para ele, a relidade esta {em pereebermos.ou sentirmos tudo o que estéa nasa frente e com base nis, llaborarmes nossa visio de mundo, Pensava ele que todas as nosas ids todos os nossos pensamentos tint entado em nessa conseincin através do que vamos ¢exvsenon Mas acreditava que temos uma razio inata — ferns @ cspacidade de ondenar em hferentes grupos classes todas as nosas impresses sensoriis Somos capazes de rar concstos classifies, por exemplo, em anima, vegetal ou mineral, Avisitles era um homem meticuoso ¢ queria encontrar ou explicar racionalmente os aconteimentos das fenémenos da natueza. Para se, era importante fcar claro como nos sentidos explana formas das cisas. To. ‘mando o exemplo de uma drvore ele diia que existe a forma da drvore,captoda pelos nossos sonidos, Mas exit também uma substinc, que éaqulo que faz “om que Arvoresej srvore.Nasemente,asubstncia de drvorejsesté presente, ras ela deve atuaizar aquilo que ainda é uma possblidade, germinando,

Você também pode gostar