Você está na página 1de 17
_ {})Doutora om Filosofia 6 Historia da Educacdo pela PUC/SP Pos-Doutora pola Universidad Nacional 25 de Educacién a Distancia (UNED/Espanha) , Professora titular da Universidade Estadual do Ceara JMECE), Secretaria da Educacéo Basica do Estado do Ceara (SEDUG, Exmail: sofialerche@zeduc ce.gov-br. Sofia Lesche Vieira* Financiamento e eestdo da educagao publica** RESUMO: Este texto trata de alguns temas do financiamento da educagao bésica, Palavrae-chave: | destacando a importdncia de educadores e, sobretudo, gestores aprofundarem-se ‘educagdo publica, no conhecimento da matéria. Apresenta suas principais fontes, com énfase na financiamento. participagéo das trés esferas governamentais - Unido, Estados/Distrito Federal e Municipios, que tem constitucionalmente definido um percentual minimo de aplicagdo da receita resultante de impostos na manutencdo e desenvolvimento do ensino; o salério-educagao, contribuicao social que destina recursos adicionais ao ensino fundamental publico, também previsto na Constituicao Federal; o Fundo de Manutengdo e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorizagao do Magistério (FUNDEF), aprovado em 1996 e com vigancia de 10 anos, que redistribui recursos entre Estados e Municipios de acordo como nUmero de alunos matriculados no ensino fundamental; e 0 tratamento dispensado ao assunto no Plano Nacional de Educagéo (PNE). Discute também outras fontes de financiamento, oriundas de ‘empréstimos internacionais e de transferéncias de recursos diretamente as escolas, ‘a exemplo do que vem ocorrendo através do Programa de Repasse de Recursos para a Manutengao das Escolas Publicas do Ensino Fundamental, conhecido como Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE). Procura ainda avangar no debate recente sobre 0 assunto, abordando as perspectivas do Fundo de Manutengao e Desenvolvimento da Educagéo Basica (FUNDEB), ora em discussdo nacional. do planejamento, da fcr 0 pablica. Contraditoriamente, por ada deartigo de nossa adado financiamento é um dos temas mais importante politica e da gestao da educa tratar~ profundidade nos cursos de formagao de edueadores. Se na pritica o prof autoria, denominado “Financiamento da de matéria complexa, nem sempre 6 e ceducagio ~ uma caixa- faz pouco uso de nogées relativas a esta matéria, para os gestores este SNM = tm Mane ? desconhecimento é problemitico pois, em tiltima instincia, as politicas ——blicado no liv Estne educacionais se materializam através de agdes passiveis de financiamento, As #2 firanciamento da ae: p i ane edueagio bia (VIEIRA iniciativas de transferéncias de recursos diretamente as escolas tém evidenciado Rastoubeate 0 quanto faz falta maior desenvoltura no trato com as finangas piiblicas. 3002, p. 67-88). Aauto- xm agtadoce a colabora- olares enfrentam dificuldades em seo etae elon Nao apenas professores e gestores : : Finance Nogeeire m0 lidar com as questdes do financiamento. Mesmo em s retarias de educagio apoio tecnico &clabora- néo raro a matéria financeira € assunto para poucos iniciados, que se ciodestertign © publico e © privado - N° 5 - Janeiro/Junho - 2005 26 ° Vérias denominacées vem sendo utilizadas nos documentos do MEC para a sigla FUNDEB, tais como: Fundo de Manutengioe Desenval- vimento da Educagio Basioa; Fando Nacio- nal de Manutengio ¢ Desenvolvimento da Educagio; e Fundo de Manutengio e Desenvol- Yimento da Educagio Bisica © de Valorizagio dos Profissionais da Edueagio. Sofia Lesche Vieira comunicam entre si através das siglas, jargées e e6digos numéri peculiares ao officio. Ou seja, o financiamento persiste sendo uma caixa- preta para a grande maioria. E importante conhecé-lo por representar um dos fatores determinantes para a operacionalizagao das politicas educacionais definidas pelo Estado, seus mecanismos de captagao, destinagao e utilizagéo de recursos (VELLOSO, 1987; VERAS, 1994). s Este texto procura resumir alguns temas do financiamento da educagio bésica, apresentando suas principais fontes, 0 saldrio-edueagdo, 0 Fundo de Manutengao e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorizagao do Magistério (FUNDEF) e 0 tratamento dispensado ao assunto no Plano Nacional de Educagéo (PNE). Discute também outras fontes de financiamento, oriundas de empréstimos internacionais e de transferéncias de recursos diretamente as escolas. Procura ainda avangar no debate recente sobre o assunto, abordando as perspectivas do Fundo de Manutengao e Desenvolvimento da Edueagao Basica (FUNDEB)'. 1 Fontes do Financiamento A compreensio das fontes do financiamento requer um entendimento de que ...a educagao brasileira, em seus diferentes graus ¢ modalidades, ¢ financiada por recursos provenientes do setor piiblico, e pelo setor privado por meio dos érgaos da administragao direta e indireta das esferas federal, estadwal ¢ municipal, e pelo setor privado, que mantém escolas particulares e cobra mensalidades das familias, associag e de outras entidades privadas (BRASIL, 1996, p. 16). es © Quadro I permite visualizar a distribuigao das fontes de recursos da educagéo: mace Quadro I Fontes da Educacao Governo Federal Setor Puiblico | Administragio Direta Governos Estaduais Governos Municipais Administracao Indireta Fundagées ¢ Autarquias Empresas Estatais Familias e Individuos Associagies SENAI, SENAG, Igrejas, clubes etc Empresas Privadas Fonte: VERAS, 1997, Quadro II, p. 66 Setor Privado Financiamento e Gestio da Educagto Publica As principais fontes piiblicas de recursos para a educagio provém das trés esferas governamentais: a Unido, 0 Distrito Federal ¢ os Estados, e os Municfpios. O Artigo 212 da Constituigdo Federal refere-se ao financiamento da educagao piblica, o qual é definido nos seguintes termos: A Unido aplicaré anualmente, nunca menos de dezoito, € os Estados, o Distrito Federal e 0s Munictpios vinte e cinco por cento, no minimo da receita resultante de impostos, compreendida a proveniente de transferéncias na manutengao e desenvolvimento do ensino. E oportuno considerar que a receita resultante de impostos pode financiar todos os ntveis e modalidades de educagéo escolar, af incluindo a educagéo bésica (educagéio infantil, ensino fundamental e ensino médio) e a educagao superior. A Constituigdo, todavia, define esferas prioritérias de atuagao. A Constituigdo ea LDB definem niveis de agio prioritéria para as trés esferas do Poder Pablico. O ensino fundamental, direito ptiblico subjetivo e de oferta obrigat6ria, conta com recursos assegurados pelo FUNDEE do qual trataremos adiante, 0 mesmo nio ocorre em relagiio a educagao infantil, ao ensino médio € ao ensino superior, assim como as modalidades de ensino. A prioridade relativa ao ensino fundamental pode ser melhor visualizada através de dados relativos ao biénio 1998-99, quando os gastos piblicos em educagaio se distribufram da seguinte forma: 58% foram destinados ao ensino fundamental, 21% ao ensino superior, 11% ao ensino médio e 10% a educagiio infantil, sem contabilizar gastos com inativos (RELATORIO, op. cit., p. 118). Importante aspecto desta matéria refere-se 4s despesas passfveis de financiamento. Para bem situar a questo, a LDB (Art. 212) define que a aplicagao dos recursos de impostos deve ser feita em ‘Manutengao e Desenvolvimento do Ensino’ — MDE, e ndo em educagao lato sensu (em geral), como usualmente se entende (VERAS, 1997, p. 58-59). Trata-se aqui de evitar outro equivoco ~ 0 de julgar que todos os gastos em educagao podem ser financiados pelo Poder Pablico. A intengao do legislador com tal dispositivo foi de evitara drenagem de recursos, para um grande contingente de despesas que nfo sao propriamente destinadas ao ensino e que em muito contribuem para a fuga dos recursos vinculados & educagdo para outras dre: deste assunto que a LDB apresenta dois longos artigos de s de atuagiio do Poder Ptiblico. Tal é importaincia nindo o que pode 0 poblico @ © privado - N° 5 - Janeiro/Junho - 2005 28 Sofia Lesche Vieira ou no serdefinido como MDE (Art. 70 ¢ 71). De uma maneita geral, podem ser computadas como despesas de MDE aquelas referentes ai remuneragao aperfeigoamento dos profissionais da educagao, material didético, transporte escolar e outras atividades ligadas aos objetivos bésicos da educagdo, sendo excluidas as realizadas em obras de infra-estrutura, subvengdes, programas suplementares e certos tipos de pesquisa (VERAS; VIEIRA, 1997, p. 10-11). vento do ensino Dict Rae Ine, porcentuais bem acima do mtnimo constitucional (18%), sua parcela nos gastos ISS. (Imposto sobre com educagao é inferior a um quinto do total (RELATORIO, 2001, p. 119). Servigos de qualquer Para tal situagdo tem contribuido ainda a Desvinculagdo das Receitas da Natures) © FPM (Rin- Unio (DRU), ocasionando perdas substanciais para a educagao. Estimativas do de Patiipegso don 00 perdas substanciais p ao. Estimativa Municipioe). para 2003 indicavam uma perda bruta de cerea de RS 3,6 bilhdes. iter Vivos” —_qpesar dea Unido, hoje, gastar com manutengao e desenvol dos Bens Iméveis 0 de 2 Abrevia no Quadro: It (Imposto O Quadro II permite visualizar as receitas de impostos ¢ transferéncias sobre Importagéo), IE vineuladas & manutengdo e desenvolvimento do ensino: (Imposto sobre Exporta- fo), ITR (Imposto sobre a Propriedade Coot ‘Testitorial Rural), TR Receitas Provenientes de Impostos (Imposto sobre a Renda : Fi 7 ce Proventos de qualquer Be ne s Eee natureza), IOF (Imposto 1. Impostos | I IPVA (50% Municipios) | IPTU eee ee Proprios | IE ITCM (25% Municipios) | ITBI Seep ITR (50% Municipios) | [CMS (25% Municipios) | 18S Se IR(21,5% EPE) alores Mobilisrios), IPVA (Imposto sobre a (22,5%EPM) Propriedade de Vetculos (3,0% Reg) Automotores), ITCM IPI (10% Estados) (Imposto sobre a"Trans- IOF risséo “causa mort” © Sans dames | 2mpostos Da Unio Da Unio ae eee Rast ‘Teansferidos FPE (IR + IPI) FPM (IR + IPI) vas & Circulagho de IPI - Exp ITR Mereadorias ¢ sobre (25% Municipios) IRRF Prestngio de Servigosde IRRF ; ‘Transporte Interestadual Do Estado |e Intermunieipal e de IPVA Comunicagio), FPE S$ (Fundo de Participagto GMS) : dos Estados), IPI-Exp IPI - Exp ea ae Fonte: VERAS, 1997, Quadro III, p. 66? Exportagio), IRRF (Im- . . . . . poste de Renda Retido Tas recursos, oriundos da receitas provenientes de impostos, so aqueles ‘fino IPTU (haps que o Poder Pablico utiliza para realizar as despesas da edueagio. Na éiltima TacuralUreanimpr — déeadla, a arrecadagio tem erescido por outras vias que no os impostos, (lmposto sobre a Ta resultando num esvaziamento do potencial de arrecadagao da Unido. Assim, . Financiamento e Gestao da Educacao Publica Outra importante fonte do ensino fundamental é o salério-educagao. Esta contribuigao social 6 prevista pela Constituiga ensino fundamental piiblico teré como fonte a io que assim estabelece: 0 ional de financiamento a contribuigao social do saldrio-educagao, recolhida pelas empresas, na forma da lei (CF, Art. 212, § 5.°) Ao lado dos impostos, das receitas dele provenientes e do saldrio-educagao, so também recursos piblicos destinados A educagio outras contribuigoes sociais, a receita de incentivos fiscais ¢ outros recursos previstos em lei (Lei n.° 9.394/96, III, IV e V). O saldrio-educagdo equivale a 2,5% da folha de pagamentos recolhidos pelas empresas ao INSS (exclufdos os valores superiores a vinte salrios mfnimos). Originalmente, 0 saldrio-educagdo era distribufdo aos estados ¢ redistribufdos em partes iguais entre estes ¢ us muniefpios. Em 2003 0 Congresso reformulou a legislagdo relativa a esta matéria (Lei n° 10.832, de 29/12/2003 e Decreto n° 4,943, de 30/12/2003). Desde janeiro de 2004, 10% do salério educagao passou a ser distribufdo pela Unido em programas e agdes considerados prioritérios pelo governo federal. O restante passou a ser distribufdo conforme o naimero de matrfeulas no ensino fundamental. Assim, todos os estados passaram a ter alguma perda de recursos para a rede municipal, sendo o Estado do Cearé aquele com maior percentual de perda do pats (82,50%). papel redistributive da Unido, observado em relagéo ao salério- educagao, se aplica a outras reas da atuagdo governamental. Parte-se do prinefpio de que h4 uma agéo supletiva do governo federal no campo do financiamento da educagdo, com vistas a garantia de uma distribuigéo mais eqiiitativa de recursos e um padro mfnimo de qualidade, considerando, para tanto, 0 esforgo fiscal e a capacidade de atendimento de cada insténcia administrativa (LDB, Art. 75, § 1° e 2°). Esta agdo supletiva e redistributiva é também condicionada a ap! cago, pelos demais niveis de governo, dos minimos definidos constitucionalmente (LDB, Art. lei 76), sem prejutzo do disposto em outras leis que tratam da intervengdo no estado (CK Art. 34) ¢ no muniefpio (CE Art. 35), além do crime de responsabilidade (VERAS; VIEIRA, op. cit.). Assim, pode-se afirmar que o financiamento da educagao piblica 6 uma tarefa de responsabilidade das trés esferas do Poder Piiblico a qual nem sempre correspondem as mesmas fontes: © poblico © privado - N° 5 - Janeiro/Junho - 2005 Sofia Lesche Vieira Quadro III Fontes de Recursos do Poder Piiblico Poder Publice Uniio [Recursos orgamentirios, oriundos da receita de impostos federais (18%); Recursos provenientes do salétio educacio; Outros recursos oriundos de diversas fontes. Estados | Recursos orgamentarios ordinatios provenientes da receita tributéria estadual (25%); Fundo de Participagdo dos Estados (FPE), resultante da transferéncia de recursos federais (25%); Recursos provenientes da quota estadual do saliério-educagio, correspondente ao ntimero de alunos matriculados no ensino fundamental estadual; Outros recursos oriundos de fontes diversas. Municipios [Recursos orgamentdrios ordindrios, provenientes da receita cributdria municipal (25%); Fundo de Participagio dos Municipios (FPM), resultante da incia de recursos federais (25%); Recursos provenientes da quota municipal do salétio-educagio, transfe Jcorrespondente ao ntimero de alunos matriculados no ensino fundamental municipal; Outros recursos oriundos de fontes diversas. Nao poderfamos encerrar a discussdo sobre as fontes do financiamento da educago, sem detalhar aquela que constitui a principal receita do ensino fundamental, 0 Fundo de Manutengao e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorizagio do Magistério (FUNDEF). Pela relevancia do tema, a ele dedicaremos atengio especial no proximo t6pico. 2 FUNDEF aco federal aprovada em 1996 introduziu um novo mecanismo de distribuigdo dos recursos para a educagao - 0 Fundo de Manutengao e Desenvolvimento do Ensino Fundamental ¢ de Valorizagio do Magistério (FUNDEF), instituido pela Emenda Constitucional n.° 14/96, que alterou o Art. 60 do Ato das Disposigdes Constitucionais Transit6rias (ADCT) da Constituigao Federal, sendo regulamentado pela Lei n° 9.424, de dezembro de 1996. Pelas modificagées introduzidas no Art. 60 (ADCT), além de serem vinculados 60% dos recursos de MDE para o ensino fundamental, cria-se um fundo de natureza contébil com vigéncia de dez anos. O Fando congrega 15% de quatro Financiamento @ Gestéo da Educagéo Publica impostos (ICMS, FPE, FPM e IPI exp.) do Estado e de seus Muniefpios, sendo os recursos distribufdos na proporgao dos alunos matriculados, com o objetivo de assegurar a universalizagao do ensino fundamental ¢ a remuneragao condigna do magistério. Uma pare ta por c reservada ao pagamento de salérios de profes nto dos recursos do Fundo é s (CE ADCT- Art. 60,§ 1° 2%). ela de sess Conforme a legislago aprovada, se o volume de recursos nao aleangasse um minimo definido nacionalmente a cada ano, a Unido complementaria este valor. O referencial minimo definido Unido, porém, ndo tem sido suficiente para cobrir os gastos que Estados e Municfpios pratieam com 0 ensino fundamental. Ao mesmo tempo, a participagao da Unido no Fundo é bastante modesta — poucos siio os Estados que recebem recursos do governo federal (em 2004 apenas Piaui, Bahia, Maranhao, Alagoas e Pard), sendo o valor do total de recursos aportados inferior contribuigao de alguns seus muniefpios. Este 6 0 caso do Ceara, que em 2004 repassou cerca R$ 438 milhdes de reais aos muniefpios, enquanto o montante transferido pela Unio aos Estados mencionados nao ultrapassou R$ 400 milhoes. estados ao Introduzido em todas as unidades da Federagao, a partir de 1998, o FUNDEF alterou profundamente a fisionomia do sistema educacional brasileiro. Nao io poucos os governos estaduais que “perdem” recursos para as redes ular no Nordeste. 0 FUNDEF no Cearé, em 2003, foi composto por R$ 828 milhdes de reais, R$ 539 milhées dos quais foram aportados pelo Estado. Do valor aportado pelo Estado ao Fando, apenas RS 165 milhdes retornaram ao Estado, sendo os R$ 374 milhdes restantes transferidos aos Muniefpios, o que representa uma perda em torno de 69%. municipais, em parti Com o FUNDEE quis o governo tornar compulsério o investimento prioritério no ensino fundamental. A heterogeneidade das situagdes nas diferentes unidades da Federagio, todavia, no comporta um olhar uniforme sobre a realidade. Assim, se de um lado a municipalizagio induzida pelo poder central contribuiu para dirimir desigualdade: de cada estado, nao foi capaz de reduzir os desequilibrios na capacidade de oferta dos estados como um todo (MARTINS, 2004, p. 40). Estados pobres do Norte e Nordeste continuam enfrentando flagrantes dificuldades para cumprir suas responsabilidades em termos da quantidade e da qualidade dos servigos educacionais prestados A sociedade. intermunicipais no Ambito Outro aspecto a considerar diz.respeito a malversagiio dos recursos pitblicos destinados ao Fundo. Desde os primeiros anos de sua implantagao, os de muitos estados brasileiros tém estampado deniincias nesse sentido, fato O pUblico e o privado - N° 5 - Janeiro/Junho - 2005 31 32 Sofia Lesche Vieira constatado ja no inicio da vigéncia do FUNDEE por exemplo, em Comissio Parlamentar de Inquérito (CEARA. Assembléia Legislativa, 2000). 0 impacto do FUNDEF sobre a educagao basica brasileira comega a ser dimensionado (RELATORIO, 2001; MARTINS, 2004). Para os pequeno municipios das regides e zonas empobrecidas do Pais, sua criagdo veio trazer recursos que passaram a ser acrescidos aos caixas municipais, provo inegiivel impacto sobre o aumento da oferta de matriculas. Nos centros de médio e grande porte, contudo, a situagio de depauperamento progressive do magi persiste eo referido instrumento pouco ou nenhum alento veio a representar. indo ério Se merece registro a intengao de tornar operacional a prioridade ao ensino fundamental expressa na legislagéo de 1996, os problemas relativos & ia de financiamento das demais etapas e modalidades da educagao basica persistem. As iniciativas de corregdo de fluxo escolar adotadas pelo: sistemas de ensino; 0s efeitos do proprio Fundo, através do qual cada erianga na escola passou a valer recursos adicionais para a rede que a matri ca deflagragao de iniciativas visando ao act de toda a populagao em idade ¢ ula; 0 ao ensino fundamental colar tm contribufdo para aumentar a jé crescente demanda social por edueagdo secundaria. Como bem sabem os que lidam com a histéria da politica educacional brasileira, 0 ensino médio nasceu sob o signo da clandestinidade financeira. Uma das estratégias de sua expansdo foi pegar carona nos investimentos destinados ao ensino fundamental. Ou seja, onde existiam recursos para construgées de escolz para abrigar uma pri rie de ensino médio, depois uma s finalmente, uma terceira. Embora tal artificio pe diferenciagao das ¢ alas de 1° a 8 série, nao era dificil alocar algum: ‘ira gunda e, ista, a tendéncia de colas de ensino médio e de ensino fundamental é inegdvel. 3 Financiamento no Plano Nacional de Educagdo (PNE) O PNE foi aprovado pelo Congresso Nacional em dezembro de 2000 e sancionado em janeiro de 2001 (Lei n° 10.172, de 09/01/01). Como vimos, tem forga de lei por cumprir um mandato constitucional, estendendo-se por uma década. Abrange os diferentes niveis e modalidades de ensino, bem como as dreas da administragao educacional. Como um Plano de Metas, o PNE anuncia custos, recursos disponfveis e estratégi: diagné: para sua ampliagao. Ao tratar do financiamento e gestao, em seu ico, procura desfazer a imagem equivocada de que a vinculagao Sofia Lesche Vieira A insuficiéncia dos recursos aplicados em educagdo é tema de muitas dimensoes. Ofertar educagao de qualidade nao 6 empreendimento para poucos recursos. 0 poder Piiblico vem investindo muito, representando os gastos com educagio os mais elevados de Estados e Municfpios em seus orgamentos. As despesas da Unidio com edueagao, todavia, tém diminufdo. Entre 1995 2000, seu percentual de gastos caiu de 24,9% para 17,9%, enquanto 0 dos municipios passou de 27,3% para 37,6% (MARTINS, op. cit., p. 45). Para tal situagao, com certeza, tem contribufdo a desvinculagao de impostos federais, (Desvinculagao de Receitas da Unio — DRU), antes referida. 4 Outras Fontes de Recursos E oportuno observar que além das formas de financiamento jé referidas, existem outras modalidades de apoio, como fontes externas oriundas de negociagées junto a organismos estrangeiros. Além dos tradicionais de uma para outra unidade federada, existem ainda repasses de recursos feitos diretamente as escolas. mecanismos de transferénci 4.1 Recursos Internacionais Os recursos advindos de empréstimos internacionais tém representado, tanto no passado quanto no presente, importante fonte adicional de recursos para 0 ensino (VIEIRA; ALBUQUERQUE, 2002a). Este é 0 caso do Fundo de Desenvolvimento da Escola (FUNDESCOLA), programa do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educagao (FNDE), executado em parceria com a Secretaria de Educagao Basica do Ministério da Educagdo (SEB/ MEC) e desenvolvido com as secretarias estaduais e municipais de Educagéo das regides Norte, Nordeste e Centro-Oeste (www.fnde.gov.br). Financiado com recursos do governo federal e de empréstimos do Banco Mundial, na ordem de US$ 1,3 bilhdo, orienta-se para a melhoria da qualidade das escolas de ensino fundamental, ampliando a permanéneia na escola e escolaridade dos alunos das regiées atendidas. Institufdo em 1998, até 2003 ja havia beneficiado 4,5 milhdes de estudantes de 14 mil escolas pablicas, através do desenvolvimento das seguintes ages: Programa Gestéo da Aprendizagem Escolar (Gestar); Programa de Aperfeigoamento da Leitura ¢ Escrita (Praler); Fortalecimento do Trabalho da Equipe Escolar / Novos Rumos da Avaliagio; Escola Ativa; Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE); Projeto de Melhoria da Escola (PME); Projeto de Adequagao de Prédios Escolares (PAPE); Construgéo de Financiamento e Gestio da Educacéo Publica escolas; Planejamento Estratégico Educacional da Secretaria (PES), dentre outros. (BRASIL. MEC.FNDE, 2005). Atualmente, atende a 384 municipios © 19 estados das regides Norte, Nordeste e Centro-Oeste, com cerca de 8 mil escolas piiblicas estaduais e municipais. tados buscam através de recursos advindos de empréstimos internacionais alternativas de financiamento para Além do governo federal, também os seus investimentos. Minas Gerais, Sao Paulo e Parand ja tiveram empréstimos desta natureza, 8 im como a Bahia, ora beneficiada por um segundo empréstimo. O Ceard também tem recorrido a fontes externas para apoiar a melhoria de sua educagao bésica. 0 Projeto Escola do Novo Milénio (PENM), no valor de US$ 90 milhdes, é uma iniciativa desse tipo. A maioria dos inve mentos feitos nos filtimos trés anos sao recurs financiados com es s, a exemplo de iniciativas de formagao de s da educagao (MACISTER e PRO-GESTAO), assim como 0 projeto de alfabetizacao de jovens ¢ adultos, cuja principal fonte é oriunda do governo federal (Programa Brasil Alfabetizado). profission: Num quadro de escassez de recursos, as fontes externas sio buscadas avidamente pelo Poder Pablico. O problema é que os empréstimos tém que ser pagos e 0 dnus do finane amento pesa sobre os governos, com pesados encargos de endividamento. Mas essa 6 matéria para aprofundar em outra oportunidade. Aqui quisemo: Jo somente lembrar que esta é também uma fonte importante do financiamento da educagao bisica presente no dia-a-dia das escolas, através da qual so coneretizadas muitas de suas iniciativas inovadoras, a exemplo de ub-projetos escolares, projetos pedagégicos de professore ¢ de protagonismo juvenil. 4.2 Dinheiro Direto na Escola s 6 um ‘Tem sido pesquisado, dito e repetido que a mé aplicagio de reeurs: dos problemas do financiamento da edueagao no Brasil. Entendendo que hé flagrantes perdas nos intrincados processos burocriticos de tramitagao entre a liberagio de recursos ua chegada a escola, a partir do infcio dos anos noventa, alguns estados comegaram a repassé-los diretamente as escolas, a exemplo de Minas Gerais e do Cearé. Desde 1995, 0 governo federal passou aadotar mecanismo semelhante em relagao a recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educagao (FNDE), através do Programa de Repasse de Recursos para a Manutengao das Escolas Pablicas do Ensino Fundamental, conhecido como Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE). © piblico e © privado - N° 5 - Janeiro/Junho - 2005 35 36 Sofia Lesche Vieira 0 Programa distribui recursos federais diretamente As escolas piblicas de ensino fundamental, destinados ao atendimento de neces sidades cotidianas e emergenciais, tais como: aquisigao de material permanente e de consumo necessério ao funcionamento da escola; ¢ manutencdo, conservagao e pequenos reparos da unidade escolar; & capacitagao e ao aperfeigoamento de profissionais da educagéo; a avaliagao de aprendizagem:; a implementagao de projeto pedagégico; ¢ ao desenvolvimento de atividades educacionais (www.{nde.gov.br). O montante recebido por cada escola varia de acordo com seu tamanho, havendo diferenga nos valores distribufdos para as regides mais pobres, assim como no repasse as instituigdes que atendem criangas com necessidades especiais. Segundo o Ministério da Educagao, s+. 0 programa contribui de forma decisiva, para democratizar 0 sistema, por meio da participagao da comunidade, na gestéo escolar, uma vez que exige a constituigao de a conselho escolar, para administrar os recursos recebidos (BRASIL.MEC, 2000, p. 22-23). ‘ociagdo de pais e professores on de 0 controle social sobre os gastos piblicos é um importante fator de sua melhoria, ndo apenas em relagdo as despesas referentes ao programa Dinheiro Direto na Escola como também em outras iniciativas. A LDB aponta um caminho no sentido de assegurara transparéneia do uso de recursos com MDE, propondo o acompanhamento da execugdo orgamentéria através de balangos anuais e de relat6rios bimestrais, cabendo ao controle interno (Tibunais de Contas, Cémaras dos Vereadores e Ministério Pablico) 0 exame prioritério do cumprimento do Art. 212 e Art. 60 (ADCT) da Constituigdo Federal (LDB, Art. 73). Para além das questées até aqui discutidas, é importante prosseguir na reflexéo acerca das possiveis alternativas para o financiamento de toda a educagdo bésica. O principal foco do debate politico e téenico sobre o assunto tem sido o Fundo de Manutengao e Desenvolvimento da Educagao Basica (FUNDEB), razao pela qual faremos uma incursdo acerca desta matéria. 5 Perspectivas do FUNDEB z de recursos para o ensino ptiblico, em face de um quadro de crescentes demandas, tem citado oportuno e necessério debate sobre os recursos para a educagao basiea. Nos tiltimos dois anos o assunto ultrapassou Financiamento e Gestao da Educagao Publica a esfera da discussdo entre especialistas, ganhando forga e substincia em diversas frentes. Organizagies de dirigentes educacionais, como 0 Conselho Nacional dos Secretaries da Educagao (CONSED) e a Unido Nacional dos Dirigentes Municipais de Edueagao (UNDIME) se posicionaram em defesa de seus interesses. O tema ganhou os corredores do Congresso Nacional, materializando~ em propostas de emenda constitucional. Em ee do Paré bateram as portas do Ministério da Educagao solicitando recursos emergenciais junho de 2004, Secretarios estaduais de educagao do Norde: para o ensino médio. Também governadores desses Estados mobilizaram- se com vistas a denunciar e evitar um possfvel apagdo do ensino médio, nas unidades da federagao mais atingidas pelos crescentes eneargos com a manutengao desse nivel de educagao escolar. Aidéia de se criar um mecanismo capaz de assegurar recursos para outros niveis de edu ‘0 além do ensino médio nao é nova e remonta A propria discusséo do FUNDEE Os problemas com os quais se defrontam Estados e Municfpios para cumprir suas responsabilidades sio concretos, chegando a comprometer seu equilfbrio fiscal. Os recursos tém sido insuficientes sequer para arcar com os custos do ensino fundamental, muito menos do ensino médio, em particular nos Estados e Municfpios mais pobres. Mesmo investindo acima do percentual que lhes é atribufdo por lei, a dificuldade para oferecer educagéo de qualidade para a populagao que procuram a escola piblica tem sido flagrante. A crise fiscal atravessada pelo Pafs apenas agrava tais circunstincias. A idéia de um ou mais novos fundos para o financiamento da educagao bésica remete-nos mais uma vez ao centro da discussao sobre 0 papel redistributive da Unido. De pouco adianta comprometer novas fontes de recursos no Ambito de Estados e Municipios, se o governo federal ndo vier a ampliar seus préprios gastos com educagdo, retomando patamares de aplicagdo anteriormente praticados ¢ ampliando sua contribuigéo atual. Em 2004, conforme mencionado, o FUNDEB foi objeto de atengao dos mais diversos protagonistas, 0 que pode ser constatado através de um exame de posigées diversas apresentadas no portal do Ministério da Educagao sobre a v.br/sef/fundeb). Em julho do mesmo ano, 0 MEC divulgou diretrizes do projeto de criagdo do Fundo de Manutengéo e Desenvolvimento da Educagéo Bésica (FUNDEB) que viria a substituir 0 FUNDEE contemplando alunos de todos os niveis da educagao basica, que abrange os ensinos infantil, fundamental e médio (BRASIL.MEC, 2004). matéria (www.mec.go © piblico e 0 privado - N° 5 - Janeiro/Junho - 2005 37 38 Sofia Lesche Vieira As Diretri: s do MEC para o FUNDEB sao: 1. Um fundo tinico para cada Unidade da Federagio; 2. Excluirimpostos administrados pelas receitas municipais (inclui, portanto, IPVA); 3. Incluiros 25% dos impostos estaduais, mais os do FUNDEF (Fundo de Participagao dos Muniefpios e ds Estados, ete.); 4. Reparte por matricula no ensino basic, diferenciado por etapa (Infantil, Fundamental, Médio) e especificidade (Educagao de Jovens ¢ Adultos, Especial, Rural, ete.), mas autoriza 0 gasto com Universidade. As matriculas seriam consideradas, mas com corte de renda; 5. Excluir os inativos de forma progressiva; 6. Re-vincula de forma progressiva recursos da educagao desvinculados (DRU), parte dos quais destinar-s © per capita dos Estados mais pobres; -4 a complementar 7. Reformula osalério-educagao, admitindo o gasto em todo Ensino Basico; 8. Estabelece como piso para o Ensino Fundamental o per capita vigente a 6poca da promulgagao da EC que cria o FUNDEB; 9. Recursos adicionais da Unido servem de contrapartida, além de saldar eventual débito do FUNDER, 10. Controle da efetividade do gasto por meio de certificagao universal de freqiiéncia e qualidade. As Diretrizes foram bastante discutidas e tém sido aprofundadas em diversos foruns, inclusive em teleconferéncia sobre o FUNDEB, realizada em setembro de 2004 (www.mec.gov.br/sef/fundeb). Embora interessante e atil, 0 detalhamento de cada uma das diretrizes escapa aos objetivos do presente trabalho. E importante, contudo, destacar dois pontos polémicos. O aumento dos impostos estaduais de 15% para 25% e a exclusio dos impostos municipais tem causado apreensdo entre os Estados mais pobres, que transferem um volume muito elevado de recursos para os cofres municipais Financiamento e Gestao da Educacao Publica via FUNDEE Simulagées diversas mostram que a perda de recursos com a ampliagio das contribuigées estaduais ao FUNDEB seria muito alta. Considerado 0 valor total de recursos aportados ao FUNDEF em 2003, se a contribuigao viesse a aumentar para 2 R$ 4.650 para R$ 7.950 bilhées. Se, além disso, fossem acresci Teceitas, ¢: ra R$ 9.195 bilhdes (IPECE). % a perda dos Estados passaria de idas novas valor se elevaria p: Outro aspecto a considerar refere-se is etapas e modalidades a serem incluidos em um fundo da educagao bésica, bem como a proporeionalidade dos mesmos. A depender de sua esfera de abrangéncia, 0 FUNDEB poderé ou nao contribuir para diminuir 0 peso dos encargos com educagio nos Estados. Seja como for, prevé-se que as tensdes entre as esferas federativas possam vir a ser agravadas. Alguns especialistas tém defendido que, em lugar de um fundo tinico, como propée o governo federal, mais adequado seria pensar em trés fundos especificos, o que contribuiria para uma melhor administragao dos conflitos federativos (MARTINS, op. cit., p. 54). Como bem esclarece MARTINS, 0 prazo de vigéncia do FUNDEF € contado da promulgagao da Emenda Constitucional n° 14/96 (art. 60, caput, do ADCT), de setembro e nao da lei do FUNDEE de dezembro. Isto é, tecnicamente, em outubro de 2006, se nao for aprovada a prorrogagao do FUNDEF (ou a sua substituigéo), néo haverd fundamento constitucional para os fluxos do FUNDEF (ou outros fundos a serem criados) (Op. cit., p- 39). Seja pela preméncia do tempo, seja pelo agravamento da escassez de recursos, tudo indica que o debate sobre o FUNDEB se ampliaré em 2005. O governo federal deverdé remeter ao Congi Constitucional para regulamentar a ques assegure receitas préprias para o ensino médio e novos aportes da Uniao, dade do ensino médio permaneceré problemética. 0 Nacional proposta de Emenda fo. Sem uma legislagéo que a sustental 6 Para finalizar Iniciamos este texto observando que, por tratar-se de matéria complexa, 0 financiamento da educagao tende a ser pouco conhecido entre educadores. Assim, procuramos oferecer uma visio introdutéria e atual sobre o tema, mesmo cientes de que um estudo de tal natureza comportaria outras aproximagées. Parece haver consenso nacional acerca da imperiosa ampliagao do gasto pablico com educagdo. Jé foi dito que o FUNDEB levard a necessidade de uma grande quantidade de recursos para efetuar-se a complementagao pela Unido podendo também acarretar transferéncia de recursos financeiros dos © publico e 0 privado - N° 5 - Janeiro/Junho - 2005 39 40 Key words: public ‘education, funding Sofia Lesche Vieira Estados para os municfpios (Idem, p. 129). Muitas perguntas se colocam em relagao ao assunto: os Estados, sobretudo os do Nordeste, terdo condigées de suportar maiores gastos em educacéio? A Unido ampliaré efetivamente suas contribuigées a educagao basica? Como os Muniefpios véo se comportar nesse contexto? Quem vai perder? Quem vai ganhar?... Sao diividas que o tempo e novas articulagdes polfticas e técnicas hao de esclarecer. O conhecimento da matéria financeira pode contribuir para dimensionar de forma precisa o desafio de promover a gestio para o sucesso escolar, num contexto de crescentes demandas e escassos recursos. A tarefa nem sempre é facil e, por vezes, parece querer ultrapassar a capacidade de resposta de gestores educacionais ¢ escolares. O educador, porém, sabe que seu trabalho nao é como o do pedreiro, que com tijolo ¢ cimento ergue paredes. Seu esforgo depende, sim, de recursos, mas lidar com pessoas é obra que ultrapassa a fo fisica e se projeta no tempo. A capacidade de fazer acontecer, de inventar e de criar é uma caractert dimen: ca da Ja cearense, que renasee a cada dia e floresce sob o clima da gestiio democritica. Conhecer os intrincados mecanismos do financiamento permite desvelar parte das dificuldades, abrindo caminho para enfrentar alguns dos principais problemas de nossa escola. ABSTRACT This text addresses some topics related to public education funding, and highlights the importance for teachers, in particular managers, enhancing their understanding of the matter. The text describes its major funding sources and stresses the participation of all government levels ~ Federal Government, States/Federal District, and Municipalities - which have constitutionally established a minimum. percentage of allocation of tax resources to maintenance and development of education; the education payroll tax, a payroll contribution intended to allocate additional funds to public basic education, also included in the Federal Constitution; the Fund for Maintenance and Development of Basic Education and Valorization of Teaching (FUNDEF), approved in 1996 for a term of 10 years, which reallocates funds to States and Municipalities on the basis of the number of students enrolled in basic school; and the attention paid to the matter by the National Education Plan (PNE). It also discusses other funding sources from international loans and transfer of funds directly to schools, such as the Program for Transfer of Funds for Maintenance of Public Basic Schools, also know as Direct School Funding Program (PDE). This text also focuses on recent discussions on the matter, by addressing the perspectives of the Fund for Maintenance and Development of Basic Education (FUNDEB), which is being currently discussed at national level. Referéncias Bibliograficas BRASIL (1988). Constituiggo Federal de 1988. Reptblica Federativa do Brasil. Brasilia: Senado Federal, Centro Grafico. Financiamento e Gestao da Educacao Publica (1996a). Lei n.° 9.424, de 24 de dezembro de 1996 — Dispie sobre o Fundo de Manutengao e Desenvolvimento do ensino Fundamental e Valorizagdo do Magistério, na forma prevista no art. 60, § 7°, do Ato das Disposigdes Constitucionais Transit6rias, e dé outras providéncias. Brasflia. (1996b). Lei n.° 9.394, de 20 de dezembro de 1996 —Estabelece as Diretrizes e Bases da Educagao Nacional. Brasilia. BRASIL. Ministério da Educagao ¢ do Desporto (1996). Desenvolvimento da Educagao no Brasil. BRASIL. MEC (2000). EFA 2000 Educagao para Todos: avaliagao do ano 2000. Informe Nacional, Brasil/ Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas. Brasflia: O Instituto. (2004). MEC anuncia diretrizes para o FUNDEB. Informativo MEC, jul. BRASIL. MEC. FNDE (2005). Fundo de Fortalecimento da Escola (FUNDESCOLA): balango das agées de 1998 a 2003. Disponfvel em: http://www. {nde.gov.br/home/fundescola/balanco1988a2003.doc. Acesso em: 15/01/2005. CEARA. Assembléia Legislativa (2000). CP] FUNDEF: vitéria da sociedade. Fortaleza, Edigoes INESP MARTINS, Paulo de Sena (2004), FUNDER FUNDEB e a Federagao. In: Cadernos Aslegis. Brasilia, v. 6, n. 23, nov. PLANO Nacional de Educagio (2000). Apresentago de Vital Didonet. Brasflia: Plano Editora. RELATORIO do Grupo de Trabalho sobre Financiamento da Educagio (2001). In: Revista Brasileira de Estudos Pedagégicos. Bri ia, MEC/INER y. 2, n. 200/201/202, P. 117-136, jan./dez. VELLOSO, J (1987). Financiamento das Politicas Piblicas: a Educagao. In: Politicas Pitblicas e Educagao. Brasflia: INEP. VERAS, Maria Eudes (1994). Regime de Colaboragdo: papel da Unio, dos Estados e dos Muniefpios. Fortaleza. Versio Preliminar (mimeo). © publico e o privado - N° - Janeiro/Junho - 2005 41 42 Sofia Lesche Vieira (1997). Legislagao federal e financiamento da edueagio. Projeto Nordeste. Banco Mundial. UNICER UNDIME. Guia de Consulta ~ Programa de apoio aos secretérios municipais de educagao. VERAS, Maria Eudes B. VIEIRA, Sofia Lerche (1997). LDB: perguntas e respostas. In: Gestdo em rede. Brasilia: CONSED/RENAGESTE, n. 4, dez./ 1997, p. 13-19. VIEIRA, Sofia Lerche; ALBUQUERQUE, Maria Glducia Menezes (2002). Estrutura e funcionamento da educagéo basica. 2 ed. rev. ¢ mod. Fortaleza: Edigées Demécrito Rocha, UE (2002a). Politica e planejamento educacional. 3 ed. rev. e mod. Fortaleza: Edigdes Demécrito Rocha, UECE.

Você também pode gostar