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inh pr GEM Oriel recat ae ymapet ahs George S. Day David J. Reibstein Ce eC (e] kerry peer Ttet CAPITULO 1 AVALIAGAO DAS ARENAS ComPetitivas: Quem SAO SEUS CONCORRENTES? George $. Day ‘The Wharton School, Departamento de Marketing Ui dos principais problemas enfrentados pelos gerentes na formuilagao da estratégia competitiva é a definigdo da arena de competi¢éo. Onde voeé estd competindo? Quem séo seus concorrentes? Qual o grau de atratividade dessa arena competitiva? Este capitulo examina definicoes da arena competitiva, principalmente da perspectiva dos clientes ou con- correntes, Explora também as forgas que tornant uma dada arena mais ou menos atraente. Ls ios atid Hos oni petted de pescned ¢ dete com preciso as fronteiras existentes e a estrutura da arena competitiva — a fim de entender, superar reagit aos rivais existentes - sem fazer simplificag6es excessivas € perigosas que podem deixa-lo cego as mu- dangas que perturbam as regras predominantes. Algumas arenas possuem fronteiras bem definidas ¢ estaveis dentro das quais concorrentes claramente identificaveis reagem. A maioria dos casos classicos usados para andlise do setor e dos concorrentes se en- caixa nesta descricao. Procter & Gamble versus Kimberly Clark em traldas descartéveis, Du Pont em diéxido de titénio, ou o lugar da Whirlpool no setor de eletrodomésticos s4o prontamente descritas € previsiveis. Travam-se guerras das “colas” entre a Pepsi-Cola e a Coca- Leste capitulo foram adaptadas de George 8. Day, Market Dri 9 York: Froe 1990), Huber rignon de diverae contibaigics di GEORGE DAY E DAVID REISSTEIN Cola nos mercados de refrigerantes de praticamente qualquer pais do mundo. Cada uma esté lutando em diversos segmentos de distribuigéo ¢ uso final dentro do mercado de refrigerantes tipo cola, ¢ cada uma tem como tivais muitas outras bebidas ndo-alcodlicas que lutam por um lugar na preferéncia do consumidor. Embora a rivalidade seja gran- de, a batalha se da em um mercado bem definido, de acordo com regras bem definidas. Quanto mais dinamica se torna a competi¢ao, menos nitidas tor- nam-se as fronteiras da arena, dificultando também a identificagéo € antecipagao dos movimentos dos rivais. Inddstrias inteiras estio con- yergindo e se sobrepondo, como por exemplo no caso do tratamento quimico de imagens e do tratamento eletrdnico de imagens. DistingGes nteriormente claras entre materiais de escrit6rio, bens eletrOnicos de consumo, telecomunicagdes ¢ entretenimento estio sofrendo erosio. ‘Assim, as funcionalidades e os beneficios do computador pessoal para 0 cliente evoluiram a ponto de se tornarem tanto um produto de consu- ‘mo com uma funcio de entretenimento quanto um mecanismo de pro- dutividade de negécios. Onde termina e comeca atualmente o mercado de servicos financeiros de varejo? O Chemical Bank deve tratar a Microsoft, a Intuit e a AT&T como concorrentes? ‘A destruigdo continua de arenas antes estdveis que permite 0 surgimento de concorrentes inesperados é resultado da mudanga tecnol6gica, globalizacio, desregulamentagao ou de clientes ¢ canais, exigentes. Os fabricantes de automéveis e as empresas de telefonia es- tao competindo com bancos na guerra dos cartées de crédito ¢ 05 gran- des bancos esto criando suas proprias redes de telefonia de longa distan- cia. Empresas que respeitam pouco as convencées da indiistria sio capazes de transpor as fronteiras existentes ¢ estabelecer novos padrdes de interagio, como demonstrou a Dell Computer ao ignorar os canais estabelecidos de computadotes pessoais e ir diretamente até os clientes. Nenhuma abordagem especifica pode descrever e explicar adequa- damente essas arenas complexas, multidimensionais e em répida mu- danca. O principal objetivo deste capitulo é oferecer aos leitores ferra mentas que os ajudem a entender as arenas em mudancas a fim de redu- zir a confusdo e ambigiiidade, Isso exige ver o mercado tanto da pers pectiva dos clientes quanto dos concorrentes. Em seguida, o capitulo explora as forgas comperitivas que determinam o grau de atratividade dessas arenas. O capitulo entéo define 0 contexto do restante do livro, pois para ter uma discussao significativa de estratégia, € preciso antes definir que concorrentes se deve levar em consideracio. : | A DINAMICA DA ESTRATEGIA Co PETITIVA 7 ESCOPO DA ARENA. Como se deve definir uma arena competitiva? Uma arena competitiva pode ser tdo grande quanto uma indiistria e tio pequena quanto o mer- sado de um produto. As definigoes mais amplas da indiistria automobi- ‘stica englobariam todos os fabricantes de automéveis nos mercados lobais, bem como as categorias de caminhonetes e minivans, que po- dem ser titeis para transporte pessoal. Uma definicdo restrita poderia se limitar as caminhonetes na Califérnia ou aos sedas de luxo na Ale- manha. A defini¢ao da arena € determinada por escolhas a0 longo de guatro dimensées: + Agama de categorias de produtos ou servigos (produto tinico versus categoria ampla). *+ As classes/segmentos de clientes (segmentos simples versus mult plos).. * Escopo geografico (inica regiéo ou pais versus global) + Niimero de atividades na cadeia de valor (muitas versus poucas). Raramente a definicao de uma arena pode ser usada para todos 0s propésitos. As decisdes téticas exigem uma definicao de arena diferen- te:das decisdes estratégicas. Decisées titicas, tais como definicdo de orcamentos de curto prazo e avaliacéo do desempenho, geralmente baseiam-se em definigdes estreitas, correspondendo as preocupacées de curto prazo de gerentes de produtos e de vendas, que encaram seu mercado como “uma parte da demanda a ser preenchida com quais- quer recursos que eles possam ter”. Aqui, a definicao de clientes esta limitada aos que sio servidos atualmente, enquanto os produtos con- correntes so equeles que tém aparéncia semelhante, executam as mes. mas fungdes ¢ séo vendidos através dos mesmos canais. Por outro lado, as decisdes estratégicas exigem definigées mais am- plas de mercado: + Oportunidades de mercado que atualmente nao séo aproveitadas, ‘+ Mudancas na tecnologia, niveis de prego ¢ condigées de oferta que ampliam a gama de produtos ou servicos substitutos percebidos; ¢ * Possiveis entrantes provenientes de mercados adjacentes, Ater-se a uma definigao estreita durante muito tempo pode tornar uma empresa vulneravel. Por exemplo, as empresas americanas ainda TT IT Le I RMT Ee ITER: GEORGE Day E DAVID REIBSTEIN tendem a se restringir quase que inteiramente ao seu mercado domésti co. Afinal, trata-se de uma entidade grande e conhecida. Esse provincianismo deu aos seus concorrentes estrangeiros folego para de- senvolver capacidade global em uma base doméstica protegida, Muitos mercados, como os de ceramica ¢ produtos farmacéuticos, so ineren- temente globais ¢ a posicéo no mercado depende da participacio nas vendas mundiais. Nao é mais possfvel participar de apenas uma parte desse mercado. IDENTIFICAGAO DE ARENAS Uma das principais formas de identificar uma arena competitiva € exa~ minar os padroes de substituigdes. A substituigdo pode ser vista da pers- pectiva da demanda, a fim de levar em consideragao todas as formas nas quais os clientes podem satisfazer suas necessidades, ou da pers- pectiva da oferta, a fim de incluir todos os concorrentes com as capaci- dades necessarias para servi-los. Para os clientes, as cafeteiras satisfa zem necessidades diferentes das que os eletrodomésticos satisfazem ¢, portanto, normalmente nao séo substitutos (émbora os dois possam servir como presentes em algumas ocasiées). O conjunto de considera: ges dos clientes pode incluir todos os tipos de cafeteiras, sejam clas para café percolado ou em grio, pois esses sao percebidos como subs- titutos funcionais, como mostra a Figura 1.1 Os fabricantes de cafeteiras possuem uma visio mais ampla do que seus clientes. Podem considerar como seus concorrentes todos 0s eletrodomésticos usados na preparacdo de alimentos ¢ todos os con- correntes atuais ou potenciais com capacidade de projetar, produzir ¢ distribuir cafeteiras. Aqui, a questo é a extensio de compartilhamento factivel de instalagdes de fabricacao, capacidades de P&D, tecnologias capacitantes, forgas de vendas e marcas. Substituigio do Lado da Demanda: Arenas Definidas pelo Cliente Do lado da demanda, um mercado consiste em mudangas nos padroes de exigéncias e necessidades do cliente que podem ser supridas por uma gama de ofertas competitivas. Essa gama vai além de substitutos de tipo ~ todos aqueles produtos de aparéncia semelhante ¢ que represen- tam a mesma aplicagio de uma tecnologia distinta para a provisio de um conjunto distinto de fungées do cliente. Inclui também substitutos A DINAMICA DA ESTRATEGIA COMPETITIVA de uso. Para as cafeteiras, 0 café instantineo é um substituto de uso; serve 4 mesma funcao, mas de uma forma muito diferente. Figura 1.1 Hierarquia produto-setor i | ‘domestica Elerodomestcos pra proparageo do co ca a | | [care t t Tipo de Gateteras para Produto ‘cate maido. 1 Caleteiras Caractetisticas Caracteristicas 6 Produty & ‘o Produto 8 Vaviantos de } ‘ongses de Prego opgses do Preco Praguto Mareas a George Day: Market-Driven Strategy, Nova York: The Free Press, 1990, pégina 97 ‘A perspectiva do cliente considera todas as formas nas quais é pos: sivel satisfazer as suas necessidades'em um dado uso ou situagio de aplicagio. Em algumas situagoes de entretenimento social, os coolers podem competir mais com determinadas cervejas ¢ vinhos do que com outras bebidas. Raramente, entretanto, é uma substituicao direta: + 0 produto substituto pode desempenhar uma maior gama de fun- des. Assim, um processador de textos € muito mais do que uma maquina de escrever, pois armazena ¢ manipula texto. ei _ _ 4 | 40 GEORGE Day & David REIBSTEIN + A substituigio pode ser produto da decisio do comprador de reali ne zar a fungio, em vez de compré-la, A alternativa a um jantar com- ee 1 prado em uma delicatessen € um jantar feito em casa ‘ igi i + Outro tipo de substituto é 0 produto usado, reciclado ou recon do- dicionado, Pecas de motores de avides e automéveis reaproveitadas sic 1 sio uma grande ameaga a venda de pecas sobressalentes novas. mai Uma das vantagens das minissiderirgicas é a capacidade de usar par sucata de ago de baixo custo. Os mercados definidos adequadamente sio cercados por descon- as tinuidades drasticas nas necessidades dos clientes ou beneficios busca- i mer dos e no grau de possibilidade de substituicao das alternativas de pro- a Guo ou servigo para satisfazer a essas necessidades, Segundo essa re eal a, um material como o néilon compete em diversos mercados de uso a final como pneus, carpetes € meias, pois as necessidades do cliente em had cada aplicacao s40 muito diferentes. Assim, existe um mercado distinto ce de fibras sintéticas para carpetes, mas ndo existe um mercado definido | 8 para o nailon. A possibilidade de substituicao implica que 0 propésito ‘ou a aplicagao, ¢ nfo as catacteristicas do produto, como tal, torna-se 0 ub principal tema para a consideragao de alternativas. _ Métodos Analiticos para Determinar a Substituigdo para o Cliente. tad Que produtos os clientes consideram substitutos? A possibilidade de con substituigéo pode ser definida estudando-se as ages dos clientes (com- issc portamento) on pedindo-Ihes para definir seus conjuntos de deciso bor (percepedo).! Os métodos comportamentais mais conhecidos baseiam- cits se em dados sobre interelasticidade on mudanga de marca, Diante dis pro $0, uma medida de interelasticidade aborda diretamente a questi de cas dois produtos serem substitutos e, portanto, estarem no mesmo con- ses junto competitivo. Essa medida baseia-se na mudanga proporcional das veis vendas de um produto em decorréncia de uma mudanga no prego de do’ outro produto. Por exemplo, se uma redugo de 109% no prego de cabo de cobre com isolamento tiver causado uma reducio de 5% nas vendas “An do cabo de aluminio com isolamento, os dois tipos de cabo poderiam aeb ser considerados substitutos. Na prética, € extremamente dificil reali-

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