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Cédigo de Processo Penal. © CONGRESSO NACIONAL decreta: LIVROI DA PERSECUCAO PENAL TITULOI DOS PRINCIPIOS FUNDAMENTAIS. Art. 1° © processo penal reger-se-d, em todo 0 territério nacional, por este Cédigo, bem ‘como pelos principios fundamentais constitucionais e pelas normas previstas em tratados e convengées internacionais dos quais seja parte a Repiblica Federativa do Brasil. Art, 2° As garantias processuais previstas neste Cédigo serdo observadas em relagio a todas as formas de intervengio penal, incluindo as medidas de seguranga, com cstrita obediéneia ao devido processo legal constitucional. Art, 3° Todo processo penal realizar-se-A sob 0 contraditério ¢ a ampla defesa, garantida a efetiva manifestagao do defensor técnico em todas as fases procedimentais, Art. 4° © proceso penal ter estrutura acusatéria, nos limites definidos neste Cédigo, vedada a iniciativa do juiz na fase de investigagio e a substituigao da atuagdo probatéria do érgio de acusagao, Art. 5° A interpretagio das leis processuais penais orientar-se-a pela proibigéo de excesso, privilegiando a dignidade da pessoa humana e a maxima protegio dos direitos fundamentais, considerada, ainda, a efetividade da tutela penal. Art. 6° A lei processual penal admitira a analogia e a interpretacdo extensiva, vedada, porém, a ampliago do sentido de normas restritivas de direitos ¢ garantias fundamentais. Art. 7° A lei processual penal aplicar-se-4 desde logo, ressalvada a validade dos atos realizados sob a vigéncia da lei anterior. § 1° As disposigdes de leis ¢ de regras de organizagio judicidria que inovarem sobre procedimentos ¢ ritos, bem como as que importarem modificagao de competéncia, nio se aplicam aos processos cuja instrugdo tenha sido iniciada. § 2° Aos recursos aplicar-se-do as normas processuais vigentes na data da publicago da decisdo impugnada TITULO LL DA INVESTIGACAO CRIMINAL, CAPITULO DISPOSICOES GERAIS Art. 8° A investigagao criminal tem por objetivo a identificagdo das fontes de prova e sera iniciada sempre que houver fundamento razodvel a respeito da pritica de uma infragdo penal. ‘Art, 9° Para todos os efeitos legais, caracteriza-se a condigo juridica de “investigado” a partir do momento em que é realizado 0 primeiro ato ou procedimento investigative em relag3o & pessoa sobre a qual pesam indicagées de autoria ou participagdo na pritica de uma infragao penal, independentemente de qualificagéo formal atribuida pela autoridade responsivel pela investigacao. Art. 10, Toda investigagao criminal deve assegurar o sigilo necessério a elucidagio do fato ¢ & preservacio da intimidade e vida privada da vitima, das testemunhas, do investigado ¢ de outras pessoas indiretamente envolvidas. Pardgrafo unico. A autoridade diligenciaré para que as pessoas referidas no caput deste artigo ndo sejam submetidas 4 exposigo dos meios de comunicagio. Art. 11, E garantido ao investigado e ao seu defensor acesso a todo material j4 produzido na investigagio criminal, salvo no que concerne, estritamente, as diligéncias em andamento. Parigrafo ‘inico. O acesso a que faz referéncia o caput deste artigo compreende consulta ampla, apontamentos ¢ reprodugao por fotocépia ou outros meios técnicos compativeis com a natureza do material. Art. 12. E direito do investigado ser ouvido pela autoridade competente antes que a investigagdo criminal seja concluida. Pardgrafo nico. A autoridade tomar as medidas necessérias para que seja facultado a0 investigado 0 exercicio do direito previsto no caput deste artigo, salvo impossibilidade devidamente justificada. Art. 13, E facultado ao investigado, por meio de seu advogado, de defensor piiblico ou de outros mandatarios com poderes expressos, tomar a iniciativa de identificar fontes de prova em favor de sua defesa, podendo inclusive entrevistar pessoas. § 1° As entrevistas realizadas na forma do caput deste artigo deverio ser precedidas de esclarecimentos sobre seus objetivos e do consentimento formal das pessoas ouvi § 2° A vitima nao poderd ser interpelada para os fins de investigagdo defensiva, salvo se houver autorizagdo do juiz das garantias, sempre resguardado o seu consentimento. § 3° Na hipétese do § 2° deste artigo, o juiz das garantias poderd, se for 0 caso, fixar condigdes para a realizagdo da entrevista, § 4° Os pedidos de entrevista deverdo ser feitos com discrigdo ¢ reserva necessérias, em dias iteis e com observancia do horario comercial. § 5° O material produzido podera ser juntado aos autos do inquérito, a critério da autoridade policial. § 6° As pessoas mencionadas no caput deste artigo responderao civil, criminal ¢ disciplinarmente pelos excessos cometidos. CAPITULO II DO JUIZ DAS GARANTIAS Art. 14. O juiz das garantias & responsavel pelo controle da legalidade da investigagao criminal ¢ pela salvaguarda dos direitos individuais cuja franquia tenha sido reservada & autorizagao prévia do Poder Judiciério, competindo-Lhe especialmente I — receber a comunicago imediata da priséo, nos termos do inciso LXII do art. 5° da Constituigaio da Republica Federativa do Brasil; Il—receber 0 auto da priso em flagrante, para efeito do disposto no art, 55: III ~ zelar pela observancia dos direitos do preso, podendo determinar que este seja conduzido a sua presenga; IV ~ ser informado sobre a abertura de qualquer investigagao criminal; V — decidir sobre o pedido de prisio proviséria ou outra medida cautelar; VI — prorrogar a priso proviséria ou outra medida cautelar, bem como substitui-las ou revoga-las; VIL — decidir sobre o pedido de produgdo antecipada de provas consideradas urgentes & no repetiveis, assegurados 0 contraditério e a ampla defesa; VIII - prorrogar 0 prazo de duragao do inquérito, estando o investigado preso, em vista das razbes apresentadas pelo delegado de policia e observado 0 disposto no parégrafo ‘nico deste artigo; IX = determinar o trancamento do inquérito policial quando no houver fundamento razodvel para sua instauracdio ou prosseguimento; X — requisitar documentos, laudos ¢ informagdes a0 delegado de policia sobre 0 andamento da investigagao; XI-~ decidir sobre os pedidos de: a) interceptagio telefonica, do fluxo de comunicagées em sistemas de informatica € telematica ou de outras formas de comunicacio; b) quebra dos sigilos fiscal, bancério ¢ telefSnico; ©) busca ¢ apreensio domiciliar; 4) acesso a informagies sigilosas; €) outros meios de obtengdo da prova que restrinjam direitos fundamentais do investigado. XII —julgar o habeas corpus impetrado antes do oferecimento da deniincia; XIII - determinar a realizagdo de exame médico de sanidade mental, nos termos do art ar XIV — arquivar o inquérito policial; XV ~ assegurar prontamente, quando se fizer necessirio, o direito de que tratam os arts 11637; XVI ~ deferir pedido de admissio de assistente técnico para acompanhar a produgio da pericia; XVII outras matérias inerentes as atribuigdes definidas no caput deste artigo. Pardgrafo tinico. Estando o investigado preso, o juiz das garantias poderd, mediante representagio do delegado de policia ¢ ouvido o Ministério Puiblico, prorrogar, uma tinica ver, a duragio do inquérito por até 15 (quinze) dias, apés o que, se ainda assim a investigagao nao for concluida, a prisio serd imediatamente relaxada. Art. 15. A competéncia do juiz das garantias abrange todas as infragdes penais, exceto as de menor potencial ofensivo ¢ cessa com a propositura da ago penal. § 1° Proposta a ago penal, as questées pendentes serio decididas pelo juiz. do processo. § 2° As decisdes proferidas pelo juiz das garantias no vinculam o juiz do proceso, que, apés 0 oferecimento da dentincia, poder reexaminar a necessidade das medidas cautelares em curso. § 3° Os autos que compdem as matérias submetidas a apreciagdo do juiz. das garantias serdo apensados aos autos do processo. Art, 16. © juiz que, na fase de investigagio, praticar qualquer ato incluido nas competéncias do art. 14 ficara impedido de funcionar no processo, observado o disposto no art. 748. Ant. 17. © juiz das garantias sera designado conforme as normas de organizagao judiciaria da Unido, dos Estados e do Distrito Federal. CAPITULO IIT DO INQUERITO POLICIAL Segdo I Disposigdes preliminares Art. 18. A policia judicidria ser4 exercida pelos delegados de policia no territério de suas respectivas citcunscrigdes e tera por fim a apuragdo das infragdes penais e da sua autoria. § 1° Nos casos das policias civis dos Estados e do Distrito Federal, o delegado de policia podera, no curso da investigagdo, ordenar a realizagdo de diligéncias em outra circunserigdo policial, independentemente de requisigiio ou precatéria, comunicando-as previamente a autoridade local. § 2° A atribuigo definida neste artigo nao excluird a de autoridades administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma fungio. Art. 19. © inguérito policial sera presidido por delegado de policia de carreira, que conduzira a investigagao com isengao e independéncia. Pardgrafo unico. Aplicam-se ao delegado de policia, no que couber, as disposiges dos arts. 53 € 55. Seco II Da abertura Art, 20. O inquérito policial sera iniciado: 1-de oficio; II — mediante requisigao do Ministério Paiblico; III —a requerimento, verbal ou escrito, da vitima ou de seu representante legal. § 1° Nas hipoteses dos incisos I ¢ III do caput deste artigo, a abertura do inquérito sera comunicada imediatamente ao Ministério Pablico. § 2° A vitima ou seu representante legal também poderio solicitar ao Ministério Pablico a requisigdo de abertura do inquérito policial. § 3° Da decisio que indeferir o requerimento formulado nos termos do inciso 11 do caput deste artigo, ou se ndo houver manifestagdo do delegado de policia em 30 (trinta) dias, a vitima ou seu representante legal poderdo recorrer, no prazo de 5 (cinco) dias, a autoridade policial hierarquicamente superior, ou representar ao Ministério Péblico, na forma do § 2° deste artigo. Art. 21. Independentemente das disposigdes do art. 20, qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da pratica de infragao penal podera comunicé-la ao delegado de policia ou a0 Ministério Pablico, verbalmente ou por escrito, para que sejam adotadas as providéncias cabiveis, caso haja fundamento razodvel para o inicio da investigagao. Art, 22. O inquérito, nos crimes em que a ago piiblica depender de representago, nao poderd sem ela ser iniciado, sem prejuizo da possibilidade de prisdo em flagrante delito. Parigrafo nico. No caso de pristio em flagrante delito, nio havendo representago da vitima no prazo de 5 (cinco) dias, o preso sera imediatamente colocado em liberdade. Art, 23. Havendo indicios de que a infragdo penal foi praticada por policial, ou com a sua participago, o delegado de policia comunicard imediatamente a ocorréncia 4 respectiva corregedoria de policia, para as providéncias disciplinares cabiveis, ¢ ao Ministério Piblico, que designard um de seus membros para acompanhar o feito Segio II Das diligéncias investigativas Art, 24. Salvo em relagio as infragdes de menor potencial ofensivo, quando sera observado 0 procedimento previsto nos arts. 285 ¢ seguintes, 0 delegado de policia, ao tomar conhecimento da pritica da infragdo penal, ¢ desde que haja fundamento razodvel, instauraré imediatamente 0 inquérito, devendo: registrar a noticia do crime em livro proprio; Il — providenciar para que nao se alterem o estado ¢ a conservagao das coisas até a chegada de perito criminal, de modo a preservar o local do crime pelo tempo necessério a realizago dos exames periciais, podendo, inclusive, restringir 0 acesso de pessoas em caso de estrita necessidade; Ill — aprender os objetos que tiverem relago com o fato, apés liberados pelos peritos criminais; IV ~ colher todas as informagies que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstincias; V— ouvir a vitima ¢ testemunhas; VI ouvir o investigado, respeitadas as garantias constitucionais e legais, observando o procedimento previsto nos arts. 64 a 72; VII — proceder a0 reconhecimento de pessoas e coisas ¢ a acareagies, quando necessirio; VIII ~ requisitar a0 érgio oficial de pericia criminal a realizagdo de exame de corpo de delito e de quaisquer outras pericias; IX — providenciar, quando necesséria, a reprodugdo simulada dos fatos, desde que nfo contrarie a ordem piblica ou as garantias individuais constitucionais X — ordenar a identificagdo datiloscépica ¢ fotogréfica do investigado, nas hipéteses previstas no Capitulo IV deste Titulo. Paragrafo tnico. As diligéncias previstas nos incisos VII ¢ IX do caput deste artigo deverio ser realizadas com prévia ciéncia do Ministério Publico. Art, 25. Incumbiré ainda ao delegado de policia: 1 informar a vitima de seus direitos e encaminhé-la, caso seja necessirio, aos servigos de saiide e programas assistenciais disponiveis; Il — comunicar imediatamente a prisio de qualquer pessoa ao juiz das garantias, enviando-lhe o auto de prisio em flagrante em até 24 horas; III ~ fornecer as autoridades judicidrias as informagdes necessirias & instrugdo © a0 julgamento das matérias em apreciagio; IV — realizar as diligéncias investigativas requisitadas pelo Ministério Pablico, que sempre indicara os fundamentos da requisigao; V — cumprir os mandados de prisio ¢ os de busca apreensio expedidos pelas autoridades judicidrias; VI — representar acerca da prisio preventiva ou temporiria ¢ de outras medidas cautelares, bem como sobre os meios de obtengao de prova que exijam pronunciamento judicial; VII— conduzir os procedimentos de interceptagdo das comunicagies telefonicas, VIII — prestar 0 apoio necessitio a execugdo dos programas de protegdo a vitimas ¢ a testemunhas ameagadas; IX ~ auniliar nas buscas de pessoas desaparccidas. Art. 26. A vitima, ou seu representante legal, ¢ © investigado poderdo requerer a0 delegado de policia a realizagao de qualquer diligéncia, que serd efetuada, quando reconhecida a sua necessidade. § 1° Se indeferido o requerimento de que trata o caput deste artigo, o interessado poderd representar & autoridade policial superior ou 20 Ministério Publico. § 2° A vitima podera solicitar 4 autoridade policial que seja comunicada dos atos relativos & prisio ou soltura do investigado ¢ conclusio do inquérito, devendo, nesse caso, manter atualizado seu enderego ou outros dados que permitam a sua localizagio. Art. 27. As intimagies dirigidas a testemunhas e ao investigado explicitardo, de maneira clara ¢ compreensivel, a finalidade do ato, devendo conter informages que facilitem 0 seu atendimento. Art, 28. Os instrumentos ¢ objetos apreendidos pelo delegado de policia, quando demandarem a realizagio de exame pericial, ficario sob a guarda do drgio responsavel pela pericia pelo tempo necessério A confecgao do respectivo laudo, ressalvadas as hipéteses legais Ge restituigo, quando seré observado o disposto nos arts, 445 e seguintes. Art, 29. No inquérito, as diligéncias serio realizadas de forma objetiva ¢ no menor prazo possivel, sendo que as informagdes poderao ser colhidas em qualquer local, cabendo 20 delegado de policia resumi-las nos autos com fidedignidade, se obtidas de modo informal, § 1° O registro do interrogatério do investigado, das declaragdes da vitima ¢ dos depoimentos das testemunhas podera ser feito por escrito ou mediante gravagio de dudio ou filmagem, com o fim de obter maior fidelidade das informagées prestadas. § 2° Se o registro se der por gravagio de 4udio ou filmagem, fica assegurada a sua transcrigdo e fornecimento de c6pia a pedido do investigado, de seu defensor ou do Ministério Piblico. § 3° A testemunha ouvida na fase de investigagao serd informada de seu dever de comunicar 4 autoridade policial qualquer mudanga de enderego. Seeio IV Do indiciamento Art. 30, Reunidos elementos suficientes que apontem para a autoria da infragdo penal, 0 delegado de policia cientificara o investigado, atribuindo-the, fundamentadamente, a condigao juridica de “indiciado”, respeitadas todas as garantias constitucionais e legais. § 1° A condigao de indiciado podera ser atributda ja no auto de prisio em flagrante ou até 0 relat6rio final do delegado de policia. § 2° O delegado de policia devera colher informagées sobre os antecedentes, a conduta social ¢ a condi¢ao econémica do indiciado, assim como acerca das consequéncias do crime. § 3° O indiciado seré advertido sobre a necessidade de fomecer corretamente o seu enderego, para fins de citagio intimages futuras, e sobre 0 dever de comunicar a eventual mudanga do local onde possa ser encontrado. § 4° Nos atestados de antecedentes que Ihe forem solicitados, 0 delegado de policia néo podera mencionar quaisquer anotagdes referentes a instauragdo de inquérito contra os requerentes ou seu indiciamento, salvo no caso de existir condenagao anterior. Secio V Dos prazos de eonelusio Art. 31. O inquérito policial deve ser concluido no prazo de 90 (noventa) dias, estando o investigado solto, § 1° Decorrido o prazo previsto no caput deste artigo sem que a investigagao tenha sido concluida, 0 delegado de policia comunicar’ as razdes a0 Ministério Piblico com o detalhamento das diligéncias faltantes, permanecendo os autos principais ou complementares na policia judicidria para continuidade da investigagdo, salvo se houver requisig’o do érgio ministerial, § 2° A comunicagio de que trata 0 § 1° deste artigo sera renovada a cada 30 (trinta) dias, podendo 0 Ministério Publico requisitar os autos a qualquer tempo. § 3° Se o investigado estiver preso, o inguérito policial deve ser concluido no prazo de 15 (quinze) dias. § 4° Caso a investigacio no seja encerrada no prazo previsto no § 3° deste artigo, a prisio serd revogada, exceto na hipétese de prorrogagio autorizada pelo juiz das garantias, a quem sero encaminhados os autos do inquérito e as razdes do delegado de policia, para os fins do disposto no pardgrafo tnico do art. 14. § 5° Em caso de concurso de pessoas, os autos do inquérito policial poderio ser desmembrados em relagio ao investigado que estiver preso, tendo em vista o disposto nos §§ 3° 4° deste artigo. Art. 32. Nao obstante o disposto no art. 31, caput e §§ 1° 2°, o inquérito policial no excederd ao prazo de 720 (setecentos e vinte) dias. § 1° Esgotado 0 prazo previsto no caput deste artigo, os autos do inquérito policial serdo encaminhados ao juiz. das garantias para arquivamento, § 2° Em face da complexidade da investigagdo, constatado 0 empenho da autoridade policial e ouvido o Ministério Piblico, o juiz das garantias poder prorrogar o inquérito pelo periodo necessario & conclusio das diligéncias faltantes. Segio VI Do relatorio e da remessa dos autos ao Ministério Pablico Art, 33, Os elementos informativos do inquérito policial devem ser colhidos no sentido de elucidar os fatos ¢ servirdo para a formagao do convencimento do Ministério Pablico sobre a viabilidade da acusagao, bem como para a efetivagdo de medidas cautelares, pessoais ou reais, a serem deeretadas pelo juiz das garantias. Art, 34. Concluidas as investigagdes, em relatério sumario ¢ fundamentado, com as observagdes que entender pertinentes, 0 delegado de policia remeterd os autos do inquérito a0 Ministério Pablico, adotando, ainda, as providéncias necessarias ao registro de estatistica criminal Art. 35. Ao receber os autos do inquérito, 0 Ministério Publico poderé: 1 - oferecer a denincia; Il — requisitar, fundamentadamente, a realizag3o de diligéncias complementares, consideradas indispensdveis ao oferecimento da dentincia; Il ~ determinar o encaminhamento dos autos a outro drgio do Ministério Péblico, por falta de atribuigao para a causa; IV ~ requerer o arquivamento da investigagio. Art, 36. Os autos do inquérito instruirio a dentincia, sempre que Ihe servirem de base. Art, 37. A remessa dos autos do inquérito policial ao Ministério Publico nao restringiré em nenhuma hipétese o direito de ampla consulta de que trata o art. 11 Segaio VII Do arquivamento Art. 38. © érgio do Ministério Paiblico poder requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer pegas de informagio, seja por insuficiéncia de elementos de convicgio, seja por outras razdes de direito, Paragrafo tinico. O juiz das garantias, no caso de considerar improcedentes as razdes invocadas, fard remessa do inquérito ou pegas de informacio ao procurador-geral, e este oferecera a dentincia, designard outro érgao do Ministério Péblico para oferecé-la ow insistira no pedido de arquivamento, 20 qual s6 entdo estara o juiz. obrigado a atender. Art. 39, Arquivado 0 inguérito policial, 0 juiz das garantias comunicaré a sua deciséo a vitima, ao investigado ¢ ao delegado de policia. Art. 40, Arquivados os autos do inquérito por falta de base para a deniincia, ¢ surgindo posteriormente noticia de outros elementos informativos, 0 delegado de policia devera proceder a novas diligéncias, de oficio ou mediante requisiggo do Ministério Publico. 10 CAPITULO IV DA IDENTIFICAGAO CRIMINAL. Art. 41, O civilmente identificado no serd submetido a identificagao criminal, salvo nas hipdteses previstas neste Cédigo. Art, 42. A identificagdo civil é atestada por qualquer um dos seguintes documentos: I carteira de identidade; I — carteira de trabalho; Ill — carteira profissional; IV ~ passaporte; V ~ carteira de identificagao funcional; V1- outro documento piblico que permita a identificagdo do investigado. § 1° Para os fins do caput deste artigo, equiparam-se aos documentos de identificag#o civil os documentos de identificago militar § 2° Cépia do documento de identificagao civil apresentado devera ser mantida nos autos de prisdo em flagrante, quando houver, e no inquérito policial, em 2 (duas) vias. Art. 43. O preso podera submetido a identificago criminal quando: 1-0 documento apresentado tiver rasura ou indicio de falsificago, ou nao for suficiente para identificd-lo de forma cabal; Il— portar documentos de identidade distintos, com informages conflitantes entre si; TI ~ constar de registros policiais o uso de outros nomes ou diferentes qualificagdes; TV ~ o estado de conservacdo ou a distancia temporal ou da localidade de expedicio do documento apresentado impossibilitar a completa identificagao dos caracteres essenciais. § 1° Em qualquer hipétese, a identificagao criminal depende de despacho motivado do delegado de policia. § 2° Fora das hipéteses dos incisos 1 a IV do caput deste artigo, desde que essencial as investigagSes, a identificagio criminal depende de autorizagdo do juiz competente, mediante representaco do delegado de policia, do Ministério Publico ou da defesa. § 3° Cépias de todos os documentos apresentados serio juntadas aos autos do inquérito, ainda que consideradas insuficientes para identificar o investigado. § 4° Os documentos com indicio de falsificago serdo apreendidos e periciados. § 5° Havendo necessidade de identificagZo criminal, a autoridade tomar as providéncias necessérias para evitar constrangimentos ao identificado, observado o disposto no art. 10. Art. 44, A identificagdo criminal incluird 0 processo datiloscépico e o fotogréfico, que sero juntados aos autos da comunicagdo da prisdo em flagrante ou do inquérito policial § 1° E vedado mencionar a identificagao criminal em atestados de antecedentes ou em informagdes ndo destinadas ao juizo criminal, antes do transito em julgado da sentenga condenatéria. WW § 2° No caso de nao oferccimento da dentincia ou sua rejeig#o, ou de absolvigio, & facultado ao interessado, apés o arquivamento definitivo do inguérito ou o transito em julgado da sentenga, requerer a retirada da identificagao fotogrdfica do inquérito ou do processo, desde que apresente provas de sua identidade civil TITULO I DA AGAO PENAL Art. 45. A ago penal é publica, de iniciativa do Ministério Piblico, podendo a lei, porém, condicioné-la & representagio da vitima ou de quem tiver qualidade para representé-ta, segundo dispuser a legislagao civil, no prazo decadencial de 6 (seis) meses, contado do dia em que vier a saber quem ¢ o autor do crime. Paragrafo unico. No caso de morte da vitima, 0 direito de representagdo passara a0 cénjuge, companheiro, ascendente, descendente ou irmio, observado 0 prazo decadencial previsto no caput deste artigo Art. 46, Seré publica, condicionada 4 representagio, a ago penal nos crimes contra o patriménio previstos no Titulo If da Parte Especial do Cédigo Penal, quando atingirem exclusivamente bens do particular ¢ desde que praticados sem violéncia ou grave ameaga 4 pessoa § I° A representagio é a autorizagao para o inicio da persecugao penal, dispensando quaisquer formalidades, podendo dela se retratar a vitima até o oferecimento da denuncia, § 2° Nos crimes de que trata o caput deste artigo, em que a lesio causada seja de menor expresso econémica, ainda que ja proposta a ago, a conciliago entre 0 autor do fato ¢ a vitima implicard a extingao da punibilidade. Art. 47, Qualquer pessoa do povo poder apresentar a0 Ministério Piblico elementos informativos para 0 ajuizamento de agdo penal piblica, no se exigindo a investigagao criminal preliminar para o seu exercicio. Art, 48, Se 0 Ministério Publico nao intentar a agdo penal no prazo previsto em lei, poderd a vitima, ou, no caso de sua menoridade civil ou incapacidade, o seu representante legal, no prazo de 6 (seis) meses, contado da data em que se esgotar 0 prazo do érgio ministerial, ingressar com ago penal subsidiéria § 1° Oferecida a queixa, poderé 0 Ministério Public promover o seu aditamento, com ampliagio da responsabilizagdo penal, ou oferecer dentincia substitutiva, sem restringir, contudo, a imputago constante da inicial acusatdria. § 2° O Ministério Publico interviré em todos os termos do processo e retomard a acusagao em caso de negligéncia do querelante. § 3° A queixa serd subscrita por advogado, aplicando-se a ela todos os requisitos ¢ procedimentos relativos a demincia. Se a vitima nio tiver condigdes para a constituigio de advogado, 0 juiz Ihe nomearé um para promover a ago penal, Art. 49. O Ministério Pablico no poderé desistir da ago penal Art. 50, O prazo para oferecimento da deniincia sera de 5 (cinco) dias, se 0 investigado estiver preso, ou de 15 (quinze) dias, se estiver solto, contado da data em que o érgio do Ministério Publico receber os autos da investigagio. No iiltimo caso, se houver devolugio do inquérito ao delegado de policia, contar-se-4 o prazo da data em que o érgio do Ministério Piiblico receber novamente os referidos auto: Pardgrafo sinico. Quando o Ministério Pablico dispensar a investigago preliminar, 0 prazo para o oferecimento da denincia contar-se-d da data em que tiver recebido as pecas de informagao ou a representacao. Art. 51. Se, a qualquer tempo, o juiz reconhecer extinta a punibilidade, devera declaré- lo de oficio ou por provocagao. Quando j proposta a ago, 0 processo sera extinto, na forma do disposto no art. 268, 1. Parigrafo nico. Se a alegagao de extingdo da punibilidade depender de prova, o juiz ouviré a parte contriria, concedera prazo para a instrugo do pedido e decidird no prazo de 5 (cinco) dias. TITULO IV DOS SUJEITOS DO PROCESSO CAPITULO I DO JUIZ Art. 52, Ao juiz incumbird zelar pela legalidade do processo e manter a ordem no curso dos respectivos atos. Art, $3. O juiz estard impedido de exercer jurisdi¢do no processo em que: I= tiver funcionado seu cénjuge, companheiro ou parente, consanguineo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, como defensor ou advogado, érgio do Ministério Pablico, delegado de policia, auxiliar da justiga ou perito; II — ele préprio houver desempenhado qualquer dessas fungdes ou servido como testemunha; Ill - tiver funcionado como juiz de outra instincia, pronunciando-se, de fato ou de dircito, sobre a questo; IV = ele proprio ou seu cOnjuge, companheiro ou parente, consanguineo ou afim em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, for parte ou diretamente interessado no feito Art $4. Nos jufzos colegiados, estardo impedidos de atuar no mesmo processo os juizes que forem entre si cOnjuges, companheiros ou parentes, consanguineos ou afins, em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive. Art. $5. Em caso de suspeigo, 0 juiz poder ser recusado pelas partes § 1° Reputa-se fundada a suspeigdo quando o juiz manifestar parcialidade na condugo do proceso ou no julgamento da causa e, ainda, nas seguintes hipéteses: Ise mantiver relagio de amizade ou de inimizade com qualquer das partes; 3 TI ~ se ele, scu cénjuge, companheiro, ascendente, descendente ou inmio estiver respondendo a processo por fato andlogo, sobre cujo cardter criminoso haja controvérsia; III — se ele, seu cénjuge, companheiro ou parente, consanguineo ou afim, até o terceiro grau, inclusive, sustentar demanda ou responder a processo que tenha de ser julgado por qualquer das partes; IV ~ se tiver aconselhado qualquer das partes; V — se mantiver relagdo juridiea de natureza econémica ou moral com qualquer das partes, da qual se possa inferir risco & imparcialidade; V1- se tiver interesse no julgamento da causa em favor de uma das partes. § 2° 0 juiz, a qualquer tempo, poderd se declarar suspeito, inclusive por razdes de foro ntimo. Art. 56. A suspei¢ao nfo poderd ser declarada nem reconhecida quando @ parte de propésito der motivo para erié-la. CAPITULO II DO MINISTERIO PUBLICO Art. 57. O Ministério Puiblico é o titular da ago penal, incumbindo-lhe zelar, em qualquer instancia e em todas as fases da persecuedo penal, pela defesa da ordem juridica e pela correta aplicagao da lei. Art, 58. Os drgios do Ministério Publico nao funcionario nos processos em que o juiz ‘ou qualquer das partes for seu cénjuge, companheiro ou parente, consanguineo ou afim, em linha reta ou colateral, até 0 terceiro grau, inclusive, ¢ a eles se estendem, no que thes for aplicavel, as prescrigdes relativas & suspeigo e aos impedimentos dos juizes. CAPITULO II DA DEFENSORIA PUBLICA Art. 59. A Defensoria Piiblica ¢ instituigdo essencial 4 fungio jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a orientagio juridica ¢ a defesa, em todos os graus, dos necessitados, § 1° Com 0 fim de assegurar o contraditério € a ampla defesa no ambito do proceso penal, cabera 4 Defensoria Piblica 0 patrocinio da defesa do acusado que, por qualquer motivo, nfo tenha constituido advogado, independentemente de sua situacdo econdmica, ressalvado 0 direito de, a todo tempo, nomear outro de sua confianga, ou a si mesmo defender-se, caso tenha habilitagdo, § 2° O acusado que possuir condigo econdmica ¢ nao constituir advogado arcari com 0s honoririos decorrentes da defesa técnica, cujos valores serio revertidos 4 Defensoria Piblica, nos termos da lei 4 CAPITULO IV DO ACUSADO E SEU DEFENSOR Segio I Disposisdes gerais Art, 60. Todo acusado tera direito 4 defesa técnica em todos os atos do proceso penal, exigindo-se manifestagdo fundamentada por ocasido das alegagdes finais ¢ em todas as demais oportunidades em que seja necesséria ao efetivo exercicio da ampla defesa e do contraditério, § 1° Se 0 acusado nio tiver advogado constituido, ¢ no foro onde no houver Defensoria Publica, ser-Ihe-4 nomeado defensor para o proceso ou para o ato, ressalvado 0 seu direito de, a todo tempo, nomear outro de sua confianga, ou a si mesmo defender-se, caso tenha habilitago. O acusado arcaré com as despesas do defensor designado pelo juiz, salvo quando no puder fazé-lo por impossibilidade material. § 2° Com vistas ao pleno atendimento do disposto no caput deste artigo, o defensor devera ouvir pessoalmente 0 acusado, salvo em caso de manifesta impossibilidade, quando seri feito o registro dessa situagao excepcional. Art. 61. O defensor podera ingressar no processo ou atuar na fase de investigagio ainda que sem instrumento de mandato, caso em que atuara sob a responsabilidade de seu grav, Paragrafo nico. Ao peticionar, 0 defensor deveré informar o seu enderego profissional para efeito de intimagao, devendo manté-lo atualizado. Art. 62. O no comparecimento do defensor nao determinard o adiamento de ato algum do processo, devendo © juiz nomear outro em substituigio, para 0 adequado exereicio da defesa § 1° A audigncia poder ser adiada se, por motivo devidamente justificado até a sua abertura, o defensor néo puder comparecer. § 2° Tratando-se de instrugio relativa a matéria de maior complexidade probatéria, a exigir aprofundado conhecimento da causa, 0 juiz poder adiar a realizagdo do ato, com a designagdo de defensor, para assegurar o pleno exercicio do direito de defesa. Art. 63. A auséncia de comprovagdo da identidade civil do acusado ndo impedira a aga penal, quando certa a identificagio de suas caracteristicas pessoais por outros meios. A qualquer tempo, no curso do proceso, do julgamento ou da execucdo da sentenga, se for descoberta a sua qualificagdo, far-se-4 a retificagdo por termo nos autos, sem prejuizo da validade dos atos precedentes. 1s Segao II Do interrogatério Subsegao I Disposigdes gerais Art. 64. O interrogatério constitui meio de defesa do investigado ou acusado e seré realizado na presenga de seu defensor. § 1° No caso de flagrante delito, se, por qualquer motivo, ndo se puder contar com a assisténcia de advogado ou defensor piiblico no local, 0 auto de prisdo em flagrante sera lavrado e encaminhado ao juiz das garantias sem o interrogatério do conduzido, aguardando 0 dclegado de policia 0 momento mais adequado para realizé-lo, salvo se o interogando ‘manifestar livremente a vontade de ser ouvido naquela oportunidade. § 2° Na hipétese do § 1° deste artigo, no se realizando o interrogatério, o delegado de policia limitar-se-d a qualificar o investigado. § 3° A ressalva constante da parte final do § 1° deste artigo também se aplica a0 interrogatério realizado no curso do inquérito. Art. 65. Sera respeitada em sua plenitude a capacidade de compreensio e discemimento do interrogando, nfo se admitindo o emprego de métodos ou técnicas ilicitas ¢ de quaisquer formas de coago, intimidagao ou ameaca contra a liberdade de declarar, sendo irrelevante, nnesse caso, 0 consentimento da pessoa interrogada. § 1° A autoridade responsivel pelo interrogatério no podera prometer vantagens sem ‘expresso amparo legal, § 2" O interrogatério no se prolongaré por tempo excessivo, impondo-se 0 respeito & integridade fisica e mental do interrogando. O tempo de duragio do interrogatério seré ‘expressamente consignado no termo de declaragdes. Art. 66. Antes do interrogatério, o investigado ou acusado seré informado: I = do inteiro teor dos fatos que Ihe sio imputados ou, estando ainda na fase de investigagao, dos elementos informativos entio existentes; Il ~ de que poderd entrevistar-se, em local reservado e por tempo razoavel, com 0 seu defensor; Ill — de que as suas declaragées poder eventualmente ser utilizadas em desfavor de sua defesa; IV = do direito de permanecer em siléncio, nfo estando obrigado a responder a uma ou mais perguntas em particular, ou todas que the forem formuladas; V — de que o siléncio nao importaré confissio, nem poderd ser interpretado em prejuizo de sua defesa. Pardgrafo Unico. Em relago a parte final do inciso I do caput deste artigo, a autoridade nao esté obrigada a revelar as fontes de prova jé identificadas ou a linha de investigagio adotada. Art. 67. O interrogatério seri constituido de duas partes: interrogando, ¢ a segunda, sobre 0s fatos. primeira, sobre a pessoa do 16 § 1° Na primeira parte, o interrogando sera perguntado sobre o seu nome, naturalidade, estado civil, idade, filiago, residéncia, meios de vida ou profissio, lugar onde exerce a sua atividade, vida pregressa, notadamente se foi preso ou processado alguma vez e, em caso afirmativo, qual o juizo do processo, se houve suspensio condicional ou condenagdo, qual a pena imposta e se a cumpriu. § 2° Na segunda parte, ser perguntado sobre os fatos que Ihe sdo imputados, ou que estejam sob investigago e todas as suas circunstancias. § 3° Ao final, a autoridade indagara se o interrogando tem algo mais a alegar em sua detesa. Art, 68 As declaragdes prestadas serdo reduzidas a termo, lidas e assinadas pelo interrogando e seu defensor, assim como pela autoridade responsével pelo ato. Pardgrafo tinico. Se o interrogatério tiver sido gravado ou filmado, na forma do § 1° do art, 29, 0 interrogando ou seu defensor poderdo solicitar a transcrigdo do éudio ¢ obter, imediatamente, c6pia do material produzido, ‘Art. 69, Assegura-se a0 interrogando, na fase de investigagio ou de instrugdo processual, 0 direito de ser assistido gratuitamente por um intérprete, caso nao compreenda bem ou ndo fale a Lingua portuguesa § 1° Se necessério, o intérprete também intermediaré as conversas entre o interrogando ¢ seu defensor, ficando obrigado a guardar absoluto sigilo. § 2° A repartigdo consular competente serd comunicada, com antecedéncia, da realizagdo do interrogatdrio de seu nacional Art. 70. No interrogatério do mudo, do surdo ou do surdo-mudo seré assegurado 0 dircito & assisténcia por pessoa habilitada a entendé-los ou que domine a Lingua Brasileira de Sinais (Libras). Pardgrafo tinico. Nao sendo possivel a realizagio do procedimento nos termos do caput deste artigo, o interrogatério sera feito da forma seguinte: a0 surdo serdo apresentadas por escrito as perguntas, que ele responderd oralmente; I1— a0 mado serdo feitas oralmente as perguntas, que ele responder por escrito; III ~ a0 surdo-mudo serio apresentadas por escrito as perguntas, que ele responder do mesmo modo. Art. 71. No interrogatério do indio, 0 juiz, se necessério, solicitara a colaboragio de antropélogo com conhecimento da cultura da comunidade a que pertence 0 interrogando ou de representante do érgdo indigenista federal, para servir de intérprete e prestar esclarecimentos que possam melhor contextualizar e facilitar a compreensio das respostas. An. 72. Quando o interrogando quiser confessar a autoria da infragdo penal, a autoridade indagara se o faz de livre ¢ espontanea vontade. Pardgrafo unico. E nulo o interrogatério que nZo observar as regras previstas nesta Segao. ” Subsegao II Disposigdes especiais relativas ao interrogatério em juizo Art. 73. No interogatério realizado em juizo, caber 4 autoridade judicial, depois de informar o acusado dos direitos previstos no art. 66, proceder & sua qualificagao. Pardgrafo tinico. Na primeira parte do interrogatério, o juiz indagaré ainda sobre as condigdes ¢ oportunidades de desenvolvimento pessoal do acusado e outras informagdes que permitam avaliar a sua conduta social. Art. 74, As perguntas relacionadas aos fatos serdo formuladas diretamente pelas partes, concedida a palavra primeiro ao Ministério Pablico, depois & defesa, § 1° O defensor do corréu também podera fazer perguntas ao interrogando, apés 0 Ministério Péblico, § 2° O juiz nao admitira perguntas ofensivas ou que puderem induzir a resposta, no tiverem relago com a causa ou importarem repetigao de outra ja respondida. Art. 75, Ao término das indagagdes formuladas pelas partes, 0 juiz poderd complementar o interrogatério sobre pontos nao esclarecidos, observando, ainda, o disposto no § 3° do art, 67, Subsegao HII Do interrogatério do réu preso Art. 76. O interrogatério do réu preso, como regra, seré realizado na sede do juizo, devendo ser ele requisitado para tal finalidade. § 1° O interrogatério do acusado preso também poderd ser feito no estabelecimento prisional em que se encontrar, em sala propria, desde que esteja garantida a seguranca do juiz e das demais pessoas presentes, bem como a publicidade do ato. § 2 Excepcionalmente, o juiz, por decisio fundamentada, de oficio ou a requerimento das partes, poder realizar o interrogatério do réu preso por sistema de videoconferéncia ou outro recurso tecnologico de transmissio de sons e imagens em tempo real, desde que a medida seja necessaria para atender a uma das seguintes finalidades: I — prevenir risco & seguranga publica, quando exista fundada suspeita de que 0 preso integre organizagdo criminosa ou de que, por outra razio, possa fugir durante o deslocamento; Il — viabilizar a participagio do réu no referido ato processual, quando haja relevante dificuldade para scu comparecimento em juizo, por enfermidade ou outra circunstancia pessoal; Ill — impedir a influéneia do réu no animo de testemunha ou da vitima, desde que no seja possivel colher 0 depoimento destas por videoconferéncia, nos termos do art. 183. § 3° Da decisdo que determinar a realizagao de interrogatério por videoconferéncia, as partes sero intimadas com 10 (dez) dias de antecedéncia do respectivo ato. § 4° Antes do interrogatério por videoconferéncia, 0 preso acompanharé, pelo mesmo sistema tecnoldgico, a realizago de todos os atos da audiéncia tnica de instrugdo ¢ julgamento de que trata 0 art. 276, § 1°. § 5° Se o interrogatério for realizado por videoconferéncia, fica garantido, além do direito a entrevista do acusado ¢ seu defensor, o acesso a canais telefénicos reservados para 18 comunicagao entre os advogados, presentes no presidio ¢ na sala de audiéncia do Forum, e entre este € 0 preso. § 6° A sala reservada no estabelecimento prisional para a realizagio de atos processuais por sistema de videoconferéncia serd fiscalizada pelos corregedores e pelo juiz criminal, como também pelo Ministério Puiblico, pela Defensoria Publica e pela Ordem dos Advogados do Brasil § 7° Aplica-se o disposto nos §§ 1° a 5° deste artigo, no que couber, realizagio de ‘outros atos processuais que dependam da participagio de pessoa que esteja presa, como acareagio, reconhecimento de pessoas € coisas, € inquirigao de testemunha ou tomada de declaragées da vitima, § 8° Na hipotese do § 5° deste artigo, fica garantido 0 acompanhamento do ato processual pelo acusado e seu defensor. § 9° Cabe ao diretor do estabelecimento penal garantir a seguranga para a realizagao dos atos processuais previstos nos §§ 1° ¢ 2° deste artigo, CAPITULO V DO ASSISTENTE E DA PARTE CIVIL. Segio 1 Do assistente Art, 77. Em todos os termos do processo penal, poder intervir, como assistente do Ministério Pablico, a vitima ou, no caso de menoridade ou de incapacidade, seu representante legal, ou, na sua falta, por morte ou auséncia, seus herdeiros, conforme o disposto na legislagao civil. Art, 78. O assistente sera admitido enquanto nao passar em julgado a sentenga receberd a causa no estado em que se achar. Art, 79, Ao assistente sera permitido propor meios de prova, formular perguntas as testemunhas, vitima e ao acusado, requerer medidas cautelares reais, participar dos debates orais, formular quesitos a0 exame pericial, requerer diligéncias complementares ao final da audiéncia de instrugio, apresentar memoriais © arrazoar os recursos interpostos pelo Ministério Publico, ou por ele proprio, nas hipéteses de absolvigao, de absolvigao sumaria, de improniincia ou de extingdo da punibilidade, § 1° O juiz, ouvido © Ministério Piblico, decidira acerca da realizagio das provas propostas pelo assistente. § 2° O processo prosseguira independentemente de nova intimagio do assistente, quando este, intimado, deixar de comparecer a qualquer dos atos da instrugdo ou do julgamento sem motivo de fora maior devidamente comprovado. § 3° O recurso do assistente limitar-se-4 ao reconhecimento da autoria e da existéncia do fato. Art. 80. O Ministério Piiblico sera ouvido previamente sobre a admissio do assistente, sendo irrecorrivel a deciséo que indeferir ou admitir a assisténcia, 19 Seco It Da parte civil Art. 81, A vitima ou, no caso de sua auséncia ou morte, as pessoas legitimadas a ingressar como assistentes, sem ampliar a matéria de fato constante da deniincia, poderd, no prazo de 10 (dez) dias, requerer a recomposigao civil do dano moral causado pela infragio, nos termos € nos limites da imputago penal, para o que sera notificado apés o oferecimento da inicial acusatoria, § 1° © arbitramento do dano moral ser fixado na sentenga condenatéria © individualizado por pessoa, no caso de auséneia ou morte da vitima e de pluralidade de sucessores habilitados nos autos. § 2° Se a vitima nio puder constituir advogado, cirounstincia que deverd constar da notificagdo, ser-lhe-4 nomeado um pelo juiz, ainda que apenas para o ato de adesio civil 4 ago penal, caso em que o advogado poder requerer a extensio do prazo por mais 10 (dez) dias improrrogaveis. § 3° A condenagZo do acusado implicard, ainda, a condenago em honordrios, observadas as regras do Cédigo de Processo Civil, devidos ao advogado constituido pela parte civil ou nomeado pelo juiz. Art. 82. A parte civil tera as mesmas faculdades e os mesmos deveres processuais do assistente, além de autonomia recursal quanto & matéria tratada na adesdo, garantindo-se ao acusado o exercicio da ampla defesa. Parigrafo Ginico. Quando 0 arbitramento do dano moral depender da prova de fatos ou circunstancias no contidas na pega acusatdria ou a sua comprovago puder causar transtornos a0 regular desenvolvimento do processo penal, a questo devera ser remetida ao juizo civel, sem prejuizo do disposto no inciso II do art. 475-N do Cédigo de Processo Civil Art. 83. A adesdo de que cuida este Capitulo nao impede a propositura de ago civil contra as pessoas que por lei ou contrato tenham responsabilidad civil pelos danos morais © materiais causados pela infragdo. Se a agdo for proposta no juizo civel contra o acusado, incluindo pedido de reparagdo de dano moral, estara prejudicada a adesto na ago penal, sem prejuizo da execugio da sentenga penal condenatéria, na forma do disposto no art. 84. § 1° A reparacaio dos danos morais arbitrada na sentenca penal condenatoria deverd ser considerada no juizo civel, quando da fixago do valor total da indenizagio devida pelos danos causados pelo ilicito. § 2° No caso de precedéncia no julgamento da ago civil contra o acusado e/ou outros responsaveis civis pelos danos decorrentes da infragdo, o valor arbitrado na sentenga penal para a reparac3o do dano moral no poder exceder Aquele fixado no juizo civel para tal finalidade. § 3° A decisio judicial que, no curso do inquérito policial ou do proceso penal, reconhecer a extingdo da punibilidade ou a absolvigio por atipicidade ou por auséncia de provas, ndo impedira a propositura de agao civil. Art. 84, Transitada em julgado a sentenga penal condenatéria, € sem prejuizo da propositura da ago de indenizacao, poderdo promover-lhe a execugo, no civel (art. 475-N, II, do Cédigo de Processo Civil), as pessoas mencionadas no art. 77. Pardgrafo inico, O juiz civil podera suspender 0 curso do processo até o julgamento final da ago penal ja instaurada, nos termos ¢ nos limites da legislagdo processual civil pertinente, CAPITULO VI DOS PERITOS E INTERPRETES Art, 85. O perito estard sujeito a disciplina judicisria, Art. 86. As partes néo intervirdo na nomeagao do perito. Art. 87. O perito nomeado pela autoridade judicial ndo poderd recusar 0 encargo, ressalvada a hipotese de escusa justificada. § 1° Serio apuradas as responsabilidades civil, penal e disciplinar, quando couber, do perito que, sem justa causa 1 deixar de atender a intimagio ou ao chamado da autoridade, Indo comparecer no dia e local designados para o exame; III — ndo apresentar o laudo, ou concorrer para que a pericia nio seja feita, nos prazos estabelecidos. § 2° No caso de nfo comparecimento do perito em juizo, sem justa caus poder determinar a sua condugio. a autoridade Art. 88, E extensivo aos peritos, no que Ihes for aplicavel, o disposto sobre a suspeigio e impedimentos dos juizes. Art, 89, Os intérpretes so, para todos os efeitos, equiparados aos peritos. TITULO V DOS DIREITOS DA VITIMA Art. 90. Considera-se “vitima” a pessoa que suporta os efeitos da aco criminosa, consumada ou tentada, dolosa ou culposa, vindo a sofrer, conforme a natureza © as circunstincias do crime, ameagas ou danos fisicos, psicolégicos, morais ou patrimoniais, ou quaisquer outras violagGes de seus direitos fundamentais. Art. 91, Sio direitos assegurados & vitima, entre outros: I—ser tratada com dignidade ¢ respeito condizentes com a sua situagao; Il - receber imediato atendimento médico e atengao psicossocial; II — ser encaminhada para exame de corpo de delito quando tiver sofrido lesdes comporais; IV ~ reaver, no caso de crimes contra o patriménio, os objetos e pertences pessoais que Ihe foram subtraidos, ressalvados os casos em que a restituicio ndo possa ser efetuada imediatamente em razdo da necessidade de exame pericial; V ~ ser comunicada: a) da prisfo ou soltura do suposto autor do crime; ) da conclusio do inquérito policial e do oferecimento da dentincia; a1 ¢) do eventual arquivamento da investigagio, nos termos do art. 39; 4) da condenagao ou absolvigao do acusado; V1 - obter cépias de pegas do inquérito policial e do processo penal, salvo quando, justificadamente, devam permanecer em estrito sigilo; VIL — ser orientada quanto ao exercicio oportuno do direito de representagio, de ago penal subsididria da pablica, de agdo civil por danos materiais e morais, da adesio civil & ago penal ¢ da composigio dos danos civis para efeito de extingiio da punibilidade, nos casos previstos em lei; Vill — prestar declaragdes em dia diverso do estipulado para a oitiva do suposto autor do crime ou aguardar em local separado até que o procedimento se inicie; IX ~ ser ouvida antes de outras testemunhas, respeitada a ordem prevista no caput do art, 276; X ~ peticionar as autoridades publicas para se informar a respeito do andamento & deslinde da investigagao ou do processo, bem como manifestar as suas opinides; XI obter do autor do crime a reparagio dos danos causados, assegurada a assisténcia de defensor piblico para essa finalidade; XII ~ intervir no processo penal como assistente do Ministério Publico ou como parte civil para o pleito indenizatério; XIII - receber especial proteg#o do Estado quando, em razio de sua colaboragio com a investigago ou processo penal, sofrer coagdo ou ameaga & sua integridade fisica, psicolégica ou patrimonial, estendendo-se as medidas de protego ao cOnjuge ou compankeiro, filhos, familiares e afins, se necessério for; XIV — receber assisténcia financeira do Poder Piblico, nas hipéteses ¢ condigdes especificas fixadas em lei; XV — ser encaminhada a casas de abrigo ou programas de protego da mulher em situago de violéncia doméstica e familiar, quando for o caso; XVI - obter, por meio de procedimentos simplificados, 0 valor do prémio do seguro obrigatorio por danos pessoais causados por vefculos automotores. § 1° E dever de todos o respeito aos direitos previstos neste Titulo, especialmente dos ‘rgfios de seguranga piiblica, do Ministério PUblico, das autoridades judicisrias, dos érgios governamentais competentes e dos servigos sociais e de saiide. § 2° As comunicagdes de que trata o inciso V do caput deste artigo serdo feitas por via postal ou enderego eletrénico cadastrado e ficario a cargo da auloridade responsével pelo ato. § 3° As autoridades terdio sempre 0 cuidado de preservar 0 enderego ¢ outros dados pessoais da vitima. Art. 92. Os direitos previstos neste Titulo estendem-se, no que couber, aos familiares proximos ¢ ao representante legal, quando a vitima ndo puder exercé-los diretamente, respeitadas, quanto a capacidade processual ¢ legitimagio ativa, as regras atinentes assisténcia ¢ & parte civil 2 TITULO VI DA COMPETENCIA CAPITULO DISPOSICOES GERAIS Art. 93. A competéncia para 0 processo penal é determinada pela Constituigdo da Repiiblica Federativa do Brasil, por este Cédigo e, no que couber, pelas leis de organizagio Jjudicidria Art. 94, Ninguém serd processado nem sentenciado sendo pelo juiz constitucionalmente competente ao tempo do fato. Art, 95. A incompeténcia é, de regra, absoluta, independe de alegagdo da parte ¢ deve ser reconhecida de oficio, a todo tempo e em qualquer grau de jurisdigo. § 1° A incompeténcia territorial é relativa, devendo ser alegada pela defesa na resposta escrita (art. 273) ou reconhecida de oficio pelo juiz, até o inicio da audiéncia de instrugio € julgamento. § 2° Iniciada a instrugio, é vedada a modificagao da competéncia por leis ¢ normas de organizagao judiciéria, ressalvadas as hipdteses expressamente previstas neste Cédigo. § 3° Nos casos de conexio ou continéncia, a modificago da competéncia pode ser reconhecida a qualquer tempo, antes da sentenca. Art, 96, A atuagdo judicial por substituigiio ou por auxilio dependerd de previsio em nommas de organizacio judicidria, observado, em qualquer caso, o critério da impessoalidade na designagio. Art. 97. Considera-se praticada em detrimento dos interesses da Unido ou de suas autarquias c empresas piblicas, além das hipdteses expressamente previstas em lei, a infragio penal lesiva a bens ou recursos que, por lei ou por contrato, estejam sob administragao ou gestio dessas entidades. § 1° Inclui-se na competéncia jurisdicional federal a infragdo penal que tenha por fundamento a disputa sobse direitos indigenas ou tenha sido praticada por indio. § 2° Considera-se praticada em detrimento dos servigos federais a inftagio penal dirigida diretamente contra o regular exercicio de atividade administrativa da Unido, autarquias e empresas piblicas federais. B CAPITULO I DA COMPETENCIA TERRITORIAL Secio I Da competéncia pelo lugar Art. 98, A competéncia, de regra, ¢ com o objetivo de facilitar a instrugdo criminal, ser determinada pelo lugar em que forem praticados os atos de execugdo da infrago penal. § 1° Quando nfo for conhecido ou nfo se puder determinar o lugar dos atos de execugio, a competéncia sera fixada pelo local da consumagao da infragdo penal. Nio sendo este conhecido, a ago poderd ser proposta no foro de qualquer domicilio ou residéncia do réu § 2° Se os atos de execugio forem praticados fora do territério nacional, a competéncia serd fixada pelo local da consumagao ou onde deveria produzir-se o resultado. § 3° No caso de infragdo permanente ou de infragio continuada, praticada em mais de um lugar, seré competente o juiz sob cuja jurisdigo tiver cessada a permanéncia ou a continuidade deliti § 4° Nas demais hipéteses, quando os atos de execugio forem praticados em lugares diferentes, seré competente o foro da consumagio ou, em caso de tentativa, o do ultimo ato de execugio. § 5° A competéncia territorial do juiz das garantias poder abranger mais de uma comarca, conforme dispuserem as normas de organizacao judiciéria, ¢ sem prejuizo de outras formas de substituigao. Sesao II Da competéncia por distribuigio Art. 99. A precedéncia da distribuigio fixard a competéncia quando, na mesma circunscrigao judicidria, houver mais de um juiz igualmente competente. Segao II Da competéncia pela natureza da infragio Ast, 100. A competéneia pela natureza da infragio seré regulada em normas de organizagdo judiciaria, sempre que justificada a necessidade de especializagao do juizo, respeitadas, em qualquer hipétese, as disposigGes relativas as regras de competéncia em razao do lugar da infracao. ‘Art. 101. Compete ao Tribunal do Jiri o processo € julgamento dos crimes dolosos contra a vida, tentados ou consumados, bem como das infragdes continentes, decorrentes de unidade da conduta. Art. 102. E dos Juizados Especiais Criminais a competéncia para 0 processo € julgamento das infragdes de menor potencial ofensivo, ressalvada a competéncia da jurisdigio ‘comum nas hipoteses de modificagdo de competéncia previstas neste Cédigo, ou nos locais em que nao tenham sido instituidos os Juizados. 4 Art, 103. Se, iniciado o processo perante um juiz, houver desclassificagdo para infragdo da competéncia de outro, a este seré remetido 0 proceso. § 1° Se da desclassificago resultar incompeténcia relativa do juiz ¢ ja tiver sido iniciada a instrugo, o magistrado terd prorrogada a sua jurisdigao. § 2° O procedimento previsto no caput deste artigo seri adotado quando a desclassificagao for feita pelo juiz da proniincia, nos processos cuja competéncia tenha sido inicialmente atribuida ao Tribunal do Jiri. § 3° No caso previsto no § 2° deste artigo, o acusado tera o prazo de 5 (cinco) dias para apresentar nova resposta escrita e arrolar outras testemunhas, até o maximo de 3 (trés), bem como oferecer outras provas e requerer a reinquiriggo de testemunha j4 ouvida, desde que |justificada a indispensabilidade de seu depoimento. Sesao IV Da competéncia internacional Art. 104. No processo por crimes praticados fora do territério brasileiro, sera competente o juizo da Capital do Estado onde houver por tiltimo residido 0 acusado. Se este nunca tiver residido no Brasil, scrd competente o juizo do Distrito Federal, Art, 105, Os crimes cometidos em qualquer embarcagio nas éguas territoriais da Repiiblica, ou nos rios e lagos fronteirigos, bem como a bordo de embarcagées nacionais, em alto-mar, sero processados e julgados na jurisdigdo do primeiro porto brasileiro em que tocar a embarcagio apés 0 crime, ou, quando se afastar do Pafs, pela do iltimo em que houver tocado. Art. 106, Os crimes praticados a bordo de aeronave nacional, dentro do espago aéreo correspondente ao territério brasileiro, ou em alto-mar, ou a bordo de aeronave estrangeira, dentro do espago aéreo correspondente ao territério nacional, serdo processados e julgados na jurisdigao em cujo territério se verificar 0 pouso apés 0 crime, ou na comarca de onde houver partido a aeronave. CAPITULO IIL DA MODIFICAGAO DE COMPETENCIA Segaio I Disposigdes ger: Art. 107. A competéncia territorial poderd ser alterada quando o juiz, no curso do processo penal, de oficio ou por provocagio das partes, reconhecer a conexio ou a continéncia entre 2 (dois) ou mais fatos. Art. 108. A conexdo e a continéncia implicarao a reuniéo dos processos para fins de unidade de julgamento, no abrangendo aqueles jé sentenciados, caso em que as eventuais consequéncias juridicas que delas resultem serdo reconhecidas no juizo de execugio. 25 § 1° No Tribunal do Jiri, tratando-se de concurso entre crimes dolosos contra a vida e outros da competéncia do juiz singular, somente ocorreré a unidade de processo ¢ de julgamento na hipétese de continéncia, § 2° Nas hipéteses de conexio, a reunitio dos processos cessaré com a proniincia, Nesse caso, caberd ao juiz da promincia ou ao juiz presidente, quando for o caso, o julgamento dos crimes que no sejam dolosos contra a vida, com base na prova produzida na fase da instrugao preliminar, ndo se repetindo a instrugo destes processos em plenario. Art. 109. Havera separagio obrigatéria de processos no concurso entre a jurisdi¢ao comum € a militar, bem como entre qualquer uma delas € os atos infracionais imputados a crianga e a adolescente. § 1° Cessara a unidade do processo se, em relagao a algum corréu, sobrevier a situagao prevista no art. 455, § 2° A unidade do processo nao importara a do julgamento, se houver corréu foragido que nfo possa ser julgado a revelia, ou na hipétese do art, 382. Art. 110. Serd facultativa a separagio dos processos quando houver um nimero elevado de réus, quando as infragdes tiverem sido praticadas em circunstincias de tempo ou de lugar diferentes, ou, ainda, por qualquer outro motivo relevante em que esteja presente o risco efetividade da persecugdo penal ou ao exercicio da ampla defesa. Segdo IT Da conexio Art. 111, Modifica-se a competéncia pela conexio: I - se, ocorrendo 2 (duas) ou mais infragdes, houverem sido praticadas, a0 mesmo tempo, por varias pessoas reunidas, ou por varias pessoas em concurso, embora diverso 0 tempo e o lugar; Il - se, ocorrendo 2 (duas) ou mais infragdes, houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar as outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em relagdo a qualquer delas; III - quando a prova de uma infrago ou de qualquer de suas circunsténcias influir na prova de outra infragao ou de suas circunstancias Segdo UL Da continéncia Art. 112. Verifica-se a continéncia quando, constatada a unidade da conduta, 2 (duas) ‘ou mais pessoas forem acusadas da pritica do mesmo fato ov, ainda, nas hipéteses dos arts. 70, 73 € 74 do Cédigo Penal. Segao IV Da determinago do foro prevalecente Art. 113. Tratando-se de fatos ou de processos conexos ou continentes, a competéncia sera determinada: 26 I — no concurso entre a competéncia do jiri ¢ a de outro érgio da jurisdigdo comum, prevaleceré a competéncia do jér, ressalvadas as regras do art. 108, quanto a competéncia do jjuiz da promincia ou do juiz presidente para o julgamento dos crimes que no sejam dolosos contra a vida, nos casos de conexio; II —no concurso de jurisdigdes do mesmo grau: a) preponderaré a do lugar da infragdo a qual for cominada a pena mais grave; b) prevalecera a do Iugar em que houver ocorrido 0 maior nimero de infragdes, se as respectivas penas forem de igual gravidade; ¢) firmar-se- a competéncia pela antecedéncia na distribuigdo, nos demais casos; TIT no concurso entre a jurisdigdo comum ¢ a justiga elcitoral, prevalecerd esta iltima, exceto quando um dos crimes for de competéncia do juri, hipdtese em que haverd separagio obrigatéria de processos; IV no concurso entre a justiga estadual ¢ a justia federal, prevalecerd esta tiltima, Art, 114. Verificada a reunidio dos processos por conexdo ou continéncia, ainda que no processo da sua competéncia propria o juiz desclassifique a infrago para outra que nio se inclua na sua competéncia, continuara competente em relagdo a todos os processos, Pardgrafo Gnico. Igual procedimento sera adotado quando, reconhecida inicialmente ao jjiri a competéncia por conexio ou continéncia, sem prejuizo do disposto no art, 108, o juiz da instrugio preliminar vier a desclassificar a infragio ou impronunciar ou absolver sumariamente 0 acusado, de maneira que exclua a competéncia do juiri Segio V Da competéneia por foro privativo Art, 115, Na hipétese de continéncia ou de conexdo entre processos da competéncia originaria ou entre estes ¢ processos da competéncia de primeiro grau, prevalecera a competéncia do tribunal de maior hierarquia jurisdicional. § 1° No caso de continéneia em crime doloso contra a vida, haverd separagio de processos, cabendo ao Tribunal do Jari o processo ¢ o julgamento daquele que nao detiver foro privativo por prerrogativa de fungao. § 2° Nas hipéteses de conexao, o tribunal competente poder determinar a separagio de processos e do juizo, salvo quando a reunido destes e a unidade de julgamentos se

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