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SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA ESCOLA TECNICA TUPY CURSO TECNICO EM METALURGIA DESENHO DE FUNDICAC Elaborada por: SILVIO LUIZ FELISBINO Joinville, SC Margo ~ 2002 SUMARIO INTRODUCAQ. 1-PROJETO DE PECAS ADAPTADAS A FUNDIC. ‘KO. 1.1- Generalidades 1.2- Detalhes Técnicos Para Adaptagao De Uma Pega A Fundigao 1.2.1- Plano de Divisio 1.2.2- Angulo de Saida... 1.2.3- Arredondamento de Cantos. 1.2.4- Exemplo De Projeto De Pega Adaptada A Fundigao 1.2.5- Acréscimo De Usinagem. 1.2.5.1- Furos. . 2- ESTUDO DE MOLDAGEM sete 2 1- Fstudo de Moldagem para Determinar a Forma do Fundido 2.1,1- Forma Adaptada ao Método de Moldagem. 2.2- Estudo de Moldagem para Determinar a Forma do Macho. 2.2,1- Machos Cilindricos 2.2.2+ Limitagdes da Forma e do Tamanho de Machos. 2.23- Estudo da pega Moldada com Macho Cilindrico Vertical. . 2.2.3.1- Canaleta de Retengao de Areia. 2.2.4- Estudo da Pega Moldada com Macho Cilindrico Horizontal. 2.2.4.1- Pega com Furo Cilindrico Normal. 2.2.5- Pega com Furo Cilindrico Escalonado, 2.2.6- Estudo de Pega Moldada com Macho Composto, 2.2.7- Folgas para Compensar Amassamento do Molde 2.2.8- Deslocamento de Rebarbas 2.3- Projeto de Segdes em Pegas Fundidas 2.3.1- Evitar Concentragiio de Massa. 2.3.1.1- Encontro de Paredes em L. 2.3.1.2- Encontro de Paredes em Forma de “IT” ( ‘Ortogonal).. 2.3.2-Garantir Perfeito Fluxo Metalico Durante 0 Vazamento e Solidificagao 2.3.3- Evitar Trincas, Empenamentos e Porosidades. 2.3.4- Formas Adequadas as Solicitagdes Mecénicas. 2.3.4.1- Tragdo e Compressao, 2.3.4.2- Flexo e Torgdo. 23 5. ConsideragGes Gerais sobre Formas Recomendadas aos Diversos Tipos de Solicitagdes. 2.3.6- Exemplo de Projeto com Forma Adaptada a Fundigao e Solicitagdes 2.3.6.1- Escolha do material. 2.3.6.2- Escolha do Processo de Fundigio e Moldagem. 2.3.6.3- Estudo da Forma da Pega Adaptada ao Tipo de Soli itagdo e Acabamento 2.3.6.4- Projeto da Forma Adequada ao Processo 2.3.7- Detalhes Construtivos Influentes em Operagdes Posteriores a Fundigao. 2.3.8- Tolerancias Dimensionais 3- PROJETO DE FERRAMENTAIS PARA FUNDIGAO 3.1- GENERALIDADES ul 12 16 19 20 23 26 26 28 29 30 31 31 32 34 34 34 35 35 36 37 38 39 40 41 4l 42 a2 44 44 44 45 48 49 50 50 3.1.1- Modelos Para Moldagem Manual (Convencional) 3.2- Materiais para Construgdo de Modelos. 3.3- Acréscimos de Contragao...... 3.4- Projetos de Modelos para Moldagem Manual. 3.4.1 Modelo “Monobloco”. (unitario) 3.4.2- Modelo Bipartido com Marcagao de Macho. 3.4.2.1- Pinos Guia 3.4.3- Modelos com partes Soltas 3.5- Projeto de Caixa de Macho para Moldagem Manual 3.5.1- Caixa De Macho Bipartida (Madeira Macica). 3.6- Projeto de Modelos para Moldagem Mecénica 3.6.1- Modelos para Moldagem Mecanica. 3.7- Projeto de Caixa de Macho Para Moldagem Me 3.7.1- Projeto de uma Caixa de Macho Metalica para o Processo Mecinico 3.8- Fixagdo do Sistema de Alimentagao e Enchimento sobre a Placa 3,9- Filtros ou Peneiras 3.10- Exemplo de Projeto de Modelo Emplacado 3.10.1- Estudo de Moldagem. 3.10.2- Modelo .. 3.10.3- Projeto do Sistema de Enchimento e de Alimentagao 3.10.4- Distribuigao em Placa 3.10.5- Definigao do Sistema de Enchimento. 3.10.6- Desenho dos Elementos sobre a Placa 4- PROJETO DE MOLDE METALICOS (COQUILHA) 4.1- Projeto do Molde 4.1.2. Partes que Compoem um Molde Metilico. 4.1.2.1- Machos Metilicos 4,1.2.2- Marcagées de Machos de Areia. 4.1.2.3- Sistema de Refrigerago da Coquilha 4.1.3- Dimensionamento da Coquilha 4.1.3.1- Contragao Linear. 4.1,3.2- Fator de Perda. 4.1.3.3- Escalonamento. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICA. 50 50 52 53 33 34 56 56 37 58 59 59 61 62 67 70 W 7 n 72 B 74 74 15 15 16 7 8 19 80 . 81 82 83 84 INTRODUCAO Nas industrias mecdnicas ¢ metalirgicas, 0 projeto ¢ conseqiiente desenho de uma pega, sfio fatores muito importantes na execugao da mesma Todo desenho industrial ¢ uma linguagem grifica exata, possuindo tragado da forma da peca, cotagem e informagdes, baseadas em normas do desenho técnico. ‘A forma de qualquer pega é definida pela sua aplicagio © pelo seu processo de obtengao, assim sendo, todo projetista, além de conhecer as normas basicas deste desenho, deve possuir bom conhecimento da tecnologia dos processos de fabricagiio, deste modo, um projetista de fundig&o devera conhecer a tecnologia dos principais processos de conformagao por fuséo, como fundigao em areia verde, de preciso (cera perdida), em coquilha, sob pressio, centrifuga, continua, etc Todos estes processos possuem tecnologia propria, porém, muitas particularidades em comum, dentre elas destacam-se que em todo o processo ha necessidade de moldes, quase sempre so necessérios angulos de saida e arredondamentos, que as pegas normalmente devem possuir paredes uniformes, e em qualquer proceso sao necessirios acréscimos de contragao do metal Devido as variedades dos tipos de pegas, se toma dificil definir qual o tipo de projeto mais adequado a ser escolhido, mas, através de estudos tedricos, langando mio de equipamentos sofisticados (simuladores, prototipagem), conseguiu-se criar uma tecnologia basica capaz de ser utilizada com sucesso no desenvolvimento de projetos de fundigao, com qualidade apurada e menor custo. Para que a elaboracdo de um projeto de fundigao seja satisfatoria, visa-se principalmente, custo x qualidade x prazo. objetivo do presente trabalho é fornecer a orientagao basica necesséria para projetar peas com formas adaptadas a fundigao e ferramentais utilizados na obtengo das mesmas. Para exemplificar a utilizagao destes conceitos, usaremos como referéncia a fundigao ‘em areia, pois além de se tratar do proceso mais difundido, caracteriza melhor as inémeras particularidades comuns aos demais processos. ‘ero abordados alguns conceitos especificos de moldes metalicos também. 1- PROJETO DE PEAS ADAPTADAS A FUNDIGAO, 1.1 - Generalidades O primeiro passo para a execugdo do projeto é saber como ¢ onde sera utilizada a pega, para isto faz-se necessario estudos sobre as especificagdes do cliente, desenho, etc. Para definirmos as diretrizes basicas para a elaborago do projeto de uma pega, temos que considerar os seguintes aspectos bisicos: © Que tipo de solicitagdes mecdnicas a pega estard sujeita (Forgas, sanidade, importincia, tolerncia dimensional, rugosidade exigida), © Que tipo de material é 0 mais adequado para fabricagdo da pega, em relagiio a facilidade de obtengo, propriedades e aplicagde: © Qual 0 processo de conformagio mais simples e funcional para a obtengao da mesma. (forjamento, corte, estampagem, fundigao, laminago, extrusdo, usinagem, etc.) suas caracteristicas funcionais, limitagdes, etc., de forma que a escolha recaia no mais adequado 4 fabricagdo da pega desejada © A quantidade a ser fabricada, lotes, period © Necessidade de tratamento superficiais. © O metal deverd entrar no molde com velocidade a mais rapida possivel e sem apresentar turbuléncia, afim de que possa preencher toda a cavidade do molde em um menor tempo. Para isto tem-se que observar as espessuras de paredes, forma e geometria da pega, o sistema de enchimento ¢ de alimentagaio a ser utilizado, idade. Se por um lado, a preacupagio do cliente é receber qualidade, 0 projetista deverd preocupar-se em obté-la com 0 minimo custo de fabricagdo, em um menor prazo possivel. Quando dentre todos os aspectos acima abordados, 0 projetista optou por aquele que melhor atende os interesses dos cliente e da fabrica, ha necessidade de se fazer um desenho exato da pega. O desenhista deverd ter a preocupagio de adaptar a forma da pega ao processo de fabricagio. ‘Assim, todos os itens acima relacionados deverio ser obrigatoriamente anal antes do inicio de qualquer projeto de fundigao. Outros pontos principais a serem analisados nos desenhos das pegas com 0 objetivo de racionalizago das dimensdes, facilitar a fundigdo e atingir baixo custo, sao: ~ Espessura minima e méxima ( fluidez, contragdo, rechupes, ete); = Locais que dificultam ou impossibilitem a retirada de areia dos machos das pegas; jo da pega na fundiga = Anélise de todas as operagdes do processo de fabricat = Locais que dificultem saida de gases dos machos; = Andlise das dimensGes, formas, tipos ¢ localizagao das marcagdes dos macho; - Locais aonde vao sofrer usinagem; Anilise da quantidade e produtividade; Obs: No decorrer da execugao do projeto ha necessidade de contato entre cliente fornecedor, para possiveis alteragdes do projeto da pega, afim de evitar transtornos para ambas as partes.(parceria) 1.2- Detalhes Técnicos Para Adaptagao De Uma Pega A Fundigao 1.2.1- Plano de Divisio Quando projeta-se ou confecciona-se um ferramental de fundigao (modelo e/ou caixa de macho) com um certo grau de complexidade, para dar-se condigdes de moldagem, torna-se necessério a divisdo em partes. ‘A escolha do plano de divisto deve ser a mais adequada em fungo da importancia e das especificagdes da pega. Um plano de divisdio, em alguns casos, pode ser feito das mais diversas maneiras, porém, para sua execugo 0 projetista deve ter sempre em mente: Praticidade, Funcionalidade e Eeonomi: Para isso precisa levar em consideragao alguns detalhes tais como: = Sempre que possivel, a diviso do modelo deve ser de tal forma que dé condigées de extrai-lo da areia com a maior facilidade possivel, tornando assim o trabalho do moldador mais simples e rapido (maior produgao). = Umplano de divistio mal feito num modelo, pode ter como conseqiiéncia maiores gastos. E ele que determina as convergéncias da conicidade, e esta, as vezes altera de modo significativo as formas e dimensGes, prejudicando a adaptagdo da pega a0 processo mecénico, ou exigindo maior quantidade de usinagem, aumentando 0 custo final do fundido. = Também através do plano de divisdo pode-se, em muitos casos, reduzir os custos do fundido através de eliminagao de machos, ou mesmo, exigindo machos de menor complexidade. = Aquantidade de partes deve ser a menor possivel; = Deve favorecer a estabilidade do macho, facilitar a saida de gas - Observar o material do molde e processo de fundigao; Obs: Nas figuras 01 ¢ 02 poderemos observar algumas opgdes de plano divisio, levando em consideragao os aspectos que comentamos anteriormente. se sua colo Wontante Montante Marcacto % Distribuigso Plano de divisto na Horizontal Varias divisBes na Horizontal Plano de divisto na verticalal Vazamento na Horizontal vazamento na Vertical Vazamento na vertical Fig, 01 — Trés formas de plano de divi Fig. 02- Demonstragdo de duas formas de plano de divisio para a mesma pega 1.2.2- Angulo de Saida Durante processo de moldagem, para simplificar a operagao, faz-se necessaria a saida do modelo, adequando-se as especificagdes do cliente, de tal forma que tanto o cliente quanto o fabricante nao sejam prejudicados. Colocando-se mais saida no modelo, simplifica- sea desmoldagem e escoamento, mas s¢ dificultam as especificagdes dimensionais do cliente Normalmente utiliza-se valores relacionados na tabela I, mas para pegas com maiores exigéncias nas especificagdes, como pegas para a indistria aeronautica e naval, faz-se necessirio um acordo entre fornecedor e cliente. A primeira condigao imposta para a colocagao de angulo de saida é que nao fuja das especificagdes estabelecidas pelo cliente. Nao fazendo uma perfeita adaptagdo da forma deste modelo, haverd quebra de bolos de areia durante a extragao. (fig. 03) Cantos vivos a NN Ss Fig. 03 ~ Exemplos de pega adaptada com Angulo de saida A forma das pegas, em fungo da sua aplicagao, ficaria mais adequada sem angulo de saida, porém, sendo um detalhe inevitavel, esse precisa ser controlado por regras que servem para evitar exageros, como: = Todos os ngulos devem ser orientados em fungao do plano de divisao; = Quanto mais alto for a parede do modelo, menor devera ser o Angulo; de saida, isso para evitar exageros na mudanga de forma da pega; = Em paredes internas que corresponde a bolo de areia no mole, as inelinagdes devem ter Angulos ligeiramente maiores, do que os previstos para paredes externas; = Deve-se saber definir se o Angulo ira aumentar, diminuir ou aumentar e diminuir a espessura da parede. (fig. 04) a b it Fig. 04 — Situago das paredes em rela gulo de saida, Estas decisdes dependem geralmente de fatores tais como: ~ Forma final admitida; - _ Espessura de parede ou variagdes dimensionais permitidas; - Resisténcia desejada na pega; = Tipo de acabamento da superficie (usinagem) Para confecgaio de um modelo, tem-se a tabela I como orientagao de valores de inclinagao. ‘Tabela I — Valores Orientativos para Angulo de Saida. ‘Altura da parede 10 | 18 | 30 | 50 | 80 em mm Atwé | até | até | até | até | até 10 | 18 50_| 80 | 180 Inclinagéo em graus 3° 2 re 45° | 30° ‘Altura da parede 180 | 250 450 | 630 | 800 em mm até | até até | até | até _ 250_| 315 630 _| 800 | 1000 Inclinago em mm. 15 | 20 35 | 45 [ 55 Obs: conforme aumenta a altura das paredes aumenta-se gradativamente 0 valor do angulo cuidando com os exageros. Nao € s6 a tabela que vai definir o Angulo, e sim, uma série de aspectos ja mencionados, bem com 0s abaixo relacionados: = Torna-se mais facil a confeccao de um modelo quando num mesmo modelo os Angulo so uniformes; = Quanto mais preciso 0 acabamento do modelo, menor poder ser o angulo de saiday = Quanto mais resistente a areia do molde, menor podera ser 0 angulo de sada; exemplo ao lado, em que se deseja as faces da base be topo t planas, é possivel optar que devemos optar sempre pela solugéio mais pratica econdmica e funcional = Moldagem manual requer dngulos de saida maiores de que moldagem me - Em paredes com acréscimos de usinagem os angulos sempre devem ser, tas - Paredes paralelas ao plano de divisio do modelo no precisam de inclinagio (Angulo de saida), e & em fungdo disto que muitas vezes a forma da pega pode ser alterada mediante uma simples mudanga no plano de divisio, podendo, em muitos casos, reduzir custos do fundido. (fig. 05) t conforme Para uma pega fundida por diversas solugdes. Abaixo dois exemplos | | Db Exemplo de pega a ser fundida )- Moldagem em molde bipartido e usinagem de “be “t”, Fig, 05 — Diregao dos Angulos de saida em fungao da posigdo do plano de divisto 10 1.2.3- Arredondamento de Cantos Sao raios que arredondam as arestas de um ferramental, afim de climinar cantos vivo {que prejudicam 0 molde, e por conseqiiéncia o fundido, causando uma série de problemas, tais como: pois niio existe uma forma rapida de definirmos o valor d Obs: Arestas = Quebra de bolo durante a extragio do modelo; = Ressecamento erosio da areia durante © preenchimento do metal na cavidade do molde; = Superaquecimento e sinterizagdo da areia que forma canto internos, podendo resultar na pega um rechupe devido a concentragao de calor num determinado lugar; - Formagdo de trincas (tensdes) devido aos cantos internos vivos; = cantos externos do modelo devem ser levemente arredondados, para atenvar aparecimento de rebarbas, bastante comuns durante pequenas batidas ao manipular © mesmo; ~ Cantos duros ¢ quebradigos devido ao super resfriamento em cantos externos. Para definirmos valores dos raios externos e internos, temos que usar do bom senso, stes raios. Devemos tomar como referéncia para esta defini¢0 alguns critérios tais como: - O material a ser vazado no molde; = Tensiio superficial do metal vazado; =O tipo de material do molde; - Ovvolume de metal na regio (espessura de parede). - Normalmente estes arredondamentos so proporcionais ao tamanho da pega; Geralmente com estes critérios podemos defini: - Raios externos com sendo entre 1.4 3 mm, ~ Raios internos utilizamos 1/3 da média das medidas das espessuras que formam 0 Angulo(fig. 06) Fig. 06 ~ Exemplo de célculo de Raio interno ternas que coincidem com a superficie de separagao do molde (plano de divisio) sempre sao vivos. (fig. 03) i 1.2.4- Exemplo De Projeto De Pega Adaptada A Fundigao Necessitando aumentar a produgao de uma peca(fig. 07), anteriormente confeccionada de perfis soldados(fig.08), certo cliente solicitou a um projetista de fundigao um estudo para obtengao da pega por outro processo de conformagao. Uma das exigéncias do cliente, é que a pega possua a base e as faces de apoio em “V", planas. As demais faces acabamento especificado. Fig. 07 - Suporte prismético (perspectiva) solda: Fig. 08 - Suporte Soldado 12 ‘Apés um estudo minucioso, chegou-se a conclusiio que o suporte prismatico poderia ser obtido de ferro fundido em areia, tendo um custo bem inferior ao processo anterior. ‘Assim sendo, atendendo 0s interesses do cliente e do fabricante, foi confeccionado um novo desenho da pega (pega bruta), adaptada ao processo de fabticagao escolhido (fundigao) (fig.09) Raios no cotados - interno 3mm -externo Imm Angulo de saida -2° Tolerdncia geral_ - + 0,2 mm Fig, 09- Pega Bruta - Projeto da pega adaptada a fundigao 1,2.5- Acréscimo De Usinagem Grande nimero de pegas forjadas, laminadas, extrudadas, fundidas, etc. possuem superficies com acabamento superficial grosseiro € em conseqiiéncia pouca precisio dimensional Existem intimeras aplicagdes em que um bom grau de acabamento é desprezivel, como em Grelhas para fornalhas, Grades para bueiros, Soleiras para fornos, Certos componentes de implementos agricolas, etc. Porém, a maior parte das pegas fazem parte de conjuntos montados onde sempre existem faces usinadas servindo de encosto, apoio ou guia, e para tanto, necessitamos de um maior grau de preciso. Portanto, podemos definir acréscimo de usinagem como uma adigdo de material previstas nas faces da pega a serem usinadas, Dependendo da precisio exigida, a norma ABNT, prevé os seguintes graus de acabamento: Grau de Acabamento Simbologi = Superficie bruta O = Superficie usinada Indicagio do grau de rugosida Indicagao do valor a : ser usinado ——+. Toda superficie que vai ser usinada, necesita de uma quantidade suficiente de material a ser removido (aeréscimo de usinagem) a fim de se garantir 0 acabamento desejado. O grau de acabamento desejado é obtido com a remogo de materiais da pega através de usinagem manual ou mecanica (lima, torno, fresa, retifica, etc.) Quanto maior a superficie da face usinada, maior deve ser a espessura do acréscimo. Extremos usinados de pegas compridas devem ser dotados de acréscimos maiores do que os normais vistos que o material podera sofrer contragéo maior que a prevista, ocasionando a perda da pega por falta de material para usinagem. Pegas compridas, mesmo possuindo uma superficie longitudinal pequena, devem sempre ser dotadas de um acréscimo maior nestas faces para compensar possiveis empenamentos. (fig. 10) 10 de usinagem em faces de tamanhos diferentes Fig. 10 Acrésci Durante 0 projeto de uma pega, deve-se observar que a face a ser usinada ( com acréscimo) possa ser moldada para baixo. Quando ¢ impossivel evitar que a face a ser usinada seja moldada para baixo, deve-se prever um acréscimo maior de que o normal para garantir durante a posterior usinagem, a 14 remogiio das porosidades, inclusées de escérias muito comuns nas faces moldadas para cima. (fig. 11). Quando isto néo for vidvel, deve-se ter um cuidado maior no projeto do sistema de canais de enchimento. Porosidades a serem removidas r — sinada moldada para bai Fig. 11 — Posigao da face a ser u Fé ada moldada para cima ada da pega no molde Faces que sofrerdo um acabamento mais preciso (retificado) necessitam de um aeréscimo de usinagem maior. A espessura do acrés molde, assim sendo: ¥ Quanto maior o grau de compactagiio do molde, menor poders ser o acréscimo; ¥ Quanto melhor o acabamento superficial do molde, menor poder ser o acréscimo (pega a ser obtida em areia verde); ¥ Pecas obtidas através de moldagem mecénica (alta pressio) podertio possuir um acréscimo de usinagem menor que as obtidas por moldagem manual (baixa produgo) reduzindo desta forma o custo da pega. Na tabela II so fornecidos os valores recomendados de acréscimos de usinagem para ferro fundido cinzento e maledvel Deve-se observar que, em se tratando de pegas fundidas em ago, 0 acréscimo é maior, para pegas fundidas de ligas de cobre ou aluminio, o acréscimo é menor. 10 de usinagem pode variar também em fungao do tipo de Ligas de cobre e aluminio < ferro fundido < ago. TABELA II - Espessura do Acréscimo de Usinagem para a Superficie MAIOR DIMENSAO DA | MOLDAGEM | MANUAL [| MOLDAGEM | MECANICA SUPERFICIE DA PECA- Faces Inferiores Faces Faces Inferiores| Faces Compr. Lar. Alt. | _E laterais Superiores | eLaterais | Superiores FE - 40 2 3 2 2 40-100 2 3 2 3 100-160 3s 4 3 4 160 - 250 3 5 3 4 250 - 400 4 ¢ 3 s 400 = 630 5 7 __4 6 630-1000 6 9 3 7 Os valores da tabela I podem ser aumentados ou diminuidos dependendo de casos especiais anteriormente vistos 1s Nao existe uma norma bem definida para se representar acréscimos de usinagem em desenhos técnicos de fundigao, visto que cada projetista ou setor de projetos de uma empresa, procura uma forma propria que considera a mais adequada para a sua empresa, ¢ adota como padrao, Dentre as representagdes mais usadas, destacam-se algumas representadas na figura 12, onde a representagZo “a” toda a face usinada ¢ marcada com linhas cruzadas , na representado “b” pinta-se com preto ou cinza, e na representagdo “e” 0 acréscimo de usinagem é pintado de vermelho, Todos delimitado com linha trago-ponto. a b © Fig. 12 —Representagdes usuais para acréscimo de usinagem ‘Na figura 13, podemos observar um desenho de pega bruta utilizando a representagao Observe também alguns detalhes de representagao Fig. 13 - Representagao de pega bruta com acréscimo de usinagem Obs: Nos desenhos de pega bruta ndo se cota o acréscimo de usinagem, somente a dimensdo da peg: 16 1.2.5.1 - Furos Em pegas fundidas , os furos podem ser obtidos pelos métodos abaixo © fundidos; . © fundidos com acréscimo para posterior usinagem; © usinados: Todos os furos feitos com brocas ou entio parcialmente usinados sao considerados como acréscimos de usinagem. Cabe ao projetista definir a maneira mais aconselhivel de se obter um fur numa pega fundida, levando em conta os aspectos técnico ¢ econédmico. Convém levar em consideragao_ alguns aspectos abaixo discriminados. E aconselhavel obter-se um furo por fundigao com ou sem acréscimo nas seguintes condigées © quando a preciso dimensional exigida para a pega o permitir; © quando se procura evitar ou diminuir a operagdo de usinagem; © quando ¢ impossivel fazer uma posterior usinagem a pega; © quando se procura evitar concentragao de massa; Nao ¢ aconselhavel obter um furo por fundiggo nas condigdes que seguem & quando operagdes de usinagem de outras parte da pega, ficam prejudicadas; = quando existem furos com distdncias muito precisas entte si ( dificil obter por fundigao ); > quando a rebarbagdio de um furo obtido por fundicao, for mais onerosa do que sua usinagem; © quando o diémetro do furo, for inferior a 10 mm e sua profundidade maior que esta medida, Abaixo tem 04 representagdes usuais de acréscimo de usinagem para furos (fig. 14) a- Furo obtido com bolo de areia b- Furo obtido com bolo de areia molde inferior molde superior e inferior wy ig) Ly VA : S Th vende OD Qual a relagd Pel pom owe t Vode). c- Furo obtido com macho d- Furo obtido por usinagem posterior Fig, 14 — Formas de obtengao de furos em pecas fundidas. cho 7 Conforme a superficie a ser usinada devemos observar alguns detalhes como:(fig. 15) a)- Uma face usinada deve possuir uma superficie bem definida; Ereado b)- Nervuras nao devem ser afetadas pela usinagem: rh c)- Deve-se projetar formas que permitam a saida das ferramentas durante a usinagem, mas que nao interfira no processo de moldagem; c Facil usinagem ficil moldagem bb Facil usinagem &- Dificil usinagem, seam Lilie! moldagem al. = Sida de Ferramenta £ Forma melhorada - Dificitusinagens rita estecita d)- Furos a serem usinados devem possuir uma superficie plana para facilitar a entrada de ferramentas (brocas) - Errado v. Certo & Ceno Fig. 15 a,b,e,d — Formas de adaptagao para facilitar operagdo de usinagem 18 ‘A maneira correta de representarmos em desenho de pega bruta e pega acabada, plano de Divisio, angulos de safda, acréscimo de usinagem, sio mostrados nas figuras 16 ¢ 17, Raios nao cotados: Angulos de Saida Tolerancia geral Fig, 16 - Representagao da Pega Bruta Ri 3,0 Re 1,5 3° £2 __38 Raios nao cotados: Ri 3,0 Angulos de Saida 2° Tolerdncia geral Acabamento Fig. 17 —Representagaio Pega Acabada 2- ESTUDO DE MOLDAGEM. Todo projeto econdmico ¢ funcional de um fundido requer um estudo de moldagem. O objetivo deste estudo é definir as formas e processos de fabricagfio dos componentes do molde (molde superior, inferior e macho), para consequentemente determinar a forma exata da pega € dos ferramentais indispensaveis para sua obtengao. Um estudo de moldagem pode ser feito em duas etapas, visando dois objetivos distintos, ou seja > estudo para determinar a forma do fundido > estudo para determinar a forma do ferramental empregado para obtengo do molde. 20 2.1 - Estudo de Moldagem para Determinar a Forma do Fundido Este estudo tem por finalidade analisar os principais detalhes de um molde escolhido para fundigdo de determinada pega, e em conseqiiéncia, fazer um desenho (da pega) com sua forma adaptada a este proceso. Pretende-se com esta andlise uma melhor definigdo dos seguintes detalhes de forma: = linha de divisdo do molde (cantos vivos ou rebarbas); igulos de saida; - arredondamento; - uniformidade de paredes; - posigo de machos no molde; Sabe-se que todos estes detalhes diferem com 0 processo de fundigdo, razZo pela qual hd necessidade de um estudo especifico para cada tipo de molde. Quando se trata de pegas simples, as formas so determinadas mediante uma anélise mental, porém, a medida que as formas tornam-se mais complexas, recomenda-se fazer um estudo desenhado (esbogo). Este procedimento possui vantagens sobre o estudo mental, porque apresenta o registro de todos os detalhes indispensdveis ao projeto exato da pega, € ainda serve como documento para arquivo, disponivel a consultas futuras. Nao ha uma forma internacional sobre este estudo desenhado, porém, a pratica ensinou que pintando os contomos dos componentes do molde sobre a forma original da pega (desenho), obtém-se uma orientagdo bastante objetiva sobre o que precisa-se. Para moldagem em areia, recomenda-se neste trabalho o uso das seguintes convengdes para o referido estudo: (fig. 18) ~ Acréscimo de usinagem - Vermelho; zul escuro; ~ Divisio do molde com indicagao de su s 7 r = Contorno das c2vidades do molde inferior (1) - Preto; & 1 ~ Contorno da cavidades do molde superior (S) - Amarelo; EF = Identificagao dos machos conforme ordem de colocagao =1°-azul claro -2°- verde claro = 3°-violeta- 4°- marrom Fig. 18 — Representagao para estudo de moldagem Obs: Obtém-se um exemplo do estudo em anélise, pintando com lapis de cor os contornos da pega (fig. 19), conforme recomendagdes que seguem: 21 - Divisio do molde: trago azul escuro; - Identificagio das partes do molde : setas e letras S-I, em azul escuro; - Molde superior: contorno com trago e hachuras em amarelas. - Molde inferior: contorno com trago e hachuras em pretos. - Vista interna do molde superior: contorno externo com trago amarelo . - Acréscimo de usinagem : todas as espessuras em vermelho - ° Macho: todas as partes visiveis em azul claro. - 2° Macho : todas as partes visiveis em verde claro, eM Fig. 19 - Exemplo de estudo de moldagem Depois deste estudo consegue-se visualizar melhor todos os detalhes caracteristicos da forma bruta da pega, ¢ assim, 0 desenho definitive pode ser feito com maior riqueza de detalhes. (Observe o desenho da peca bruta feito na figura 20.). Fig. 20 - Pega bruta Observagao: Para que o estudo de moldagem defina a forma da pega de maneira funcional ¢ econémica, é indispensavel um amplo conhecimento de tecnologia de moldagem e de solidificacao . Alguns aspectos importantes que devemos analisar, tais como a linha de divisio plana do molde, deve ser preferida; ~ as partes mais altas da peca ficam melhores moldadas no molde inferior; ~ partes grossas stio melhores alimentadas quando coincidentes com a linha de divisio ou quando no molde inferior. Algumas pecas, em fungao da sua geometria, necessitam de plano de divisio irregular, mas 0 molde deve possuir, no seu contorno divisdo plana, deixando apenas que a cavidade tenha divisao imegular. (fig. 21) a)- Peca Bruta b)- Pega Bruta Molde da pega “a” Molde da pega “b” Fig, 21 — Exemplos de plano de divisio na pega e no molde 2.1.1 - Forma Adaptada ao Método de Moldagem Dentre os método de moldagem mais freqtientes numa fundigao em areia, destacam-se a moldagem manual ¢ mecénica. Ao fazer o desenho definitivo de determinada pega, convém analisar criteriosamente € definir o melhor ¢ mais econémico método para obtengao do molde. Nesta andlise, deverio ser levados em consideragéio uma série de aspectos que influem diretamente sobre 0 custo da pega. Trés exemplos de forma adaptada a fundigéio de uma roldana (fig. 22) sio apresentados na figura 23a,b,c. Conforme a quantidade a ser produzida, podemos optar pot um destas opgées. Fig. 22 - Projeto mecdnico da Roldana 24 a- Se o ntimero de pegas a serem fabricadas é pequeno, o método de moldagem manual & 0 mais indicado: Molde Bipartido Projeto. mecdnico da Roldana Fig. 23a -_Moldagem manual com molde bipartido b- Também indicado para baixa produgaio com moldagem manual, 0 molde tripartido se torna mais econdmico em relagao a usinagem, mas torna-se mais trabalhoso para o moldador. Molde Tripartido Pega Bruta Fig. 23b - Moldagem manual com molde tripartido Obs: Entre os métodos “a” e “b” existe alguns aspectos que devemos analisar quando da definigao do mais indicado, tais como: - Grau de dificuldade para confeegao do modelo; - Grau de dificuldade para a confecgio do molde; + Probabilidade de refugo proveniente de concentrago de massa e deslocamento - Tolerdncia dimensional; - Grau de dificuldade para rebarbago; + Grau de dificuldade para usinagem; Normalmente, quando se faz um estudo para adaptar a forma da pega a fundigao, prevendo uma pequena produ¢ao, (moldagem manual) 0 modelo é de madeira. Prefere-se uma forma que dispense caixas de macho, para obter uma sensivel redugdo de custo, pois neste regime de produc&o 0 modelo quase sempre é uma das partes mais influentes no custo final da pega. €- Quando deseja-se fabricar grandes quantidades de pegas ( produgio seriada ), recomenda-se a moldagem mecénica, visando uma produgao répida, precisa e barata. Os principais aspectos que contribuiram para produgdio mecanizada sao: = 08 contornos (com faces inclinadas e arredondamentos) foram projetados de tal forma, que tanto os machos como os moldes, possam ser confeccionados com a maior facilidade possivel; ~ 08 Angulos de saida so menores porque a extragiio é feita mecanicamente e porque 0 modelo (metalico ou de plastico) é mais liso; - 08 furos e partes externas obtidos com machos, garantem uma parede mais uniforme € consequentemente diminuem o perigo de rechupe; devido a esta uniformidade, os acréscimos de usinagem podem ser menores, facilitando esta operagao; - diminuigdo de peso da pega e do sistema de alimentagao; - fundir 0 maior nimero de pegas possiveis em um molde: + diminuir os custos de usinagem; ~ custo do modelo é depreciado na quantidade de molde; SN SUS. Molde bipa cl Pega bruta Fig. 23¢— Molde adaptado para moldagem meeénica Quando a quantidade a ser produzida for pequena ou até unitéria de uma determinada pega (fig. 24) que possua detalhes que dificultem sua moldagem normal, poderemos optar por pattes soltas (a) ou mudanga de forma (b), Estas duas solugées diminuem, sensivelmente, 0 custo do ferramental de fundigao ( modelo e caixa de macho), porém, convém usar a mudanga de forma afim de evitar uma série de inconvenientes que apresentam as partes soltas, tais como: - moldagem mais demorada; ~ as partes soltas danificam-se com facilidade; ~ as partes soltas perdem-se com facilidade; = aprecisaio dimensional € menor. Etc. Fig. 24 — a - Modelo com partes soltas_b- Modelo com mudanga de forma 26 Obs: Sempre que, apés analisar as viabilidades apresentadas, concluir-se ser mais légico 0 uso de partes soltas, deve-se euidar para que estas partes sejam bem ajustadas ao modelo, e que apés a moldagem, possam ser facilmente extraidas do molde. (fig. 25) ; Su Fig. 25 ~ Modelo com parte solta 2.2- Estudo de Moldagem para Determinar a Forma do Macho. Este estudo ¢ feito de maneira semelhante ao abordado anteriormente, porém com maiores preocupagdes voltadas para as formas das partes componentes do molde, visando 0 projeto dos ferramentais (modelos ¢ caixas de macho). ‘As convengdes usadas para pintar os detalhes do molde, so as mesmas, acrescidas de: + indicagdio da dirego de enchimento do macho —> (preto), ~ indicagiio de superficie do macho obtida por raspagem ou cujo contorno nio é moldado pela parede da caixa de macho (parte aberta da caixa)...W (preto). Dentre os detalhes de maior preocupagao neste estudo, situa-se a defini contornos do vazio do molde e das marcagdes de macho Estes detalhes esto melhor ilustrados a seguir na figura 26. exata dos ena oF peca Fig. 26 — Representagdo das convengdes para definir 0 contorno da caixa de macho 2.2.1- Machos Cilindricos Partes internas ou cavidades externas de uma pega, dificeis de serem moldadas numa operacdo normal de moldagem, quase sempre so obtidas através de machos.(fig. 27) Para fazer 0 desenho exato destas partes, é indispensavel um estudo do método de fabricagao dos machos , pois é em fungao disto que se tem uma melhor nogao da forma. 27 (el a)-Caixade Macho b)- Macho _¢)- Caixa de Macho fechada (diviso axial) Fig. 27 - Macho e caixa de macho da pega em destaque Observacsio: Sempre que os machos forem cilindricos, deve-se optar pela divisio axial da caixa, evitando a transversal, (fig. 28) pois sua extracdio torna-se dificil durante a confecgao, ou ainda, os dngulos alteram demasiadamente a forma da parte oca da pega. A situagtio que acabamos de analisar € uma particularidade dos machos € pegas cilindricas, porém, ha uma nidade de outras formas, para as quais valem as consideragGes apresentadas. Fig. 28 — Caixa de macho com divisao transversal Uma forma de moldar esta pega, é colocando o macho na vertical, dividindo 0 molde deixando toda a pega no molde inferior. (fig. 29) Molde com macho cilindrico vertical Pega fundida Fig. 29 — Molde com macho na vertical 28 Dependendo das inclinagdes (2ngulo de saida) que forem mais convenientes para a pega, é possivel dividir 0 molde no sentido axial. O contorno externo da pega fica alterado, porém, a parte oca continua com a mesma forma, pois 0 macho (horizontal) também é confeccionado numa caixa bipartida, apenas alterando 0 formato das marcagées de macho. (fig. 30) Molde com macho cilindrico na horizontal Pega fundida Fig. 30 — Molde com macho na horizontal 2.2.2 - Limitagdes da Forma e do Tamanho de Machos Sempre que o uso de um macho for indispensivel, deve-se ter 0 cuidado de projetar uma forma econdmica, ou seja, uma caixa facil de ser confeccionada ¢ ao mesmo tempo funcional (macho ficil de moldar e extrair da caixa ), Outros aspectos que merecem destaque durante 0 projeto da forma ideal de determinado macho, referem-se a fixagao ¢ resisténcia do mesmo no mold Considerando que todos os machos esto sujeitos a erosio, pressio metalostitica e sinterizago quando em contato com o metal fundido, hd necessidade de observar-se a relagdo entre as dimensées dos mesmos. (fig. 31) Fig.31 - Relagao entre comprimento e didmetro do macho 29 A tabela Ill, extraida do Foundry Technology pg. 330, orienta sobre os didmetros minimos recomendados para furos obtidos com machos, em diversos processos de fund igo (principalmente para evitar problemas de sinterizagao). ‘Tabela II - RELACAO DIAMETRO MINIMO / PROCESSO DE OBTENGAO Processo de fundicao metro do furo (m Fundigdo em areia 48 a 63 Fundigao em coquilha - Fundigao em casca ( Shell Fundigao sob pressao de ligas de Cu Fundigao sob pressio de ligas de Ale Mg Fundigo sob presto de ligas de Zn Fundigo em molde de gesso Fundigao de preciso (investimento) Obs: Todos os exemplos da tabela III, referem-se a machos cilindricos, porém para qualquer formato, os valores apresentados representam uma orientagio semelhante. Além dos dados obtidos na figura 31 e na tabela III, ha duas regras que muito auxiliam durante o dimensionamento do macho, ou seja: ~ quanto maior o peso especifico do metal, mais curto ¢ reforgado deve ser 0 macho, para resistir a pressio metalostati = quanto maior a temperatura de vazamento do metal, maior o perigo de sinterizagio € consequentemente, mais reforgado deve ser 0 macho 2.2.3- Estudo da pega Moldada com Macho Cilindrico Vertical Pega bruta Molde Especifieagses: A - Comprimento da marcagzio de macho inferior (15 a 30 mm) B - Comprimento da mareagao de macho superior (10 a 15 mm) cx- dngulo inferior de encaixe da mareaco de macho (5 a 10°) 8 - Angulo superior de encaixe da marcagtio de macho (10 a 20°) Fig. 32 - Pega com macho na vertical 30 ‘As folgas existentes entre macho e molde nas marcagdes “a, b ec” como Angulos “a e 8 e alturas das marcagdes “A”e"B” (fig. 32), foram estabelecidos os seguintes valores: a- Folga entre macho e marcagao na caixa inferior. b- Folga entre macho ¢ mareagao na caixa superior. c- Folga superior dos machos. 20 16 +— 12 Folga em 1/10 100 300 500 700 900 Diametro do macho “D” em mm Fig. 33 - Determinagiia da folga das marcagdes em fungao do didmetro do macho Com referéncia a estas medidas é importante observar que a marcagao inferior deve possuir um comprimento maior e um angulo menor, para garantir um melhor posicionamento vertical durante a colocagao do macho no molde. Na marcago superior é recomendavel um ingulo maior e um comprimento menor para evitar quedas ocasionais de bolos de areia por interferéncia do macho com o canto de marcago durante o fechamento da caixa (ocorre quando hé um pequeno desvio no posicionamento do macho). Também é importante haver uma diferenga bem visivel nestas duas marcagdes para evitar inversdes de posi¢do durante a sua colocago (comum quando o macho é simétrico). Estas folgas deverio ser previstas para facilitar encaixe do macho no molde sem provocar deformagées. A folga “a” é menor para garantir um perfeito posicionamento ¢ a folga “b” é maior para evitar interferéncias possiveis quando ocorrer pequeno desvio. Em relagao aos raios, a figura 32 mostra os seguintes pontos: * _r-Arredondamento do canto de areia no molde para facilitar moldagem e evitar quedas por ressecamento ou durante © encaixe do macho. Este arredondamento deve ser pequeno para evitar excesso de rebarba. © r1~ Arredondamento comum nos cantos de qualquer modelo, para evitar possiveis amassamentos. 2.2.3.1 — Canaleta de Retengdo de Areia Durante a colocagao dos machos, ocorre o arraste de areia para o fundo da marcagio. Para evitar que este arraste de areia possa causar problemas na colocagdo dos machos faz-se necessério a colocagdo de uma canaleta “C.R.” (fig. 34) ‘As formas de meia cana e trapézio, so as mais comuns para esta canaleta, ¢ 0 tamanho € proporcional ao tamanho da marcagao. Se a canaleta for muito grande, 0 apoio fica enfraquecido 31 Areia caida Queda de areia na Macho mal colocado ‘Macho bem apoiado colocagiio do macho Fig. 34 —Canaleta para reter areia 2.2.4 - Estudo da Pega Moldada com Macho Cilindrico Horizontal. 2.2.4.1- Pega com Furo Cilindrico Normal. iy ZZ Pega bruta Molde Fig. 35 - Macho cilindrico normal na horizontal Especificagées: ‘1 - Angulo da mareago de macho do modelo (aproximadamente 5°) F- folga lateral, necesséria para facilitar a colocagao do macho no molde (macho sem inclinagao nas faces, “F” pode variar de 1 a 5 mm, conforme tamanho do macho) L- comprimento da marcagao do macho. Este comprimento depende do comprimento e diémetto Util. Para machos que nao sejam demasiadamente longos (comprimento inferior a aproximadamente 4 D) pode-se usar na pratica, comprimentos de marcagéio “L” em tomo de 0,5 ¢ ID 32 ‘obs: Pode-se considerar também a relagdo; 6< 40mm “L"= @ e @ > 40mm “L” a critério do projetista. a - folga tangencial entre macho ¢ molde, Para esta folga podem ser tomados os mesmos valores que foram indicados para a folga da marcago inferior de um macho vertical (figs 32 ¢ 33) re rl - arredondamentos idénticos aos considerados para machos verticais. 2.2.5- Pega com Furo Cilindrico Escalonado. Machos horizontais que possuem as faces extremas planas (W) e que devido a folga (F) estio sujeitos a deslocamentos longitudinais durante a colocago, requerem um guia (posicionador) para garantir uma methor preciso dimensional da cavidade da pega (B na fig. 36). Em machos cilindricos, 0 posicionador mais comum é de forma anelar e possui uma semi-circular ou trapezoidal. Pega bruta Fig. 36 - Macho cilindrico com posicionador Especificagdes: ‘A- distdncia entre a (cavidade) da pega e o posicionador, que deve possuir uma dimensao que garanta um apoio de boa resisténcia (aproximadamente a2 10 mm) B - esta medida deve ser proporcional ao tamanho do macho. Sugere-se B > 5 mm e = 0,25 D. C- esta medida depende da caixa de macho, pois, uma aba muito estreita no bocal de enchimento ou raspagem, seria frdgil e apresentaria excessivo desgaste (aproximadamente > 4 mm). Na figura 37, observa-se no macho plano uma forma tipica de posicionadores laterais, comuns em machos de formatos irregulares, e no macho cilindrico um posicionador anelar de segfio trapezoidal. Na marcago deste dltimo, colocou-se canaleta de retengao de areia para garantir um melhor assentamento ( recomendado em todo fundo de marcagio com paredes guias mais altas) 33 cele CE Fig. 37- Machos com outros tipos de posicionadores Ao projetar posicionadores, deve-se ter o cuidado de evitar ressaltos na areia do molde, pois geralmente estes so de menor resisténcia. O ideal, é prever ressaltos no macho ¢ cavidades que so visiveis durante a colocagao. Além das formas demonstradas anteriormente de posicionadores, podemos adotar outras, conforme a necessidade (fig. 38) b- Macho Horizontal c- Macho Vertical Mareagiio a Macho Suspenso Posicionador (o Fig. 38 ~ Outras formas de posicionadores para machos YL 34 2.2. Estudo de Pega Moldada com Macho Composto. Dependendo do regime de produgio a ser adotado para fundir determinada pega, miuitas vezes, se requer uma simplificag4o na maneira de fabricar machos (principalmente em ptodugao seriada). Nesta simplificagio, ¢ comum, transformar um macho complexo em diversos machos simples, 0s quais sio facilmente fabricados € posteriormente colados ou entéio sobrepostos durante a calocagdo no molde . Machos pesados e com insuficiéncia de mareagGes, normalmente devem ser reforgados internamente com uma armagao de ferro ou ento suportados por meio de chapelins. 2.2.7- Folgas para Compensar Amassamento do Molde Quando o macho € grande e pesado podem ocorrer amassamento da areia do molde na mareagées. A presso metalostatica também pode provocar este defeito. Uma pratica bastante comum é prever folgas maiores nos locais sujeitos a tal defeito.(fig. 39) VON A 3) . , Fig, 39- Folga para evitar amassamento do molde © comprimento Ly ¢ a folga a1 sto valores que a pritica normalmente determina, porém , a titulo de orienta, para machos com didmetro até 200 mm, pode-se ay= (a +0,1) até (a + 0,6 mm) Ly=3.a10mm 2.2.8- Deslocamento de Rebarbas Toda aresta que corresponde ao limite da pega com marcago de macho apresenta rebarba apés fundig&io. Muitas vezes € interessante mudar a maneira de moldar para situé-la num local de facil remogao. (fig. 40) Em algumas destas rebarbas provocadas por machos, ocorrem principios de trincas, € obrigam ao projetista uma mudanga de posigao, 35 Redugio do perigo de trincas Principios de trincas. Rebarbas Rebarbas mais facil ig. 40- Deslocamento de Rebarbas 2.3- Projeto de Segdes'em Pegas Fundidas Paralelamente aos aspectos ligados ao modelo e molde, hé varios fatores que afetam a forma de uma pega fundida, relacionados com aspectos metaltirgicos. Estes tiltimos sio os responsaveis pela maioria dos defeitos que ocorrem em fundigo quando nao observados pelo projetista, entre os quais os mais importantes a serem observados sfio: © evitar concentragao de massa; ~ garantir perfeito fluxo metilico no molde durante vazamento e solidificagao (olidificagdo direcional ); ~ evitar trincas e empenamentos; evitar formas que possam originar porosidades. 2.3.1 - Evitar Concentragao de Massa. Em regra geral, as paredes de uma pega fundida devem ser delgadas ¢ uniformes, reforgadas com nervuras ou onduladas,(“b” nos exemplos da fig. 41) para evitar porosidades, rechupes, granulago grosseira, etc., comuns em pegas com paredes grossas (“a” nos exemplos da fig. 41 ). Além de evitar os defeitos acima mencionados, consegue-se uma sensivel melhora nas propriedades mecdnicas, em segdes mais finas, por apresentarem um menor tamanho de gro. ‘Outras vantagens econémicas que apresentam pegas de paredes finas ¢ uniformes sp: a pega possui menor peso ; ~ o sistema de alimentagao é reduzido; aestrutura e propriedades so uniformes, etc. Observacao: Sempre que o projetista readaptar a forma, tal como ocorreu na figura 41, esta 86 pode ser considerada definitiva, se conservar as caracteristicas funcionais da pega ¢ se atender aos interesses do cliente. Caso isto nfo ocorra, devem ser procuradas outras solugdes de forma, ou até conservar a inicial, mediante emprego de resfriadores ou machos. 36 rechupe interno Rechupe externo (b)- Certo (b)- Certo Fig, 41 - Exemplos de pegas com mudanga de forma Além das formas gerais de concentragio de massa analisadas, existem casos semelhantes em todo encontro de paredes sob forma de L, T, Y, X, melhor caracterizados a seguir 2.3.1.1 - Encontro de Paredes em L. “by Alinhamento neutro a Rechupe ou trincas = eT Alinhamento de impureza _ Coneentragao de massa 42 - Paredes em L. Na jungdo de paredes sem arredondamentos, o encontro dos cristais dendriticos da origem a uma linha de impurezas em diagonal. Esta, ¢ a concentragao de massa , so fatores que diminuem sensivelmente a resisténcia da pega nesta regido (“a” na fig. 42). Arredondando os cantos, ( “b” na fig. 42 ), desaparecem estes inconvenientes, pois a solidificagao ¢ homogénea. Para encontros de paredes de mesma espessura, recomenda-se as formas abaixo.(fig. 43) za 4 a- Paredes finas (b) Paredes gross Fig. 43 - Encontro de paredes ouquandoR>E (¢) 37 Para encontros de paredes de espessuras distintas pode-se optar por uma das formulas ‘ig. 44) abaixo: (1 Ri > R=e ou 1.25e Fig. 44- Férmulas para auxiliar na determinagao de raios internos 2.3.1.2 - Encontro de Paredes em Forma de “T” ( Ortogonal) Formas em T, projetadas apresentam os mesmos defeitos que as formas em L ( com maior intensidade ). ‘A figura 45 mostra a forma mais recomendada para evitar concentragdes de massa no encontro de paredes de mesma espessura (a) e a forma recomendada para encontros de paredes com espessuras distintas (b). ne ie E>30mm -R=0,33E Ey a R E> 1,66F, E 0,6 a 0,85E Fig. 45- Formas Recomendadas Todo encontro em forma de “X” e “Y ”, possuem concentragao de massa ¢ geram ponto quente. Para eliminar esta concentraglio de massa, sugere-se evitar este tipo de encontro, substituindo-o pelas formas em ‘ T ”, sempre que as caracteristicas funcionais das pecas o permitirem. (fig. 46) 5 Ee massa. ——Rechupes ——— oe b- Encontro de massa em “Y” a- Encontro de massa em “X” Fig.46- Formas em “X "e “Y “ 38 Observagdes: Todas as solugdes apresentadas para encontros de paredes em L, T, Y ¢ X referem-se a paredes altas, que no molde esto sujeitos a maior esforgo de trago. Este tipo de solicitagdo (trago) nao ocorre com paredes baixas (normalmente nervuras), razo pela qual nao ha necessidade de tanto rigor na forma. Quando as caracteristicas funcionais de uma determinada pega ndo permitem uma forma melhor adaptada a fundigao, conforme as apresentadas nos exemplos anteriores, devem ser escolhidas outras solugSes. 2.3.2 -Garantir Perfeito Fluxo Metélico Durante 0 Vazamento € Solidificagao (Solidificago Direcional). Quando o metal é vazado num molde, deve atingir rapidamente todas as cavidades, depois solidificar progressivamente em dirego ao massalote. Qualquer interrupgao deste fluxo resulta em defeitos como solda fria ou molde incompleto. ‘A forma do fundido desempenha papel muito importante nestes defeitos. O projetista deverd evitar que a pega apresente paredes muito finas, observando as recomendagdes sobre cespessuras minimas.(Veja tabela IV, extraida do Foundry Technology - P.R. Beeley -pg.331). TABELA IV- FSPESSURA DE PAREDE X METAL VAZADO TIPO DE FUNDIGAO PRODUTO ESPESSURA MINIMA Ago. | Ferro fundido cinzento [Fundigaio em aria Ferro fundido maleavel Ligas de cobre Tigas de aluminio | ~Ligas de magnésio 7 [Fundigaio em coquilha Ferro fundido cinzento Ligas de aluminio ~_Ligas de cobre Ligas de aluminio Ligas de magnésio Ligas de zinco As espessuras minimas variam em fungo do tamanho da pega (tamanho da parede). Durante © processo de resfriamento do metal no molde, o ideal seria que @ solidificago de toda massa ocorresse ao mesmo tempo, porém, conhecendo impossibilidade disto, torna-se necessério adequar a forma das pegas, para que esta solidificagaio se processe de uma maneira uniforme em diregiio ao massalote, Para que isto ocorra, faz-se necessério um aumento na espessura das paredes da pega em dirego a0 massalote, porém, a medida que as formas das pegas vio se tornando mais complexas, ha necessidade de usar regras préticas baseadas em calculos ou solugGes graficas como: Caleulo do médulo; Método dos circulos inseritos (método de Heuvers), etc. (fig.47) 39 Estrangulamento Forma incorreta Forma incorreta to) Forma correta Forma correta 47 ~ Adequagio da forma da pega 2.3.3- Evitar Trincas, Empenamentos ¢ Porosidades Estes dois primeiros defeitos si comuns quando ha falta de uniformidade na cespessura das paredes de uma pega. ‘As trincas normalmente ocorrem nas proximidade de pontos quentes, ¢ so provocadas por tenses de contrago provenientes de outras regides que solidificam mais rapidamente. Ha intimeras solugSes que so adotadas para contornar este inconveniente. ‘As trincas também so comuns em volantes raiados, polias com alma flangeada ou em furos de paredes feitos com macho ‘As partes que resfiam mais depressa ( partes mais finas), apresentam-se convexas, apés fundigao causando o empenamento. Para evitar tais defeitos, normalmente, a solugdo mais econémica é obtida através de tum novo projeto com paredes que resfriam uniformemente (paredes com mesmo médulo). Na impossibilidade de modificar o projeto, pode-se fabricar um modelo empenado ao contririo. As porosidades sto defeitos normalmente provocados por gases oriundos do proceso de fundigdo. Um mal projeto da pega, também contribui para o aparecimento de tais porosidades, razo pela qual é importante observar algumas regras de formas que contribuem para evité-las.(fig. 48) 40 Forma sujeita a porosidades Retengdo de gases Forma sujeita a porosidades Forma com saida de gases Formas com saida de gases Fig, 48 - Formas de adaptagiio a fundigdo com e sem saida de gases 2.3.4- Formas Adequadas as Solicitagdes Mecanicas, Na elaboragao de uma pega, por qualquer que seja 0 processo de fabricagao, € de suma importincia que a forma e segbes sejam projetadas para resistirem aos diversos tipos de solicitagdes mecénicas (com margem de seguranga), que possam atuar isoladamente ou combinadas e ainda sob forma estatica ou dinémica. Tais como: > tracdo, © compressio, © flexio, © torgio, © cizalhamento, etc. Todas as secdes podem ser matematicamente calculadas através das formulas conhecidas em “Resisténcia dos materiais”. Quando se trata de pegas fundidas, o calcul deve ser precedido da escolha de uma forma que melhor se adapta ao processo de fundigao ¢ a0 tipo de solicitagao.

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