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eanet 15 pfisbena 4 ‘anjos de swedenborg 16 animal sonhado por cs. lewis 18 jum animal sonbado por kafka 2 jum animal sonhado por poe 24 " animais esféricos 24 ‘animais dos espelhos 26 dois animais metafisicos 28 "os antilopes de seis patas 5° —_— oaplanador 51 o-asno de trés patas 5% re cre. antis Metairie can, ave fenix 34 bahamut 57 : paldanders 59 | Be ‘a banshee 4 ee ee a reservados & ebesibecs 4 rua Bandeira Paulista 702 cj. 52 ‘ os ap 104552-002 — Sao Paulo—sP : ae De jason jp Hines a (08 brownies 49 o burak 5° CHAM: 960(@2)-3 87321 REG 120129 toc: N BRA: RGoOTs49a13 fix (1) 5707-550 0 cio cérbero 52 ‘wwre.compannhiadasletras.com.br ocatoblepa 54 o cavalo do mar 56 ‘0 cem-cabegas 58 ocentauro 59 ocervo celestial 62 cila 65 crocotas e leucrocotas 64 cronos ou hércules 65 um cruzamento 67 demédnios do judafsmo 70 os deménios de swedenborg 7. o devorador das sombras z2 os djins 74 odragio 76 o dragao chines 79 © dragio no ocidente 82 oduplo 85 o elefante que previu o nascimento de buda 8 os elfos 88 105 eld e 0s morlocks 89 acsfinge go as fadas 92 fastitocalon 94 fauna chinesa 96 fauna dos estados unidos 99 a fénix chinesa 101 o filho de leviata 105 o galo celestial 104 garuda 105 0 gato de cheshire os gatos de kilkenny 107 05 gnomos 108 hochigan 124 Jetiocentauros 125 0 kraken 129 Jeujata 151 | os lamed wufniks 132 as lamias 155 ‘a lebre lunar 154 os lémures 136 Vilith ig7 ‘9 macaco da tinta 158 a mée das tartarugas 139 a mandrégora 4: a manticora 143 o minotauro 145, co mirmecoledo 147 os monéculos 149 ‘0 monstro aqueronte 15? 0s nagas 154 o nesnds 156 as ninfas 157 as nornas 158 odradek 159 6) © pissaro da chuva 163 “Opassaro roca 16, © pelicano 166 8 peluda de la ferté-bernard 168 © peritio 16, 9s pigmeus 172 porea acorrentada 175 a@quimera i74 4 raposa chinesa 176 um “ain eseu cavalo 178 um réptil lo por is oon Porc. lewis 18; 88 sétiros 187 Sereias 188 08 seres térmicos 190 Aserpente etippla sg2 O nome deste livro justificaria a inclusio do principe “Hamlet, do ponto, do trago, da superficie, do hipereubo, dle todas as palavras genéricas e, talvez, de cada um de ‘nds e da divindade. Em suma, de quase o universo intei- ‘ro. Ativerno-nos, contudo, ao que ¢ imediatamente suge- “ yido pela locugio “seres imagindrios", compilamos um | manual dos estranhos entes engendrados, a0 longo do tempo e do espago, pela fantasia dos homens. 8 silfos ig4 osimurg 195 | Tgnoramos 0 sentido do dragio, como ignoramos 0 © squonk 197 sentido do universo, mas em sua imagem existe alguma talos 199 ‘coisa que se coaduna com a imaginagao dos homens, ¢ as- sim 0 dragdo surge em diferentes latitudes e idades. ‘Um livro dessa indole é necessariamente incompleto; cada nova edigio ¢ 0 niicleo de edges futuras, que po- dem multiplicar-se ao infinito. Convidamos 0 eventual leitor da Colémbia ou do Pa- raguai a enviar-nos os nomes, a fidedigna descriglo ¢ 08 hébitos mais conspicuos dos monstros locais. Como todas as misceléneas, como os inesgotaveis-vo- Jumes de Robert Burton, de Fraser ou de Plinio,'O liero dos seres imagindrios nao foi escrito para ‘uma leitura 0 tao-tieh 201 9s tgres do and 202 0s trolls 204 © unicérnio 205 © unicérnio chinés 207 ourdboro 210 , as valquirias ais Youwarkee 214 Ozaratén 15 9 a Beene Rye Mie 8 a a ‘eonsecutiva. Gostariam: i 105 que 08 curiosos ‘sem. como quem brinea com as formas Soe ladas por um caleidoscépio. a Sao miltiplas as for as fontes desta “silva de varia liga” elas estfo registradas em cada artigo, Perdoe: ea ma omissio involuntaria, ee eee ILB~ MG. ‘Martinez, seembro de 1967 F pare conteraplar a paisagen misis maravilhoss do munde |g prociso chegar ao siltimo andar da ‘Torre da Vitoria, em Chitor Existe ali um terrago circular que permite domi- © nar o horizonte inteiro. Uma escada em caracol leva ao van 96 tam coragem de subir os que nao acted terrago, tam na fabula, que diz 0 seguinte: Na escada da ‘Torre da Vitéria vive desde o inicio do tempo 0 A Bao A Qu, sensivel aos valores das almas hu- ae Vive em estado letargio, no primeiro degratn € 5° strata de vida consciente quando alguém sobe a esci- chinesa: cavalo-marinho costuma aparecer no litoral em da fémea; as vezes 0 capturam. A pelagem negra ; a cauda 6 longa ¢ varre o solo; em terra firme como os outros cavales, é mujto décil e pode percor- ‘num dia centenas de milhas. Convém nao banha-le ‘io, pois assim que vé a Agua recupera sua antiga na- za e se afasta nadando.” (Os etndlogos procuraram a origem dessa ficgio islami- nna ficgdo greco-latina do vento que fecunda as éguas. livro iii das Geérgicas, Virgilio versificou essa crenga. is rigorosa é a exposiglo de Plinio (vit, 67): “Ninguém ignora que na Lusitinia, nas cercanias do lisipo (Lisboa) e das margens do Tejo, as éguas viram a ‘cara para o vento ocidental e sfo fecundadas por ele; 0s po~ tros assim engendrados mostram admiravel ligeireza, mas morrem antes de completar trés anos.” Ohistoriador Justino conjecturou que a hipérbole “fi- hos do vento”, aplicada a cavalos muito velozes, originou ‘essa fibula. © cem-cabegas O cem-cabegas ¢ um peixe criado pelo karma de umas pa lavras, por sua repercussio péstnma no tempo. Uma das biografias chinesas de Buda narra que este encontrou al- guns pescadores que forcejavam com uma rede. Ao cabo de infinitos esforgos, puxaram para a margem um enorme peixe, com uma cabega de macaco, outra de cachorro, ou- tra de cavalo, outra de raposa, outra de porco, outra de ti- gre, € assim até o mimero cem. Buda lhe perguntou: “Nao és Kapila?” “Sou Kapila”, responderam as cem cabegas antes de Buda explicou aos discfpulos que, numa encarnagio an- ‘terior, Kapila fora um bramane que se tornara monge e su- perara a todos no entendimento dos textos sagrados. As ve- zes 0s companheiros se equivocavam e Kapila lhes dizia “cabega de macaco”, “cabega de cachorro” etc. Quando ele ‘morreu, o karma dessas invectivas acumuladas o fez renas- cer monstro aquatico, sobrecarregado com o peso de todas as cabegas que havia dado a seus companheiros. cemtauro é a criatura mais harmoniosa da zoologia fan- tica. As Metamorfoses de Ovidio chamam-no “bifor- ie”, mas no custa esquecer sua indole heterogénea € sar que no mundo platénico das formas existe um ar- {tipo do centauro, assim como do cavalo ¢ do homem. A lescoberta desse arquétipo exigiu séculos; os monumentos imitivos e arcaicos exibem um homem nu que ¢ inco- ,odamente adaptado & garupa de um cavalo. No frontao ‘ocidental do Templo de Zeus, em Olimpia, os centauros j& ‘4ém patas eqiiinas; do ponto do qual deveria sair 0 pesco go do animal sai 6 torso humano. Txion, rei da Tessélia, e uma nuvem a que Zeus deu a forma de Hera engendraram os centauros; outra lenda dé conta de que sio filhos de Apolo. (Ja se disse que “centau 10” é uma derivagio de gandharva; na mitologia védica, 08 gandharvas so divindades menores que guiam os cavalos do Sol.) Como os gregos da época homérica desconheciam ‘a equitagdo, conjectura-se que ao ver um némade tenham pensado que ele formava uma unidade com seu cavalo; € © alega-se que os soldados de Pizarro ou de Herndn Cortés também foram centauros para os indios. “Um daqueles a cavalo veio abaixo; e como os indios viram aquele animal dividir-se ‘em duas partes, dando ‘Por certo que tudo era uma coisa s6, foi tamanho o medo que sentiram que deram as costas gritando para os seus, dizendo que havia virado dois e admirando-se daquilo; 0 que nio foi desprovido de mistério; porque, se isso nfo sucedesse, presume-se que teriam matado todos os cris- tos”, reza um dos textos citados por Prescott. Mas os gregos, diferentemente dos indios, conheciam © cavalo; 0 verossimil 6 conjecturar que o centauro foi uma imagem deliberada, e ndo uma confusio ignorante, A mais popular das fabulas em que os centauros apa- recem é a de seu combate com os lépitas, que os haviam convidado para um casamento. Para os héspedes, 0 vinho era novidade; na metade do festim, um centauro embria- gado ultrajou a noiva e deu infcio, derrubando as mesas, 4 famosa centauromaquia que Fidias, ou um de seus discipulos, esculpiria no Partenon, que Ovidio cantaria no livro xi da Metamorfose, e que inspiraria Rubens. Os centauros, vencidos pelos lépitas, tiveram que fugir da Tessélia. Hércules, em outro combate, aniquilou a estir- pea flechadas. A ristica barbarie e a ira esto simbolizadas no cen- tauro, mas “o mais justo dos centauros, Quiron” (Iléada, Xt, 832), foi professor de Aquiles e de Esculapio, tendo instrufdo ambos nas artes da mmisica, da cinegética, da guerra ¢ até da medicina e da cirurgia, Quiron figura memoravelmente no canto x11 do Inferno, que por con- senso geral se chama “canto dos centauros”. Vejam-se a ‘esse respeito as finas observagbes de Momigliano, em sua edigo de 1945, 6 Plinio diz ter visto um hipocentanto; conservado em pel, que mandaram do Egito para o inmperadlor. ‘Na Ceia dos sete sdbios, Plutarco conta com humor que m dos pastores de Periandro, déspota de Corinto, levara, fa ele numa sacola de couro uma criatura recém-nasel- Ja que uma égua havia dado a luz ¢ cujos rosto, pescoge fagos eram humanos ¢ 0 resto eqiiino. Chorava como crianga, ¢ todos acharam que se tratava de wm pres .0 terrivel. O sabio Tales olhou para ele, riu-se e disse : Periandro que realmente ndo poderia aprovar a condu- de seus pastores. ; No livro v de seti poema De rerum natura, Lucrécio aftr ‘a impossibilidade do centauro, porque a espécie eqiiina hega a maturidade antes da humana, e com trés anos 0 tauro seria um cavalo adulto e um menino balbuciante. se cavalo morreria cingiienta anos antes do homem.. ‘0 cervo celestial Nada sabemos da estrutura do cervo celestial (talvez por- que ninguém tenha podido vé-lo claramente), mas sabe- ‘mos que esses tragicos animais andam debaixo da terrae que no aspiram a mais nada seni sair para a luz do dia. Sabem falar e suplicam aos mineiros que os ajudem a sair. No inicio queriam suborna-los com a promessa de metais preciosos; quando falha esse ardil, os cervos perse- guem os homens e estes os emparedam firmemente nas galerias da mina. Fala-se também de homens a quem os cervos torturaram. A tradigao acrescenta que, se 0s cervos saem para a Juz, transformam-se num liquide pestilento que pode assolar o pais. Essa imaginagio é chinesa, e a registra o livro Chine- se Ghouls and Goblins (Londres, 1928), de G. Willough- by-Meade. ites de ser um monstro e um redemoinho, Gila era uma infa, por quem o deus Glanco se apaixonou. Este pedin a Circe, cujo conhecimento de ervas e magias era 1080, Circe se enamorou dele, mas como Glauco nio es- a Cila, ela envenenou as Aguas da fonte em que a ou- ‘costumava banhar-se. Ao primeiro contato com a agua, parte inferior do corpo de Cila se transformou em cies ladravam. Doze pés a sustentavam, e ela se-viu provida seis cabegas, cada uma com trés fileiras de dentes. Essa stamorfose a aterrorizou, e Cila se jogou no estreito que spara a Italia da Sicilia. Os deuses a transformaram em 1. Durante as tempestades, os navegantes ainda ouvem lo das ondas de encontro 4 rocha. . pe fabula esté nas paginas de Homero, de Ovidio de Pausanias.

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