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OS FORCADOS DAS GALES, PERCURSOS DE UM GRUPO MARGINALIZADO Paulo Drumond BRAGA * 1 EmbarcacSo muito esguia, com cerca de 20 a 50 metros por cinco de largura, dotada de dois castelos, um & pope outro a proa, a galé era movida a remos, em geral uns 30260 (metade em cada bardo], remos esses que oscilavam entre os 9 e os 12 metros de comprimento. Cada remo era entregue a trés ou quatro forgados, o que da qualquer coisa como 90 a 240 homens em cada embarcagao. Utilizada pelos Gregos € pelos Romanos, a galé foi praticamente monopolizada pelas reptblicas italianas (Veneza, Génova, Pisa) e pela ilha de Maiorca, até aos finais do século XIlIL. Utilizada quer nas operagdes bélicas quer nas comerciais, desapareceu nesta Ultima vertente ao longo do século XIV, ficando apenas 0 seu recurso constante na guerra, onde permitia faceis manobras, como a abordagem. Assim foi em Portugal, Castela, Franga € no Mediterrneo em geral! Os remadores das galés eram de diversas proveniéncias, sendo sobretudo escravos e condenados, registando-se, fora de Portugal, voluntdrios, ou seja, remadores que trabalhavam a traco de um soldaz. Na Idade Média portuguesa também se recorreram aos chamados galictes, correspondentes maritimos dos besteiros do conto. Rectutados mais ‘ou menos & fora nas chamadas vintenas do mar’, muitas vezes fugiam antes mesmo de setem recrutados, outras desertavam dos seus postos+ Os capitulos do povo apresentados nas cortes de Lisboa, de 1371, dao uma curiosa justificagao para esse facto: "Se mandam chamar alguus pera as galees ou pera outro noso seruigo sse alguus tam toste la nom uaam ou per medo de mal pasar a que he pequena maraujlia ca nom podem hir cantando donde os outros woem chorando’s Havia ainda outros sistemas de recrutamento, de cardcter mais excepcional. Por exemplo, o concelho de Atouguia fornecia, sempre que o rei o desejava, um contingente de 30 remadores, os quais eram pagos pela Coroa. Aquando de uma das campanhas castelhanas de D. Fernando, em 1379, o cancelho falhou no compromisso, tendo sido condenado ao pagamento de uma multas. Atente-se ao panorama da época moderna, Tendo desaparecida os galiotes, tudo passou a ficar concentrado nos escravos e nas condenados. Aqueles, cram sobretudo mouros?, como parece demonstrar a documentagao quinhentista € seiscentista’. Mas também se encontravam ao remo mouriscos e renegados, nomeadamente os que sehaviam dedicavam a actividades de corso e, coms tal, tinham sido capturados pelos Portugueses. Um dos mouriscos, natural de Murcia, que viveu em Argel, Fez e Tetuao, foi apanhado em Tavira, em 1545. Tornou-se entéo remador de galé, onde permaneceu durante dois anos, até ser comprado € baptizado pela segunda vez, com o nome de Manuel Cabral». Quanto a renegados, temos 0 exemplo do inglés Francisco, apanhado junto a Peniche. Em 1649, a Inquisic3o prendeu-o, por se ter verificado que era elche e no mouro!, Alguns destes forados eram comprados pela Coroa a particulares. Assim aconteceu com ¢ mourisco Anténio de Sousa, que foi vendido pelo seu proprietério, indo substituir um mouro que fora libertado, provavelmente, como moeda de troca por algum cative cristao. Uma fonte de 1614 refere que o mesmo Anténio de Sousa se achava a servir na galé ha 10 anos? 187 PAULO DRUMOND BRAGA Quanto a condenados, havia duas situacSes diferentes. Por um lado, no século XV, recorreu-se a algo de excepcional: cada vez que se preparava uma armada de grande ‘envergaduta, a Coroa requisitava das prises o maior ntimero possivel de homens para remar. Assim aconteceu em 1471, quando Afonso V tratava da empresa que se saldaria pela conquista de Acila ¢ pela ocupacio de Tanger. Nessa altura, desde que despositasser uma fianga junto do juiz, para compensar os queixosos caso nao voltassem de Africa, os homens presos por crimes que nao de homicidio puderam escolher entre continuar na prisdo ou ir servir 0 rei como forcado de galé, recebendo, em troca, a liberdade A investigagSo de Luis Miguel Duarte e José Augusto Pizarro exumou, na chancelaria régia, 16 casos de homens que aceitaram 0 desafio. Haviam sido aprisionados por diversos crimes, mas sobretudo por agressdes e ferimentos, a que em muitos casos se juntava a fuga da cadeia. No regresso, receberam, conforme prometido, o desejado perdaolt Excepcionalmente, a Coroa terd feito mercé de certos criminosos a capitaes de galés. E 0 que se deduz pela Seitura de uma carta de perdao de 1456: “ao qual Peroga |capitao de galé| fizeramos mergee de gertos presos ¢ que ell se seruisse delle eos trouuesse ere sua galleee feresse delles que (he aprouuesse e que el Ihe podesse dar licenga e perdom quamdo quissesse" Sobretudo a partir do século XVI, e seguindo aquilo que se passava fora de Portu- gall4, outra situagao se verificou: o poder civil e, atras dele, a Inquisigao, comegaram a condenar alguns dos que cafam sob a sua alcada a serem remadores de galés por um determinado ndimero de anos. Com essa pena, que entrava no erupo das vis cu infamantes!s, conseguia-se abter com o mesmo castigo varios resultados; para além da infamia, causava- -se ao prevaricador enorme sofrimento fisico e levava-se ao seu afastamento do meio natural’ As condenagdes por parte do poder civil destinavam-se, por exemplo, ao pedo que trouxesse arcabuzes de tamanho inferior a dois palmos, segundo determinagdo de D. Jodo Il, de 1557", ou ao calceteiro que reincidisse no delito de conleccionar calgas imperiais de seda e pano, segundo prescrigéo de 1566". Em 1551, 0 monarca ardenara que todos os homens entre 18 e 55 anos, de condicao sacial inferior a escudeiro vale que merecessem degredo para o Brasil, fossem, em alternativa, condenados a servir nas galés 0 tempo considerado conveniente pelos julzes. Se o degredo fosse vitalicio, deveriam ir 10 anos para as galés, se fosse de dois anos, iriarn um ano, Por outro lado, os escravos que fossem condenados a serem vendidos para fora do reino, poderiam, caso o provedor do armazém da Guiné e Mina assim o entendesse, ser comprados para as galés, devendo entéo ser avaliados por duas pessoas que entendessem da matérial’, Um grupo em que a lei previa frequentemente a aplicagdo de penas de galés era o dos ciganos, De facto, repetidas medidas legislativas procuraram, desde 1526, obstar a entrada desses indivfduos no reino tendo sido, a partir de 1557, prescritas tais penas para os prevaricadorest® Na pratica, a pena de galés era aplicada com frequéncia reduzida, De facto, dados dispersos informam que, por exemplo, dos moradores em Portalegre que no reinado de D, [odo Ill foram objecto de perdao régio, apenas um em 136 casos havia sido anteriormente condenado as galés®. As comutacdes régias das penas aplicadas pela justiga comum também podiam implicar degredos para as galés, Recorrendo, uma vez mais, ao caso de Portalegre entre 1522 ¢ 1557, os exemplos sao também muito escassos: um em 142% Com 0 andar dos anos, tais degredos vao rareando, desaparecendo praticamente no século XVIL De facto, ndo se acha qualquer vestfgio dos mesmas em relac3o aos moradores em Setiibal abjecto da graca de D. Jodo IV ou aos dos Agores, no longo periodo de 1642 a 188 08 FORFADOS DAS GALES. PERCURSOS DE UM GRUPO MARGINALIZADO 1748, encontrando-se apenas um exemplo em relacao aos habitantes das vilas ralanas alentejanas de Moura, Mourao, Serpa e Olivenga, entre 1640 € 17 15%, Por seu turno, a Inquisigao condenava as galés varias sortes de prevaricadores. Segundo o regimento de 1640, o acusado de heresia que confessasse trés dias antes do auto, ainda que condenado 4 pena maxima, poderia ser comutado, entre outras coisas, a trés a cinco anos de galés. Por outro lado, os acusados do mesmo tipo de delito, que mantivesem, apds trés sess6es de tortura, as suas ideias, poderiam sofrer degredo para as galés, hem como acoites piiblicos, castigos igualmente aplicados aos que ocultavam hereges. O blasfemo e 0 bigamo eram outros dos possiveis condenados, neste ultimo casos, entre cinco a sete anos*, Se nos textos legislativos a morte pelo fogo era reservada pata o pecado nefando, a verdade é que a mesma poucas vezes fol aplicada, acabando a maior parte dos prevaricadores, precisamente, por cumprit degredo nas galés. A investigacao de Luiz Mott mostra que, entre 1547 e 1768, assim aconteceu com 165 sodomitas, o mesmo é dizer, 42% de todos aqueles que foram, por esse mesmo tipo de culpas, penitenciados pelo tribunal? No século XVI, a Inguisigao de Lisboa, entre 140 penitentes, condenou a galés vinte homens ¢ 2 galés e acoites nove’. Entre 1799 ¢ 1808 o mesmo tribunal, de um conjunto de 54 pessoas, condenou a cinco anos de galés quatro culpados de bigamiae um de falso testemunho em caso de bigamia; a oito e a seis anos homens que diziam missa sem terem ordens sacras: ¢ a trés anos idéntico ntimero de acusados de proposigbes Tais penas, quer as que cram prescritas pelo poder real quer as que emanavam da Inquisi¢a0 exam, regia geral, efectivamente cumpridas. Por exemplo, Eugénio Mendes, mercador de marcaria, natural e morador em Evora, foi sentenciado, em Junho de 1594, por judaismo, em cércere e hébito penitencial perpétuos, os primeiros quatro anos passados nas galés. A 23 de Setembro foi entregue na Conceigio, cumprindo os referidos quatro anos, Foi-se apresentara mesa do tribunal a 3 de Abril de 1599, sendo dispensado pelo Conselho Geral do eércere e habito Acontecia também que a propria Inquisig&o, depois de decretar a pena, a podia anular ou comutar. No primeire caso, foi o que aconteceu com 0 escravo negro Simao Coelho, condenado, em 1572, por homossexualidade, a degredo perpétuo para as galés, pena que acabou por ser anulada, tendo 0 escravo sido entregue ao seu senhor, que ficava obrigado a vendé-lo para fora do reino, no prazo de um més. A razdo foi simples: Simao Coelho padecia de “gota coral’s', Exemplo de uma comutagdo foi aquilo que se passou com 0 agoriano Domingos Alvernaz, julgado em 1591 por ter tenegado a {é cristae adoptado o Islamismo, Foi condenado a quatro anos de galés, degredo que lhe foi comutado por seis anos no Brasil, pois era “muito quebrado” € receava “lhe desem as trivas abaixo 2. As galés de Portugal terdo desaparecido praticamente em finais de Quinhentos, A 22 de Outubro de 1569, © Conselho de Estado reunido ¢m Montemor-o-Novo propds que as galés se nao deviam “desfazer anies o tempo, e as graides necessidades delle obrigad a fazaremse m'@S de novo". De facto, as que se achavam surtas em Lisboa, careciam de reparacbes urgentes, devendo a respectiva artilharia recalher ao armazém. Quanto aos forgados, os que fossem escravas deveriam ser repartidos pelas fortalezas de Sao [ulido, Caparica e Settibal,, “onde forem mais necesarios para trabalharem nellas, @ custa das mesinas obras e naé da fazenda de Sua Alleca’, Os Condenados, regressariam as cadeias, devendo os seus casos ser apreciados pelas autoridades judiciais. D. Sebastido referendou esta conjunto de decisdes. Durante a dinastia Habsburgo, preocupacées de defesa (do império dos Filipes em 189 _ ____ PAULO DRUMOND BRAGA geral e da costa portuguesa, mormente da barra de Lisboa, em particular), levatam a0 guarnecimento das galés de Espanha por forcados oriundos de Portugal. Nessa altura, as galés de Portugel, se nao desapareceram antes, tero en{o desaparecido por completo. A rica legislaco filipina refere sempre galés de Espanha ou, quanto muito, galés da Mina e nunca galés de Portugal, o mesmo se passando com a casuistica De facto, vemos que, em 1584, um documento de Filipe Il refere que muitas vezes nao se executavam as sentencas de degredo para as galés, por falta de tais embarcagdes no reino, ficando os prevaricadores encerrados em cadeias, trazendo gastos as Misericdrdias e adoecendo e iriorrendo muitos deles. © monarca prescreveu entao que os degredados encerrados nas cadeias fossem imediatamente embarcados nas galés entdo utilizadas na guarda da cidade de Lisboa e que sulcavam 0 Tejo. Haveria em cada galé um representante da Coroa, a quem caberia a tarefa de inventariar os forcados. Em 1592, uma lei que posteriormente foi integrada nas Ordenagées Filipinas, visava os mouriscos de Granada e os sdbditos otomanos (‘pessoas que nos trajs, lingoa e modo paregao Armenins, Gregos, Arabios, Persas ou de outras Nagées sujeitas ao Turco") que fossem achados em Portugal. Se os granadinos nao eram, em caso algum, autorizados a entrar no reino, sendo de imediato degredados perpetuamente para as galés, os stibditos do sult&o, apds se ter verificado que nao eram. espides oul nao pretendiam vagabundear, poderiam permanecer no reino o espaco de tempo que se considerasse necessdrio & consecussa0 dos respectivos negécios, findo o qual, se insistissem na estada, podiam ser condenados as galés, por tempo a determinar aso a caso%. Em 1597, vinte galés de Espanha achavam-se surtas em Lisboa, Numa Gelas, vinha um portugués que vivera em Castela, ali tendo professado na Ordem de Sao Domingos. Tratava-se de Anténio Rodrigues que, seis anos antes, fora condenado a remar na mesma por crime de judaismoy’. Em 1603, Filipe lll determinou que quem fugisse das galés incorreria na pena de morte™, No ano seguinte, 0 rei prescreveu que 05 condenados as galés embarcassem nas de Castela, surtas no porto de Lisboa, ndo devendo servir em barcos que fossem para fora de Espanha®, Por outro lado, em 1606, foi mandado que ndo se condenassem pessoas &s galés por um pefiodo inferior a dois anos, De facto, eram frequentes condenagSes por seis meses, © que se revelava extrernamente prejudicial, “pelo dita terapo no bastar para os degradados saberem a linguagem, ¢ estilo das galés; ¢ assim mito ficam sendo de venhum proveilo para poderent servir vellas, aites é grande confusio, e embaraca, para com a diligercia vnecessaria se acudir ao manelo eservica das ditas galés"«, Emm 1610 foi decretado que os condenades as galés cumprissem as respectivas penas nas galés da Mina®., Em 1620, fol ordenado que se femetessem aos capitdes das galés cdpias das senten¢as, para nao haver confusdes em relacdo aos ntimeros de anos a cumprir por cada forgadoe Quatro anos depois, onovo rei, Filipe Sil, determinow que o Conselho da Guerra nao tinha poderes para comutara pena de um homem que cumpria degredo das galés a degredo pata 0 Maranhao#, Em 1632, foi decidido que todas as penas emanadas de degredos para os espacos ultramarinos por perfodos de cinco a seis anos, fossem transformadas, apés apreciagéo pelos jufzes, em degredos para as galés. Os conderiados seriam enviados para © Algarve, ali aguardando a chegada das galés de Espanha, A Coroa determinou pela mesma altura que os forgados € suas familias nao seriam infamados por terem sido condenados a penas de galés JA perto do fim da época filipina, em 1638, 0 rei nomeou um novo capitao geral do mat, ordenando as justigas de Portugal que preparassem os forgados a fim de o principe 0s fazer repartir pelas varias galés. Em 1639 a regente do reino, duquesa de Mantua, determinou, por duas ocasides, em Junho e em Agosto, que se visitassem as cadeias, 190 OS FORCADOS DiS GALES, PERCURSOS DE UM GRUPO MARGINALIZADO fazendo cumprira legisla¢o de 1632e mandou que se condenassem as galés os ciganos achados no reinos’ ¢, bem assim, os vadios. Um documento de 1640 é mais explicito: o rei referiu que mandou construir galés para a defesa da barra de Lisboa, ordenando que as mesmas fossem conduzidos os homens detidos nas cadeias de Lisboa e do Porto, de acordo com alei de 1632. |4 apés a Restaura¢o, a 31 de Maio de 1641, tais determinagdes foram repetidas por D. Joao IV Este desaparecimento gradual das galés de Portugal levou a uma alteragao, igualmente gradual, mas significativa, do entendimento da pena do degredo para as galés, apartirde meados do séculos XVil. Tal vai equivaler, ndo.a um efectivo acorrentamento ao Temo mas, tao Somente, a trabalhos forcados junto ao Tejo, ou na margem esquerda, na feitoria da Telha, ou na margem direita, na propria cidade de Lisboa, na chamada “cadeia da gale”, desempenhando tarefas ligadas 8 construgao naval ou 4 manutengao de barcoss! Assim se, em 1624, Manuel Soares e André Mendes, condenados a galés pela Inquisig&o de Evora, ainda foram entregues na galé Madalena, ficando "Jerados ao Remo’>2. jd em 1656, data em que o mourisco Joao Baptista, natural de Matrocos, de 60 anos de idade, foi preso pela Inquisigao sob a acusagao de islamismo, outra situagao se verificava, De facto, este homem refere varios outros mouriscos que com ele viviam na feitoria da Telha, a que ainda, por forca do hdbito, se chamava, genericamente, “galés’ss. Por seu turno, 4 prisio da galé situava-se em Lisboa, na rua que hoje sé denomina Boqueirgo da Praia da Galé, frente a ermida de Senhor Jesus da Boa Nova, na zona do Jardim do Tabacoss. Assim, Manuel José ¢ Inocéncio Vaz, sentenciados, respectivamente, a quatro e a oito anos nas galés, ficatam, em 1792, no “calaboisso da Galé deste Arcenal Real da Marina’, © ediffcio deixou de ser presidio em 1823%, mas ainda se achava de pé em 1893. servindo como dependéncia da alfandega da cidades Em meados do século XVIII, os documentos legislativos comegaram a referir-se aos forgados das galés como "condemnadas para os servigas publicos"™s ¢ “condemnados a trabalhar nas Obras Publicas da Cidade de Lisboa". Muitos deles foram empregues na réconstrucéo pambalina da capital. Por exemplo, em 1758, trabalhava um grupo nas obras da Praga do Comeéreioi Um apanhado da legislacéo criminal em vigor com data de 1803 mostra-nos que, nessa data, eram ainda passiveis de condenacao a galés delitos muita variados, desde ir servir em navios estrangeiros sem licenca régia (determinago de 1756) até desmanchar ninhos de perdizes (1624), passando pela invasdo de propriedade privada para cagar, com provocagao de "cantusées, pizaduras, ou feridas”, desde que 0 delinquente fosse plebeu (1776). A tirada de presos (1751), a ociosidade (1603-1760), 0 fabrico e uso de armas proibidas (1621-1749), © porte de gazuas (Ordenagées Filipinas), as molicies (1606), disparar de noite armas de fogo por pedo (1641-1646), o furto de bem mével de igreja (Ordenacies Filipinas), tratar avengas com lavradores para estes nao pagarem coimas (1607-1608) ¢ abrir portas “com artfcio, e sem arromba" (Ondenugdes Filipinas} - eram outras situagSes a que se aplicarta, em prine'pio, o degredo para as galés, nalguns casos, apenas se o delinquente fosse plebeus: Para além de tudo isto, um decreto régio de 180] mandou comutar em galés variad{ssimas penas, excepto aquelas que pela “atrocidade” dos seus crimes merecessem a morte®. No ano seguinte, explicitavam-se esses mesmos crimes: homicidios e roubos praticados com violéncia e roubos feitos com armas de fogo ou contra carruagens®. 3. Sobre 0 quotidiano dos forgades possuem-se alguns dados. A vida na galé seria, sem diivida, insuportavel, devido ao cheiro fétido, a falta de espaco, a imundicie, ao peso 191 PAULO DRUMOND BRAGA dos remos, as feridas das correntes, ao esforco fisico exigido, aos perigos das manabras desajeitadas e avs combates, Um exemplo se colhe numa carta de perdao concedida, em 1454, por Afonso V, a um tal joao Afonso Caramugeiro, condenado a dois meses de degredo numa fusta do infante D, Fernando, irm&o do monarca: “andara preso ginquo messes com 0 remo ka mio lewando muito trabalho e muitoz azoules do capitam dando ike muita maa vyda". Um dia, achando-se a embarcagao em Ceuta, foi a mesma capturada por Castelhanos, que andavam fazendo corso contra Mugulmanos, sendo levada a San Lucar de Barrameda, de onde o referido forgado se consegu(u escapar para Faro™. Contudo, as fontes utilizadas pelos historiadores portugueses que até hoje se tém debrugado sobre o assunto nao tém esclarecido suficientemente alguns aspectos. E nisso ‘os documentos inquisitoriais s4o riqu/ssimos, sendo possfvel afirmar, como jé foi feito para Espanha e Francass, que. em Portugal, os forcades das galés eram excepcionalmente autorizados a abandonar a8 mesmas, nomeadamente em virtude de doenga € que nao serviam durante Lodo o ano, mas apenas na primavera e no yerao, ficando 9 resto do tempo parados em Lisboa Eis apenas alguns exemplos: Alvaro Gongalves, ouvido em 1595 na Inquisiga0 de Lisboa, declarou gue “lodos 0s presos que esldo nas galles os mais delles tem aderencia com os oficiais dellas e-com licenga delles vem a cidade e vestir hua camisa quando he necessario 2 arrequerer seus negocios, elle declavante assi o fez sempre”. Sabe-se que por outras duas vezes se ausentou da galé: um delas, seu patrdio, o duque de Braganca solicitara-Ihe certo servico em Vila Vicosa e ele, munido de um documento daquele fidalgo, obteve autorizacdo por parte do capitao da galé para sair. Esteve fora entre dois e trés meses. Alvaro Goncalves acrescentou que todos os degredados safam da galé. Por outro Jado, um tal Anténio de Miranda parece que dera 3000 reais a0 meirinho para poder deixara galé~ Muitos forgados eram frequentemente autorizados a abandonar a galé para, em terra, se curarem de maleitas diversas, Alvaro Gongalves e, como ele Joao Mendes, sairam da Concelgaa ¢ internaram-se em estabelecimentos hospitalares de Lisboa», o mesmo tendo acontecido com um tal Manuel Lopes. Por tudo isto no admira que as tarefas de fiscaliza¢do levadas a cabo pelo Santo Offcio se saldassem, por vezes, por resultados pouco proveitosos. Assim, em Julho de 1597, a Inquisico de Lisboa mandou o solicitador Jécome de Carvalho visitar as galés onde se achavam varios homens candenados pelo tribunal, Numa delas, a Conceigao, querendo saber de urn certo detido, chamou-o pelo nome, mas nao obteve resposta, tendo sido informado que © mesmo fugira e andava em Vila Vigosa, Tratava-se do atrds citado Alvaro Gongalves. Nessa mesma fiscalizagao, 0 solicitador soube que o capitao da galé Conceigdo, Anténio de Madureira, mandara tirar os ferros a trés forgados que haviam sido condenados pela Inquisicéo, Estévéo da Rocha, Francisco do Brasil e Manuel Lopes"®. Entre Outubro e Margo as galés paravam. Nessa altura, segundo determinacao de D. odo Ill, de 1557, os remadores, mesmo que nao tivessem acabado de cumprira pena, mas desde que a cumprissem até ao referido més de Marca, eram soltos e poderiam circular livremente. O capitao da galé passaria uma certidéo ao forgado, que, contudo, nesse espaco de tempo, no deveria entrar no local onde malfeitorara” Numa fonte de 1586-1587 fica-se a saber que, por essa altura, as galés do marqués de Santa Cruz se achavam surtas no Tejo. Os forcadas, ou pelo menos alguns deles, pousavatn nas casas do marqués, ptestando varios servigos, tais como ajudar nas compras e dar de comer aos pagens e gentis-homens do fidalgo espanhol”. Também num outro 192 (05 FORGADOS DAS GALES. PERCURSOS DE UM GRUPO MAROINALIZADO documento, datado de 1585. garantia um processada pela Inquisigéo que, pelo menos, dois dos mouros da galé andavam soltos, acrescentando, em relac3o a um deles, “rema quando he necessario”” Refira-se ainda que, por vezes, ser condenado a galé nao significava partir de imediato para o remo. Em Julho de 1571 0 inquisidar geral, cardeal D, Henrique, determinou que nao se enviasse as galés os condenados a tal pena, colocando-os bom recato, onde dessem a menor “inguietagao”. Um ano depois, ordenava que se executassem as senten¢as em causa, enviando os prevaricadares para as galés da Mina. Deveriam aguardar no porto de Lisboa até haver barco para a referida regiao™, Entre os remadores, muitos seriam aqueles que pouca utilidade tinham na galé, Em 1555 D. Joao Ill perdoou os 14 meses de galés que faltavam ao lavrador bejense Gaspar Dias para cumprir os dois anos a que fora condenado, transformando-os num ano de degredo para o Norte de Africa. A raz era simples: “por ser como he muito enfermo e perdido de goia corall que o toma 0s mais dos dias lhe vem ntuitas vezes tres quatro vezes no dia ¢ lhe dura caise tedo fro dia e que alem de the nao dar lugar pera remar ou fazer outro algiu trabalho daa causa a estravar os outros que estam com ele na bamquada que nam remem e ke muito perjuizo da dita gale e de meu servyco @ pouco servigo de Deos estar ele soplicamnte na dita gale e que ho capitan e ojciaes dela o desejam ver dela fora pelo trabalho eestorva que thes daa quamdo ihe toma a dita dors. Mais tarde, em 1642, Francisca Ferreira, moradora no termo do Porto, solicitou 4 Mesa da Consciéncia e Ordens um tal Alibioneta, "mouro de pouco prego", cozinheiro numa galé, fornecendo um outro “de melhor disposigéo e de mais forgas e serviga’, para assim conseguir obter o seu marido, 0 marinheito Francisco de Brito, cativo em Argel € na posse da mae do dito mouro. Igual- mente de pouco servigo seria o mouro Babamamet, que Vitdria Gongalves, moradora em Peniche, requereu para resgatar © seu marido que estava em Argel. A Mesa da Consciéncia foi-lhe favorével, considerando, entre outras coisas, que © mouro era velho e quase inutil”. ‘Temos ainda alguns dados para nos podermos pronunciar sobre o relacionamento entre forgados e entre estes e as gentes do exteriar. Nota-se, por exemplo, que haveria uma certa tendéncia para se formarem grupos dentro da galé. Ou seja, mouros com mouros, negros com negtos, brancos com brancos, o que se traduziria, provavelmente, em alguma solidariedade intema. Sendo, ndo se compreendetia a atitude do mourisco Anténio de Sousa, Estando como forgado, declarou que nunca havia sido baptizado, fazendo grupo com os mouros”, Em termos de sexualidade, sao varios os exemplos de forgados que mantinham relagdes homossexuais, ou dentro do proprio espaco da galé ("na camara da galle") ou fora do mesmo, entre eles ou com terceiros. Assim aconteceu num caso averiguado pela Inquisic&o em 1585, que envolveu quatro mouros da galé e um granadino. Este foi sodomizado por trés mouros e sodomizou por sua vez um outron, Também Osmo, natu- ral da Anatélia, compareceu no ano seguinte perante o tribunal do Santo Olicio de Lisboa, pois na galé real surta no Tejo sodomizara um grumete. Considerado culpado, relaxaram- -no ao braco secular, tendo sido queimado a 15 de Maio de 1587” Avioléncia, sempre presente na vida dos homens do mar, seria também algo de latente, tornando-se rapidamente aberta: 0 mouro Alibe Muga andava nas galés quando levou uma facada, chegando a cotter perigo de motte. Em 1624 foi trocado por um cativo portugués em Argel 4. Diferente seria, sem divida, o quotidiano na cadeia da galé ou na feitoria da Telha Quanto 4 primeira, o testemuho mais rico é o do francés Charles Dellon. Chegado a Lisboa 193 PAULO DRUMOND BRAGA em 1676, oriundo de Goa, onde a Inquisi¢io 0 condenara a cinco anos de galés, foi conduzido & prisio da galé, relatando 0 que por ld viu, Valea pena escuté-lo, mau grado a extensdo do excerto: "Nesta galé lodos 0s condenados esto presos dois a dois, cada umm deles por um s6 6, a cadeia que os liga tem cerca de cilo pés de comprimento, Os pristoneiros usan na cixtura wm gancho de ferro para suspender a cadeia de maneira a que posa ficar entre os dois uma distancia de trés pés, Estes forgados sao levades todas os dias aas locais de trabalho, ou seja, onde se constraem os navis, transportain as madeiras até cos carpinieires, descarregam os navios, ao recolker as pedras 2 areias para 0 lastro, carregam a dgua e 0s alimentos que hdo-de ser consumidos was viagens. manipulam as estopas ¢ bem ‘assinn execlutamt todos os servigas em que podem ser wlilizados no servica do principe, bem assim dos oficiais da Maristha, por mais vise rudes que sian |..| Todos, indiscriminadamente, sto emtpregados em trabalhos humilhantes & pesados se ndo tiverem dinheiro para dar aos fiscals que os vigiam com crueldade, sendo as principais vitimas aqueles que ndo podem amansd-los, brindanda-os de ver em quando com algurna coisa Esta galé errestre estd contyuida a beira do rio e constam de dois granites compartimentos, wm em cima, outro em baixo, estando ambos cheios, dormindo os forcados em estrados com mantas. Cortam-lhes 0 cabelo e barbeiam-nos urna ver por mds. Vestem camisolas e usamt carapuces de panto azuil. Tambént Ines dio win capote de sarja cinzenta que serve alternadamente de abafo durante o dia e de cobertor durante a noite Estes trajas sito-thes fornecidos, de seis em seis meses, com duas camisas de pano. Cada forgado recebe diariamente wma libra e meia de boiscoito muito duro e muito escuro; ses libras de carne salgada por més € um alqueire de ervithas, lentibias ou favas de que podem dispor. Os que recebem qualquer ajuda de algures, geralrnente vendem estes géneras para comprar qualquer coisa melhor na proporeado das seus ‘meios. Nao thes &fornecido vinho e aqueles que o desejem beber tam de o pagar do sew bolsa. Todos as dias 0 amanhecer, exceptuando os poucos dias de guarda, conduzem-nos aa focal de trabalho que dista uma léqua da galé. Ali trabaliam sem descanso na tarefa que lhes é destinada até as 11 horas. lalerrompe-se entdo 0 trabalho por uma hora, durante a qual podem comer ou repousar. Tervainada essa hora pegam outra vez no trabalho aié as cito, hora que voltam para a galé. Neste edificio hé wma capela onde se diz ‘missa aos domingos e dias santos. Em Lisboa, ha padres que frequexctam esta capela ¢ aqui se dedicam a ensinar o calecismo e.a converter os forcados. Além da alimentagao que Ihes é dada pelo principe, os forgados recebem frequentes esmolas, pelo que nia passam fone. Quando algum adoece, os médias e cirurgides examinam-nos, @ se a doenga é perigosa so thes administrados todos 0s sacramentas, Os forcados que cometem qualquer falta so agoitados cruelmente: deitam-nos no chdo, de barriga para baixo, e enquanto dois homens os agarram um terceiro afoita-os com uma corda grossa ensebada, que a maior parte das vezes arranca a pele e pedagos de carne, Presenciei isto mais de wna ver, ¢ vi que se faziam diceras tao profundas gue vinham a degenerar em jerimentos to graves, que os desaracadsficavam durante muito tempo incapazes de trabalhar. Quando unt forgado tem assuntos a tratar na cidade, é-Ihe dada licenga para nela transitar, se a deseja fazer sem o companteiro a que esta ligado pela grilketa, pode ir apenas acomparhado par wrt guarda que 6 pago a sua custa, Carrega sozinko com a grilhela e como a corrente é muito comprida jazen- ina suspender dos ombros, deixanda-a pendente pela frente ou pelas costas conforme lhes parecer ynenas incémada” * Os pedidos de comutacao das penas continuaram, Em 1735 0 bigamo Francisco Soares, que a Inquisic&o condenara a cinco anos de galés, recorreu dos sete meses que Ihe faltavam cumprir, alegando “grande trabalho que tem tida, ¢ dos achaques que experimenta Procedidos do mesmo trabalho"®. Diferente foi o caso de Frei Francisco José de Santa Teresa, condenado, em 1765, a 10 anos de galés por falso testemunho e que apenas fo libertado quando cumpriu a totalidade da penast ‘Sem paralelo tera sido o que aconteceu com 0 famoso inglés John Coustos que, em 1744, foi condenado a quatro anos de galés, por pertencer 4 Maconaria. Foi libertado apenas quatro meses depois, por interven gaa do c6nsul inglés em Lisboa, sendo invocada 194 (0S FORGADOS DAS GALES. PERCURSOS DE UM GRUPO MARGINALIZADO uma “lezdo de hum braco como inflarnagao de huma perna”. Na altura, dizia-se “se acha hd tempos na emfermaria da dita galld's Um proceso inquisitorial de 1659 deixa-nos a impressdo que os forcados cristaos seria mais bem tratados do que os ndo baptizados, Amete, natural de Argel, achava-se na feitoria da Telha e fingia-se cristao para os oficiais da mesma o deixarem andar solto Por esse facto caiu nas malhas da Inquisigao. Alias, urn documenta inserto no processo em causa refere que na feitoria da Telha “obriado com forga aos forgados que der nome de cristam @ moiros sem auerent recebido bautisma’s, Porveres aconteciam mesmo acidentes de trabalho. Em 1763 0 acoriano Joao Pereira Machado, condenado pela Inquisi¢ao a cinco anos de galés, por crime de bigamia, cumprira sete meses quando “andando a suplicante trabalhando em a Ribeira lhe cahio hum cabrestante em sinta de forma que fet ReGentar ao suplicante o savique pellas partes incoguitas estarda do magnifesto hum quadril jracturado". © cirurgiao do Santo Offcio receou pela sua vida, afirmando que sé de muletas poderia voltar 8 andars”. Eram igualmente comuns maleitas de outra ordem: em carta de 1795, o médico Lufs Martins da Rua, refere que visitara a cadeia da galé e achara certo detide com grave doenca de pele, aconselhando os banhos termais de Santarém, o que foi autorizado pelo Conselho Geral do Santo Offciow. A homossexualidade continuou a imperar entre os forgados. Em 1679 cinco mouros tesidentes no Cais do Carvao, foram acusados de praticas nefandas com um pagem do tesoureiro mor da sé. Presos pelo pader civil, examinados pela Inquisig¢ao, que os remeteu & proveniéncia, faram condenados & pena maxima e arderam a 22 de Agosto desse ano, no préprio Cais do Carvao. Antes do cumprimento da pena, trés das mouros converteram- sé ao cristianismo®, Também na feitoria da Telha aconteceu algo de semelhante: em 1668 © soldado de cavalo Francisco Goncalves Cascéo, que cumpria pena no local, foi sodomizado sete vezes por um escravo da galé, |o40 Baptista, a quem se achava acorrentado, com ele dormindo na mesma cama, A Inquisigao tomou conhecimento do caso, nao procedendo contra os acusados”. Os forgados também se revoltavam. Tal aconteceu em 1758, com aqueles que trabalhavam nas obras da Praga do Comércio, Com facas e outras armas, agrediram os soldados que os guardavam e tentaram mesmo assassinar o mestre de obras. A Coroa mandou de imediato que Ihes fosse aplicada a lei excepcional de 14 de Novembro de 1755, destinads a julgar sumariamente, aplicando a pena no mesmo dia, os acusados de toubos e outras violéncias apés o grande terramoto de Lisboa»! * Centro de Estudos Histéricos / Universidade Nova de Lisboa. ' Fernand Braudel. © Mesiterrneo ¢ 0 Murdo Mediterrinice na Epoca de Filipe I, (trad), vol. |, Lisboa, Dom Quixcte, 1979, pp, 340-345, Arcadi Garcia i Sanze Niiria Cool Julia, Galres Mercaris Catalanes d's Sepls XIV i XV, Barcelona, Fundacié Noguera, 1994; lacques Hers, “Gale”, in Dizandre de Histiria de Portugal, dit. Joe! Serrao, |2" ed. vl. tl, Porto, Figueirinhas, 1981, pp. 93.95; Fernanda Espinose, ‘Marinha de guerra’, in id , Estos Histiricos, compil. © prefac. por A. H.de Oliveira Marques, Porto, Porto Ed., 1972, pp. 183-184; A. H. de Oliveira Marques, “A expansao no Atlantico’, in A Expansdo Quaracentista, c2orden, do mesmo ( = Nowa Histiria da Expansio Portaguesa, dl. do mesmo e de foel Serréo, vol.) Lisboa, Estampa, 1998, pp. 173-174 2 para tudo isto, cfr André 2ysteerg, Les Galériens, Ves Desibs de 60 000 Forgats sur ls Gare le France, 1680-1748, s | | Paris), Seuil, 1987, pp. 59-116, jose Luis de las Heras Santos, La lustcia Penal de les Ausivas en la Corona de Casilla, Salmanca, Universidade de Salamarica, 1991, pp. 304-316. 195 PAULO DRUMOND BRAGA 3A vintena era o conjunto de vinte vizinhos ou casais que serviam de base ao recrutamento militar, quer para 2 ‘guerra terrestte quer para a maritima. Neste caso, era a chamada vintena do mar. Clr. A. H. de Oliveira Marques, Portugal na Crise des Sécuos XIV e XY ( = Nova Histéria de Portugal, dit. do mesmo e de Joel Serr, vol. IV), Lisboa, Presenga, 1987, p. 344 4 eid..p. 362 5 Contes Portuguesas. Reinade de D. Feraando | (1367-1383), vol. | (1367-1380), or A. H. de Oliveira Marques, Lisboa. Centro de Estudos Histdricos da Universidade Nova de Lisboa, Instituto Nacional de Investigasao Cientitica, 1990, p. 53. As quetxas dos povos contra o recrutamento forgado continuaram no reinado de ©. Jodo | Chr Armindo de Sousa, As Cortes Medievais Portuguesas (1385-1490), vol. |), Porto, Centro de Histéria da Universidade do Porto, instituto Nacional de Investigacdo Cientifice, (999, pp. 228 ¢ 272. © Descobrimentos Portuqueses, Documentos para a sua Hisiria, publ. e prefac, por Jodo Martins da Silva Marques, vol. 1 Lisboa, Instituto de Alta Cultura, 1944, pp. 176-177 7 Qs negros que se encontram como forcados, haviam sido condenados como qualquer outro stibdito da Monarquia e n3o pelo facto de serem escravos. Cf. A.C. de ©. M. Saunders, Histvia Socal dos Escraves ¢ Libzres Negros em Portage! (1441-1555), tradugo, Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1982, pp. 163, 165, 175 213). Assim também em Espanha, Cir José Luis Cortés Lopez, La Esilaitudd Negra en la Espa Peninsular del Sila XVI, Salamanca, Universidade de Salamanca, 1989, op. 110-113, 8 Nomeadamente os processos da Inquisicao e es sUplicas enderecadas a Mesa da Consciancia e Ordens. Estas, tinham como objectivo a troca de mouros das galés por Portugueses cativos no Norte de Africa. Por esses documentos se verifica, entre outres coisas, que muitos dos forgados mouros eram parentes de muculmanes em cujas méos 3e achavam cativos os Portugueses e que expressamente solicitavam o tal parente para a troca & efectuar. Nesses casos, era comum os parentes do cativo portugués arranjarem outro mouro para o substituiras ealés. As desconfiancas de ambas as partes levavam @ que muitas vezes tais negécios se gorassem. Para tudo ‘sto, cfr, sabel M, R, Mendes Drumond Braga, Mulheres cativas e mulheres de cativos em Martocos no século XVI", im © Rosta Femina da Expansde Portuguesa. Congress Interaconal Acta, vol. Lisboa, Corniss8o para a lgualdlade € para os Direitos das Mulheres, 1995, pp, 443-445 FANAUT, Inguisica0 de Lisboa, proc, 9235. 'DAN/TT, Inquisigao de Lisboa, liv, 708, ff 221-223, Os renegados eram cristos que se convertiam ao [slamismo Veia-se, por todos, Isabel M. R. Mendes Drumond Braga, Entre a Cristandade els. Cativose Renegados nas franjas de as Socedades em Conlrono (séewes XV-XV1I), Ceuta, nstituto de Estudios Ceuties, 1998 "1 AN/TT, Inquisiglo de Lisboa, proc. 3060. '2 Lufs Miguel Duarte e José Augusto P. de Sotto Mayor Pizarro, “Os forcados das galés (os barcos de logo da Silva e Gongalo Falco na conquista de Ardila em 1471)", in Congress Internacional Barelomeu Das ¢ aa sua Epaca ‘Actas, vol, {Navegages na stounde metaie do séulo XV), Porto, Universidade do Porto, Comiss8o Nacional para as Comemoragdes dos Descobrimentos Portugueses, 1989. pp. 320-326. Enquadre-se em Paulo Drumond Braga, “A expanso no Norte de Africa’, in A Expansde Quatrceatsa, coorden. de A. H. de Oliveira Marques (= Nov Histla a Expansao Portuguesa, dir. do mesmo e de joel Serré0, vol. II), Lisboa, Estampa, 1998, pp, 279-285, \3 Decumenies das Chancelarias Reais anteriores a 1531 relattvos a Marreces, publ. por Pedro de Azevedo, vol. Lisboa, Academia das Ciéncias de Lisboa, 1934, p., 326 4 Em Espanha, as condenagoes as galés terdo sido introduzidas por Fernando, o Catélico, através da iniluéncia francesa em Arse0 ¢ depois espalhades a toda a Espanha. Mais foi Carlos V quer mats investiu nesta matéria. Cr Jose Luis de las Heras Santos, of it, pp. 304-305 '5 Na definigo de um consagrado jurista de finais de Setecentos, ‘pena vila torna infarme o delinquenie” (Pascoal de Melo, “nstituigdes de direito criminal portugues”, Boetim do Mims da lustza, n° 155, Lisboa, Abril de 1966, p. 69), Pata um outro, as penas infamantes “iendem a privar o Réo das howras, ¢ vaniagons da Sociedade, A infaia he @ 196 (0S FORCADOS DAS GALES. PERCURSOS DE UM GRUPO MARGINALIZADO Prova da honra”\joaquitn José Castano Pereira e Sousa, Clases dos Crimes por onde systematica, com as pene comespondentes, sand a leaistagdo actual, Lisboa, Régla Oficina Tipogratica, 1803, p. 24) '6 Lufs Miguel Duarte, lustica e Criminalidade no Portugal Medieve (1459-1481), dissertagéo de doutoramento em Historia da dade Média apresentada a Faculdade de Letras da Universidade do Porto, exemplar mimeogralado, vol. 1, Porto, 1993, p. 541 '7 Duarte Nunes do Lido, Leis Exiravagantes ¢ Repertiric das Ordenagles, nota de apresent. de Mario |dlio de Almeida Costa, Lisboa, Fundacdo Calouste Gulbenkian, 1987, p. 119, 8 tbidem, p. 115 19 idem, pp. 177-178 20 Adolfo Coelho, Os Cigands em Portugal. Com um Estudo sobre Calta, |2,*ed,|, Lisboa, Dom Quixote, 1995, pp. 119, 201, passim 21 Isabel M. R. Mendes Drumond Braga, “A criminalidade em Portalegre no reinado de D. joo Ill, delitos ¢ perddies", A Cldaie, nova série, n2 8, Portalegie, 1993, p. 73. id, p77 23 Paulo Drumond Braga, ‘Perdées concedidos a moradores em Evora no reinado de D. jo80 IV" in Congresso de Histéria no 1V Centendirio do Semindrio de Evora. Actas, vol. 1, Evora, Instituto Superior de Teologia, Seminario Maior de Evora, 1994, pp. 529-538. 24 Joao dos Santos Ramalho Cosme, “Cartas de perdao e legitimacao concedidas a acorianos (|642-1748)", Boletint do nstio Hisirio dala Tercera, vol. XLVI, Angra do Herofsmno, 1990, p. 326 25 Joao Cosme, Elementos para a Hiséria do Além-Guadiana Portugués (1640-1715), Mourdo, Camara Municipal de Muro, 1996, p. 190 26 antonio Borges Coelho, inguisiae de Evera, Dos Primérdes a 1668, vol. I, Lisboa, Caminho, 1987, pp. 106-107 27 Lota Mot, “usa etMisereordiaa Inquisi¢ao portuguesa @ a repressio a0 nefando pecado de sodomla’, in Inquisigao. Ensais sobre Mentatdade, Heresas e Arie, org. Anita Novinsky e Maria Luiza Tucci Carneiro, Sao Patil, Universidade de Séo Paulo, 1992, p. 723 28 |saias da Rosa Pereira e alunos, "Notas sobrea Inquisigao em Portugal no século XVI’, Lusitania Sacra, tomo X. Lisboa, Centro de Estudos de Historia Eclestdstica, 1978, p. 275 29 Aniceto Afonso e Marflia Guerreiro, “Subs(dios para 0 estudo da Inqulsi¢ao portuguesa no século XIX", in Inquisgda. Comunicagies aresentadas ao | * Congreso Luse-Brasbro sobre Inqusi,coorden, de Matia Helena Carvalho ddos Santos, vol. Il Lisboa, Sociedade Portuguesa de Estudos do Século XVII, Universitétta Ed., 1990, pp. 1325- x38 30.A.N/1T, Inquisiglo de Evora, proc, 882 31 Paulo Drumond Braga, “Simao Coelho, escravo negro, perante a InquisigSo de Evora (1571-1572)", Revista de Ciencias Histéreas, vol. V, Porto, Universidade Portucslense Infante D, Hennigue, 1990, p. 209 32 A.NTT., Inquisicao de Lisboa, proc. 7073, Outros exemplos, no particular da homossexualidade, em Luiz Mott 06 ct. p. 724 33 Joaquim Verissimo Serrdo, “Documentos inéditos para a hist6ria do reinado de D. Sebastido”, Boetim: da Biblioteca a Universiade de Coimbra, vol. XXXIV, Coimbra, 1958, pp. 60-61 197 PAULO DRUMOND BRAGA 34 Tudo foi confirmads em 1604. Collecgae Chronblogica ta Leatslagdo Portugueza, compil. e anot. por José |ustino de Andrade e Silva, |vol. 1], (1603-1612), Lisboa, Imprensa do Autor, [854, pp. 85-86 35 Ondonayées ¢ Leys do Reino de Portugal, confirmadas e estabelcidas pelo Sennor Rey D. Jodo IV |. |, livto V, Lisboa, Mosteito de S, Vicente de Fora, 1747, p. 272, 36 Receava-se ent30 que o ingles conde de Essex atacasse Lisboa, Cir Memorlal de Pero Roig Soars, vo. | leit. € revis. de M. Lopes de Almeida, Coimbra, |Unwersidade de Coimbra, 1953, p. 340 37 ANT, Inquisigo de Lisboa, proc. 367. 38 Collecgdo Chronologica |..., p. 26. 39 bbid., p. 89. 40 ibid. p. 184. 41 bid, p. 294 42 bid, vol. |, p. 29. 43 tid, p. 123. 44 ibid, pp. 242-243 4 bid, vol. 1 |,p. 171 48 16i., pp. 192 € 194. 47 tid, p. 192. 48 ordenagdes ¢ Lays do Reino de Portugal |, p. 272. 49 Collecgo Chronotogica }..), | vol. WH}, pp. 218-219. 50 bid. | vol. WJ, p. 459. 51 Outro tanto vin @ acontecer em Frangs, mas muito mais tarde. Ctr. André Zysberg, ob. cit, p. 379, 52.A.N/T., Inquisigio de Lisboa, Documentos, Novos Magos, mago 17, doc. 28 53 ANAT, Inquisi¢ao de Lisboa, proc, 4483, Sobre o arsenal em causa, que recebeu o seu regimento em 1674 veja-se Fernanda Espinosa, “Marinha de guerre [1° p.179, 54 lio de Castilho, A Ribeira de Lisboa. Descrigdo Hisidrica da Margo do Tejo desde a Madre de Deus até Santtos-o-Velho, 2° ed, rev. e ampliada pelo autor, com anot, de Lulz Pastor de Macedo, vol. |, Lisboa, CAmara Municipal de Lisboa, 1940 pp. 204-205; Femando Castelo Branco, "O termo ‘gale’ em dois topoénimos de Lisboa’, Resta Municipal ano XLIl, 2* série, n° 17, Lisboa, 3: trimestre de 1986, p. 30. S5A.N ATT, inquisigao de Lisboa, Documentos, Novos Mags, mago 17, dec. 7, 56Jos6 Manuel Louzada Lopes Subtil, © Vintismo ea Criminalidade (1820-1823), dissertagéo apresentada & Universidade Nova de Lisboa para obtencao do grau de Mestre em Histdria dos Séculos XIX e XX, exemplar mimeografado, Lisboa. 1986, p. 140. 57 lilo de Castilho, ¢6, cit, pp. 204-205, Frente a cadeia da galé chegou a localizar-se 0 Cais do Carvao. Pelo menos ali se encontrava ém 1679, data em que uma fonte aponta como residentes no cais cinco mouros que 198 - (0S FORCADOS DAS GALES, PERCURSOS DE UM GRUPO MARGINALIZADO_ foram queimads sob acusagao de homossexualidade, Cir Monstrumsidades do Tempo ¢da Fertuna, nova ed. public sobadirecc, de Camisio Peres, vo, IV (1674-1680), Porto s.n., 1939, pp.51-€ 73. Significativamente, um documento de 1727 relere-se 8 zona como Cais dos Mouros. Cit ilio de Castilho, 06. ct, pp. 205-206. 0 Cais do Carvao rmudou frequentemente de local. it. ibd, pp. 180-182. € evidente que a localizacao geogrsfica da prisdo da yalé se prende com a das antigas taracenas. De facto, cidade com construgSo naval voltada para a frota militardesde pelo menos o século XII, Lisboa albergava taracenas onde hoje € a rua do Comércio, junto 4 Camara Municipal, ‘naquela que mais tarde se denominatia Ribeira Velha. 0. Femando alt construiu novos estaleiros, que D. Joao 1 repatou e ampliou e ali se realizou um banquete em 1429, de despedida a embaixada que da Bargonha velo a Portugal buscar a infanta D. Isabel, filha de D. Jodo |, a fim de desposar Filipe, o Bom, Mais tarde, com Afonso, cos navios ce guerra comegaram a ser construidos na praia que ficaria conhecida como Ribeita das Naus, onde D Manuel mandou construirtaracenas novas. Para tudo isto, lelam-se Augusto Vielra da Silva, As Muralhas da Ribera de Listed, 28d wol.N. Lisboa, Camara Municipal de Lisboa, {94 pp. 2-13, Teixeira da Mota, “Da Ribeira das Naus ¢ Casa da fndia ao ministério da Marinha’, Annis do Clube Militar Naval, tomo XCI, n° 4-6, Abril-Junho de 1961, pp. 205-221; Pemanda Espinosa, "Arsenal de Marinha’” in i, Esentos Hiséricos ||, p. 168, Irisalva Moita,”A imagem e a vida da cidade’, in Liséoa Quinhentsta. A Imagem ea Vida da Cida,s.,|Lisboa|, CAmara Municipal de Lisboa. Sd. p. 12:4. H. de Oliveira Marques, “Lisboa medieval. uma visdo de conjunto”, In id, Novas Ensaies de Histéria Medival Portuguesa, Lisboa, Presenga, 1988, p. 86; id, “O Portugal do tempo do infante D. Pedro visto por estrongearas (a embalxada barewinhd de | 428-29", Bits, vol, LXDs, Coimbra, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, 993, p 651d, "Lisboa na bai Idad= Média, Para uma viséo monumental turistica’, Ler Hist, 26, Lisboa, Centto de Estudos de Historla Cantempordnea Portuguesa, 1994, p. 26; Paulo de Oliveira Ramos, “Porto de Lisboa’, in Dicondria da Hist de Lisboa, dir. de Francisco Santana © Eduardo Santas, Lisboa, Carlos ‘Quintas & Associadas, 1994, pp. 724-727 58 anténio Delyado da Sil, Supplemento A Collecco da Legislado Portuguzza desde a Ulta Compile das Ordenabes, vol, de 1750.2 1762, Lisboa, Tipogratia de Luts Correia da Cunha, 1842, pp. 386-387. 59 ibid. p. 359, 60 Antonio Delgado da Silva, Collerydo de Leoislagao Portugueza |). vol, d& 1750 a 1762, pp, 629°630. 6 Joaquim José Caetano Pereira e Sousa, Classes des Crimes por ordem systematica, com as poras correspondents, segundo a legisagdo actual, Lisboa, Régia Oficina Tipogrética, 1803. 62 antonio Delgado da Silva, ob, cit. vol. de 1791 a 1801, pp. 766-767, 63 io, vol. de 1802 2 1810, p.9 4 Luts Miguel Duarte, usivae Criminaldade |, vol, p. 543, ©5Documentos das Chancelarias Reais |..|, vol Ul, p. 204 66 Bartolomé Bennassar, ‘D’ autres Espagnols’, in Hisleiredes Expugnols. V-XX®Sile dir do mesino, Robert Latfont. Paris, 1992, pp. 482-483, [osé Luis de fas Heres Santos, 06, xt. pp. 309-31 1 6T AN TT, Inquisigao de Lisboa, proc. 1925. 68 AN /TT,, Inquisiceo de Lisboa, proc. 1925 9 AN TT, Inquisigae de Evora, proc. 82 70 A.N,/TT. Inquisigao de Lisboa, proc. 1925. 71 Duarte Nunes do Lid, a6. dil... 178 T2A.N ITT, Inquisigso de Lisboa, proc. 5296, 73a. NL7TT, nquisiggo de Lisbos, proc, 6139 199 PAULO DRUMOND BRAGA 74 alas da Rosa Pereira, Docwmentas para a Histiria da Inquscaa em Portugal (SéculoXV1), vol. 1, Lisboa. [sn.l. 1987 po T ANJTT, Chancelaria de D. lod0 Ill, Perddes e Legitimagdes, liv. 25, ff 316v-317. 76 |sabel MR. Mendes Drumond Braga, “Mulheres cativas e mulheres de cativos [...)", p. 444. 77 ANU, Inquisigéo de Lisboa, proc 3060 78 A N/T, Inquisicao de Lisboa, proc, 6430, 79 ANT, Inquisigao de Lisboa, proc. 5296, Sobre a sexualidade dos homens do mar. cf. A. H. de Oliveira Marques, “A expansao no Atlantic”, in A Expansilo Quatrocentista |...|, p. 153 804 H de Oliveira Marques, o6 cit, pp. 161-162, 81 A.N/TT, Mesa da Consciéncia e Ordens, Cativas, mago 15, doc. nda numerado 82 Charles Dellon, “De Goa a Lisboa. 1676-1677", in Portugal nas Séculos XVII & XVIN. Quatre Testemunkos, apres. trad, enotas de Castelo Branco Chaves, Lisboa, LisOptima, Lisboa, 1989, pp, 38-40. Outras fontes se referem, de forma nao muito diferente, a cadeia da galé. como uma descrigdo anénima de Lisboa. publicada em Amsterdao. fem 1730, onde a dada altura se escreve que os forcados “so, nt sua maiora,pisloneres mouroscatvados pelos Portuguese os suas continuadas guerras com @ moirama. Esta espécie de escravnstrabalha de sola sol nos navios do Ret ou entdo acarreia ‘madieia, gua, . para os domictos ds princais fia da marinka. A reite sdo reconducidos a gal, Cr. “Descric3o da Cidade de Lisboa’, in © Portugal de D, Jodo V vista por Ts Forsties, trad. pref. e notas de Castelo Branco Chaves, Lisboa Biblioteca Nacional, 1983, p. 43. 83 A.N/TT. Inquisigao de Lisboa, proc, 228? ; Paulo Drumond Braga, A Inquisgdo nes Agores, Ponta Delgada, Instituto Cultural de Ponta Delgada, 1997, pp. 412-413. 84 A.N/TT, Inquisigdo de Lisboa, proc. 5251 85 Graca e.S. da Silva Dias, Os Primérdios da Magonaria em Portugal, vol. I, tomo I, Lisboa, Instituto Nacional de Investigacéo Cientifica, 1980, pp. 142-144. Enquadre-se em A. H. de Oliveira Marques, Histina da Maonaria em Portugal, vol, I (Das Origens ao Tune), Lisboa, Presenga, |990, pp. 33-3. 86A,N /ET. Inquisigao de Lisboa, proc. 11391 87 AN/T7, Inquisicao de Lisboa, proc. 8914 88 ANT, inquisigdo de Listoa, Documentos, Novos Magos, mago 16, doc. 27 82 Monsiruosidades do Tempo e da Fortuna |. , Vol. 1V, pp. 51 @ 73, 90-A N/T, Inguisiqao de Lisboa, liv. 139, f 76-78 91 Anténio Delgado da Silva, ob. cit, vol, de 1750 a 1762, pp. 629-630. A lei de 1755 vem a p. 399 do mesmo volume. 200

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