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Guita Debert (UNICAMP) - Polticas pblicas face ao envelhecimento no Brasil

Resumo:
Na ltima dcada, a sociedade brasileira assistiu a avanos significativos no que diz
respeito s polticas pblicas voltadas para a etapa do envelhecimento que tem sido
chamada de a terceira idade. Organizaes governamentais e no governamentais
estiveram e esto empenhadas na criao de universidades para a terceira idade, de
grupos de convivncia de idosos, de programas envolvendo atividades fsicas e de lazer
que mobilizam o segmento mais velho da populao, que goza de plena autonomia
funcional. Esses avanos levaram transformao do idoso num sujeito poltico e num
mercado consumidor especfico. Contudo, o sucesso destas iniciativas proporcional
ausncia de polticas pblicas voltadas para a velhice avanada e dependente.
Atravs de uma anlise etnogrfica de iniciativas voltadas para o idoso, particularmente
as delegacias especiais de polcia e os grupos de terceira idade em So Paulo, o
argumento dessa apresentao o de que, no tratamento da dependncia, uma nova
relao estabelecida entre organismos estatais e a famlia, que passou a ser um aliado
fundamental das polticas voltadas para o que tido como uma espcie de cidadania
malograda.
Imagens conflitantes e contraditrias convivem na definio dessas polticas: o idoso
como um sujeito autnomo, disposto a aproveitar as possibilidades ofertadas pelo
consumo de bens e servios, em oposio s vtimas da fragilidade fsica e social. Essa
ambivalncia na constituio do sujeito alvo das aes tende a transformar questes
sociais em um assunto privado; privatizao essa que requer o estmulo de polticas
pblicas especficas. A famlia vista como uma instncia em que os deveres e direitos
de cada um de seus membros, ao longo do ciclo da vida, precisam ser claramente
definidos, e as polticas pblicas devem criar mecanismos capazes de reforar e
estimular cada um deles no desempenho de seus respectivos papis.

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