Graduanda em Histria/UPF Um fato grave que bem d conta, da violncia, da irresponsabilidade e falta de equilbrio emocional que domina certas pessoas, encarregadas de manter a ordem, proteger a populao..., assim inicia a manchete, Tiro nas Costas, da capa do jornal O Nacional do dia 06 de fevereiro de 1979. Estas palavras iro sentenciar ao silncio os autores da morte do motoqueiro Clodoaldo Teixeira, ocorrida no dia anterior em Passo Fundo, e que desencadeou protestos no centro da cidade e culminou em violento confronto entre a Brigada Militar (BM) e civis, tendo com conseqncia a morte de outras duas pessoas. Poucas horas depois da morte de Clodoaldo, dia 05, segunda-feira, o Comandante do CPA/3 (Comando Policiamento de rea/3), emite uma nota oficial, assinada pelo Tenente Coronel Jos ngelo Lucas Dutra informando nome e patentes dos policias militares, bem como a verso da BM dos acontecimentos que levaram a morte do motoqueiro. A nota oficial da BM foi publicada no O Nacional, em meio a um texto sobre o tema somente na quarta-feira dia 07. A presso poltica sobre o comando da Brigada Militar foi tamanha que o governador da poca, Sinval Guazzeli, ordenou a substituio do comandante do 3 Regimento de Polcia Montada de Passo Fundo (3RPMon), Major Antnio Augusto Carpes. Depois da substituio de comando do 3 RPMon, passou-se a atribuir a responsabilidade de todos os acontecimentos ocorridos entre a noite do dia cinco e dia sete ao Comandante do CPA/3 e aos policiais militares que participaram da perseguio e morte do jovem Clodoaldo Teixeira, especialmente o Cabo Jos Valmor da Silva. Os acontecimentos daquele fevereiro de 1979 marcaram a memria dos passofundenses e foram muito questionados e amplamente divulgados pela mdia da poca, no entanto o que chama ateno o que nunca foi publicado em nenhum momento, qualquer nota com a verso dos acusados ou sequer uma declarao de seus advogados de defesa. Portanto, tivemos divulgao ampla da verso oficial dos fatos daquele 1979. Trinta anos depois, o advogado das vtimas, Irineu Gehlen, declarou que os acusados foram indiciados pelo assassinato do motoqueiro e investigados em um inqurito Militar, sendo afastados de suas funes por alguns anos. O Cabo, autor do tiro, chegou a ser condenado a pena de seis a sete anos de recluso. Os condenados cumpriram, integralmente, as sentenas imposta pela justia; mas a sentena ao silncio parece ser perptua.