Você está na página 1de 1

A 1ª GRANDE GUERRA

Na 2ª metade do século XIX vários países industriais europeus expandiram-se para outros continentes, em particular
para África, por razões económicas, políticas e culturais.
Em 1884-1885 na Conferência de Berlim, estabeleceu-se o princípio da ocupação efectiva do continente africano.
Então, formaram-se vastos impérios coloniais, com destaque para os da Inglaterra e da França. As rivalidades entre
as potências europeias levaram-nas, também, a reforçar o seu poderio bélico e estabelecer entre si alianças militares
(Tríplice Aliança e Triple Entente). A paz na Europa ficou, então, em risco.

Em 28 de Junho de 1914 o arquiduque Francisco Fernando (herdeiro do trono austro-húngaro) foi assassinado na
Bósnia. De imediato, a política de alianças fez deflagrar a 1ª Grande Guerra.

Em Agosto de 1914 a Alemanha invadiu a Bélgica e procurou, sem êxito, conquistar Paris. Os exércitos em confronto
- alemães de um lado, franceses, ingleses, belgas... do outro - entrincheiraram-se ao longo de uma linha de 800 km,
que ia do Mar do Norte à Suíça. Até 1918 nenhum deles conseguiu sobrepor-se ao outro.
A guerra das trincheiras foi um longo período, da 1ª Guerra Mundial, caracterizado por grande desgaste: elevada
mortalidade, grande destruição e elevados gastos financeiros.
Os oficiais franceses eram grandes adeptos desta táctica – guerra das trincheiras – e, na 1ª Guerra Mundial,
enviaram soldados para o campo de batalha sem equipamento adaptado às trincheiras. Diziam que as precauções
defensivas eram desnecessárias se se fizessem ataques maciços suficientemente rápidos. Porém, estas tácticas
foram postas em causa depois dos exércitos terem sofrido pesadas baixas em ataques contra trincheiras defendidas
por metralhadoras.
As trincheiras eram protegidas pelo arame farpado e por postos de metralhadora. Cavavam-se também trincheiras
pela "terra de ninguém" dentro para ouvir o que se passava na posição inimiga ou para capturar soldados e depois
interrogá-los.
As trincheiras tinham habitualmente 2,30 metros de profundidade e 2 metros de largura. Nos parapeitos das
trincheiras eram colocados sacos de areia (os "parados") para absorverem as balas e os estilhaços das bombas.
Numa trincheira com esta profundidade não se conseguia espreitar, por isso, havia uma espécie de elevação no
interior.
As trincheiras não eram construídas em linha recta. Muitas eram perpendiculares, de forma a que, se o inimigo
conseguisse tomar uma parte da trincheira, estava sujeito ao fogo das de apoio e das perpendiculares.

Guerra das Trincheiras

“A senhora não pode imaginar, minha querida mãe, o que o homem pode fazer contra o homem. Há cinco dias que
os meus sapatos estão engordurados de cérebros humanos, que piso corpos, que encontro tripas. Os homens
comem o pouco que têm, encostados aos cadáveres.”

(Carta de Eugène-Emmanuel Lemercier a sua mãe, 22 de fevereiro de 1915)


“Na própria trincheira, havia cadáveres que não podiam ser retirados, nem enterrados (até agora não tivemos tempo
de o fazer), e que são pisados quando se passa. Um deles, que tem uma máscara de lama e dois buracos nos olhos,
deixa cair uma mão, estilhaçada e quase destruída pelos soldados que se precipitam, em fila, ao longo da trincheira.
Dá para ver, pois a trincheira fica aberta nesse lugar e nós o iluminamos, por um instante. Não achas macabro, esses
mortos usados pelo destino como pobres coisas?”

(Carta de Henri Barbusse a sua mulher, 21 de junho de 1915)

Você também pode gostar