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Direito Constitucional p/Auditoria Governamental - 2015 Prof? Nadia Carolina / Prof. Ricardo Vale LA 03 —- DIREITO CONSTITUCION, ATT PAGINA 1 - Direitos Sociais 2-32 2 - Nacionalidade 33-49 3 - Lista de questées e Gabarito $1 -58 O14, amigos do Estratégia Concursos, tudo bem? Na aula de hoje, daremos continuidade ao estudo dos direitos fundamentais. Falaremos sobre os direitos sociais e os direitos de nacionalidade. Um grande abrago, Nadia e Ricardo Nadia@estrategiaconcursos.com. br ricardovale@estrategiaconcursos.com.br Prof. Nadia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br ides Direito Constitucional p/Auditoria Governamental - 2015 Prof? Nadia Carolina / Prof, Ricardo Vale ‘os Sociais 1- Introducéio: Ao estudarmos os direitos de 1 geracao, percebemos que estes buscam restringir a agdo do Estado sobre os individuos, limitando o poder estatal. S4o, por isso, direitos que tém como valor-fonte a liberdade, impondo ao Estado uma obrigacado de n4o-fazer, de nao intervir na orbita privada. Em raz&o disso, a doutrina os denomina liberdades negativas. A natureza juridica dos direii € diversa. Trata-se de direitos fundamentais de 2 geracdo, que impdem ao Estado uma “obrigacdo de fazer”, uma obrigagéio de ofertar prestacées positivas em favor dos individuos, visando concretizar a igualdade material. So, portanto, direitos que tém como valor-fonte a igualdade; eles buscam possibilitar melhores condigdes de vida aos individuos e, assim, realizar a justica social. Pode-se dizer que os direitos sociais so prestagdes positivas (agées) realizadas pelo Estado para melhorar a qualidade de vida dos hipossuficientes, ou seja, dos mais necessitados. Em razdo disso, o Estado deve garantir que todos tenham acesso a educacéio, satide, alimentac&o, trabalho, dentre outros. Segundo Alexandre de Moraes, os direitos sociais constituem normas de ordem publica, com a caracteristica de imperativas. A origem dos direitos sociais remonta a crise do Estado liberal, ocasionada pelo forte avanco da industrializacdo. Nas fabricas, os trabalhadores vivian em condigdes precarias. Movimentos reivindicatérios passaram, ent&o, a exigir uma postura mais ativa do Estado, que nfo devia limitar-se a nao intervir, mas tambem atuar positivamente, garantindo condigdes minimas aos trabalhadores. Os direitos sociais aparecem, portanto, em um contexto historico marcado por reivindicagées trabalhistas e pelo surgimento de doutrinas socialistas. Constatava-se que a mera consagracao da igualdade formal nao era suficiente para realizar a igualdade material. Como grande marco dos direitos sociais, citamos a Constituicao de Weimar de 1919 (Constituic&io do Império Alemao). Na Constituicéo Federal de 1988, os direitos sociais estao relacionados nos art. 6° - art. 11. Hé, também, outros dispositivos do texto constitucional que versam sobre os direitos sociais. E 0 caso, por exemplo, do art. 194 (que trata da seguridade social), art. 196 (direito a sade) e art. 205 (direito & educag3o) Prof. Nédia Carotina www.estrategiaconcurses.com.br Agi Direito Constitucional p/Auditoria Governamental - 2015 Estrategia fre itdals Coniina Prof tleardo Vale 2- Os direitos sociais (art. 6°): Art. 6° Sao direitos sociais a educacdo, a saude, a alimentacao, o trabalho, a moradia, o lazer, a seguranca, a previdéncia social, a protegao 4 maternidade e 4 infancia, a assisténcia aos desamparados, na forma desta Constituico. No texto original da Constituigéo Federal, néo se fazia mengio a alimentag&o e & moradia, cuja inserg’o na Carta Magna foi obra do Poder Constituinte Derivado. A moradia foi inserida pela EC n° 26/2000 e a alimentac&o, pela EC n° 64/2010. Tenham uma especial atengdo quanto a esses dois direitos sociais! As bancas examinadoras adoram cobra-los, especialmente pelo fato de eles ndo fazerem parte do texto original da CF/88. Segundo o art. 6°, a Constituigio consagra como direitos so: educac3o, a satide, a alimentacdo, o trabalho, a moradia, o lazer, a seguranca, a previdéncia social, a protecdo 4 maternidade e a infancia, a assisténcia aos desamparados. O STF entende que trata-se de rol exemplificativo!, pois ha outros direitos sociais espalhados pelo texto constitucional. Destaque-se que 08 direitos sociais do art.6° so, todos eles, normas de eficdcia limitada e aplicabilidade mediata, dependendo, para sua concretizaco, da atuacao estatal, seja através da edicao de leis regulamentadoras, seja através da oferta de prestagées positivas em favor dos individuos. Uma das discussdes mais relevantes sobre os direitos sociais diz respeito, justamente, & sua concretizacao. Nao basta que esses direitos estejam previstos na Constituica0; eles precisam, mais do que isso, ser efetivados, colocados em pratica. Ha necessidade, portanto, da firme atuacao estatal por meio de politicas publicas voltadas para a concretizagdo dos direitos sociais Para estudarmos a problematica da concretizacéio (efetivag3o) dos direitos sociais, € necessdrio conhecermos trés importantes principios: i) o rincipio da “reserva do possivel”; ii) 0 principio do “minimo existencial” e; © principio da vedagSo do retrocesso. E 0 que faremos a seguir. 2.1- Os direitos sociais e a “reserva do possivel”: A efetivagao dos direitos sociais depende da execuggo de politicas publicas nas mais diversas areas, como, por exemplo, em educaciio e satide. Assim, ‘ STF, ADI n® 639, Rel, Min. Joaquim Barbosa, 02.06.2005. Prof. Nédia Carofing www.estrategiaconcursos.com.br 3058 Direito Constitucional p/Auditoria Governamental - 2015 Prof? Nédia Carolina / Prof. Ricardo Vale é preciso ter em mente que a concretizacao dos direitos sociais depende, em larga escala, de gastos estatais. A teoria da reserva do possivel consiste na ideia de que cabe ao Estado efetivar os direitos sociais, mas apenas “na medida do financeiramente possivel”. § teoria da reserva do possivel serve, portanto, para determinar 0s limites em que o Estado deixa de ser obrigado a dar efetividade aos direitos sociais. N&o 6 licito a0 Poder Puiblico, todavia, simplesmente alegar que n&o possui recursos orcamentarios; ¢ fundamental que o Poder Pilblico demonstre objetivamente a inexisténcia de recursos publicos e a falta de previsao orgamentdria da respectiva despesa. Segundo a teoria da reserva do possivel, a efetivacao dos direitos sociais encontra, portanto, dois limites: a suficiéncia de recursos publicos e a previsdo orcamentaria da respectiva despesa A formulag&io e execugSo de politicas ptiblicas sao tarefas que competem, Primariamente, ao Poder Executivo e ao Poder Legislativo. No entanto, segundo o STF, é possivel que o Poder Judicidrio determine, em bases excepcionais, a implementacao, pelos drgdos inadimplentes, de acées destinadas 4 concretizagéo dos direitos so Pode-se dizer, portanto, que o controle judicial das politicas puiblicas pode ser realizado a fim de suprir a omissao dos orgaos estatais competentes, bem como para evitar a abusividade governamental. Assim, o Poder Judiciério podera determinar, por exemplo, que o Estado conceda tratamento de cancer a um individuo. Vejamos trecho de julgado do STF: “Embora resida, primariamente, nos Poderes Legislativo e Executivo, @ prerrogativa de formular e executar politicas piblicas, revela-se possivel, no entanto, ao Poder Judicidrio, determinar, ainda que em bases excepcionais, especialmente nas hipdteses de politicas publicas definidas pela propria Constituicdo, sejam estas implementadas pelos orgaos estatais inadimplentes, cuja omissao - por importar em descumprimento dos encargos politico-juridicos que sobre eles incidem em cardter mandatorio - mostra-se apta a comprometer a eficdcia e a integridade de direitos sociais e culturais impregnados de estatura constitucional.”? A atuaciio do Poder Judicidrio na concretizagéio dos direitos sociais néo é ilimitada; ao contrario, encontra limites na clausula da reserva do possivel. Assim, a clausula da reserva do possivel afasta a aptidao do Poder Judicidrio para intervir na efetivag3o de direitos sociais. No entanto, para que esse limite @ acéo do Judicidrio seja valido, € necessario que se comprove objetivamente a auséncia de recursos orcamentéarios ° STF, RE 436.996 - AgR. Rel. Min. Celso de Mello. 22.11.2005. Prof. Nédia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 4uese Direito Constitucional p/Auditoria Governamental - 2015 Prof? Nadia Carolina / Prof. Ricardo Vale suficientes para a implementacdo da aco estatal. Nesse sentido, entende a Corte que: “(...) a realizacéo dos direitos econémicos, sociais e culturais - além de caracterizar-se pela gradualidade de seu processo de concretiza¢ao - depende, em grande medida, de um inescapavel vinculo financeiro subordinado as possibilidades orgamentérias do Estado, de tal modo que, comprovada, objetivamente, a incapacidade econémico-financeira da pessoa estatal, desta nao se poderé razoavelmente exigir, considerada a limitago material referida, a imediata efetivaco do comando fundado no texto da Carta Politica. Néo se mostraré licito, no entanto, ao Poder Publico, em tal hipétese - mediante indevida manipulac30 de sua atividade financeira e/ou politico-administrativa - criar obstéculo artificial que revele o ilegitimo, arbitrario e censuravel propésito de fraudar, de frustrar e de inviabilizar o estabelecimento e a preservacéo, em favor da pessoa e dos cidadaos, de condi¢ées materiais minimas de existéncia.*” Por fim, vale destacar que os direitos sociais, por estarem sujeitos reserva do possivel, possuem uma carga de eficacia menor do que os direitos de primeira geracdo. Isso porque os direitos sociais somente podem ser coneretizados com a execugio eficiente de politicas piblicas; por outro lado, a concretizacéo dos direitos de defesa (direitos de 1 geracdo) depende, essencialmente, de “obrigacdes de néo fazer” do Estado. 2.2- Os direitos sociais e o minimo existencial: Os direitos sociais, na condicéo de direitos fundamentais, sao indispensdveis para a realizado da dignidade da pessoa humana. O Estado, na sua tarefa de concretizacdo desses direitos, deve garantir 0 minimo existencial. Considera-se minimo existencial o grupo de prestacées essenciais que se deve fornecer ao ser humano para que ele tenha uma existéncia digna © principio do minimo existencial € compativel e deve conviver com a clausula da reserva do possivel. O Estado, na busca da promocao do bem-estar do homem, deve proteger os direitos individuais e, além disso, garantir condicdes materiais minimas de existéncia aos individuos. Assim, os gastos pUblicos devem ser voltados, prioritariamente, a garantir o minimo existencial; uma vez garantido o minimo existencial, o Estado podera discutir em que outros projetos investir. » ADPF 45 MC/DF, Rel. Min. Celso de Mello, j. 29.04.2004, DJ 04.05.2004. Prof. Nédia Caroline www.estrategiaconcursos.com.br 5 de58 Agi Direito Constitucional p/Auditoria Governamental - 2015 Estrategia af iiddls Contna Prof eardo Vale Segundo o STF, o minimo existencial € uma limitacgao 4 clausula da reserva do possivel.’ Isso porque a reserva do possivel sé poderd ser alegada pelo Poder Puiblico como argumento para a no concretizagao de direitos sociais uma vez que tenha sido assegurado 0 minimo existencial pelo Estado, Em outras palavras, a reserva do possivel somente é invocavel apés a garantia, pelo Estado, do minimo existencial. A garantia do minimo existencial é uma obrigacéio inafastavel do Estado, nao sujeita a reserva do possivel. 2.3- A vedago ao retrocesso: O principio da vedacaio ao retrocesso busca evitar que as conquistas sociais j& alcangadas pelo cidadéo sejam desconstituidas. Segundo Canotilho, baseado no principio do nao retrocesso social, os direitos sociais, uma vez tendo sido previstos, passam a constituir tanto uma garantia institucional quanto um direito subjetivo. Isso limita o legislador e exige a realizagdéo de uma politica condizente com esses direitos, sendo inconstitucionais quaisquer medidas estatais que, sem a criac&io de outros esquemas alternativos ou compensatérios, anulem, revoguem ou aniquilem 0 seu nticleo essencial. O STF considera que a “cldusula que veda o retrocesso em matéria de direitos a prestagées positivas do Estado (como o direito 4 educacgio, 0 direito 4 satide ou o direito 4 seguranca publica, v.g.) traduz, no processo de efetivagéo desses direitos fundamentais individuais ou coletives, obstéculo a que os niveis de concretizago de tais prerrogativas, uma vez atingidos, venham a ser ulteriormente reduzidos ou suprimidos pelo Estado”. * 3- Os direitos sociais individuais dos trabalhadores (art. 7°): No art. 7° da Constituicao, sao enumerados os direitos sociais individuais dos trabalhadores. Leia-o atentamente, pois ele costuma ser cobrado em sua literalidade. Art, 7° Sio direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem melhoria de sua condi¢ao social: 4 STF, RE 639.637. AgR. Rel. Min. Celso de Mello. 15.09.2011 S STF, RE 436.996 ~ AgR. Rel. Min. Celso de Mello. 22.11.2005. Profi Nadia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br Direito Constitucional p/Auditoria Governamental - 2015 Prof? Nadia Carolina / Prof. Ricardo Vale Note que a Constituicéo, no caput do art. 7°, equipara os direitos do trabalhador rural aos do trabalhador urbano. I- relacdo de emprego protegida contra despedida arbitrria ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverd indenizagSo compensatéria, dentre outros direitos; Esse dispositivo é tipica norma de eficdcia limitada, exigindo lei complementar que proteja a relacéo de emprego contra despedida arbitréria ou sem justa causa. Trata-se do direito A segurancga no emprego. Segundo o art. 10, do ADCT (Ato das Disposicdes Constitucionais Transitérias), até a promulgac&o da mencionada lei complementar, a indenizacao contra a despedida arbitréria ou sem justa causa ficara restrita 2 40% sobre os depdsitos do Fundo de Garantia do Ternpo de Servico (FGTS), realizados em favor do empregado. Cabe destacar que a protec&o conferida pela Constituico somente alcanga a despedida arbitraria ou sem justa causa. Nao havera indenizacao, portanto, diante da despedida por justa causa. A CF/88 extinguiu a antiga “estabilidade decenal”, que, apesar de estar prevista na CLT, nao foi recepcionada pela nova ordem constitucional. Pela regra da estabilidade decenal, o empregado que tivesse mais de 10 anos de empresa nao poderia ser demitido, salvo em caso de falta grave ou circunstancia de forca maior. Hoje, nem mesmo a despedida arbitréria ou sem custa causa so proibidas. Elas poderSo ocorrer, cabendo, todavia, indenizacio. Destaque-se que o art. 10, do ADCT, estabelece 2 (dois) casos de vedacdo absoluta a dispensa arbitraria ou sem juste causa: a) Do empregado eleito para cargo de diregao de comissées internas de prevencao de acidentes (CIPA), desde o registro de sua candidatura até um ano apés 0 final de seu mandato; b) Da empregada gestante, desde a confirmag&o da gravidez até cinco meses apés 0 parto. II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntério; Note que o seguro-desemprego sé é devido no caso de desemprego involuntério. As bancas examinadoras adoram confundir os candidatos, falando em desemprego “voluntério", o que estaré errado. Prof. Nadia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br Direito Constitucional p/Auditoria Governamental - 2015 Prof? Nadia Carolina / Prof. Ricardo Vale III - fundo de garantia do tempo de servigo; O FGTS (Fundo de Garantia) é recolhido pelo empregador & aliquota de 8% sobre a remuneraco paga ou devida, no més anterior, a cada trabalhador. Destaque-se que o FGTS ndo é direito dos servidores ptiblicos estatutdrios. IV - salério minimo , fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais basicas e 4s de sua familia com moradia, alimentag&o, educacéo, sadde, lazer, vestudrio, higiene, transporte e previdéncia social, com reajustes periddicos que the preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculacao para qualquer fim; O saldrio minimo deve ser fixado em lei formal: verifica-se, aqui, hipdtese de reserva legal. Em torno desse tema, houve relevante controvérsia apreciada pelo STF. A Lei n° 12.382/2011 estabeleceu que o valor do salario minimo seria de R$ 545,00, mas que decreto presidencial seria responsavel pelos reajustes e aumentos salariais segundo determinados indices. Segundo o STF, a Lei n® 12.382/2011 é constitucional, ndo havendo dbice a que um decreto presidencial estabeleca os reajustes, cuja férmula e indices est&o previstos na prépria lei. O decreto presidencial nao estaria, assim, fixando o valor do salario minimo; ele seria um mero ato declaratério do valor reajustado segundo a politica de valorizagio prevista na lei. © O salario minimo € dnico para todo o territério nacional, o que impede a existéncia de salarios minimos regionais. Destaque-se que existem os chamados “pisos salariais", que nZo se confundem com salario minimo, e so resultantes de negociacdes coletivas de trabalho. 0 salério minimo nao pode sofrer vinculacao, ou seja, servir como indexador, para qualquer fim. E relevante destacar que esse impedimento & vinculacao do salério minimo tem como objetivo evitar que aumentos do seu valor se propaguem para toda a economia, prejudicando o poder aquisitivo. Para fecharmos esse tépico, é importante que vocé saiba que o STF permite que os conscritos recebam remuneracéo inferior ao salario-minimo. Veja 0 que dispde a Sumula Vinculante n2 06, que poder ser cobrada em sua prova: © STF, ADI 4568/DF, Rel. Min. Carmen Liicia. 03.11.2011. Prof. Nada Carofine www.estrategiaconcursos.com.br Bde 58 Direito Constitucional p/Auditoria Governamental - 2015 Prof? Nadia Carolina / Prof. Ricardo Vale "Nao viola a Constituicéo 0 estabelecimento de remuneragao inferior ao salério minimo para as pragas prestadoras de servigo militar inicial’. A jjustificativa para essa excegdo é que a Constituicéo Federal nao estendeu aos militares a garantia de remuneragao nao inferior ao salario minimo, como o fez para outras categorias de trabalhadores. O regime a que submetem os militares nao se confunde com aquele aplicavel aos servidores civis, visto que tém direitos, garantias, prerrogativas e impedimentos préprios. Isso porque os cidadaos que prestam servico militar obrigatério exercem um minus piblico relacionado com a defesa da soberania da patria. Por isso mesmo, a obrigagio do Estado quanto aos conscritos limita-se a fornecer-lhes as condicées materiais para a adequada prestacao do servico militar obrigatério nas Forgas Armadas. V - piso salarial proporcional a extensdo e 4 complexidade do trabalho; O piso salarial é estabelecido por categoria de trabalhadores e fixado mediante negociacao coletiva de trabalho. Na fixagao do piso salarial, deve-se levar em consideragao a extensao e a complexidade do trabalho. VI - irredutibilidade do salario, salvo 0 disposto em convencao ou acordo coletivo; A irredutibilidade do salério guarda estreita relagie com 0 principio da vedagao ao retrocesso. Assim, em regra, 0 salario ndéo podera ser reduzido. A reduséo salarial € hipotese excepcional, que somente ocorrera mediante negociagdo coletiva de trabalho (convenco coletiva ou acordo coletivo). Destaque-se que convenco coletiva e acordo coletivo sdo espécies do género “negociag&o coletiva de trabalho”. ConvencSo coletiva de trabalho é uma negociagao entre o sindicato dos trabalhadores e 0 sindicato patronal. J4 0 acordo coletivo de trabalho, € uma negociagéo entre o sindicato dos trabalhadores e uma empresa ou grupo de empresas. A negociaco coletiva de trabalho pode, portanto, flexibilizar a irredutibilidade salarial. Essa flexibilidade se deve ao fato de que, muitas vezes, é mais benéfico para uma categoria aceitar uma redugdo salarial (numa crise econémica, por exemplo), que arcar com um grande aumento do desemprego. VIL - garantia de salério, nunca inferior ao minimo, para os que percebem remunerasao variével; Prof. Nédia Carofing www.estrategiaconcursos.com.br Direito Constitucional p/Auditoria Governamental - 2015 Prof? Nadia Carolina / Prof. Ricardo Vale Ha alguns trabalhadores que possuem remuneracao variavel. Como exemplo, citamos um funcionério de uma loja que recebe por comissao de suas vendas. Em meses com alto volume de vendas, ele recebe muito bem; porém, em um més de vendas fracas, ele tera uma remuneracao bastante reduzida. A Constituig&o garante, entretanto, que esse trabalhador nunca recebera uma remuneracdo inferior ao salario minimo. VIII - décimo terceiro salério com base na remunerag&o integral ou no valor da aposentadoria; O décimo terceiro salario 6 o que se conhece por gratificacao natalina IX - remunerago do trabalho noturno superior & do diurno; Esse dispositive garante acs trabalhadores a percepgio de adicional noturno. Destaque-se que o valor do adicional noturno nao é definido pela Constituiggéo Federal, mas sim pela legislacéo infraconstitucional. Atualmente, 0 adicional noturno 6 de 20% para o trabalho em ambiente urbano e 25% em ambiente rural. E importante que vocé saiba que a previséo de remuneragao do trabalho noturno superior & do diurno é devida inclusive para os empregados que trabalham em regime de revezamento. E 0 que dispde a Sumula 213 do STF, segundo a qual: “E devido o adicional de servico noturno, ainda que sujeito o empregado ao regime de revezamento." X - protecdo do saldrio na forma da lel, constituindo crime sua retencéo dolosa; A maior parte da populac&o brasileira néo possui poupanca, dependendo do salério para sobreviver. O salario é, portanto, uma verba de natureza alimentar; em razio disso que constitui crime sua retencdo dolosa por parte do empregador. XI - participagao nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneragao, e, excepcionalmente, participacéo na gestéo da empresa, conforme definido em lei; Trata-se de norma de eficacia limitada, dependente de lei para produzir todos os seus efeitos. A participacdo nos lucros é desvinculada da remuneragéo e é uma forma de se estimular a produtividade do trabalhador. Prof Nédia Carofina www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 58 Agi Direito Constitucional p/Auditoria Governamental - 2015 Estrategia fra dds Coralia Prof teenie Vale XII - salario-familia pago em raza do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei; O salario-familia € um beneficio previdencidrio, sendo devido somente ao trabalhador de baixa renda. E pago em cotas, de acordo com o numero de dependentes (se o trabalhador possui um dependente, ele recebe uma cota do salario-familia; se ele possui dois dependentes, ele recebe duas cotas de salario-familia). Os critérios para o recebimento do saldrio-familia sao definidos em lei formal. Mais uma vez, estamos diante de uma norma de eficdcia limitada. XIII - duragdo do trabalho normal nao superior a oito horas didrias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensacao de horarios e a redug&o da jornada, mediante acordo ou convengao coletiva de trabalho, A regra é a prestacao de trabalho por até 8 horas diarias e 44 horas semanais. Normalmente, isso é feito mediante jornadas de 8 horas de segunda-feira a sexta-feira e de 4 horas no sabado. E possivel a compensacao de hordrios: um trabalhador que tenha um contrato de trabalho de 44 horas semanais e 8 horas didrias poder, por exemplo, trabalhador 2 horas a menos em um determinado dia, compensando-as posteriormente, Cabe destacar que, excepcionalmente, é possivel haver redugao da jornada de trabalho, mediante acordo ou convencao coletiva. XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociacéo coletiva; O trabalho prestado em turnos ininterruptos de revezamento é aquele em que ha alternancia de horarios; nesse regime de trabalho, os trabalhadores se revezam nos postos de trabalho. Em um determinado dia, trabalha a noite; no outro, pela manhé; no outro, & tarde. Nesse caso, devido ao grande desgaste para a satide do trabalhador, a Constituigéo prevé uma jornada de seis horas. Note que esta podera, excepcionalmente, ser aumentada, em caso de negociagao coletiva XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos; Atente para a palavra preferencialmente. Nao ha obrigagao de concessao desse repouso no domingo: ele pode acontecer em qualquer outro dia da semana. XVI - remuneragao do servico extraordindrio superior, no minimo, em cinquenta por cento 4 do normal; Prof. Nédia Carotina www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 58 Agi Direito Constitucional p/Auditoria Governamental - 2015 Estrategia feat dials Cantina? Prof eds Vale A remuneragao do servico extraordinario é 0 que se conhece por hora-extra. Note @ expresso “no mfnimo”! Uma questao de concurso que disser que essa remuneracao 6 necessariamente 50% superior a do servico normal estard errada. XVII - goz0 de Férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terco a mais do que o salério normel, Esse dispositivo trata do adicional de férias. O trabalhador faz jus férias, recebendo, durante esse periodo, sua remunerac&o acrescida de, no mit 0, 1/3 do salario normal. Assim, 0 trabalhador podera receber um adicional de férias superior a 1/3 do salario. Note que a Constituicdo nao disp6s sobre a duracao das férias, deixando essa tarefa para a legislagao infraconstitucional. XVIII - licenca 4 gestante, sem prejuizo do emprego e do salario, coma durag&o de cento e vinte dias; XIX - licenca-paternidade, nos termos fixados em lei; A licenga & gestante tem duracdo de 120 dias, conforme definido pela Constituig0. Durante esse periodo, a gestante fica licenciada, sem que perca seu emprego e remuneracdo. Assim, ela mantém seu vinculo de emprego com a empresa e continua a receber sua remuneracao. A licenga-paternidade, por sua vez, € beneficio que depende de regulamentacio por lei: trata-se, portanto, de norma de eficacia limitada. Como essa lei nao foi editada até hoje, esta em vigor o mandamento previsto no Ato das DisposigSes Constitucionais Transitérias (ADCT). Segundo o art. 10, § 1°, do ADCT, "até que lei venha a disciplinar o disposto no art. 72, XIX da Constituico, 0 prazo da licenca-paternidade a que se refere o inciso é de cinco dias". XX - proteséo do mercado de trabalho da mulher, mediante incentives especificos, nos termos da lei; A proteg&o ao mercado de trabalho da mulher tem como objetivo alcangar a igualdade material. Nesse caso, almeja-se estabelecer a igualdade de géneros, Trata-se de mais uma norma de eficacia limitada. XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de servico, sendo no minimo de trinta dias, nos termos da lei; O aviso prévio se aplica aos contratos de trabalho por tempo indeterminado. E um instituto que tem como objetivo permitir que o trabalhador tenha um Prof. Nédia Caroling www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 58 Direito Constitucional p/Auditoria Governamental - 2015 Prof? Nadia Carolina / Prof. Ricardo Vale tempo para buscar um novo emprego apés tomar conhecimento da intengao do empregador de demiti-lo. O aviso prévio deve ser proporcional ao tempo de servico: quanto maior ‘0 tempo de servico, maior sera o prazo do aviso prévio. Deve-se observar, contudo, que o prazo minimo do aviso prévio é de 30 dias. ‘XXII - redug&o dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de salde, higiene e seguranca; A seguranca e a satide no trabalho so considerados direitos essenciais dos trabalhadores. A reducdo dos riscos inerentes ao trabalho é, portanto, uma face importante das politicas publicas em materia trabalhista. Esse dispositivo é que ampara a edicdo, pelo Ministério do Trabalho e Emprego, das chamadas NR’s (Normas Regulamentadoras). XXIII - adicional de remuneragao pare as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei; As atividades penosas, insalubres ou perigosas implicam no pagamento de adicional de remuneracio aos trabalhadores. Assim, um trabalhador que exerca atividade perigosa (contato permanente com inflamaveis e explosives) receberé adicional de periculosidade; por sua vez, um trabalhador que exerca atividade insalubre receberd o adicional de insalubridade. XXIV - aposentadoria; A aposentadoria é€ um beneficio previdenciario assegurado aos trabalhadores. N&o € nosso objetivo, nesse momento, discorrer sobre os varios tipos de aposentadoria e os requisitos para sua concesso. XXV — assisténcia gratuita aos filhos e dependentes desde 0 nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas, A assisténcia gratuita em creches e pré-escolas 6 devida aos filhos e dependentes do trabalhador, desde o nascimento até 5 (cinco anos) de idade. Atente para esse limite de idade! Ele tem sido bastante cobrado nos concursos. XXVI - reconhecimento das convengées e acordos coletivos de trabalho; As negociagées coletivas de trabalho podem ser de dois tipos: i) convengées coletivas de trabalho (celebradas entre sindicato patronal e sindicato dos trabalhadores) e; ii) acordos coletivos de trabalho (celebrados entre sindicato dos trabalhadores e uma empresa ou grupo de Prof. Nédia Carofina www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 58 Direito Constitucional p/Auditoria Governamental - 2015 Prof? Nadia Carolina / Prof. Ricardo Vale empresas). Destaque-se que as negociacées coletivas de trabalho sao consideradas fontes do direito do trabalho. XXVII - protecéo em face da autormacao, na forma da lei; Trata-se de dispositivo que visa evitar que as inovacées tecnolégicas substituam o papel desempenhado pelos trabalhadores, buscando garantir que ndo haja diminuiglo do numero de postos de trabalho. E uma tipica norma de eficacia limitada, cuja concretizacéo depende de lei regulamentadora. ‘XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenizagao a que este estd obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa; O seguro contra acidentes de trabalho é um encargo do empregador, mas que nde o exime de indenizar 0 empregado, quando tiver incorrido em dolo ou culpa. Em outras palavras, mesmo pagando seguro contra acidentes de trabalho, 0 empregador continua sujeito a indenizacao caso estes ocorram. Entretanto, € necessdrio que haja dolo ou culpa. XXIX - a0, quanto aos créditos resultantes das relacbes de trabalho, com praze prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos é rurais, até o limite de dois anos apés a extingdo do contrato de trabalho; Esse inciso precisa ser analisado com atengéo. Inicialmente, verifique que, tanto para o trabalhador urbano quanto para o rural, ha possibilidade de se requererem créditos relativos aos tiltimos cinco anos do contrato de trabalho. E a chamada prescric&o quinquenal. Entretanto, desfeito o vinculo laboral, o trabalhador ter4 apenas dois anos para reclamar tais créditos na Justica. Nesse caso, entretanto, a cada dia de inércia, perdera um dia de direito. Se entrar com uma agio trabalhista no ultimo dia do prazo de dois anos, so poder reaver os créditos referentes aos trés ultimos anos do contrato de trabalho, por exemplo. XXX - proibicao de diferenca de salarios, de exercicio de funcoes e de critério de admiss&o por motive de sexo, idade, cor ou estado civil; XXXI - proibigao de qualquer discriminagao no tocante a salério e critérios de admissao do trabalhador portador de deficiéncia; XXXII - proibig&io de distingéo entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos; Esses trés dispositivos traduzem obrigagdes de néo-discriminacao, de isonomia. 0 inciso XXX probe que sejam estabelecidas diferenca de Prof. Nédia Caroting www.estrategiaconcursos.com.br 14 de58 Direito Constitucional p/Auditoria Governamental - 2015 Prof? Nadia Carolina / Prot, Ricardo Vale salarios, de exercicio de fungées e de critério de admissao por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil. O inciso XXXI impede que haja discriminagdo no tocante a salario e critérios de admissdo do trabalhador portador de deficiéncia. Por ultimo, o inciso XXXII veda a distingao entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos. XXXII - proibico de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condi¢ao de aprendiz, partir de quatorze anos; “Dissecando-se” esse dispositivo, temos que: a) Aidade minima para se trabalhar 6 aos dezesseis anos. Ha, entretanto, uma excecao a esse limite minimo de idade: pode-se trabalhar a partir dos quatorze anos de idade, na condic&o de aprendiz. b) Os menores de dezoito anos jamais poderSo exercer trabalho noturno, perigoso ou insalubre. Assim, entre os 14 e 16 anos, sé pode trabalhar o menor aprendiz. Dos 16 aos 18 anos, qualquer um pode trabalhar, desde que ndo seja um trabalho noturno, perigoso ou insalubre. A partir dos 18 anos, o individuo pode exercer qualquer trabalho, inclusive 0 noturno, perigoso ou insalubre. XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vinculo empregaticio permanente e o trabalhador avulso. O trabalhador avulso é aquele que presta servicos a varias empresas, mas que é contratado por um érgo gestor de mao-de-obra (OGMO). E 0 caso, por exemplo, dos estivadores e carregadores que trabalham nos portos. A Constituigio Federal de 1988 reconhece a igualdade de direitos entre o trabalhador avulso e o trabalhador com vinculo empregaticio permanente. Paragrafo Unico. Sao assegurados 4 categoria dos trabalhadores domeésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXII e, atendidas as condicées estabelecidas em lei e observada a simplificacdo do cumprimento das obrigagdes tributérias, principais e acessérias, decorrentes da relacao de trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, Ill, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integracéo previdéncia social. © pardgrafo nico do art. 7° da Constituicéo sofreu importantes modificagdes pela Emenda Constitucional n° 72/2013 que assegurou Prof. Nadia Carofine www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 58 Agi Direito Constitucional p/Auditoria Governamental - 2015 Estrategia crit hile Coralia ¥Profitleare Vale importantes direitos trabalhistas aos empregados domésticos. O objetivo da EC n° 72/2013 foi justamente assegurar igualdade de direitos trabalhistas entre os trabalhadores domésticos e os demais trabalhadores urbanos e rurais. Destaque-se que, mesmo apds a referida emenda constitucional, nem todos os direitos trabalhistas foram assegurados aos empregados domésticos. Na tabela abaixo, relaciono todos os direitos dos domésticos e destaco, em negrito, tudo aquilo que resulta de previsio da EC n? 72/2013: Salario minimo , fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais basicas e as de sua familia com moradia, alimentacéio, educag’o, satide, lazer, vestuario, higiene, transporte e previdéncia social, com reajustes periddicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculag3o para qualquer fim. Irredutibilidade do salério, salvo 0 disposto em convengao ou acordo coletivo. Garantia de salario, nunca inferior ao minimo, para os que percebem remuneracéo varidvel (direito assegurado apés a EC n2 72/2013). Direitos do doméstico | Protegdo do salario na forma da lei, constituindo crime sua retengo dolosa (direito assegurado apés a EC n° 72/2013). Décimo terceiro saldrio com base na remuneragao integral ou no valor da aposentadoria. Durag&o do trabalho normal néo superior a oito horas didrias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensacdo de horarios e a reducdo da jornada, mediante acordo ou convengio coletiva de trabalho (direito assegurado apés a EC n2& 72/2013). Repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos. RemuneracSo do servico extraordindrio superior, no minimo, em cinquenta por cento 4 do normal (direito assegurado apés a EC n° 72/2013). Prof. Nédia Caroling www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 58 Direito Constitucional p/Auditoria Governamental - 2015 Prof? Nadia Carolina / Prot. Ricardo Vale Gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um tergo a mais do que o salario normal. Licenga gestante, sem prejuizo do emprego e do salério, com a duracao de cento e vinte dias. Licenga-paternidade, nos termos fixados em lei. Aviso prévio proporcional ao tempo de servico, sendo no minimo de trinta dias, nos termos da lei. Reducio dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de satide, higiene e seguranca (direito assegurado apés a EC n° 72/2013). Aposentadoria. Reconhecimento das convencies e acordos coletivos de trabalho (direito assegurado apés a EC n2 72/2013). Proibicéo de diferenca de salarios, de exercicio de funcgées e de critério de admissao por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil (direito assegurado apés a EC n° 72/2013). Proibicgo de qualquer discriminac3o no tocante a salario e critérios de admisséo do trabalhador portador de deficiéncia (direito assegurado apés a EC n° 72/2013). Proibigfo de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condic’o de aprendiz, a partir de quatorze anos (direito assegurado apés a EC n2 72/2013). Integracdo a previdéncia social. Relagdo de emprego protegida contra despedida arbitraria ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que prevera indenizacao compensatéria, dentre outros direitos (direito assegurado apés a EC n2 72/2013). Seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntario (direito assegurado apés a EC n2 72/2013). Prof. Nédia Caroling www.estrategiaconcursos.com.br 17 de58 Agi Direito Constitucional p/Auditoria Governamental - 2015 Estrategia trof dle Corina / rok lead Vale Fundo de garantia do tempo de servico (direito assegurado apés a EC n® 72/2013). Remuneragao do trabalho noturno superior & do diurno (direito assegurado apés a EC né 72/2013). Salario-familia pago em razdo do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei (direito assegurado apés a EC n° 72/2013). Assisténcia gratuita aos filhos e dependentes desde © nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas (direito assegurado apés a EC n2 72/2013). Seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenizacao a que este est4 obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa (direito assegurado apés a EC n° 72/2013). Outro ponto importante é que alguns dos direitos previstos pela EC n2 72/2013 precisam de regulamentacdo para que possam ser usufruidos. Em outras palavras, eles néo podem ser usufruidos de imediato. So eles: ~ Relago de emprego protegida contra despedida arbitrdria ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que prevera indenizagéo compensatoria, dentre outros direitos; - Seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntario; - Fundo de garantia do tempo de servico; - Remuneraco do trabalho noturno superior a do diurno; - Salario-familia pago em razSo do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei; - Assisténcia gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas; - Seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenizag&o a que este esta obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa. Nao custa sistematizar tudo isso em outra tabela, para melhor compreensdo: Prof. Nadia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 58 Direito Constitucional p/Auditoria Governamental - 2015 Prof? Nadia Carolina / Prot. Ricardo Vale Direitos assegurados aos ‘eitos assegurados aos domésticos pela PEC n® vestuério, higiene, transporte e previdéncia social, com reajustes periédicos que lhe Preservem 0 poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculacéo para qualquer fim; ° Irredutibilidade do saldrio, salvo 0 disposto em convengao ou acordo coletivo; + Décimo terceiro salario com base na remuneracio integral ou no valor da aposentadoria; * Repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos; * Gozo de férias anuais remuneradas com, _ pelo menos, um terco a mais do que © salario normal; * —_Licenga & gestante, sem prejuizo do emprego e do saldrio, com a duracéo de cento e vinte dias; + _Licenga-paternidade, nos termos fixados em lei; . Aviso prévio Proporcional ao tempo de servigo, sendo no minimo de trinta dias, nos termos da lei; * Aposentadoria; * __ Integracao a previdéncia social. Prof. Nédia Carolina dom os por normas | 72/2013 origindrias da Constituicéo + Saldrio minimo, fixado | De exersicio imediato: em lei, _—_nacionalmente . fs a unificado, capaz de atender a|7____Garentia de salério, nunca inferior ao minimo, suas necescidades vitaig | Pa" OS Que percebem remuneracao varidvel; basicas eae de sua familia com |°___ Protes&o do salério na forma da lei, constituindo miorailis ‘limentacao, | crime Sua retencao dolosa; _ educago, salide, lager, |* ___ Duracae do trabalho normal néo superior a oito | aprendiz, a partir de quatorze anos. www.estrategiaconcursos.com.br horas didrias e quarenta e quatro semanais, facultada 2 compensagao de hordrios e a reducdo da jornada, mediante acordo ou convencao coletiva de trabalho; + Remuneragéo do servigo _extraordindrio superior, no minimo, em cinquenta por cento a do normal; © Redugo dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de satide, higiene e seguranca; * Reconhecimento das convencées e acordos coletivos de trabalho; © Proibigdo de diferenca de saldrios, de exercicio de fungées e de critério de admissao por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil; © | Proibigdo de qualquer discriminacao no tocante @ salario e critérios de admisséo do trabalhador portador de deficiéncia; * Proibicéo de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho 2 menores de dezesseis anos, salvo na condicéo de fequlamentacao leaal * __ Relacdo de emprego protegida contra despedida arbitréria ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que —prevera—_—indenizacao compensatoria, dentre outros direitos; | . Seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntario; + Fundo de garantia do tempo de servico; + Remuneragao do trabalho noturno superior 8 do diurno; + Salario-familia pago em razao do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei; + Assisténcia gratuita aos filhos e dependentes desde 0 nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches pré-escolas; * Seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenizacao a que este est obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa. 19 de 58 Direito Constitucional p/Auditoria Governamental - 2015 Prof? Nadia Carolina / Prof. Ricardo Vale Como poucos direitos listados nos incisos do art. 72 da Constituigao ficaram “de fora”, ou seja, poucos nao foram atribuidos aos domésticos, acho interessante lista-los abaixo, para que voc8 nao caia em eventuais “pegadinhas” de prova: «Piso salarial proporcional 4 extens3o e complexidade do trabalho; * Participagio nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneracdo, e, excepcionalmente, participagso. na gestao da empresa, conforme definido em lei; + Jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociacéio coletiva; * Protecéo do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos especificos, nos termos da lei; Direitos que nao foram, | « Adicional de remuneragéo para as atribuidos, pela CF/88, atividades penosas, insalubres ou aos domésticos, perigosas, na forma da lei; + Protegéo em face da automagéio, na forma da lei; * Acdo, quanto aos créditos resultantes das relagées de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos apés a extingo do contrato de trabalho; + ProibicSo de distingSo entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos; « Igualdade de direitos entre o trabalhador com vinculo empregaticio permanente e 0 trabalhador avulso. Obviamente, alguns desses direitos nao foram previstos para o doméstico pelas préprias caracteristicas do trabalho. Nao faria sentido, por exemplo, prever uma “participacao nos lucros”, j4 que nao trabalham em uma pessoa juridica, Apesar dessa aparente falta de isonomia, é importante que vocé atente para um detalhe: a Constituicao Federal prevé, sim, a igualdade de direitos entre domésticos e demais trabalhadores, urbanos e rurais. Nos termos da PEC né 72/2013, diz-se que esta “altera a redac3o do parégrafo Unico do art. 70 Prof. Nédia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 58 Agi Direito Constitucional p/Auditoria Governamental - 2015 Estrategia erat ids Coratina¥ rok tlewrdo Vale da Constituicéo Federal para estabelecer a igualdade de direitos trabalhistas entre os trabalhadores domésticos e os demais trabalhadores urbanos e rurais”. 4- Os direitos sociais coletivos dos trabalhadores: Em seus arts. 8° a 11, a Constituicéo enumera varios direitos coletivos dos trabalhadores. Que tal lermos esses dispositivos juntos, fazendo os apontamentos necessarios para gabaritar as questdes de prova a eles referentes? Art. 8° E livre a associagao profissional ou sindical, observado 0 seguinte: I - a lei no poderé exigir autorizaséo do Estado para a fundagao de sindicato, ressaivado o registro no érgdo competente, vedadas ao Poder Publico a interferéncia e a intervencdo na organizacéo sindical; A fundacdo de sindicato independe de autorizacao estatal (nem mesmo a lei poderé fazer tal exigéncia). Todavia, a fundacao de sindicato necessita de registro em é6rgao competente, ou seja, registro no Ministerio do Trabalho e Emprego. Destaque-se que € vedada a interferéncia do Poder Publico nos sindicatos (principio da autonomia sindical). II - é vedada a criago de mais de uma organizagao sindical, em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou econémica, na mesma base territorial, que seré definida pelos trebalhadores ou empregadores interessados, néo podendo ser inferior 4 rea de um Municipio; Esse dispositivo consagra o principio da unicidade da organizacéo sindical, que € um limitador da autonomia sindical. Segundo esse principio, nao podem coexistir mais de um sindicato da mesma categoria profissional (trabalhadores) ou econémica (empregadores) dentro de uma idéntica base territorial, que n&o poderd ser inferior & drea de um Municipio. Como exemplo, s6 poderd haver um Sindicato de professores no Municipio de Belo Horizonte. E em caso de existirem mais de um sindicato na mesma base territorial? Nesse caso, estaremos diante de um conflito, a ser resolvido pela anterioridade, ou seja, a categoria sera representada pela entidade que primeiro realizou seu registro no érg&o competente. Percebe-se, aqui, que © registro do sindicato no Ministério do Trabalho e Emprego é um instrumento essencial para que o Estado realize o controle da unicidade sindical. Prof. Nédia Caroling www.estrategiaconcursos.com.br 21 de58 Direito Constitucional p/Auditoria Governamental - 2015 Prof? Nadia Carolina / Prof. Ricardo Vale TIT - 20 sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questdes judiciais ou edministrativas; Destaca-se que 0 STF, com base no inciso acima, entende que o sindicato pode atuar na defesa de todos os direitos individuais e coletivos dos integrantes da categoria que representa. Exemplo: 0 sindicato dos Auditores da Receita Federal poderé atuar na defesa judicial ou administrativa de um Unico membro acusado de acesso imotivado aos sistemas do drgéo. O STF considera, ainda, que o art. 8°, inciso III, assegura ampla legitimidade ativa aos ‘sindicatos para atuarem como substitutos processuais das categorias que representam, na defesa de direitos e interesses coletivos ou individuais de seus integrantes. Conforme jé se sabe, quando se trata de substituico processual, nao ha necessidade de prévia autorizacdo dos trabalhadores.” IV - a assembleia geral fixara a contribuicao que, em se tratando de categoria profissional, seré descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representac&o sindical respectiva, independentemente da contribuicao prevista em lei; € fundamental sabermos a diferenca entre a contribuigao confederativa e a contribuiggo sindical. A contribuicgao confederativa tem fundamento no art. 8, inciso IV, CF/88. Possui cardter facultativo, sendo cobrada apenas dos filiados da entidade associativa. Sabe-se que ninguém é obrigado a filiar-se ou manter-se filiado, mas aqueles que o fizerem deverao pagar a contribuico confederativa. N&o possui natureza juridica tributdria, sendo seu valor fixado pela assembleia geral. A contribuicSo sindical, por sua vez, tem fundamento no art. 149, CF/88. Possui natureza juridica tributaria e, portanto, sua cobranca é compulséria de todos os integrantes da categoria econémica ou profissional, independentemente de serem sindicalizados ou nao.° Seu valor € fixado em lei Para melhor fixagéo das duas possiveis contribuicées a serem fixadas por sindicato, veja 0 quadro abaixo: ? STF, RE n0 193.503/SP, Rel. Min. Joaquim Barbosa. 12.06.2006. * STF, RE 534629 MT, DJe-158, 24/08/2009. Prof. Nadia Carofing www.estrategiaconcursos.com.br 22 de58 ‘ Direito Constitucional p/Auditoria Governamental - 2015 trategia Prof? Nadia Carolina / Prof. Ricardo Vale Contribuig&o confederativa Contribuigéo sindical #£ obrigatoria; « € facultativa; *Fixada pela assembleia geral *Fixada em lei; * Natureza de tributo V- ninguém sera obrigado a fillar-se ou a manter-se fillado a sindicato; Trata-se do principio da liberdade de inscrigéo sindical, segundo o qual os trabalhadores sdo livres para decidirem se filiar ou manter-se filiado a sindicato. Em outras palavras, @ participagdo em sindicato nao é compulséria. Cabe destacar que o art. 8°, V, CF/88 é corolario (consequéncia) do principio da liberdade de associacdo (5°, XX), segundo 0 qual “ninguém poderé ser compelido a associar-se ou manter-se associado” VI - é obrigatéria a participacao dos sindicatos nas negociagées coletivas de trabalho; Os sindicatos tem atuacdo importante nas negociagées coletivas de trabalho (convengdes coletivas e acordos coletivos). Nas convencdes coletivas, a negociacdo se da entre sindicato de trabalhadores e sindicato patronal; nos acordos coletivos, entre o sindicato de trabalhadores e uma empresa ou grupo de empresas. Em todos os casos, percebe-se que havera participagao do sindicato. VII - 0 aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas organizacées sindicais; A CF/88 garante ao aposentado ampla participago no sindicato da categoria, podendo votar e ser votado. Assim, o aposentado podera ser eleito dirigente sindical. VIII - vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de direcdo ou representacao sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano apés 0 final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei. Trata-se da estabilidade sindical, que consiste em protecdo especial dispensada aos dirigentes eleitos dos trabalhadores. O empregado que se candidatar a cargo de direcao ou representacao sindical, nado podera ser dispensado a partir do registro de sua candidatura. Se eleito (mesmo suplente), no podera ser dispensado até um ano depois de findo o mandato, exceto se cometer falta grave, nos termos da lei. Prof Neda Carcfina www.estrategiaconcursos.com.br 23.de58 Direito Constitucional p/Auditoria Governamental - 2015 Prof? Nadia Carolina / Prof, Ricardo Vale Perceba que, mesmo apés ter sido eleito dirigente ou representante sindical, 0 empregado podera ser dispensado. No entanto, a dispensa somente podera ocorrer caso ele cometa falta grave. Pardgrafo Unico. As disposiges deste artigo aplicam-se 4 organizagéo de sindicatos rurais e de colénias de pescadores, atendidas as condicées que a lei estabelecer. A Constituicéo Federal, para nao deixar qualquer margem de duvida, dispds que as regras do art.8° também se aplicam aos sindicatos rurais e de colénias de pescadores. ‘Art. 9° E assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre @ oportunidade de exercé-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender. § 1° - A lei definird os servigos ou atividades essenciais e disporé sobre 0 atendimento das necessidades inadidveis da comunidade. L§ 2° - Os abusos cometidos sujeitam os responsdveis as penas da lei. O art. 9° da CF assegura aos trabalhadores 0 dircito de greve. No se trata de direito absoluto, uma vez que as necessidades inadidveis da comunidade deverdo ser atendidas e aqueles que abusarem do direito ficaréo sujeitos a penas fixadas em lei. A doutrina majoritaria considera que o direito de greve dos trabalhadores da iniciativa privada (regidos pela CLT) é norma de eficdcia contida, pois poderd ser restringida por lei. Recorde-se que o direito de greve dos servidores publicos é norma de eficdcia limitada, dependendo, para seu exercicio, da edigao de lei regulamentadora. Segundo o STF, “no constitui falta grave a entrada do empregado em greve, desde que ndo se trate de movimento condenado pela Justica do Trabalho e desde que o comportamento seja pacifico no pertinente."” Com efeito, a adesdo ao movimento grevista n&o pode ser considerada falta grave, mas sim um direito do trabalhador. Art. 10. £ assegurada a participagao dos trabalhadores e empregadores nos colegiados dos orgdos publicos em que seus interesses profissionais ou previdenciérios sejam objeto de discussdo e deliberacao. Esse dispositivo é, normalmente, cobrado em sua literalidade. Basta saber que os trabalhadores e empregadores tém direito a participar no colegiado de érgdos ptiblicos em que seus interesses profissionais ou ° STF, RE n° 51.301, Rel. Min. Cunha Melo. Prof. Nédia Caroting www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 58

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