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SS AA |] svizsho2h Directo Benjamin Able Junior samira ousset Campecel Preparacio de texto Sérgio Robert Toes Ei de ate (il) Witon Takes bivina Rocha Corte Composido/Diaaramagso om video i ‘netu Escobar j ‘capa, { ‘Ary Normenha. } Antonie Ubrsara Demlencio ‘MIVERSITARIO NOWE mT 294, ISBN 85.08 034520 we Todos 08 crit reservados Ecditora ica SA — Fula Barao de iguape, 10 i “ol (PABN) 2786822 ~ Calva Postal 9550 "Ed Telegétiea "Bominro” — Si Paulo ‘nossa civilizapto vem da costa @Attica Bemuteo a= Vasconcos Sumario 1. O grande povoador _ = } i © negro dinamiza demograficamente o Brasil 8 Presenca nacional do negro ———— u || Deslocamento para as dreas de trabalho B | 1 2, Onegro escravo no Brastl-Colénia 18 { ‘Como o eseravo se alimentava e era castigado — 16 i Do ito para a senzala = rt) | 3. A quilombagem como agente i de mudanga social _— 2 | : ‘A prética da quilombagem —__ 4 i Principeis quilombos brasieiros is HI 4. A varlavel cultural 33 | Cultura de resisténcia __ —_ M4 Avtodefesa da cultura oprimida — = H 5. O negro e sua participagao politica 39 As invasdes holandesas ¢ o negro. I Sempre querendo a mudanca social — 2 y Na linha de frente a (© negro como massa de manobra 46 ‘Conguista-se a Independencia, conserva-se 2 escravidso... es ‘Uma repilbica de homens lives no Brasil escravista so 6. A decadéncia da escravidéo eacrise do sistema st De perseguido a protegido 36 Decomposigdo do sistema e comportamento seniorial 38 7. Em busca da cidadania 8 As festividades iniiais da Aboligfo 6 ‘A revolta da chibara 66 ‘Uma vor independente para 0 1 6 ‘A Frente Negra Brasileira n Nova articulacio " Renascimento negro n 8. Vocabulario critico 0 9. Bibliografia comentada —__ Oy 1 O grande povoador A bistéria do negro no Brasil confunde-see identifica: se com a formapio da propria nagZo brasileira e acompa- tha a sus evolupao histérica e social. Trazido como imigran te forcado ¢, mais do que isto, como escravo, 0 negro afti- ano € 0s seus descendentes coatribuiram com todos aque- les ingredientes que dinamizaram o trabalho durante qua- Se quatro séculos de eseravidao. Em todas as éreas do Bra sil eles construiram a nossa economia em desenvolvimento, mas, por outro lado, foram sumariamente exchuidos da di visto dessa rigueza. Entretanto, no foi apenas pelo trabalho que os ne- ros contribuiram para que o Brasil chegasse a sero que é atualmente. Na cultura gue aqui se formava, eles replasma- am os seus padres culturais de acordo com as necessida- ‘des que surgiam. Com isto se autopreservaram, em grande parte, da opressio do sistema escravista. Esta histéria comera com a chegada das primeiras le- vas de escravos vindos da Africa. Isto se dé por volta de 1549, quando o primeiro comtingente ¢ desembarcado em Sao Vicente. D. Joo II concedeu autorizagio a fim de ‘ue cada colono importasse até 120 afticanos para as suas propriedades. Muitos desses colonos, no entanto, protest, ‘Fam contra limite estabelecido pelo re, pois desejavam imn- porter um niimero bem superior. Por outro lado, alguns Listoriadores acham que bem antes dessa daa jd haviam en trado negros no Brasil. Afirmam mesmo que na nau Bretog, para agui enviada em 1511 por Fernando de Noronha, ja Se encontravam negros no seu bordo. Essa presenca, como ‘emos, confunde-se com a formaco da Colénia e, depois, do Império, chegando até os nossos dias. ‘A contolidac20 da economia colonial intensificou o twifico de africanos para o Brasil, especialmente para 0 Nordeste, onde um tipo de agroindistria se concentrou € floresceu' com o eultivo da cana-de-agicar. (© negro nessa fase é o grande povoador, aquele que chega em ondas sucessivas para preencher 0s vastos espa 505 geogrdficos desocupados. Enquanto o Reino vinka pa faa aventura da colonizacto pensando em um breve regres $0, deixando, muitas vezes, a familia em Portugal, 0 negro africano sabia que a sua viagem era definitiva que as pos- sbilidades de volar nao existiazn. 0 negro dinamiza demograficamente 0 Brasil © primeiro (0 branco) ou se instalava no comércio, ou lutava para conseguir cartas de setmari, terra, final. ‘rence para iniciar suas atividades na agriculturs. E pera a concessto de sesmarias exigiase a posse de escravos. Um sronista da época dird, por isto, que os eseravos negros ‘ram as mdos ¢ os pés do Brasil. ‘Com o deslocamento do eixo econdmico da ColGnia pa- 2.0 Nordeste, para é também se concentra o flux demo- srafico de negros vindos da Africa. Para avaliarmos 0 cres- ‘imento da CofOnia com essa entrada permanente de africa- nos, basta dizer que em 1586 as estimativas davam uma ppopttiagdo de cerca de 57000 habitantes — ¢ deste total 25000 eram brancos, 18000 indios 14.000 negros. Segun- do caleulo de Santa Apo'onia, em 1798, para uma popula sto de 3250000 habitsntes, havia um total de 1 582000 es- ravos, dos quais 221000 pardos ¢ 1361000 negros, sem contarmos os negros libertos, que ascendiam a 406000, Prosseguindo 2 chegada de afticanos, aumentava 0 seu peso demografico no total da populasao brasileira Para o bitnio 1817-1818, as estimativas de Veloso de Oli veira davam, para um ‘total de 3817000 habitantes, a cifra de 1930000 escravos, dos quais 202000 pardos e 1361 000 negros. Havia, também, uma populagéo de ne- _Bfos e pardos livres que chegava # 585000, No século XVIIL, 0 qual, segundo o historiador Pandid Cal6geras, foi 0 de maior importagao de africanos, 2 média teria hegado «55 000 enirados anusmente. Essa masa pops- ‘onal negro-africana, embora concentrando-se especial a i =S=S=&f ‘menor quantidade, por todo o terrtério nacional. Embora mdo tenhamos possibildades de estabelecer o -nlmero exato de afticanas importadas pelo trdfico, pode- ‘ios fazer varias estimativas. Elas vasiam muito e hé sem pre uma tendéncia de se diminuir esse mimero, em parte or falta de extatisticas¢ também porque muitos histeriado res procuram branquear a nossa populacdo. Essas discus- 86e6 sobre o mimero de africanos enirados no Bras] se re- acenderam quando se procurou quantficar essa populagao africana escrava, € posteriormente a afto-brasleia, para com isto estabeleser-se 0 padrdo do que se poderia chemar de homem brasileiro. ‘A apuragdo da nossa realidade éinica excluiria bran ‘co como representativo do nosso homem, Dal se procurar subestimar 0 negio no passado e a sua significapdo atual, ‘Essas estimativas variam desde a do historiadar Rocha Pombo, que calcula em 10000000 0 niimero de negros afti- anos entrados, as de Renato Mendonca, que afirmou ter sido de 4830000. Esse autor, que fez os seus-céleulos base: ‘ado em estatfstcas aduaneiras, nfo sabemos apoiados em {que critéros, pois desde 1881 0 tifico sal, elaborou o seguinte quadro: ‘era considerado ile- 'NOMERO DE ESCRAVOS ENTRADOS NO BRASIL (avaliagso feta bascada om estatistcas aduaneiras) Tpeoito | Ertades | Tore! | Total da ae a fanuaie | no | imports | stevions | tedoosrasn | — | — | so000 séculows | Brasttholandés | 3000 | 000 | 6000 Pas | 00 ecite 000 séculoxon | Reel $000 | sooo | 2600000 | ioe aneiro | 12000 stculo me EgH53 | rio we Janeio | 20000 | sow | 1500000 wifes | ie | oe Fonte: Mensouga, Renato. A infvéneia arcane no portupuss | de Brasil S20 Paul, Nacional, "905 I Esses dados, como se pode facilmente compreender, Sio inexatos e/ou incompletos. © problema do contraban- ‘do obviamente no foi computado como uma varidvel 2 ser considerada. Mas 0 certo & que quase 40% do total de afticanos retirados do Continente Negr 0 durante a existén- cia do trifico foram desembarcados no Brasil. Conforme dissemos, ele se dstribuiu por todo 0 terrtério nacional Emm 1819, pelas estatisticas de Veloso de Olivera, assim se distribuia a nossa populacio nacionalmente, segundo 0 ‘quadtro apresentads o José Sterdpot"| Princiae nes Aazonss sss0 Pas soot Mareanso 608 Pra 21 cers 8751 FloGande doNone 61812 Para, rer | Pernambuco mete legos e208 Seipoe 7 Bene 060 Expt Sato ‘aor Rioce angio ea.cole 3860 | Sto Pave 190858, Parana ‘east Sante Catarina as Fi Glande do Su we ings Goris 8302 oie ‘=a Nato Grosso 226 cow som same 12405 Ban 3108 sare. ora aso zee 7263 7 8080 ee? sonst ams 168583 ‘200 80 Tote! 030 123901 0000 0725 aim meet ees ames men 11905 ten 72s 10000 2a awe. sei exseas e168 338 n ‘de ae od ry m3 8 3 ta | m | aa aa ar Fonte: Raucs, Artur. Introdupao @ entropologie brasiie. Fio Presenca nacional do negro slanelre, Case do Estudante 60 Brasil, 1963. ‘Segundo fica demonstrado por estes dados que refletem a distribuicto national da populacio negra, esta foi, ape- sar da sua condigio de inferioridade econémica e social, 8 srande povoadora do-nosto terrtétio. E nfo apenas povo: ‘ou, mas eriow pequenas comunidades rurais em todo o tr. sitSrio nacional através de quilombos, fundando miicleos po- placionais, muitos dos quais existem até hoje Por ter sido a escraviddo um fato de ordem nacional, 1 presenpa do negro, escravo ou livre, também se espalhow nacionalmente. Em 1872, quando a populagdo negra escre ve entrava ja em declinio, os eseravos constituiam 15,2%% a populagso do pals, nenhuma regito tinha menos de 7 de habitantesescravos ea taxa mals alta era de apenas, 19,58. Podemos por esses dados ver, de um lado, 2 expres: sii nacional da populacao negra escrava e, de outro, a pro sgressiva diminuigdo dessa populagao percentualmente em re lado ao século precedente. Convém salientar, porém, ave nessa estaistica néo foi computada a populacio negra livre, ‘0 que aumentaria em muito esses percentuais, J” Mas 0 certo & que o negro (quer escravo, quer livre) (Aoi o-srande povcador do noseo tert, emprepando 0 séu trabalho desde as charqueadas do Rio Grande do Sul aos ervais do Parané, engenhos e plantagbes do Nordeste, pecudria na Paraiba, atividades extrativas na Regio Ama zOnica e na mineracio de Goids e Minas Gerais. Q.nsgro ‘no apenas povoou, mas acupoU os espagos sociais ¢econd- \ micos que, através do seu trabalho, dinamizavam Brasil ‘A produco de uma economia colonial, ¢ por isto dés- wada a um mercado externo cada vez maior, ea fruto des _/se abalno negroescravo. E eis economia, que pass pe la produgio agucareira, pela mineraedo, produtos tropicais e termina na fase do café, é feta pelo negro. No entanto, ease fato nfo contribui em nada para que ele consiga um ininimo dessa renda em proveito proprio. Pelo contrétio ‘Toda essa produgdo € enviada para o exterior, ¢ 0s senho-, res de escravos ficam com todo o lucro da expartagao € co meicializagao. Houve, de um lado, uma demanda mundial pelos pro dutos aqui produzidos, mas, de outro, uma impossbilida de estrutural de 0s produtores dessa riqueza participarem se beneficiarem dela, Isto ocorreu durante todo o tempo em que perdurou o regime escravista, Ap6s 1530, quando se pode falar real B ‘mente em colonizarao, com engenhios montados em So Vi- cent, ienios encontrar um dinamismo crescente na produ- ‘0 colonial brasileira. No século XVI a nossa produgho ja era superior & América espanhola. Os cronistas quinhents 185 mals representativos, como Fero Cardim, Gabriel Soa- 168 de Souza e o padre Anchicta, avaliam a cifra de 300000 arrobas para a producio anual do acicar brasileiro, 0 gue daria uma renda per capita das mais aitas do Brasil em t0- dos os tempos. No outro séeulo essa producto se éuplice No entamto, como ja dissemos, a grande populaszo negra es crava nilo participava da divisio dessa riqueza, send consi- dderada igual aos animals ¢ assim trazada. Deslocamento para as areas de trabalho Se isto aconteceu no periodo da produsto asucareira, a mesma coisa iremos constatar no periodo da mineracao. Minas Gerais desponta e consegue o seu apogeu até 0 uli- ‘mo quartel do século XVIII, como uma nova e florescente etapa da explorasio colonial, a mais importante, segundo as autoridades de Portugal. (O negro é deslocado para preencher os vazios demogré ficos dessa nova faixa de trabalho. No leva apenas 0 seu trabalho, contudo, mas a sua cultura, ensinando técnicas de metalurgis e mineraslo, aperfeigoando métodos de tra- balho, extraindo 0 ouro, procarando diamantes para pro pporcionar a riqueza dos contratadores eda Coroa portugue- 53. O negro escravo em Minas Gerais, por questdes partic Iares, softe as mais violentas formas de controle no taba Iho, ¢ vigiado diariamente. Quando fugia,tinba toda uma milicia de capities-do-mato para persegui-lo. Mesmo assim conseguia extrair do subsolo mineiro toda a riqueza que {oi enviada para Portugal e se destinava 20 pagamento da divida que a metedpole havia contraido com a Inglaterra. Pot outro lado, o decréscimo da populacio negra et- crava depois. de 1850, quando ¢ extinto 0 trifico, devese sua grande mortalidade, pois, seguado cdlculos confid veis, a média de “vida til” do escravo era de 7 2 10 anos. Mesmo assim, a sua influéncia povoadora em toda a exten so geogréfica do Brasil se fez se faz sent, conforme de- ‘monstram todos 05 recenseamentos que foram feitos, in- ‘luindo 0 timo, de 1980. O negro foi 0 grande povoador «da nagdo brasileira durante a sua evolucéo socal ehistérica. Por isto salietamos, aqui, 0 seu papel como semea- dor de cidades, através da formasio de micleos quilombo- las em ambito nacional, tendo-se noticias desees aglomera- dos rebeldes desde o Amazonas até o Rio Grande do Sul, ‘onforme veremos oportunamente 2 O negro escravo no Brasil-Col6nia Esse grande povoador do Brasil qu foi o negro, povo- ou, porém, em condisbes destavorabilissimas, pois 0 fez aa condicdo de escravo. O auge do escravismo coincide com © auge da exportardo do apicar para o mercado internacio- nal, Ese montante de produsio, para que howvesse equ ‘ri necesscava externamente de um comprador que 0com- sumise todo e,itteraamente, de homens que trabalbassem para gerélo em condieées de dar fucros compensadores 08 seahores de engenho Durante o periodo do Brasi-Col6nia, quando chega 20 seu explendor a produsdo agucaeira,regstra-se também @ pico da importa de negros escravos. Mas ess prod- so era conseguida através de normas de trabalho esabele das pea clase senhoriale pelas estruturas de poder da ‘época.E cabe perguntat:¢m que condigdes os escravos pro- duian esa riqueza? Tosse um animal, Nao tinha nemhusy direto, e pelas Orde- | “iagdes do Reino podia ser vendido, trocado, castigado, mi, smo orto sem que ninguém ou nena ins-) he desig de testermunbasvaiam, ms read, ha wo entosa # a ui 0 cero tarave va come s ra é ‘iuicle pudesse inervir em seu favor, Era uma proprieda- de privada, propriedade como qualquer outro semovente, ‘somo o poreo ou 0 cavalo. Un dos observadores dessa &pO- ‘a, Antoil, assim desreveu a condigdes sob as quals 0 e- cravo negro trabalhava: No Brasil costumam dizer que para o escravo sto necess&. fi te9 p69, 9 sober: po, oat epano. E posto que comecom "na, prineipiando pelo cestigo, que & 0 pau; contugo prove: "2.8 Deus, au t8o abuncante fosse © comer, e 0 vest co ‘mo muita vezes 6 o castigo, dado por qualquer causa pow ‘Co provade ou levantada ¢ com Insturmentos de muito go Sinda quando os crimes seo carlos; de que se azo usa nem ‘com os brutosanimais,fazendo algum senhor mais caso de tm cavalo, que de meia dia de escravos; pois 0 cavalo & fs2rido,e tem quer The busgue capim, term pano para o \ store trate dourago. + Como 0 eseravo se alimentava @ era castigado A allmentasio, por seu turno, nfo era a de fartura que alguns autores descrevem, quando afirmam que o negro er 6 elemento mais bem-aimentado do Brasil colonial. Peio con- twirio. Vilbena, descrevendo o tipo de alimentagdo do escra- vo e 0 comportamento dos seus senfores no particular, pin- 12 uma sitwaso de calamidade alimentar, pois alguns desses nem comida davam aos seus cativos. No final do século XVIl ele assim descreve a situagdo dos esravos no particular: {1 dever-seia de justigae caridade providenciar sobre obar- ‘ato’e evel e inauclto mode como a malor part cos eenho- res atam os cesgragados escravos de trabalho. Tais ha que ‘go es dance sustentoalgum ines facultam sorente reba: harem no domingo ou dia santo em um padacinho de tera ‘Asctontt, Andxé Jodo, Cultura ¢ opulécias do Brasl Salvador, Prosres- 0, 1950 38. oe ‘que chamam “roga" para gaquele reba tcarem sou eu {esto para toa a semana acualnce somarte com alguma go {sce mel omalegosslo, ae tengo ce meager. # Ainda sobre o mesmo assunto{ Ademar Vidal! basea do em wna testemunba da época, afirma que comida ora jogase 20 chdo, Seminus, 03 ascraves de'a se £/ aposeravam num sate de gato, comida mistrade com are | engolindstuco som mastigarporaue ngo havi terne0 espe \ sgt lente dos mais esperts e ml vorazes © ‘A jorpada de trabano era de carorze a dezeseeis horas, sg) a fiscalizacto do feitor, que nfo admis pausa ou dis: aco. Quando um eseravo era considerado preguicoso ou insubordinado, af vinham os castigos. O feitor, ou um _ ele Gesignado, era o executor da sentenga. Con-" ‘forme @ falta, havia um tipo de punicdo e de tortura. Mas a imaginago dos senhotes nao tinha limites, e muitos era ‘iam, os Seus.métodos ¢ instrumentos de toreura préprios ‘Mas de modo geral eram esses os principais instrumentos de tortura, aviltamento ou diseiplina de trabalho: rarumonton de | ESTERS gona ob golha gagabeia, rnccgs | fe vt ogo ace ea Trumentos de | miscaras anno, bacieu, pina splits Insrumentes de | gonna, Ramo for pra nar Suter aces ca feo com nei nfamantes, use, Luss ds Saat. Rohis no eile XVII, Siar, pot _l2B. Stay. top 185 Reronplast noc rropoltanase ass i , Covtumes praia We 9-Te-TPCONCRESE APO Buusuisno’” Sanbom, 1957, O neg no Bra Sa Pau, Cail) (Bo Brel, 1040 9 - a» Segundo Artur Ramos, a quem devemos o esquema Estaclassiicage ¢evidentomenteforgace tom um interes: ‘se mefemente didtien. Os instrumentos oo captura conver: {erge faciimente em instrumentos de pic, como 6 el eduties, As coventes, os tonces, as algemas e machos ‘ist prncipalmente a contenggo do asorate, para anspor {wou pata impedirine sfoge. Mas esses instrumartos,or0v0" ‘cendo a imoDigade frgace, tomar-se um vercadelro sup ‘ho. Ainda mai: evalgus’ um dos Isirumantos ce captors (ue euplicio fom um auitamento mol. © Os dois. instrument. suplicio mais usados eram © tronco eo peloutino, onde eram apiadas os penas de ao {0 primero poceremos colocas como o simbolo da Ju “Garivade, eo segundo como sinbelo da Juxizap Mas, de qualquer forma, a discipline de trabalho imposta ao escravo baseaverse na violéncia contra a sua pessoa ‘eerat Som um F na testa ¢ &m taso de reincidéncia cortae ‘am-Iie uma orelha, * O justigatiento do escravo era na siotia das vezes felto na prépria fazenda pelo seu senor, havendo casos de negros enterrados vivos, jogados em cal- ‘lies de Agua ou azeitefervendo, castrados, deformados, ale dos catgos coriqueios, como os aplicados com 4 palmatéia, © apoite, 0 vira-mundo, os anjinos (umber. “plicados pel capitde-do-mato quando o escravo captura- 49 negava-se a informar 0 nome do seu dono) e muias ou- tras formas de se coagir o negligent ov rebelde. "Na eivsié social do trabalho, noventa por ceo ov ais dos escravos eram destinados as atvidedes da agroin- Tres, Art acularsdo nepra ne Brel. Ro & Janco, Nason, 1982, 110 SO sexo dene alvarsencorrae em: Moura, Cvs. Qulomber, rei ‘nn no servers Sao Paul, Ae, 1988.20 SP SRIEP Sa RR RE NRT HR STITT Py * eistria agucareira, atividades nas minas ou fazendas de café, “Eis eseravos, assim distribuidos ia hora do tiabalho, finda a faina cotidiana, eram recolhidos as senzalas, onde se amontoavam sem nenhurna condicdo de higiene ou con- orto, Os escravos que no eram do tito € do engenho, da {riscaco ou plantaclo de café, trabalhavam na casa do se- 19 mucamas, cozinheiras, cochelros, carregadores 5, transportadores de sigres, impadores de estreba- , moleques de recado, doceiras, amas-deleite, pareiras, ve vivialiteralmente extuiéa de qualauer dieto oltico consul a nica font produ. tora de bens, sob a coergo exra-econdmica que asa con Aigdo de semovente permitia, Como vemos, o escravo era Z|. o wabalhador fundamental de wma economia que eit nena ito complexa, pois no aa apenas una co" Boia exrativa, mas uma agroindsra cujadversiicasao | iniere do trabalho era bem scent, i + Do eito para a senzala... ‘Antonil assim descreve a sociedade escravista na épo- ca do Brasil-Colénia: ods » eservatura (ve noe malores engenhos passa o ni mero de 160 a 200 poses contarde as doe patios) quer ‘Rantimentes « fréas, meioamantos, enfermaria © enfer ‘meio; para Isso s8o nacessévias rogas de multas mil co- ‘as de mandloca. Querem os barcos, vlames,cabos, cores bre. Guecem as fornalhas que por sete ov alto mases a ‘em de ciao note, urta leah @ para isto & mister dois ‘ereoe veleiadoe, para se buscar nos porta, indo um ates o out sv. yarar emule dinhela para @ comprar 98 gran ‘6 matos, oo mulios cars, mutise juntas de BO! pare se ‘raze. Quecer 08 canavials também suas bareas, © caros ‘com dobcada equipagées de ols. Querem enxasas @oices ‘Querem 25 soravigs machados e seras. Quer a mosnda de tocs a caste do pave do lt sooreseslente, e mites quntas fe ago ede fro. Quer a carpintaria madeira seitase fr tee oar ete, vgas aspas eradasie pelo menos os inet: ‘enoe mais usuais, a sabsr srr, rados, varumas, com passos, iguas, escopros, enxés, govas, machados, mate fos, canting ¢ juntas, regos e painas. Que a fabrica c apices ards, celaeires, tacnas bacias,e outros mutes Instrumentos menores, odos oe cobre (-) 889 firalmente recessaries, alam das senaias cos escraves @ além da mo ‘ade do capelao fetore, mest, purgacor, sanguete@ cl ‘ero, uma capela decente com seus crnamertes, todo aps totalmente de estalagans, s20 continuos; eo eit tenho forte © esouposo, com as mais oficines, arpa, cabara,alambique o outras cousas, que 2or midas fagul se oscusa apontalase delasndo so Tears. © se longo periodo é muito elucidative, pois mostra, muito bem; pelos instrumentos enumerados na primeira parte, como 0 negro escravo atuava em todos os niveis da mas participendo, das téonicas ¢ profisses exgidas ard. probperidade e-0.dinamismo dos engeabos. Na se- gunda parte, por outro lado, vemos o grand pesious que Se beneficiavam, dive ou indiret ‘Neste mundo economicamente fechado, durante o Bra sil-Coténia trabalhava era 9 negro escravo <8 impor tarem seda e vinhos da Franga e 0 seu comportamento de avo, Andi Joo. Op... 188. penas plantando e/ou colhendo rE FE vyerdadeiros nababos, inha como danico suporte 0 trabalho emo permanente, ou se rebelava e fugia para as matas, organizando quilon conde reencontrava a sua condigdo humana. 3 A quilombagem como agente de mudang¢a social Entendemos por quilombagem o movimento de rebel- ao eritrio nacional, vocado, e¢ for timia forca de desgaste significativa ao siste- zea ecravista, slapou as suas bats em diversas nivels — fcondmico, socal ¢ militar — e infu poderosamente pax aque ese tipo de trabalho extras em cise efose subs tuldo pelo erebatho tive. ‘Asus indica expressava a contradisgo fundemental a spo, sio-€ aquela que exstia entre os esravos © 05 ‘si senhoreseapareia, em consegiéncia dit, em todas a {Eeate peas om que 0 sitema Ge produ exeravia fol stable, “Acgotabagem ¢ um movimento emancipaiona que actesde, est muto, 9 movimento liberal aboliconise: i Sacer saa ont Sone de ma seinportamento Gndmico « 0 eres dt Clas {sehr Somer a vlna, porto, pote console Js ob cisila. De um lado of sera rebelde de oxtro 8 Sus semis apart de repress a esa rebels ©. quilombo aparece, assim, como aquele médulo de_ sesit@neia. mais representativo (quer pela sua quantidat ‘gueF pela sa continuidade histérica) que exis, Estabele permanente e mais ou mengs estével na proporcdo em que. as foreas represivas agiam menos ov mais ativamente con- HWA. Dessa forma, o quilombo é o centro organizacional a quilombagem, embora outros tipos de manifesagzo de rebeldia também se apresentassem, como as querrilhas e di- vversas ovtras formas de protesto individuais ou coletivas. Entendemos, portanto, por quilombagem uma constelacto de movimenios de protesto do eiS#o, iendo como centro organizacional 0 quilombo, do qual parSaii”6U par couvergiam e s€aliavam as demais formas de tebeldia, Tncluimes, por este motivo, no coneeito geral de qui lombagem outras manifestacdes de protesto racial e social, que culminaram com a grande inssrreigio de-1835-enr Sale: vador, que tanto Panic provocou entre as autoridades, for $25 militares'e membros da populapio. Isto se explica nfo orien porque esses movimentos eancipaionisas esxa- Sos Seinserem ha mesma pauta de reivingicasoes dos. ai TRaoIss, mas também porque esses negro urbanos conte- ‘am edie allados 0s escravoscefugiados nos diversos qui- Joaibosexstzates na periferia de Salvadar. Igualmente de. ‘eed ser includ na qulombagem o bandoleiism 3. Bastiinas de Campos (cullorbes oxpanizados pos abo Feionstas daguele cluace) Fontes: avers , eeardenadas pale autor, [RIO GRANDE 00 SUL 1 Quitembo do neg Licio ha dos Mariaheres) 2. Quilomae ge Ao10 3 Quilombo oa serra cos Tapes 1 Quitomae ge Manus! Padeiro 5 Quilombe go nunilpia de Rio Pardo 8 Quitombo na serra do Distro de Couto 7. Qullombo ne muniisio de Montonagro Not: intetogsedo poste depois de qullorbe de municigio {de Montanegro signifies que as fontesInformatvas ado eto tonelusivas quanto & sua exstenca: © guilomto ce Manuel Paceito @chamado, em algumas fates, do Marvel Peseta, Fonte; Mats Funo, Joss Maro. 0 escrava no Alo Grande fo. Porto Alegre, Escola Superior ce Teoiogs So Lourengo te BringoeleDUCS, 1088. SANTA CATARINA 4 Quitombo da Alsges (Legos) 2" Qullombo da Eraeass do ito 3. Outras quilombos menores "que devem ter d3co multo trabalho” Fonte: Puzzs, Wattr.O escrava num economia minituncté+ ‘ia, Sao Pavlo, Rasenna UnversitéraUDESC, 1975. ‘8K0 PAULO 1 Quilombos dos Campos de Araraquare 2. Quilombo és cechoeira do Tambau 5. Gullembos& margem dorio Tie, no carinno de Culebe 4 Quitombo eas cabecetras do lo Corumatel 5. Quilombo de Noji-Guagu 5- Quilombos de Campings 7 Qullombo de Atbala 8. Qutlombo de Santos ERR ETRE NN 8 Quilombo da Aldea Pinnalios 107 Quilomae de Juncla! 11 Quilombo de lapatininga 12. Qullomba 6a tazenda Manjoliho (S80 Carlos) 13. Qullomse 46 Agua Fria ; ullomse de Praciosba i 15- Quilombo do Apal (de José de Olveir) 138-Quitombe do Sitio.do Forte. AT Quiombs do Cangueu 18. Quilombe do temo de Parnaiba 18. Quilombo ca Freguesia de Nazaré 20: Quiiombe de Sorocabe 21 Quilombe ao Coruna 122 Quilombe do Pal Felipe 1 Quilombo do Jabaquara Fontes: lversas, coordenadas pelo aut. senaiPe + Quilembo ce Capela *Quilomts és labsiana * Qullemes de Ovina Pastors + Quilombo de aporangs “Quilemee do Rossrie 1 + Quilembo do Engenho do Bro “avilemes de Laranjeae ‘Qulomes de Vila Nova 8 Quitombo de S50 Cristo 10- Guitombo de roi 11 Quilombo de Breje Grande 12 Quilombo ds Estanein 13. Quilombo de Rosario 14: Qulombo de Santa Luiza 15- Qulombo ae Secor 18- Quiombes do lo Cotinguiba 1T- Quilembe do vio Vaza Dare Fontes: Frovatsno,Aslosvalde.O negro @violénola do bran ‘ <0, Fi de Janelro, Joss Avvates, 177, Modha, Cleve, Reba. libes de senza. 4. ec. Porta alegre, Aeroads Abert, 1888. Morr, Luis RB. Pardos epretos em Seraipe (17741861). S=- perata da Revista do Insntuto de Estudos Brasieros, S80 “Paulo, 1976. Saveur, Aluysio. O2 quilombos do Cotngule ‘Seva, Salvader, 0), — — a Essa pequena listagem bem demonstra como a quilom- bbagem era um fenémeno nacional, Convém salientar que 1, fator de'mobilidade social horizontal permanente. Po- demios ver uma corrente migratéria quilombola para as fronteiras, especialmente rumo as dos paises vizinhas, des- tacando-se, neste sentido, a que demandava as goianas. Esse movimento migratério chegou a impressionar e preo- cupar as autoridades e politicos, tendo Tavares Bastos a tle se referido como um elemento de fragueza militar. Diz ele nesse sent © govern oriental na itima guerre (186) expediraemissée fos para sublevarem os escravos ao lo Grande. Na Cruz A ta-em Taqusr! outro lugeres Rowe por isso tontaivas ds Ineureigao. Munoz ¢ Apparile, chetes crlentals, invedingo Seuela srovinla prosiamaram que vinnam der libersade aos s2erev08, 0 ultimo relate do Ministero ca Justiga ation! Simaneice de alguns arentels as tentativas de Insureigao fm Taim e Tagua. 'Além cleso, ro tempo de pa, #fuge de escravos pa ra.08 tertriogvizinhos € outros fat promovem confitos nie 26 auloriades @ amarguraram algumas oe nossas ‘questdesinternacionai. Anda ha pouco, nticia-ce do Nor {ha fuga ge aecravoe o slo Amazonas pera 0 taritorio do Peru o uma consiaerave evasdo ce out do Pard para ‘ torrteno ga Guiana Francesa ou para c terreno contests: o do Amand. Como vemos, os escravos fugidos se acoitavam naque- les paises onde nilo havia mais a escravidéo, criando, em conseqiiéncia, varios problemas diplomiticos. Por tudo is- ‘to, a quilombagem — até hoje estudada como um elemen- to secundaria, esporddico ou mesmo irrelevante durante a 5 aos, Tavares, Resp uma cara de Chanerovow da Astslvery Soaks. In Canenno, Editon. Ancolopi do nero Base. Por ‘Ales, Globo, 1950 B.2, 2 escravidio —, & medida que os cientistas sociais avancam nas suas pesquisas, demonstra ter sido um elemento dos thais importantes no desgaste permanente, quer social, eco ‘Omico e militar, no processo de substtui.se o trabalho es- ceravo pelo assalariado. 4 A variavel cultural ‘Mas o negro nao apenas povoou o Brasil e dew Ihe pros peridade econdmice através do seu trabalho. Trouxe, cam: 14s, que deram 0 ethos fundamental da ~ Vindos de varias partes da Africa, os negros escravos touneram as suas diversas matrizes culturais que aqui sobre viveram €serviram como patamares de resstécia social 20 regime que 0s oprimia e queria transforméclos apenas em ‘maquinas de trabalho. Em todas as areas de trabalho os ai- ‘anos incorporavam os seus modos de vida — a sua religfo, ndumentdria,cozinha, musica, sistemas de regadio planta, doe ourras_manifesiagdes mais entigos do nosso territério,indios e portugues. ‘Com a insalacdo de um governo despético escrevis capaz de manteraordem contra.as masilestacdes da quilazs~ Dbagem, as suas diversas culturas foram, consideradas primi _ tivas, exotics © somente consentidas enquania_esiveiien 00 0 controle do aparelho. dominador. A exteriorizapo um periga. social, prac: a inn parts coo fo, colocar os nezros (seravox alive) <0. ie de bit, 16 Recife, eo comportamento posterior da estrutura de po- er politico que se formou apés a sua eftmera vitoria. De- pois de cerem usado os escravos como combatente, a0 to- rarem o poder, os insurgentes vtoriosos,diante do murmi- rio dos latifundidrios escravistas de que seria decretada a abolisfo do trabalho escravo, apressam-se em lancar uma proclamacto capitulacionista, na qual afirmam: SS ee Petrotas pemambucenos! A suspaia terse insinuado nos 5 ream que a baneicatendénca da fi tem por fim & emancipagio incle craves. © governo thes persoa (sido em sentimentes gener ‘08 ndo podem serectar que. homens, par mals ou menos ‘eetadoe, cegenerassem do orginal tips de igualdads, mas esta igualmente convencido de que « base de toda sociede: e regular ¢anvclabldade de qualguorespécie de proptie- {ede impelid destas duns forae oposias, desea uns emer ‘ipagso que nBo permita mais lawarehtre cies o cancro da 3 Nasuco,Joequim. O eboconmo, So Paulo ¢ Rio de Jeno, Nex ‘ona Cvzado Bras 1938. 122 is, aguas, log. © gaverne nao ‘engena ringubm; 9 coracde eo Ine sengra a0 ver longinqua ive bpoca tho Intareseante, as no 2 aver prepésira. Pa: {Wotas, voosea proptiedades ainda as a's opugnantes 20 ideal de juctiga s0r80 segracas: 0 Govarno nord melos de di rminuire mando fee Sesser pea foes. Q liberalism eseravita, que marcou como jdsoloxia quase todos os movimento &¢ mudanca social quer no Bré- Gi-Cotbnia, quer no Tmpétio, declrava-se defensor da es. spesar das restrgdes de ordem flostica aue o conteiido moral.da.sua existéncia. Ao defen. de naa slasse sca do direito Asia diate Ald, sta srt uma consante do ibereismo osera Bier provetarse da disposeto dinken dos esravos zo sentido de mar o sistema de prodso vigentee, pos- {erlormente, descarélos da composieao da nove etrtura Sz poder, conservando a nsiiedo escavisa ssa tice de case senhorial de usar 0 negro como anasta de manobra vem desde as has conta os holandeses { ontinuaré poseiormente. Nas Ines pla consolidagdo ds independbnca mesmo quadro se ep. Parte dae avatar tar, ou sob a8 ordens doses sebores ou por vontade propia 20 lado das Aires independentsas Bias, a Independencia tambem noo ibertou, Conquista-se a Independéncia, conserva-se a escravidao. Conforme vimos, logo depois do grito de D. Pedro 1 articularam-se os mecanismos politicos que iréo organizar ‘0 novo tipo de Estado, Enquanto isto se verificava, havia necessidade de se organizarem micleos patricticos para con-~ solidé-la miitarmente. Eo negro foi mais uma vez mobili. _zado, Qs eseravos, no entanto, nfo aceitaram passivamente ° situacdo de Files obicias-mandedos pelos seus Serbo ‘5, € MUS Fogitam para as matas, engrossando 0 COmtI- gente di qullombagenr que ya Stata. SEEN Tefuminds OIE dizer queo clehento nero (e cxavo ou live) is de com. ‘exe quarto. formas fundamentals de com, Portamento: 1) aproveitou-se da confusdo e fugit pata a8 ‘pendendia para c Zar GOS 0 fora prometica; 3) Iutou por simples obediencia aos SERSEHEES £4) pectipou ao lado dos poraguess ‘Quanto & primeira forma de coniportaiienio, a8 auto- cidades pAo tiveram divides de reprimile com violénca ‘A defeva da ropriedade escrava, da niesma foima como” nos movimentos anteriores, apresentava-se como medida portria (0 Governo Provsérojque se instlara na pro- Wincia procdZaW a@zarelarse contra os prejuizos que esas Togas contauadas representavam aos tenhores e contra 0 petigo gue Sigificvam&ordem social baixando as egine ‘ex naxmas nara secem obedecidas sem FESEVa : +) Que toga» quaiquer pessoa que ive? om esu poder algum feseravo que por legltimo tial he na gertenga,o entre {Ge 20 seu vercadeiroserhor ,lgnorande cuem ele 3 ‘logo recolner # cedela mals wanna, etregandoo 80 Joie respective; Ito no prazo ea quinze dias desis da Dubiicegdo cost, abavo das pones estabolecidae cota 06 receptores dos escravos slneics, 2) Que todos 08 Juiaes ¢ Capiles-Moresfagam a mais exa- ‘aindageedo para cescobram tals aecravosefazeics prem Cer Revoinidos que sejam 2 cadela, cargo conta pels S Cretara deste Govern remetenco una lista circurstancia (ca a qual se declare os names, nagse e einsle cos co Dreditos escravos e a quem partencem, sends que eles 0 ontassem: outtossim declarer os vorcimentoe cue tive: om 08 Capiteee cota ou quem os for ponder, 08 qual {Se deverdo regular pla dlttnla tm que fore” provost ‘Som relagio’& morada dos reterdos CarltaescoMato, na conformidase do seu egimente @o aie em que forer recolidos & oedeia& fim de esberee 9 quanto tem es Pendle o carcerire em eomederias, 0 que todo se fz b+ Biico pela folha que chogue noticia dos sous conos, 19 Que tocos ot propriotarios de Engenhos # Fazenda ince. {quer se nas evas foras ge acolher slgurs destososara ose os Tarda prender 0 remote’ a cacea vient; endo (0 podendo proncer, por so racolPerem ae matas, eter lo. Mores» Jules, declrende 0 ugar Awravds de medidas como estas a classe senhorial re. suazdavacse das posiveis aides de rebelde dos esravos, ‘mesmo usando-0§ como. massa de manobra miltar contre pes perusal Laas ni stra. "Toda essa participasio do fiegro nos movimentos so- clais e politicos resutou, sempre, em uma experigncia frus- wade. Uma reptiblica de homens livres no Brasil escravista ‘Uma exces, no entanto, deve ser fita: a sua part acto na Repiblica de Piratini. Em pleno regime escravis- se durante o Segundo Imp, os ett Hs Derdade durante os anos, de 1 BM momento ‘tm que, 70, resto do Brasil, eles Tavam de armas bas mos nos diversos movimentos da quilombagem que marca-_ am aguele periods.” ‘Referimo-nos a sua participagao na Revoluco Farroy pilha e na proclamapdo da Repiblica de Pirstini que oct ou o espero seoHaice 06s sais Estados de Santa Cat "pod aka, Bris do, ado, Progreso, 937, Toot Sterépell"! | asenmnamtntOtmt: “Giliowea “Yo, José Siscépel" rina, Parand e Rio Grande do Sul:.A participasio dos es. por Bento” cravos nessa repiblica separatiste proclamada oncalves tina, a0 contrsrio. (os movimentos, a Sua razao de se “Sendo 8 Movimento Farroupilha dellagrado por estan- ‘deizos ou grupos © rr ‘ou econe- ‘icamente e no sendo substantivo o trabalho escravo pes- se tipo de atividade, 95 (res no encontraram iculdades.em alforriar os seus escravos, gue passaiait FF iberne eres tote da mato Gagajado aa “pede apes, OCEAN Escrato ait redo oi ‘8s tds provi insurgentes nfo receberam um coa- tiageme demosréfico african considerdvel em relacdo a ou- tras, como Rio de Janeiro, Minas Gerais, Permambuco, Ma- ranho e Bahie, embora 0 seu coeficete tena sido berm maior do que se upde. 0 tipo de economia pastor eta- tha presindia do excravo ou 0 usava em quantidade bem inferior & dos engenhos de apioar do Nordeste na mne- racio, Por outro lado, os rabalhos agricola, espeiamente da erva-mate, também nfo eram de natureza a exigir uma oncentrasio de bragaseicravos como a que a esonomit dos engenhos ou 2 da minerasto impunham. Alem disso, devemos salientar que, nas regides fronteirigas, havia sem- reo pergo deo ezrevo fuse ara outos pales, Da nto terem as camadas dirjgentes da Repiiblica interesse em santer a ecraidio. O Rio Grande do Sol inh, na epoca, 100000 negro nasa populasdo de 36000 habitats, © escravo nesro paricipou nese epissdio como aia do lite, qango visis 2onas de prigo militar para os4-_ etdoo om odatas 4885 combate, Ele no fi, taibéa,” “Gr alado de itima hora. Desde a tomada de Porto Aleere pelos farapos, quando se inci &revola,o ecravo esr Escard presente, egatando a sua berdade com ees nas “Toads os depot ai Gus 8 Heo ToL iegasse oupilha era

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