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MONOGRAFIAS DE MATEMATICA. N37 FORMAS DIFERENCIAIS E APLICACGES MANFREDO PERDIGAO DO CARMO INSTITUTO DE MATEMATICA PURA E APLECADA : Rio de Janeiro 1983 REPRODUGAO DO CURSO. do 82 COLOQUIO BRASILEIRO DE |, MATEMATICA - Pogos de Caldas, MG, dé 05 a 23 de julho de 1971. Nathan M. {esgotado) Mittredo P. Carmo - Thtrodugio 4 Geometria Piferencial Global Sos introdugée A Algebra Linonr (esgotado) das Probabilidades . Joao Pitomboira de Carve Pedro J. Fernandez ~ Introdugfo & Teor: Ric, Robinson - Locsures on Hamiltonian systems Manfredo P, do Carmo - Notas de'Geometria Kiommanians eee? fdnig = andlise Functional eo Problema de Sturn-Liouvt11e Nelington de Moto - Estabilidade Hetrutural am Variedades le Dimensio 2. eee rcomes = Teoria das Distribuigdes e Equayses Dirorencials Clévis Vilanova ~ Flementos da Teoria dos Grupos e da Teoria dos Anéis Sean Claude Doual - Cohomologie ibs Groupes : We 'miaine Lawson Jr. = Lectures on Minimal Submanifolds, Vol» 1: Elon L. Lima + Variedade: Diferencidveis Elon us shies 2 feoremes de Q-aatabiiidade © Estabiiidade Estrutural em Variedades Abertas . Herbert Amann - lectures on Some Fixed, Point Theorems Exereicios de Matematica - IMPA - vol. T Djairo G, de Figueiredo = Numeros Irracionais © Transcendentes Dining onan = Una Introduydo Informal. & Topologia das Superfiose: Sinrecds P. do Carmo'- Notas dn um curso de Grupos de Lie Ao" prestel - Lectures_on Formally Real Fields Aron Simis - Introdugéo & Algebra . Jaime Lesm = Seminario de Anélise Funcional Jaime Loaue® oun Stability and Perturbation Problem for Differential and Integral Equations Lucio Rodriguez - Geowetria das Subvariedades Mario Miranda - Frontiere Minime |” Marie ib Cardoso « Resolubiiidade Local de EquagSes Diferenciais Parciais . Pborhara Becker -, Hereditarily-Pythagerean Fiolds and Orderings of Higher ‘Level . Hyman’ Bass.-.Projective Modules and Symmatric Algebras }. Neyman = Probabilidade Freqtentista Sstatistica Freqtentista Freddy Dumortier - Singularities of Vector Fields Pi. Viswanathan ~Introdugao A X1gebra e Aritmética Fi javier Thayer - Notes on Partial Differential Bauations Edwand Bierstone — The Structure of Orbit Spaces and the Singularities of Equivariant Mappings F, Javier Thayer - Théorie Spectrale Manfredo P. Carmo -.Formas Diferenciais e Aplicagd APRESENTACGAO Estas notas nasceram de um curso sébre o método do triedro mével dado em 1969 no IMPA, Keti Tenenblat tomou notas das exposigses orais e fez uma primeira redag&o, que foi utilizada em um curso no IMPA no perfodo de Verao de de 1971. Esta segunda redagio foi preparada tendo ém vis- ta a sua apresentagho ao 8° Coléquio Brasileiro de Matemd tica. No Capitulo 1, introduzimos as formas diferenciais em R™, iste capftulo pressupbe apenas conhécimentos ele- mentares de Cdlculo no Rey @ pode servir de base a um cur so de formas diferenciais para profissionais que utilizam a matemdética como instrumento. O Capitulo 2 apresenta as nogtes fundamentais das variedades diferencidveis, dando énfase & dimensfo dois. # itil que a leitor seja familiar com a nog&o de superfi- cie regular do RB, No Capitulo 3 introduzimos a nog&o de variedade com bordo, e demonstramos o Teorema de Stokes ¢ o Lema de Poin card, A partir déste material bésico, poderfamos seguir uma quaiquer das poss{veis vias de aplicagtest Topologia, Geometria Diferencial, Mecanica, Grupos de Lie, etc. Es- colhemos a Geometria Diferencial. Assim, no Capitulo 4, desenvolvemos o método do triedro mével de Elie Cartan, para dimens&o dois, e no Capitulo 5 apresentamos a demonstragao de S.S. Chern do teorema de Gauss-Bonnet (diinens&o dois). Dentro do mesmo espfrito, hd um apéndice, escrito por Rubens Le&o, onde se demonstra o famoso teorema de Hilbert sébre a inexis- téncia de superficies completas em R? de curvatura cons tante. negativa. . Finalmente, no Capftulo 6 demonstramos o Teorema de Frobenius sébre a integrabilidade de sistemas diferen- ciais em involug&o. Mau grado o nosso plano inicial, tivemos que dei- xar de lado certas aplicagtes 4 Topologia que incluiam: formas harménicas, dualidade de Poincaré e teoria do graw Uma parte déste material (incluindo uma demonstragao do Teorema de Hodge) pode ser encontrada no Capitulo 6 de £6] A maior parte das mudangas feitas nesta segunda re dagio foram motivadas por perguntas, sugestoes e reclama- gdes dos alunos do curso de Verao do IMPA. A 8les, os aad meus sinceros agradecimentos. Desejo ainda agradecer a Keti Tenenblat, por ter escrito a primeira versio, a Rubens Le&o, por ter escrito o apéndice e a Wilson Gées por ter datilografado os originais. Rio, Maio de 1971 Manfredo Perdig&o do Carmo inpIcE CAPITULO 1 - FORMAS DIFERENCIAIS EM R” ..ceseseees CAPITULO 2 = VARIEDADES DIFERENCIAVEIS ......eee006 CAPITULO 3 ~ INTEGRAGAO E 0 TEOREMA DE STOKES ..... §1 - Integragéo de formas diferenciais ..+e.eeeee §2 - O Teorema de Stokes seeseeeeescerseseeeeeeee §3 - O Lema de Poincard siviseeesseeeecerveeeeeee CAPITULO 4 - 0 METODO DO TRIEDRO MOVEL .......-0005 §1 - Superficies regulares em R> sescceseaeeeecs §2 - Geometria das Superficies Abstratas .yseseee CAPITULO 5 = 0 TEOREMA DE GAUSS-BONNET E © TEOREMA DE MORSE ..¢ §1 - 0 Teorema de Gauss-Bonnet ..+.sseeeeeeereeee §2 - 0 Teorema de Morse sesssseeveneeesseeeeerene CAPITULO 6 = 0 TEOREMA DE FROBENIUS ..--sesseeeeeeue APENDICE - 0 TEOREMA DE HILBERT ... REFERENCIAS . 31 75 15 85 109 117 117 137 163 163 182 196 217 227 -1- CAPITULO 1 FORMAS DIFERENCIAIS EM R™ © objetivo déste capitulo é definir em R™ "cam- pos do formas alternadas", que serdo utilizadas posterior mente para obter resultados geométricos, A fim de fixar as idéias, vamos inicialmeate intro duzir as definigdes em R?, Seja p um ponte de Rr, © conjunto de vetores a= plicados em p, chamado espago tangente de R? rd denotado por R: Os vetores ec, = (1,0,0), ey = (0,2,0) em p, ss e5 = (0,0,1) da base canénica do R? serfo identifica- dos com os seus transladados (ey)ps (ea) pr (e3)5 ao pon to pe Um campo de vetores em R? 6 uma aplicagio v que a cada ponto p¢ R? associa. v(p) € RD v pode ser escrito na forma v(p) = ay(p)e, + aj(p)e, + ag(p)ey - 9 campo de vetores v diz-se diferencidvel quando as fun 3 ghes * R para i= 1,2,3 s&o diferencidveis. Para cada espago tangente R, consideremos o espa- “2: go dual (R3)*, que é © conjunto das fung$es lineares oar? + R. Uma base para (R2)* é obtida tomando (ax3) 5) i = 1,2,3, onde xR? +R 6a projeg&o na i-ésima coor~ denada. De fato, o conjunto (dx, ) p+ Lls< is 3} forma uma base, pois (ax), € (R3)*, e (app (3) = oe, = (isto 6, (4x4) 5} € a base dual de leg) p})- DEFINIGAO 1 - Um_campo de formas lineares ou forma exte- rior de grau_l em Ro & uma aplicagio w que a cada p€ R? associa w(p) € (R3)*s w pede ser escrito na forma w(p) = a,() (ax), + ap (Pars), + 25(P)(4%5), ou 3 we Da, ax, , i= onde a, sfio fungSes definidas em R? © tomando valéres em R; w chama-se uma forma exterior continua quando as fungses a, s%o continuas. Se as fungdes forem dife, ay rencidveis w chama-se uma forma diferencial de grau 1. ; 2773 scacd Seja A (RE)* © conjunto das aplicagées pERSXRD, 4 R dilineares (isto 6, lineares em cada varid- vel) ¢ alternadas (isto é, @(v,,vg) = ~2(vosv,))+ Com as operagSes usuais de fungdses, o conjunto A? (R3) se tor- na um espago vetorial. Be Se , © @, 8&0 fcxmas Liheares podemos' obter” um elemento, A 9, em A2(R3)s, definindo ; 81(%,) 0, (v9) | PAMg(vy1Vg) = det(my(v,)) = Sa(v4) (v5) ots mag - , IX. A t * © elemento (oxi) (ax 5), eA (R5) serd indicado por (ax, A ax 5) 5+ E facil ver que o conjunto { (dx, ndx 5) ried} forma uma base para o espago 0? (R2)* (ste fato serd de monstrado, em uma situaglo mais geral, na Proposigfo 1 a- diante). Além disso, (aes A dey), = -(axy nary), (ax, A ax; ), = 0 DEFINIGAO 2 ~ Um campo de formas bilineares alternadas’ ou forma exterior de grau 2 em R? ¢ uma’ apli cago w que a cada pe R? associa’ w(p) € A°(R2)%; w pode ser escrito na forma w(p) = ayo(p) (axyadx,), + a,5(p) (ax,rax,), + + @3,(p) (ax,nax,), ou «elemento por’ (ax; Aas, iy), we EZ a,.ax, a dx, , fxg 790% 3 onde isfo aplicagses do R? em R. 845 Se as fungSes a. 43. forem diferencidveis; w= é . chamada uma forma diferencial de grau 2. Passaremos agora a generalizar a nogdo de formas diferenciais a R"™, Sejam pé R™, Li o'espago tangen- te de R” ‘om pe (RD)* 0 .seu espago dual. Seja a(R) * © conjunto das fungSes.k-lineares. alternadas: PRG XeeeK RD FR k vézes Com as operagSes usuais a* (RR) é um espago vetorial, Se Dy reer sy sao formas lineares, -podemés obter um ele- mento 91 A Py AveA O, de ak (Rt)* definindo _ (PP>Py Mae eA OM) (VyeVgr eee e%) = det (%,(v5)) Decorre das propriedades de determinantes que Pino A rh é de fato kolinear e aiternada. Em parti- “cular, (ax, Yo Reved (Ax, né ak Rp indicaremos éste iy dye PROPOSIQRXO 1 = 0 conjunto { (ax, as )ple iyst < € “Qa, a, forma < ... Aya39%, A dx2 A ax, + dyp,dxy A ax,! A * ae, + age: AAR, A ax #aggygdey a ‘dx, 8 fx, ely 4-formas = 812384 a 8X a “ax, ax, ky A De agora om diante, sé trataremos de formas diferenciais«:,: Se ow o ~ sfo duas k-formas: ge Se w 6 uma keaforma e 9 uma s-forma é possivel definir uma operagio, chamada’ produto extérior w A-9, obtendo uma (k+s)-forma da seguinte maneira:’’’” Xsie<-J,+ ‘Por definig&o wA@= EZ ayby dx, A.dxs rg PUT J A operag&o de produto exterior goza: das ‘seguintes propriedades: PROPOSIGAO 2 - Se w ¢ uma k-forma, ‘¢ uma: s-forma oe: a) (wae) AP aWA (pa @)s. at ») wae = (-1)8 oA ws co) wa (@ 48) = Demonstragio: a) & c) s&o simples verificagSes. Para de- mostrar b) procederemos da maneira seguinte. Seja we Rapaxy e ® = E bydx onde I= (ay 1c) e J = (Syrererdg)+ EntSo, WA @ = E aby dx, A dxy AveeAdxs A Ox; AdKs Nee sAdx ag 2 say ig ye jy Sz dg = E bia (-1) dx, Adx, As. Aa. Adx, Adx, Adx, ta %F 1 72 fyer Jn 92 A Adx, AvesAdx, A 4. dea A Repetindo o, mesmo raciocinio para cada dx, , ‘iy € J, com . ie mo J tem s elementos, obteremos wanes by byaz(-1)** aay Aas Mo ashes ; = (-1)** DA We EXEMPLO 2 ~ Seja we xy dx, + XyIXp + xg9%3 uma 1-forma em R? e seja @ = x14, A dx, + dxy A dx, uma 2-forma em R°, Ent&o, Ky ARAAK ADK, + Hy dx ,Adxyndx, = = (xyx4-%g) dey A dx, A dx, + -9- OBSERVAGAO 1 - Embora dx, A dx, = 0, pode ocorrer que ‘para alguma forma diferencial w tenhamos “wa w 40. Por exemplo, sé we x A dxy'y 1 dx, A dx, i+ xy dx, ent&o WA Ws 2x1 x2 dx, A dey A dx, A Amys OBSERVAGAO 2 -.A definicg&o do produto exterior ¢ feita de tal modo que se Byres Dy sfo 1-formds, ent&o 0 produto exterior 9, A...A 9, coincide com a for ma anteriormente definida por: j/\.. AM (Yr oes 1%) = det (9s (v5 ). A -verificagio déste fato é imediata e se- ré deixada como exercfcio (Exerefcio 2). Seja £:R™'s R™ uma fungho diférencidvel. A apli- cago linear af ptR * Regimen uma transformago linear k,; gm kyon PHAN (R. * AS(RS)* BeAN(RE(py)* > AMER) que para cada. € M(RE(py)* associa f£X(p), definida da seguinte maneiras (£900) (vgs eeeemy) = OCGE (Hy) see ot (M4) ) Vy reer €RE* Fazendo o ponto p variar em. R",; obteremos, uma. aplicagSo £* qué‘ieva k-formas de, R™ em k-formas de R'. Conven- ciona-se que ey f£*(g) = gof, se g ¢ uma O-forma. -10- . Vamos mostrar que a operagao f£*' é equivalente a uma "“substituigSe de varidveis". Antes précisamos obter algumas propriedades de f*. PROPOSIGAO 3 - Se £:R"4 R™ ¢ diferencidvel ent&or “2 £#(wy) 4 £*(wy), onde wy +¥2 sfo k-formas b) f£%*(gw) = -£*(g) £*(w), onde g & uma O-formae w é _ uma k-forma de R™. e) £*(wyaws) = £*(wy)-A f*(wy), onde . Wy+Wy s801-for- mas ‘de’ R™, DemonstracgZo: Seja pé R™ © visVy, e RD + Ent%o a) £*(w tg) (P) (ype a%e) = Gey tyg) (F(p)) (lO) sees at, (y)) = wy (£(P)) (dt (yy) eee rdt yy) + wot (B)) (aE, (vy acne rdty (mye) = 2k CWP) (Ypres 1%) + £*(wy)(P) (Vy see ery) b) #(ew)(p)(vyseeeoyy) = (ew)t(p) (28, (vy) 4060 98Fy (%%)) = (e £)(p)f*(w) (p) (vyree eee) = £*(g)(p)t*(w)(D) (vys eee My) + w c) Omitindo a indicagio do ponto p, teremos E(w yMwg) (¥ys¥q) = (wyhvy) (Af(¥,) 1@e (vy) = -11- wy (ae(4)) w, (at (vy)) . wo (dt(v,)) wa(at(vy)) : few (v4) : ftw, (vy) , P4u,(vy) £% 45 (v9) , = (f¥)) A (£%Wo) (vyrvy) « OBSERVACAO 3 - 0 item (c) serd obtido mais adiante para formas w, ¢ Wy quaisquer. Podemos agora dar a prometida interpretag&o de f*. a Seja f:R™ + R™ uma aplicacko diferencidvel que a cada (x, 1+609%,) € R® associa (y,,-++,¥_) € R™ da forma L cs - L mm ye file oe +%,) (*) Yn = fy(xyreee +%,) “12- Se w=Zajdy, 6 uma k-forma em R™, usando as proprie- I : dades de f*, temos que ftw = g £*(a,) te(ay, ) Reed er(ay, ) . Como ex(ay,)(v) = ay,(ae(v)) eealyze £)(v) = aty(v), obteremos ftw = z ar (ty, 1%,)> 2f,,(,5 2x,)ae. shereh ats. onde f, e df, ‘s&o Fungdes de xj° ‘Portanto aplicar f* a w, equivale a substituir em w as varidveis y, ¢ suas diferenciais dy, pelas fungdes de x, e@ dx, obtidas de (*). dpseRVAGho 4 - Em'muaitas situdgbes é ‘conveniente usar for inag diferenciais definidas apenas em um a- berto UC R™ ¢ nfo no R” inteiro. B claro que as defi, nigdes e propriedades anteriores se estendem trivialmente a esta situagho. to EXEMPLO 3 - Seja , f:U ¥ R?,/-UC R?,:a aplicagio que a ca da (r,0,9) € U associa f(r,@,p) da seguin -13- te forma x =r sen 6 cés p a 4 £(r,0,0) = sy sen @ sen 9 : (2) N " " cos @ onde r>0,0<@ 1 mp Wa Efetuando as substituigses e simplificando temos final- monte f£*w = sen.6.d@ A dy. Observemos que o item (a) da Proposigée 3 afirma que a adig&o comuta com a substituigao de varidveis. A seguir vamos mostrar que o produto exterior de duas for- mas diferenciais quaisquer também comuta com a substitui gio de varidveis. m PROPOSICAO 4 - Seja £:R" + R™ uma _aplicag&o diferencid- vel que a cada (x,,+++,%,) € R” associa (vyre reat g) = Eppes akg) ered Syeeee omy) € RS a) £*(wap) = f*w A £%p, onde w e s&o formas dife- renciais em R™, . vb) (fo e)*w = et(f*w), onde g:RP 4 R" 6 uma aplicagho diferencidve’. =15- a) se w=Zay, ¢ 9» E yay, wA®= ZT ajbidy, a dy, . ty Poor J Portanto, £*(wAp) = wy ag(fys-+.rf,)b5 (Fy, , ( z ar (free er tg laty AE b(fy> sf,)afy A af; = 2f,,)4£5) = " ftw a LDL b) (f0¢)*w = zg al (fee) pre ees (fee) ) a(feg)y = E az(t (epee 18,)> see fglBys s+98,)) af 7(d8, wer de,,) ax(£*(w)). ceqed, OBSERVAGRO 5 - 0 item (a) cumpre o prometido na ObsorvagSo ue Vamos agora definir uma operag&o sdbre as k-formas diferenciais, que generaliza a operag&o de diferenciagSo para fungdes. Se. f:R" 4 R é uma O-forma (fungho diferen cidvel), ent&o a sua diferencial n at df= 5 $= ax, — dan 0%, Ft é uma l-forma. Queremos definir, por analogia, uma opera- -16- g&o que leva uma k-forma em uma (k+1)-forma. DEFINIGRO 5 - Se w= 2 a,dx, & uma k-forma, definimos a rT diferencial exterior de w como sendo a (k+1)-forma. dw = E day A dey + EXEMPLO 4 - Dado w = xyz dx.+ yz dy + (x+z)dz vamos cal cular dwt dw = d(xyz) a dx + d(yz) a ay + d(x+z) a dz = = (yz dxexz dy+xy dz)adx + (2 ayty az)ady + (dx+dz)adz = -xz ax a dy = y dy A dz + (1-xy)dx A dz. A seguir, veremos algumas propriedades da operag&o de diferenciagSo exterior. 0 item (c) abaixo 6 provavelmen te a propriedade mais caracterfstica da diferenciag&o ex- terior e o item (d) significa que a operagao d indepen- de dag varidveis escolhidas para representar W. PROPOSICAO 5 a) a(wy+wy) = dw, + dw, onde w, © Wp so k-formas; ra b) d(wyawy) = dwiAw, + (-1)* wjadwy, onde k-forma e wy uma s-formas ce) a(aw) = a w= OF a) a(f*w) = £*(aw), onde w é uma k-forma em Re erp" 4 R™ uma aplicago diferencidvel. -17- Demonstragao a) Sejam wy EZ bydx, duas k-formas. F Pris Ent&o, Wy + Wy = z (aytby)axy a(w, tw.) = z dayndx, + y dbjAdxy = dw, + dwy- b) Sejam wy = g a,dx, uma k-forma ew = a by dx, uma s-forma, Ent&o ° : wg = Fy apby dxyhdx, - Portanto, a(wyAws) = rs A(apb;)Adxrdxy = = By day byhdxynany + P; ay dbydxiAdxy = = dwjAwy + (aye e 4! ay dx;Adby A dx,” = = dw) A Wo + (-1)* a Wy c) Primeiro faremos a demonstrago para uma, 0-forma £:R" 4 R, que a cada (xy, »x,) € R™ associa F(xys+++0%,) € Re Neste caso in :d(df) = az, af ag ya ayy = | n n (= ate ae Ak = = a ax, = aba ‘jen BxPxy 5 “ 3) 2. ate at, 3a3x, ax jndx, + 23 as, ax ax, A dx, + -18- Como ate aze Ox Oy dx, A dx, = dx A days concluimos que d(df) = 0. Suponhamos agora que a(aw) = 0 para uma k-forma w} vamos provar que o mesmo se verifica para uma (k+1)-for ma, Para isto, basta provar o resultado para uma (k+1)-for ma do tipo wa oxy, pois qualquer (k+1)-forma é uma soma finita de formas déste tipo e, pelo item (a), a diferen- ciag&o comuta com a operag&o de. adig&o. Usando a. propriedade (b) temos que a(d(wadx,}) = d(awn dx, + (-1)* wnat: Como x, 6 uma O-forma, ddx, = 0; portanto a(d(waax, }) = d(dw nax,} = ddw a dx, + (2) 842, dw A ddx, = 0, Pois ddw=0 e¢€ ddx; = 0. da) A demonstrag&o desta propriedade serd feita de maneira andloga 4 anterior; isto é, primeiré provaremos o resul tado para uma O-forma g:R™ +R © em seguida, supondo © resultado vdlido para uma k-forma, provaremos que éle -19- é verdadeiro para uma (k+1)-forma. Seja g:R™ + R uma O-forma que a cada (¥y,++4¥,JE € R™ associa g(yy++++1¥,)+ Ent&o, eg yer te pi 21 by OME i dyy 5 O%5 u » * CI £*(de) a(e*e) . Suponhamos agora que d(f*w) = f*#(dw) para w uma k-forma. Para provar éste resultado para uma (k+1}-for ma, basta provd-lo para uma do tipo w A dx,, pois qual- quer (k+1)-forma é uma soma finita de formas déste tipo e tanto f* como d comutam com a adig&o. Usando a proprig, dade (b), temos que £*(a(w a ax,)) = P*(aw a ax, + (-1)%w a aax,)) " £¥(aw a ax,) = = £*(dw) a £*(dx,} . Por hipétese f¥*(dw) = d(f*w); portanto f*(a(w a dx,)) w a(f*w) A £*(dx,) eo. = a(f*w a £*(dx,)) = a(e*(w a dx,)) . c.qed. -20- EXERCICIOS 1, Prove que uma aplicag&o bilinear eR?xR? +R 6 alter nada se © simonte se @(v,v) = 0 para todo vé Rs 2. Prove a afirmaglo da Observagao 2. 3. Prove que se i, < ig < ent&o ax, A wee Adx, tes peveres d= 1 «SL hc 0, nos‘outros casos. Sugest%o: Considere o determinante a = Idx, (oy jl. Se in Se > dye ent&io, iy >...> ip > i, > dy» isto é, ax. O, para 4 = 1,.. 4 3 se i, < Jj, ent&o ay? 5, 1 2 dy Deee® dg > Jy > ays isto 6, ax, (5) 0, para n= 1,...,;k. Bm qualquer dos casos, a = 90 se 4) #é dye Admita agora que i, = Jj, © ig > doe Entio Ay ener ig> >dp @ 4y #é Jg+ Portanto ax, (0 4,) = 0, para 4b = lywyk isto 6, a = 0. Q argumento prossegue sem dificuldade. 4, Seja uma k-forma diferencial onde k ¢ um niimero impar. Mostre que @ A @ = 0. 5. Sejam $, 4 e © as seguintes formas diferenciais em Ry > = x dx -y ay $ = 2 dx a dy + x dy A dz, 8. -21- @ = zdy. Calcule: a) oat b) @A GAY ec) af, dye dee seja $:Uc R™ + R™ uma aplicac&o diferencidvel. se men, w 6 uma p-forma em R™ e p>m ento mostre que $*w = 0. Seja w a 2-forma diferencial em R2" definida da soguinte maneirat W = Ax NdKy + AxQAdx, teret BQ_.4 A Gay + Calcule o produto exterior de n exemplares de we Mostre que se a aplicag&o diferencial esR™ 4 RD 6 dada por ie e ' 3 £4 (% pax y0e +e Ry) Yq = fg(xpXgeee +1,) Yp £y(eyrXgeeee »x,,) e wa dy; A dyy AveeA ayy) ent&o aly pV gree1¥n) a(w) eam) BGeprkQree een) ax, A ax, Aree ax, = + #226 = det(af) dx) A dxy AeewA ax, 5 9. Uma aplicaglo diferencidvel £:U + R? de um dberto U de R? ¢ uma transformac4o de coordenadas em U, se f é biunfvoca sébre o aberto v=f(U)c R? e £7 é diferencidvel em V. Mostre ‘quer a) Se w € uma forma diferencial,em V, ent&o, (£77)# (2% (07)) = we .b) A aplicaglo £:U + R?, dado no Exemplo 3 por x =r sen 8 cos @ " f(r,O,p) = y =r sen ® sen @ z rcos @ onde U 6 dado por r>0, 0< @< e O<@< an, S uma transformag&o de coordenadas em U; se w éa forma diferencial do Exemplo 3, mostre que dw = 0, usando (a), e a expresso de f¥*w caiculada no exemplo 10. Uma fung&c (x,y,z) € RB? § dita homogénea_do grau k se e(tx,ty,tz) = t%g(x,y,z), t > 0. Prove que: a) Se @(x,y,z) .€ homogénea do grau k e diferon- cidvel,ent&o (relag&o de Euler): ke(xy,z) « Sugest&o: derive, -g(tx,ty,tz) = t¥g(x,y,z)- em rela- -23- glo a t e faga t 21. “b) Se w €& uma l-forma diferencial wsadx +b dy +c dz, tal-que.dw=0 e. a,b e c s&o fungdes. homogé- neas de x,y,z. do grau k, ent&@o..w = df, com xa_+ yb + Zc + fe ° SugestSo: Observe que dw = implica que ab _ 3a ae ab _ ac ab _ dc dx “By? dx ga = az? 82% By e aplique a relagio de Euler. c) Se o 6 uma 2-forma diferencial oO = a dyadz + b dzadx + c dxady tal que de =0 e aj;b e ¢ s&o-fungdes homogé- meas de -x,y,;z% do grau k ent&o, o = dw, com ajay +'(ya-xb)az = (zbaye)ex + (xe +o . w i. 11., (Lema de Poincaré para 1-formas). Seja uma -1-forma ait ferencial w em um aberto, Uf R?. dada pel expres - sfo w= a(x,y,z)dx + b(xyy,z)dy. + c(x,y,z)dz ».e@.tal que. dw-= 0 em U. Seja p= (0,0,0)¢U e B(p) c Uo interior de uma esfera centrada em p e rahe contida em U, Defina f em B(p) por: a 3 £(x,¥,2) -[ (xa(xt yt, zt)+yb(xt,yt,2t)+ee(xt,yt,zt)) dt Mostre que df =w {isso significa que a condigfo dw = 0, necessdria a existéncia de uma f com df = = w, 6 também suficiente para que f exista localmen te, isto 6, em uma vizinhanga B(p) de pé U. Obser ve que se U = R", o resultado 6 global, isto 6, vale para o R" inteiro). SugestZo: Use a identidade ta a(x,¥,2) f $5 (ta(tx, ty, tz) )at = 1 1 =[ a(tx,ty,tz)at +f ta,xtazytagz)dt , 0 0 onde, aj, e a, 4Andicam as derivadas parciais de a(tx,ty,tz) em relag&o 4 primeira, segunda e tercei- ra varidvel, respectivamente. 12, Diz-se que as n 1eformas diforenciais w,,+..,w, de- finidas em um aberto Uc R™ (ns m) s&o Linearmen- te independentes em U, se para todo p€ U os ele- mentos w,(p),+++.¥,(p) do espago vetorial (R5)* s&o linearmente independentes. Prove quet a) As formas Wyre eer Wy sfc linearmente independentes em U se e sé-se -25- Wy Avesk w, #0, para todo p€ U. b) Dada uma 1-forma diferencial w,, em Uc R?, 6 possivel para todo p€ U obter duas 1-formas Wg) 3 em uma vizinhanga Vc U de p tais que Wy) Wg) Wg seam linearmente independentes em V. c) Dada duas 1-formas diferenciais w,, ¥, em UCR? é possivel obter uma 1-forma diferencial Wz em U tal que w,, wz, w; sejam linearmente indepen- dentes em U. da) Defina independéncia linear de n 2-formas, Oyreees, (ne m) om Uc R™; mostre que se wy, Was Wy sao 1-formas linearmente independentes em ve RF ent&o,- WoAWgs WaAWy 1 WyAW sao 2-formas linearmente independentes em U. 413. Um campo vetoriai diferencidvel v em R”™ pode ser pensado como uma aplicago diferencidvel viR™ + R™, Defina uma funglo div viR" + R (chamada divergéncia de v) do seguinte modo: div v(p) = trago (av) 3 per’, onde (av) RD » RB J a diferencial de v, em p. Mostre que se. v= © a,6,, onde {e,} 6 a base ca~ aay “APR i nénica de R", entZo Hes o a2 le div v = 14h. 15. 16. -26- Seja Vv an-forma em R” definida por v(ey, re) = 1, onde {e,] 6 a base canénica de R", Mostre que = v = a) Se Vy Eas; ey ent&o (vyrer ery) = det (a, 5) = vol Efvqeeeee¥y)+ (a forma Y 6 chamada o ele- mento de volume de R™). b) Y= dx, AvseA ax, Sew é.uma k-forma em R”, defina uma (n-k)-forma *w (operag&o estréla de Hodge) por tales veervey ) = CrPwley severe) 5 1 n-k onde Gyseeesdysdqreees dyad é uma permutag&o de {1 2,e00m}, e go ¢€ iguala © ou 1 conforme seja a permutag&o par ou {mpar, respectivamente. Mostre que a) se we Ayg AX,Adxy + a1, dX,Adx, + az, dxprdx, ¢ 13 v3 23 uma 2-forma em R? entio 3 + a, ,dx, + a, *w = a,,dx, 13¢%2 12% ae, 23-01." b) Se we a,dx, + a,dx, ¢ uma 1-forma em Rr’, ent&o 4w = ajdx, - a,dx. a c) #Hw = (n1)KOK), Denote-se por (,) o produto interno natural do R”, -27= isto é, se {e,} a base canénica do. R™ o vy = = 2ajes, vy =Ebje,, entéo (v,,v) i {,) induz uma correspondéncia biunfyoca entre campos de vetores e 1-formas de R" do seguinte modo, A cas da campo vetorial v faz-se corresponder a l-forma w dada por (u) = (vu), para todo pe R* 6 ue Li . Mostre que: a) Se ve Ea,e,, entdo w= Ba,dx,. Bm particular se £:R" 4 R é uma fung4o diferencidvel o campo grad f correspondente a l-forma df 6 chamado o gradiente de f. b) A correspondéncia acima leva campos diferencidveis em formas diferenciais. . c) Se pe R™ § tal que grad £(p) 4 0, ent&o grad f € normal 4 "superficie de nivei" {qeR", £(q)=f(p)}. d) A aplicag&o linear ar, = RB 4k restrita a esfera unitdria centrada em p° assume o seu valor néxime pare y =-7Stad ffm} e) Se indicarmos por = a4 correspondéneia acima, por * a operac&o definida no exercfoio (15) e por v © elemento de volume de R", a divergéncia pode ser obtida: vaws 4 d(#w) = (div v)Y. 1T. 18. -28- Dada uma fungfo diferencidvel f:R" 4 R defina-se o aplaciano A*f de f por 2 js f = div (grad f) Mostre que: 2 ate ‘a) a*faE—z Oxy b) a2(te) = 2 e+e A@e + 2 (grad £, grad g). c) d*df = (a7e)v, onde VY é o elemento de volume de RY, Dado um campo diferencidvel de vetores v em R™, chama-se rotacional de v, a (n-2)-forma obtida do seguinte modot vows dw *dw = rot vy onde = 6 a correspondéncia do exercicio (16) e * é a operagfo do exercfcio (15). Mostre que rot'(grad f) =O. No caso particular em que n = 3, 4 1-forma rot v corresponde um campo vetorial ainda indicado por rot v. Prove que (n=3): da. da, 8a 3a, a) rot(Zaje,) = Gees -sSe + Oxy 7 Fetes * Bay . va, (x2 - 35,)%3 * -29- b) div(rot v) o. 19, Diz-se que um campo diferencidvel de vetores v em Uc R". deriva de um potencial, se existe uma fungZo diferencidvel g:U + R, chamada potencial do campo, tal que grad @ =v. a) Seja v um campo diferencidvel de vetores em uc R"™ e seja w a i-forma diferencial corres~ pondente 4 v. Mostre que se dw = 0, ent&o v de riva localmente de um potencial, isto é, existe uma vizinhanga E(p) de p€ U, e uma fungSo gtB(p) + R, tal que em B(p), v = grad g. Sugestfo: Use o Exercfeio 11 adaptado para o R™, b) Mostre que um campo v deriva localmente de um potencial se e sé se rot v= 0. c) Considere o campo v omumaberto Uc R? (que n&o contém a origem) da maneira seguinte (campo de atraglo elétrica): 4 v(p) = = eps (et), Be (xyz) € Ue (ayaa? Mostre que v deriva localmente de um potencial gt z 2 g= eque A*g=0. dxeay24z? -30- 20. Considere um cdlindro circular reto girando em térno do seu eixo ‘E com uma velocidade angular constante igual a’ k; isto é, se. ‘@(t):° é 0 Angulo que um ponto percorre no tempo , onto 9% =k, A cada ponto p da regiao de R? interior ao cilindro, associe o ve-~ tor velocidade .v(p) désse ponto, isto 6, v(p) ¢ um vetor tangente 4 trajetéria de p, e de mddulo i- . gual a k vézes.a disténcia de p ao. eixo de rota~ glo E. ‘a) Mostre que o rotacional do campo ‘v- assim cons- truido é um vetor paralelo'ao eixo de rotag&o, de tiddulo 2k e cujo sentido, tal que junto com a orientag&o do plano normal a E, determinada pela rotaglo, coincide com a orientag&o escolhida para > © espago. b) Mostre que a divergéncia de um tal campo é nula. c) Para cada p do interior do cilindro considere um vetor w(p) ma direg&o do normal a E que passa por p, apontando para EB ede médulo igual a dig tancia.de: p aE, Mostre que para o campo w assim construfdo, div w= -2 e rot wis 0. -31- CAPITULO 2 VARIEDADES DEIFERENCIAVELS Embora as formas diferenciais tenham sido introdu- widas no capitulo anterior em, R™, elas, como tudo o mais que se refere A diferenciabilidade, vivem naturalmente em uma variedade diferencidvel, conceito que procuraremos in troduzir neste capitulo. Comegaremos com o primeiro exemplo de variedade, que é accessivel 4 nossa experiéncia, isto é, uma superficie regular do R?, Recordamos (cf. [2], Cap.II) que um sub- conjunto Sc R? ¢ uma superffoie regular se, para todo ponto .p € S, existem uma vizinhanga V de p,.em R? e uma aplicagio fu, R? 4 Vv. S de um aberto U, de R® sébre VA S, tais que: 1) -f, 6 um homeomorfismo diferencidvel, 2) @ diferencial (de) 4:7, (Uy) +R? & biunfvoca pa~ ra-todo gq € U,+ A aplicagio £,:U, + S 6 chamada uma parametrizag&o de S. A consequéncia mais importante da definigfo de su- -32- perficie regular € o fato de que a mudanga de pardmetros é um difeomorfismo. Mais precisamente, se £,:U, 4% S e £4 tUp +S s&o duas parametrizagées tais que £_ (Uy) a n £4 (Up) =W#, ent&o (cf. [i], Teorema do §2.4) as 2 aplicagses tye £42851 (") +R s8o diferencidveis. -1 -1 2 e fpve fgtfy (Ww) 4 R’ Como consequéncia do teorema acima tem sentido, em uma superficie regular, falar em fungSes diferencidveis e aplicar os métodos do Cdiculo Diferencial. © maior defeito da definigfo acima é a sua dependén cia em relagdo ac R°. Com efeito, a idéia natural de su- perficie é de um conjunto que seja bidimensional (em um certo sentide) e ao qual se possa apiicar localmente o Cdiculo Diferencial do R; @ presenga desnecessdria do R? 6 simplesmente uma imposig&o de nossa intuiglo fisica. Embora a necessidade de uma idéia abstrata de su~ perficie (isto é, sem envolver o espago ambiente) féese entrevista desde Gauss (ConsideragSes sébre as superficies curvas, 1825), foi necessdrio quase um século para que ela atingisse a forma definitiva que agora apresentamos. Uma das razées desta demora é que, mesmo para as superficies do R?, 0 papel fundamental da mudanga de parametros nfo era bem compreendido. -33- DEFINIGAO 1 - Uma superficie abstrata é um conjunto S$ e uma familia de aplicagées biunfvocas £0, R?4 5 de abertos Uys R? em 8 tais que: 1) U £,(U,) =Ss 2) para todo par a,B, com £,(0,) n £4 (Ug) aw, os conjuntos tot(w) e #5*w) sfo abertos em R? e as aplicagSes ryt fy tyler ai definidas so 8 diferencidveis. O par (Uy fq) (ou a aplicagao £,) é chamado uma parametrizagfo de S, A famflia {(U,.#,)3 é As vé- zes chamada uma estrutura diferencidvel em S$. Decorre i- mediatamente de (2) que ste £,2£57(W) * =1 2 rn (w) 6 um di feomorfismo,. ~34- Uma comparagfo entre a Definig&o 1 e a definig&o de superficie regular em R°, mostra que o ponto essen- cial foi destacar a propriedade fundamental da mudanga de parémetros (que é um teorema para superficies em R?) e colocd-la como axioma na Definig&o 1. Como logo veremos, isto permite transportar para as superficies abstratas +3 das as nogtdes do Célculo Diferencial do R?, OBSERVAGRO 1 - Uma estrutura. diferencidvel em um ‘conjun- to S$ induz, de uma maneira natural, uma topologia em S. Basta definir um suboonjunto Ac S co- mo aberto se aha n £,(U,)) é um aberto em R*, para todo a.°E imediato verificar que S e 0 vazio s&o aber- tos, que ‘a unio de abertos é aberta, e que a intersecgZo finita de abertos ¢ aberta. Observe-se que a topologia 6 definida de tal modo que os conjuntos £4 (Uy) so aber~ tos e as aplicagSes f, sZo continuas. EXEMPLO 1 - Uma superficie regular do R3, com a familia de parametrizagdes dada no inicio déste capi- tulo, é uma superficie abstrata. A verificag&o é imediata. EXEMPLO 2 = 0 plano projetive real P* 0 conjunto das retas de R? que passam pela origem (0,0,0) . de R3. uma tal reta ¢ determinada por um ponto - (x,y,z) 4 # (0,0,0) de R? ¢ os pontos (Ax,\y,\z), 4 # 0, deter-

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