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bins. —PILARES DA GRACA . Lonca LINHA Co VuLtos PiEposos =. STEVEN J. LAWSON 20r J. LIGON DUNCAN III R. ALBERT MOHLER JR “Este livro inflamara e extasiara seu coracao pelo evangelho e pelas doutrinas da graca que sublinha. O Dr, Lawson tem feito algo pelo qual serei perenemente grato - demonstrar conclusivamente que as verdades do calvinismo e da fé reformada esto radicadas na historia da igreja, desde os apéstolos até a emergéncia de Martinho Lutero no século dezesseis. Naturalmente, sempre inda- gamos se isto condiz com a verdade, porém poucas tentativas se tém feito para demonstri-lo, e, noutras paginas, nao se poderia achar um zelo tao contagioso, Poucos escritores podem combinar historia da igreja, exposigao e sa doutrina da maneira como ele faz. Nao comece a leitura deste livro, a nao ser que esteja prepa- rado para descobrir que nao conseguira desistir dele. Este livro ¢ assim tio bom!” - Dr. Derek W. H. Thomas Professor de Teologia Sistemética e Pratica, Reformed Theological Seminary Ministro de ensino, First Presbyterian Church, Jackson, Mississippi “Ler Os Pilares da Graga de Steven Lawson é como tomar um helicdptero num giro por uma regido montanhosa - uma emocionante visio de uma série de picos majestosos, todos eles apontando para o céu. Cada capitulo oferece uma perspectiva informativa, fascinante e acessivel de um significative mestre da glo- risa graca de Deus, desde Clemente até Calvino. Leia este livro e descubra que ser cristao, e reformado, é estar radicado na igreja através dos séculos.” - Dr. Joel R. Beeke Presidente, Puritan Reformed Theological Seminary Grand Rapids, Michigan “A abordagem de Steven Lawson nos conduz a uma area controversa € um tanto negligenciada no tocante ao desenvolvimento das doutrinas da graca antes de Joao Calvino. De especial valor ¢ sua grande colegio de citagdes, as quais mostram que de fato existiram umas poucas e notaveis rulipas no jardim da igre- ja, antes que a Reforma vicejasse. Gosto especialmente de seu desafio para que imitemos estes herdis. Para mim, é um prazer recomendar este volume. Espero ansiosamente o proximo da série.” - Dr. Curt Daniel Pastor, Faith Bible Church, Springfield, Illinois, Autor, The History and Theology of Calvinism “Percorrendo testemunha aps testemunha, no palco da historia, Steven. Lawson enfileira 0 testemunho de vinte e trés exemplates especificos da graca soberana de Deus, desde Clemente de Roma até Calvino de Genebra. Seguin- do uma magistral visio, com o peso de fontes originais e de wteis contextos dessas testemunhas, o resultado é clareza e unidade. Steven Lawson deve ser altamente recomendado. Cada estudo é util para os grupos de estudos e bi- bliotecas da igreja local, para o enriquecimento pastoral ou o treinamento de oficiais ou como recurso para ilustracées, reunidas por um pastor experiente, Podemos alegrarnos com este excelente trabalho, pois realmente exibe aquilo que sempre foi crido por toda parte ¢ em todas as épocas de um Cristianismo genuino e vibrante. Tomo o Dr. Lawson em oracao, para que este livro cultive novas geragdes de colunas.” - Dr. David W. Hall Senior pastor, Midway Presbyterian Church, Powder Spring, Georgia “O Dr. Lawson produziu um auténtico tour de force com esta visio histérica do testemunho da igreja em prol das deleitosas doutrinas da soberania divina Desde 0 volumoso livro do Dr. Gill, este empreendimento nunca fora tentado, e co estudo de Gill é de varias formas seriamente obsoleto. Dai a necessidade desta obra cativante e judiciosa. Aqui, Lawson mostra ao leitor a maneira como estes fios de ouro da graca tem percorrido sua trajetoria através da vida da igreja nas eras da patristica, medieval e da Reforma. Contrariando o pensamento popular, pode-se ver que as eras anteriores 4 Reforma ndo foram desprovidas dos pode- rosos testemunhos destas grandes verdades. Este livro deve ser lido por alguem interessado na forma como estas verdades biblicas foram recebidas pela igreja.” - Dr. Michael A. G. Haykin de historia e espiritualidade biblica, ‘The Southern Baptist Theological Seminary, Louisville, Kentucky Diretor do Andrew Fuller Center for Baptist Studies “Muito obrigado, Dr. Lawson, por seus esforcos em reunir este rico tesou- ro de ensino biblico sobre as doutrinas da graga ao longo dos séculos. Ensino de homens fiéis, aos quais Cristo designou e 0 Espirito dotou para a edificacio dos santos na prestagio de seu servico, Todos nés lhe somos gratos devedores.” - Dr. ]. Ligon Duncan III Pastor, First Presbyterian Church, Jackson, Mis: ippi “Neste importante livro, o Dr. Lawson documentou o ensino de muitos dos tedlogos, mestres da igreja e pensadores cristaos mais importantes destes séculos, mostrando que estes homens de fato tiveram muito a dizer sobre a graca salvifica de Deus - e grande parte disso sera de profundo estimulo para os evangélicos de hoje.” - Dr. R. Albert Mohler Jr. Presidente, The Southem Baptist Theological Seminary, Louisville, Kentucky STEVEN J. LAWSON PILARES DA GRAGCA AD100 -—- 1564 LoNnGA LinHA de Vuttos Pieposos Tradugao VALTER GRACIANO MARTINS FIEL Editora Dados Internacionais de Catalogacao na Publicacao (CIP) (Camara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Lawson, Steven J. Pilares da graga : 100 - 1564 D.C / Steven J. Lawson ; tradugao Valter Graciano Martins, ~ Sao José dos Campos, SP : Editora Fiel, 2013. - (Longa linha de vultos piedosos ;v. 2) Titulo original: Pillars of grace Bibliografia. ISBN 978-85-8132-165-3 1, Graga (Teologia) - Ensino biblico 2. Graga (Teologia) - Histéria das doutrinas I. Titulo. IT. Série. 13-10001 CDD-234.1 Indices para catalogo sistematico: 1. Graca : Teologia dogmatica crista 234.1 Piles da Graya Tradusido do original em ingles Pillan of Grace por Steven Lawson Copyright© 2011 by Steven Lavon . Publicado originalmente em inglts por Reformation Trust, uma divisio de Ligonier Ministries 400 Technology Pack, Lake Macy, BL 3246 Copyeight © 2012 Bazar Fel Peimeiea Edigio een Portugués: 2013 ‘Todos os direitos em lingua portuguese reservados por Editora Fiel da Misio Evangelica Litecisia [PROIBIDA A REPRODUGAD DESTE LIVED FOR QUA MEIOS, SEL A PERMISSAO ESCRTA DOS EDITORS, SAID BM BREVES CITAGOES, COM INDICAGHO DA FONTE . Diretor James Richard Denham Il Balitot: Tiago J. Santos Filho Tradugfo: Valter Graciano Martins Revisio: Masela Gomes Diagramagio: Rubner Duras Cape: Rober Dursis ISBN: 97685-8132165-3, (Caixa Postal 1601 CEP. 12230971 ‘Sio Jose dos Campos, SP FIL pasx. 2 39199999 vnvvaeditoratielcom be Para R. C. SPROUL ‘Tedlogo formidavel, professor eminente, autor prolifico, pastor amado, guardiao do evangelho. Ha meio século o Dr. Sproul tem trazido as profundas verdades da teologia reformada dos muros da academia ao cotidiano do povo nos bancos da igreja Ele tem sido a preeminente figura usada por Deus nesta geracao, como luzeiro no atual ressurgimento do calvinismo biblico. Tendo sido aluno do Dr. Sproul, tenho para com ele uma imensa divida em diversos sentidos. Desde a teologia sistematica e pregacao expositiva, até o ministério pastoral e vida crista, sua in- fluéncia tem sido indelevelmente estampada em mim para meu hem. No devido tempo, creio que a historia o revelara como o Martinho Lutero de nossos dias “Porque dele, ¢ por meio dele, e pra ele so todas as coisas, Acdke, pois, a gloria etemamente. Amém” (Rm 11.36). INDICE PROLOGO, DEJ.LIGON DUNCAN IIT 13 DOS FUNDAMENTOS NA BIBLIA AOS PILARES NA HISTORIA DA. IGREJA PREFACIO 23 PRESERVANDO AS DOUTRINAS DA GRACA 1, AS COLUNAS DA GRACA SOBERANA — 37, DOS PAIS DA IGREJA AOS REFORMADORES PROTESTANTES. 2.0 PRIMEIRO ENTRE OS PAIS .... on : : 69 PAIAPOSTOLICO: CLEMENTE DE ROMA 3. PORTADOR DE DEUS ...... = a . . 89 PAI APOSTOLICO: INACIO DE ANTIOQUIA 4.0 DEFENSOR DA FE, ‘ . 105 PAI APOLOGISTA: JUSTINO. MARTIR Me oposi¢Ao AO GNOSTICISMO. 125 PAI APOLOGISTA: IRINEU DE LYONS 6. PAI DATEOLOGIA LATINA 145 PALAFRICANO: TERTULIANO DE CARTAGO 7.0 MESTRE Da RETORICA PAI AFRICANO: CIPRIANO DE CARTAGO 8. CONTRA O MUNDO PAIAFRICANO: ATANASIO DE ALEXANDRIA. 9. RESISTINDO O ARIANISMO PAI CAPADOCIO: BASILIO DE CESAREIA 10. O EXPOSITOR DATRINDADE PAI CAPADOCIO: GREGORIO DE NAZIANZO 11, CONSCIENCIA IMPERIAL PAI LATINO: AMBROSIO DE MILAO 12. GUARDIAO DA GRAGA. PAI LATINO: AGOSTINHO DE HIPONA 13. ERUDITO ESPANHOL, PRIMEIRO MONASTICO: ISIDORO DE SEVILLE 14. CAMPEAO DA PREDESTINACAO AURORA MONASTICA: GOTTSCHALK DE ORBAIS 15. FILOSOFO-TEOLOGO ESCOLASTICO INGLES: ANSELMO DA CANTUARIA 16. REFORMADOR MONASTICO ULTIMO MONASTICO: BERNARDO DE CLAIRVAUX 165 187 209 249 327 349. 371 oe 17. DOCTOR PROFUNDUS ... ESCOLASTICO INGLE's: THOMAS BRADWARDINE 18. A ESTRELA DA MANHA DA REFORMA PRE-REFORMADOR INGLES: JOHNWYCLIFFE 19. PRECURSOR ARDENTE. PRE-REFORMADOR BOEMIO. JOHN HUS 20. A FORTALEZA EM PROL DA VERDADE. REFORMADOR ALEMAO: MARTINHO LUTERO 21. ZURIQUE REVOLUCIONARIA .. REFORMADOR SUICO: ULRICH ZWINGLIO. 22. PRINCIPE DOSTRADUTORES REFORMADOR INGLES: WILLIAMTYNDALE 23TEOLOGO DA ALIANGA. REFORMADOR SUICO: HEINRICH BULLINGER 24. OTEOLOGO DOS SECULOS REFORMADOR FRANCES: JOAO CALVINO EP{LOGO, DE R. ALBERT MOHLER UMA CONTINUIDADE IMPREVISTA, 425 447 469 493 539 567 605 633 683 ProLOGO DOS FUNDA MENTOS NA BIBLIA AOS PILARES NA HISTORIA DA IGREJA S—_ uando vocé cotejar este livro e comecar a familiarizarse com seu propésito, provavelmente se sentira tentado a pensar que o Dr. Steven J. Lawson esta simplesmente mostrando aquilo que homens nao inspirados ensinaram no curso dos primeiros quinhentos anos da historia da igreja, € isso nao prova que a Biblia ensina a soberania de Deus na salvacao. Se esse ¢ 0 caso, eis meu conselho: procure uma cépia de Os Frndamentos da Graga do Dr, Lawson, volume 1 da série Longa Linha de Vultos Piedosos, ¢ leia-o. Os Fundamentos constituem um grande esforco no estudo de toda a Bi blia, demonstrando que “Deus salva pecadores”. Nele, o Dr. Lawson alinha 812 paginas de exposicio biblica, documentando plenamente o ensino da Biblia sobre a salvaciio através da graca soberana, Ele atravessa o rico e variado terreno da Biblia para introduzir os leitores ao verdadeiro Deus e seu amor soberano | 14 | PILARES DA GRAGA e salvifico em toda a Biblia. Ele mostra nao s6 que as doutrinas da graca sao incontestavelmente biblicas, mas que sio verdades que geram alegria, mudam a vida, exaltam a Cristo, glorificam a Deus, motivam missdes, encorajam o evan- gelismo e promovem o discipulado. J. L. Packer insiste que todos os dogmas do calvinismo - aquele sistema fielmente biblico de teologia que jubilosamente abraca a rica ¢ confortante men- sagem de Deus, que avilta 0 ego, honra a Cristo e exalta a Deus pela soberania na salvagao e em todas as coisas - se reduzem a um contundente brado: “Deus salva pecadores.”! Cada uma destas palavras ¢ importante para se entender o que a Biblia ensina sobre a salvacdo. Primeiro, Deus salva pecadores. Deus salva, nio 0 homem. Nao salvamos a nés mesmos. Somente Deus pode salvar. Segundo, Deus salva pecadores. Ele nao nos faz potencialmente salviveis. Ele nio nos capacita a salvarmos a nos mesmos. Ele salva. Terceiro, Deus salva pecadores. Ele salva uma multidao que ninguém pode enumerar dentre um mundo de seres humanos que estiio mortos em pecado e em oposicio a sua bondosa e soberana tegra. Ele salva pessoas que uma vez o odiaram, o ignoraram e o tesistiram. Na salvacio, Deus nao ajuda os que se ajudam, porque nenhum pecador pode ajudarse. Nao somos “inerentemente bons” e numa posicao de “conquistar com uma pequena ajuda” de Deus. Nao temos “nenhuma esperanga, salvo em sua soberana misericérdia”? Packer conchui: “Este é o ponto da soteriologia calvinista que os “cinco pontos” se preocupam em estabelecer.. isto é, que 0s pecadores niio se salvar emnenhum sentido, mas que a salvagio, do principio ao fim, toda cinteira, pascada, presente e futura, é do Senhor, a quem seja toda a gloria eternamente.”* 1 JL Packey, “Jateoductory Essay’, ia John Owen, The Death of Death inthe Death de Chnst Londses: Bannee of Teuth, 1959), 4 2 Presbytesian Chusch in Amerisa, The Book of Chineh Oren, 6 Ed, fest Membership vowr (Atlanta, Committee for Christian Education and Publications, 2009), 80 3 Packes, “Intwoductory Essay", 4-5, Prélogo — Dos Fundamentos na Biblia Aos Pilares na Histéria da Igreja | 15 | Em Fundamentos da Graca, o Dr. Lawson nos mostra esta verdade - “Deus salva pecadores” - do antigo ao novo Testamento, desde a Lei e os Profetas, desde os Evangelhos e as Epistolas, do Genesis ao Apocalipse. Permita-me dar apenas um exemplo desta verdade biblica tao amplamente demonstrada em Fundamentos. Em Etésios 2.810, 0 apéstolo Paulo quer que entendamos que Deus mesmo nos salvou. Ele expressa isso com veeméncia e de uma maneira notavel: “Porque pela graca sois salvos, mediante a fé; € isto nao vem de vos; é dom de Deus; nio de obras, para que ninguém se glorie. Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemao preparou para que andassemos nelas.” Nestes trés versiculos, Paulo lida com o texto, de seis formas distintas, para dizernos que nossa salvacao nao se deve a nos, mas que é toda de Deus. Note como ele faz isso: Primeiro, ele enfatiza que somos salvos pela graga de Deus. Isto ¢, a causa de nossa salvagao pertence ao gracioso favor salvifico de Deus para conosco, a despeito de nossa pecaminosidade, a qual nos faz merecedores de juizo. Note que Paulo justapoe “pela graca sois salvos” com “isto nao vem de vos”, Esta é sua maneira de dizer que a salvacdo vem de Deus, nao de nés. “Vocés nao querem entender a origem, a causa de sua salvacio?” Ele afirma: “Néo olhem para si mesmos. Nao olhem para o interior. Ergam os olhos para Deus. Contemplem © imerecido favor que Deus hes exibiu. Isso ¢ © que e quem os salvou - néo algo em vocés, algo sobre vocés ou algo que vocés fizeram.” Nao merecemos a misericdrdia salvitica de Deus. Nos mesmos nos desqualificamos da comunhao com Deus por nossa rebeliéo, nossa insurgéncia contra ele, nossa alienacéo dele, nossa indiferenga para com ele, nosso andar segundo o mundo, a came e © Diabo. E, no entanto, o Senhor nos salva por sua graca esbanja conosco seu favor perdoador. Segundo, Paulo diz que recebemos nossa salvagdo pela fé. “Porque pela graca sois salvos mediante a fé.” A salvacio nfo é algo que alcancamos pelo agit; antes, é algo que recebemos pelo crer. Paulo esta enfatizando nossa recep¢ao passiva de algo da parte de Deus. Nio obtivemos a salvacio porque a detivemos por nossos | 16 | PILARES DA GRAGA proprios esforgos e assim ela passou a ser nossa propriedade pessoal. Nao é algo que tealizamos por nossa propria forca e destreza, ficando de pé até tarde da noite e trabalhando arduamente e sem cessar. Simplesmente a recebemos de Deus. Recebemos nossa salvacao pela fé nao por fazermos algo. Em outras palavras, somos salvos através do instrumento da confianga. Simplesmente confiamos em Deus. Temos de erguer bem alto nossas maos e dizer: “Senhor Deus, nao ha nada que eu possa fazer.” Nas palavras do grande hino “Rocha Eterna”, temos afirmado: “Rocha eterna, so na cruz eu contio, 6 meu Jesus!” Expressando de forma simples: somos salvos nao por nosso agir e nao por nossa dignidade, mas pela graca de Deus, e simplesmente, humildemente, jubilosamente recebemos essa salvacao pela confianca, pela fé, pelo crer na promessa de Deus. Terceiro, como se ainda nao tivesse sido bem claro, Paulo declara que nossa salvagio é dom de Deus, Temos de entender a salvagio como um dom de Deus, nao como um direito, uma obrigagao, ou um pagamento devido pelo nosso desempenho. Olhemos bem como ele expressa isto: “Porque pela graca sois salvos mediante a fé. E isto nao vem de vos, é dom de Deus...” O ponto enfatico de Paulo é: a totalidade de nossa salvacao esta no dom de Deus - nao nosso dom para conosco, e sim o dom de Deus para conosco; nio algo que merecemos, e sim uma concessao gratuita. Ele indaga: “Jocés querem conhecer como obtiveram a salvacio?” Ele mesmo responde: “Ela vem do dom, da concessio, da graca de Deus.” Entao, nés que pela graca confiamos em Cristo, temos de ver nossa salvacio como um dom gratuito de Deus, que recebemos simplesmente pela f. Quarto - e é muito importante notarmos isto, especialmente a luz dos pontos de vista exegeticamente infundados e teologicamente erréneos da assim chamada nova perspectiva sobre Paulo -, 0 apéstolo prossegue em sua énfase, dizendo que nossa saluagdo nao é, em nenhum sentido, efetuada pelas obras. Ele diz: « _anfio de obras, para que ninguém se glorie”. Na verdade, Paulo esta dizendo “A propésito, caso nao estejam percebendo minha intencdo, deixem-me repetir a mesma coisa, e desta vez na negativa -, sua salvacdo nao se deve as suas obras, aos seus feitos.” Em outras palavras, se quisermos ver como somos salvos, nao Prologo — Dos Fundamentos na Biblia Aos Pilares na Histéria da Igreja | 17 | devemos olhar em nés mesmos, em nossas obras. Nao somos salvos por nossos esforcos, feitos ou acdes pessoais. Quinto, no versiculo 10, Paulo diz que nossa salvagao é 0 produto do lavor de Deus. “Porque somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras...” Eis uma afirmacio extraordinaria! O ponto é este: A salvacio nao é o produto de nossa habilidade; ao contrario, é o produto do lavor de Deus. Nao somos salvos pelo que tazemos, e sim pelo que ele fez. De fato, nao somos salvos por nossas boas obras; e mais, somos salvos a fim de realizar obras boas. Nao somos salvos por fazer o que € certo aos olhos de Deus, mas somos salvos para fazer, com alegria e entusiasmo, com gratidao pela livre graca de Deus, tudo o que ele criou para ser feito originalmente no paraiso. Mesmo a postibilidade de fazermos algo para ser salvos € totalmente excluida pela linguagem de “criacao” que Paulo emprega Podemos ser criados para agit. Mas nao podemos criar a nds mesmos pela agao. Nao podemos criarnos absolutamente. Assim, falando da salvagao como uma obra em que Deus nos cria outra vez em Cristo Jesus, Paulo esta afirmando, da maneira mais forte possivel, a soberania divina ¢ o poder monergistico operando em nossa salvacio. Nossas obras podem e devem resultar da agio salvifica de Deus, porém nio so a sua causa nem a podem causar. A ordem da salvacao nao 6 “faga isto e viva”, ¢ sim “Viva ¢ faga isto”. Sexto, para que no empreendamos uma deducio errénea de que Deus tenha olhado para o futuro, visto nossa {é em Cristo e nossas subsequentes boas obras, e assim baseado nossa salvacio na fé e obediéncia previstas, Paulo nos informa que Deus nos salva por graga e nos cria em Cristo (nao por nossas obras), a fim de que facamos as obras que ele preordenon que fizéssemos desde a eternidade pretérita. “Porque somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus preparou de antemiao, para que andassemos nelas.” Paulo esta dizendo que, mesmo as boas obras que ora fazemos, foram preparadas de antemio, por nosso gracioso Deus. Ele nfo nos salva porque prevé que praticariamos boas obras Nao, a mensagem € muito mais gloriosa ¢ confortante do que isso. Alias, ela é muito mais atordoante e espantosa. Deus nos salva para “andarmos” em boas | 18 | PILARES DA GRAGA obras, para agirmos com justia, para vivermos em piedade, para praticarmos aquela santidade a qual ele nos predestinou desde antes que o mundo existisse Portanto, nossa justica nao € o meio, o instrumento ou o caminho de nossa salvacao; ela é parte da meta divina de nos salvar. Deus nos criou para sermos sua imagem, para sermos semellantes a ele. Essa imagem foi danificada quando caimos no pecado. Na glotificagao, essa imagem € plenamente restaurada, e por isso Jo’o podia dizer que na vinda de nosso Senhor “seremos como ele é” (1Jo 3.2). Assim, essas boas aces em que andamos, mui longe de ser a causa de nossa salvagao, sao seu alvo, sua meta. Nossa pratica do bem é, em si mesma, parte do plano que Deus predestinou para nés. Paulo explana isto em Efésios 1.4, dizendo que Deus nos escolheu em Cristo “antes da fundacao do mundo, para que féssemos santos e inculpaveis perante ele”. E assim Paulo enfatiza que toda nossa salvagao consiste na soberana e eterna obra de Deus. Aiesta. Paulo ressalta seis vezes em trés pequenos, porém importantissimos, versiculos, que somos salvos somente pela graca de Deus. Nossa salvacio vem totalmente de seu salvifico, perdoador, transformador, imerecido e indisputavel poder e favor. Recebemos esse favor salvifico através da confianca (e mesmo essa confianca é resultado do Espirito de Deus agindo em nés). Nada fazemos para ganhar a salvacao ou merecé-la; simplesmente confiamos que Deus nos da algo que nio merecemos. Ela é 0 dom de Deus que nos é dado graciosamente, nio ums divide quevele nosdevn. A ialvagio nio:8 realizadapor nds, nemeeesilia de nossas obras. Em vez disso, somos obra de Deus e salvos pela obra de Deus (nao salvos por Deus em decorréncia de nossas obras). Mesmo nossa vida cristi e nosso andar nas boas obras como pecadores salvos sao resultado da obra de Deus. Sio consequéncia (néio a causa) de algo que Deus prédesignou, preordenou, predestinou “antes que os montes nascessem” (SI 90.2). A tese de Paulo é que a salvacio ¢ totalmente de graca. A totalidade de nossa salvacéo provém de Deus. Entender isto é absolutamente essencial para uma vida, ministério ou experiéncia crista saudavel. Esta é a verdade que o Dr. Lawson demonstra, extensamente, em seu primeiro livro. Prélogo — Dos Fundamentos na Biblia Aos Pilares na Histéria da Igreja | 19 | Qual, pois, é¢ 0 propésito deste livro? De que trata e o que ele defende? Em Fundamentos da graga, o Dt. Lawson nos mostra como as doutrinas da graca estio solidamente radicadas no ensino de toda a Biblia. Neste volume, Os Pilares da Graga, ele comega nos levando através dos muros da historia da igreja a fim de mostrarnos que a igreja, em seu auge, entendeu que a graca de Deus é soberana na salvacéo. Ha pelo menos quatro beneticios de nos juntarmos ao Dr. Lawson neste brilhante estudo. Primeiro, ha a simples ¢ Sbvia oportunidade de melhorarmos nosso conhecimento da historia de nossa familia crista. Os cristéos ocidentais de nossos dias nao sao famosos por sua apreensao da historia da igreja. Os protestantes conhecem pouco da historia da igreja anterior a fixacdo das Noventa e Cinco Teses de Martinho Lutero na porta da igreja de Wittenberg, em 31 de outubro de 1517. Os americans, em particular, so pobres de conhecimento e de amor pela historia em geral. E assim, essa ignordncia nos faz ainda mais pobres. Mas, se andarmos com o Dr. Lawson através da vida e escritos dos grandes cristaos, desde Clemente de Roma até Joao Calvino, seremos enriquecidos com a nova apreensio dos tesouros que nos foram legados como membros da familia do Deus vivo. © Dr, Lawson nos ajuda a remediar nossa pobreza nessa turné bem escrita e de facil leitura, do segundo ao décimo sexto séculos. Segundo, como o Dr. Lawson focaliza alguns dos comentarios dos Pais da Igreja sobre a soberania de Deus, a depravacao total, a eleigao incondicional, a expiacao limitada, a graca irresistivel, a perseveranca dos santos, entre outras, € como vemos a teologia da igreja pertinente & graga se desenvolvendo pelas fronteiras do tempo, lugar ¢ cultura, ganhamos uma maior apreciagio de que as doutrinas da graca nao sio invencao do século dezesseis, dezessete ou dezenove, ou produto de um estreito ramo da tradicao crista. Ao contrario, sio parte de um legado teolégico comum e catélico (ou universal), Sim, elas nem sempre foram plenamente compreendidas. Sim, algumas vezes foram obscurecidas ou ignoradas. Mas o depoimento cumulativo da historia é uma poderosa testemunha de sua universalidade. Terceiro, estudaras doutrinas da graca através dos escritos dos maiores mestres cristéos de outras eras nos ajuda a checar ¢ confirmar nossa propria compreensio da Escritura. Deixe-me explicar. Os protestantes nao creem que algum periodo da | 20| PILARES DA GRAGA historia da igreja seja determinante para a fé e a pratica, diferentemente de nossos amigos catélico-romanos. Valorizamos muitissimo a confirmacao, o testemunho eas licdes oriundos da historia da igreja, porém declaramos, enfaticamente, que somente a Escritura é nossa suprema regra de fé ¢ vida. Nao obstante, o estudo da historia da igreja, ou do crescimento da igreja na compreensao do ensino da Escritura (0 que os profissionais chamam “teologia historia”), é muito util e importante para nés. Por qué? Nao porque algum escritor ou era da historia crista seja infalivel ou inerrantemente autorizado, mas porque o estudo da teologia historica nos permite aprender como outros cristios, em outros tempos, interpretavam o ensino da Biblia. Isto, por sua vez, pode servir para contirmar e testar nossa compreensio pessoal da Escritura. Eu amo como Hughes Oliphant Old (um eminente estudioso da historia e do culto cristéos) expressa seu pensamento sobre o assunto: “Temos de nutrie interesse por eles [os Pais da Igrejal, mas no neles mesmos... por causa do que eles nos poem em relevo sobre a Escritura.”* Quarto, visto que a formulagio da doutrina crista sempre esteve envolvida em controvérsia, e que as disputas teoldgicas demandam dos participantes que atiem e clarifiquem suas articulagées doutrinais, pondo em relevo mais plenamente as ramificacdes da doutrina em pauta, nosso estudo da historia da igreja nos ajuda a entender melhor a doutrina biblica e a apreciar mais plenamente sua significancia devocional e pratica. Assim, por exemplo, quando lemos 08 escritos de Agostinho em relacio a controvérsia pelagiana, nado podemos evitar o aumento de nosso conhecimento dos resultados em jogo, nos tornando mais familiarizados com as questes € categorias das doutrinas da graca. Vemos mais claramente as eternas consequéncias da verdade e do erro em conexao com este tema vital. Meu brilhante amigo Carl Trueman, professor de histéria da igreja no Westminster Theological Seminary, em Filadéltia, vé grande valor na leitura dos Pais da Igreja (0 que os eruditos chamam “patristicos”). Numa cohuna no reformation 21 weblog, ele ofereceu quatro razbes pelas quais devemos ler os escritos dos primeitos mestres da igreja. Aqui estao suas sabias palavras: Hughes Oliphant Old, Worship: Reformed According to Scriptiee (Lousville: Westminster John Knox, 2002), 171. Prologo — Dos Fundamentos na Biblia Aos Pilares na Historia da Igreja | 21 | 1 As doutrinas da Trindade © da Encamagio sio basicamente interpretadas na igreja primitiva, Delineando as controvérsias, po- demos aprender como ¢ por que a formulagio dos credos sobre estas doutrinas é importante. 2. O contexto préconstantiniano de grande parte da teologia patristica oferece um paradigma de como os cristios podem agit como minoria numa sociedade hostil ow indiferente. Com fre quencia me sinto chocado pela diferenca entre a abordagem dos apologistas da igreja primitiva dentro do império romano (“nos perseguem nio porque os cristios realmente se tornam os melho- res cidadios”) © a abordagem modema de “nio nos atrapalhem; somos cristaos”, onde o Cristianismo algumas vezes pode parecer pouco mais que um idioma cultural para protestar contra o comu- falitab,@ secillarlinas ets 3. A propria natureza alienada do mundo em que os Pais opera- ram nos desafia a pensar mais ctiticamente a nosso respeito em nosso proprio contexto. Por exemplo, podemos nao simpatizar muito com o monasticismo radicalmente ascético; mas quando o entendemos como uma resposta do quarto século & velha questi: “com o qué um cristio comprometido se parece?”, numa época em que os cristiios estavam comecando a viver uma vida muito facil ¢ rexpeitivel, ao menos podemos usilo como uma bigorna sobre a qual claborar nossa resposta ao mundo contemporiineo. 4, Como protestantes, niio podemos querer entender o desen- yolvimento histérico de nossa propria tradigio, a menos que concordemos com a teologia patristica: Lutero, Calvino, Owen ¢ companhia foram profunda e intensamente influenciados pela lei tura dos eseritos patristicos > 5 Cal R. Trueman, ‘The Fathers", http://www.reformation?org/blog/2001/04/the-ather php (acessado em 21 de abril de 2010), | 22| PILARES DA GRAGA Por essas razdes e mais uma dizia, seu investimento de tempo e atengao na leitura de Os Pilares da Graga sera amplamente recompensado Deixeme mencionar um ponto final. O Dr. Lawson ensinou este material a um grupo de homens em sua congregacao antes de ministralo 4 igreja em geral para nosso beneficio e edificacio. Como um colega pastor, isso desperta meu interesse. Apenas concluo que bengao é ter uma congregacao cujos oliciais e lideres masculinos se impregnam do conhecimento da verdade, da Biblia, e da historia da igreja, tal qual o Dr. Lawson propicia aqui. Colegas pastores, por todos os meios, usem este material para seu desenvolvimento pessoal no conhecimento e na graca. Usem-no para ilustracées e contetido em sua pregacio, Estimulem o uso deste material no estudo biblico com as mulheres e pequenos grupos para edificagao do corpo de Cristo. Mas nao deixem de ensinar aos homens, especialmente seus oficiais, a verdade contida ai. Toda sua congregagio se levantara e os chamara benditos do Senhor por fazerem assim, pois os homens piedosos, assenhoreados pela graca e pela verdade, servirio tio bem As suas esposas, filhos, pais e membros, seus companheiros, que todos serio abencoados Muito obrigado, Dr. Lawson, por suas labutas em cumular este rico tesouro de ensino biblico sobre as doutrinas da graca ao longo dos séculos. Ensino de homens fiéis, aos quais Cristo designou e o Espirito dotou para a edificagao dos santos na prestaio de seu servico. Todos nés lhe somos gratos devedores. Querido leitor, juntese a mim agora numa épica jornada de edificacao, guiados por este fiel pastor de almas. J. Ligon Duncan IIT Fast Presbyterian Church Jackson, Mississippi Agosto de 2010 PrEFACIO PRESERVANDO AS DOUTRINAS DA GRACA es o auge do império romano, uma série de templos magnificentes pontuava a paisagem da regiao mediterranea. Construidos proeminentemente no topo de colinas majestosas, essas obras-primas da arquitetura figuravam entre as maravi- thas do mundo antigo. O aspecto mais proeminente desses espléndidos edificios era seus pilares, uma série de suportes esculpidos de belo marmore, guarnecidos com joias caras e embutidos com ouro puro. Tal colunata prenderia a atengao dos cidadaos romanos ¢ dos viajantes estrangeiros que adentrassem um dos templos. Entretanto, o propésito primario dos pilares nao era meramente esté- tico, e sim funcional. Descansando seguramente num fundamento solido, essas vigorosas colunas sustentavam toda a estrutura do templo. Desde as vigas no alto e os arcos de pedra até os muros sobranceiros, o teto abobadado 0 telhado inclinado, cada parte do templo, de uma maneira ou de outra, | 24| PILARES DA GRAGA era sustentada por esses blocos cilindricos de marmore. Todo 0 edificio era euportado pela resisténcia delas. Se os pilares fossem sélidos, o templo se mantinha firme. Como resultado, esses pomposos pilares vieram a ser um simbolo de estabilidade e resisténcia. Esta é precisamente a imagem usada pelos autores biblicos para retratar os lideres mais fortes da igreja primitiva - esses homens eram pilares. O apostolo Paulo descreveu Pedro, Tiago ¢ Joao como “cohunas” na igreja de Jerusalém (Gl 2.9), Esses homens fortes, capacitados pelo poder de Deus, ajudaram a estabilizar a igreja do primeiro século, preservando a Palavra de Deus, e, consequentemente, fortalecendo a familia da fé. De fato, Paulo escreveu que toda a igreja deve ser a “coluna ¢ baluarte da verdade” (Tm 3.15). Equivale dizer, a missio da igreja, como uma pomposa colunata, é simbolizar a verdade da fé crista. Da mesma for- ma, Jesus Cristo usou essa imagem, dizendo que todos os crentes sao “colunas” no templo celestial (Ap 3.12) - permanente, inamovivel e seguro. Dando sequéncia a esta metafora biblica, o objetivo central deste livro - Os Pilares da Graga - é mostrar que os lideres-chave da igreja primitiva, além de atuarem como cohunas, permaneceram firmes sobre o fundamento da Escrituras e preservaram a verdade. Especificamente, em seu momento na historia, cada um desses homens resolutos sustentou as doutrinas da graca soberana. Esses esteios formaram uma colunata, século apés século, em apoio A verdade da suprema autoridade de Deus na salvagio do homem. Essa longa linha de vultos piedosos comecou com os Pais da Igreja e se estendeu através dos Monisticos, Escolasticos, PréReformadores e, eventualmente, dos proprios Reformadores. Entre eles estava uma ampla variedade de homens, incluindo pastores fiéis, pregadores piedosos, apologistas brilhantes, tedlogos privilegiados, escritores proliticos e mesmo bra- vos martires. Cada coluna foi estrategicamente colocada pelo soberano arquiteto ¢ edificador da igreja para seu tempo designado Como homens saturados da Escritura, esses “pilares da graca” sustentaram. 0 templo vivo de Deus. Eram os mais formidaveis mestres de seus dias e os mais fiéis defensores da ortodoxia crista contra as muitas heresias que confrontavam a Prefdcio — Preservando as Doutrinas da Grasa | 25 | igreja. Havia muitos desses individuos, mas focalizaremos as figuras-chave que as sumiram a lideranea, oferecendo as penetrantes verdades da graca soberana, Seu compromisso com esse ensino biblico merece nosso cuidadoso estudo enquanto delineamos a progressao de suas vidas e ministérios dentro da estrutura mais ampla dos primeiros dezesseis séculos da histéria da igreja Este livro compée o segundo volume de uma colecao intitulada Longa Linha de Vultos Piedosos. Seu intuito é demonstrar que essas figuras, que foram, muitissimo utilizadas na igreja primitiva e medieval, a um ou outro grau, susten- taram as verdades da graca soberana que foram mais tarde ensinadas na Reforma Desde o primeiro século até chegar ao dezesseis, as figuras dominantes na igreja consistiram de homens fortes, comprometidos com esse ensino forte. Esse é 0 testemunho da historia e a promessa central deste livro. Quais foram as figuraschave que compuseram esse desfile de herdis espi- rituais que marcharam com as doutrinas da graca? Quem assumiu seus lugares divinamente designados, imediatamente apds os ltimos autores da Escritura? Quem foram esses lideres da igreja primitiva? Quem foram essas vozes medievais? Quem foram os Pré-Reformadores e os primeiros Reformadores? © que ensina- ram com respeito & graca soberana de Deus na salvagio? Este volume ¢ devotado a delinear a triunfante procissao de vultos piedosos, de 30 d.C., com o nascimento de Clemente de Roma, a 1564, com a morte de Joao Calvino em Genebra. SUMARIO DO ENSINO BIBLICO Antes de comegarmos a jornada, precisamos lembrar 0 que foi apresenta- do no volume um da série Os Fundamentos da Graga. Ali, a exemplificacio biblica para a soberania de Deus na salvacdo se fez com toda clareza - e creio que de modo convincente, A partir do legislador Moisés, nos primeiros livros da Biblia, até o apdstolo Joao, no ultimo livro, notamos que seguiu rumo ao palco da histo- tia humana uma eminente procissao de homens fiéis que registraram os ensinos da graca soberana por toda a Escritura. | 20| PILARES DA GRAGA Seus nomes compuseram o rol denominado “uma grande nuvem de tes- temunhas”, A longa linha comesou com os primeitos lideres de Israel - homens notaveis como Moisés, Josué e Samuel. Teve sequéncia com outros homens valen- tes, tais como Esdras e Neemias, ¢ se estendeu aos poetas dos Livros de Sabedoria, reverenciados autores tais como J6, Davi e Salomao. Para um ser humano, eles articularam cuidadosamente no texto inspirado da Escritura a soberania de Deus na salvagao dos homens. Esta progressiva coluna, entao, foi enfeixada pelos profetas maiores de Is- rael, os quais também ensinaram a suprema autoridade de Deus na redengao dos pecadores - Isaias, Jeremias, Ezequiel e Daniel. Cada escritor empunhou © mesmo estandarte da verdade, isto é, os eternos propésitos de Deus em sua suprema vontade de salvar. Os profetas menores também foram recrutados para a cavalgada de autores biblicos. Notiveis como Oséias, Amés, Jonas, Miquéias, Naum, Ageu, Zacarias e Malaquias. Eles também mantiveram firme a vontade determinante e a obra definida de Deus em sua graca salvifica. O Novo Testamento revela o mesmo. Desde Mateus até Apocalipse ha uma sequéncia dessa sucessio, cada escritor biblico registrando a graca soberana na salvacio. Os quatro escritores do Evangelho - Mateus, Marcos, Lucas e Joao ~ se juntaram a esse rol enquanto registravam as profundas verdades que emana- ram dos labios de Jesus Cristo. Seu ensino dava inquestionavel testemunho das doutrinas da graga. Mais adiante, os apostolos foram divinamente comissionados a continuar escrevendo o texto inspitado. Pedro, Paulo e Jodo logo se viram nesse desfile de mestres da graca soberana. Os autores biblicos restantes - 0 autor de Hebreus e Judas - também assumiram seus lugares designados por Deus nesta longa linha de vultos piedosos. Comegando com Moisés no deserto, e se estendendo a Joao, na ilha de Patmos, a Escritura proclama com voz de trombeta da soberania de Deus na salvacio. Ela empunha um dnico estandarte da verdade. Ensina um tnico cami- nho da salvacao. Assevera uma tinica operacao divina pela qual a graca salvitica é aplicada a pecadores espiritualmente mortos. Os varios aspectos desta gloriosa Preficio — Preservando as Doutrinas da Graga | 27 verdade sao conhecidos coletivamente como as doutrinas da graga, ¢ toda a Escri- tura ensina estas insondaveis riquezas da soberana graca de Deus. O ALICERCE DOUTRINAL: A SOBERANIA DIVINA Asoberania de Deus nao é uma doutrina secundaria relegada a um canto obscuro na Biblia. Ao contrario, essa verdade € 0 proprio alicerce doutrinal de toda a Escritura. E 0 Monte Everest do ensino biblico, verdade suprema que transcende toda a teologia. Desde seu primeiro versiculo, a Biblia assevera, e nao usa termos incertos, que Deus reina. Em outras palavras, ele é Dens - nao me ramente de forma nominal, e sim em plena realidade. Deus faz 0 que lhe apraz, quando lhe apraz, onde lhe apraz, como lhe apraz ¢ a quem lhe apraz. Salva peca- dores sem nenhum merecimento. Todas as demais doutrinas da fé crista devem ser postas em alinhamento com essa verdade basica. A soberania de Deus € 0 livre exercicio de sua suprema autoridade na exe- cuc&o e administracao de seus eternos propésitos. Deus tem de ser soberano, se é realmente Deus. Um deus que nao € soberano, nao é Deus em nenhum sentido, Esse seria um impostor, um idolo, uma mera caricatura formada na imaginacio caida do homem. Um deus que é menos que plenamente soberano ¢ indigno de nosso culto, muito menos de nosso testemunho. Mas a Biblia proclama para que todos ougam que “o Senhor reina” (S193.1). Deus é exatamente quem a Eseritura declara. Ele é 0 Senhor soberano do céu e da terra, cuja suprema autoridade esta sobre todos. Essa é a principal premissa da Escritura Em parte alguma a soberania de Deus é mais claramente demonstrada do que na salvagao dos perdidos. Deus ¢ livre para outorgar sua misericordia salvitica a quem Ihe apraz, Ele diz: “Terei misericérdia de quem eu tiver misericérdia me compadecerei de quem eu me compadecer” (Ex 33.19b; Rm 9.15). Ele nio ¢ obrigado a estender stra graca a qualquer pecador sem merecimento. Se decidisse nao salvar ninguém, continuaria perfeitamente justo. Ele pode determinar salvar uns poucos e continuar sendo absolutamente santo. Ou ele poderia decidir salvar a todos. No entanto, Deus € soberano, e isso significa que ele é inteiramente livre | 28| PILARES DA GRACGA para outorgar sua graca como bem quiser - a ninguém, a uns poucos, ou a todos. Do comego ao fim, a salvacio é de Deus e, em ialtima anilise, para Deus. O apéstolo Paulo escreve: “Porque dele, e por meio dele, e para ele sio todas as coisas” (Rm 11.36). Nesse abrangente versiculo, Deus ¢ declarado como sendo a fonte divina, o meio determinante e o fim designado de todas as coisas. Isto 6 supremamente verdadeiro na salvagao. Segundo o texto, cada aspecto da ope ragéo da graga salvifica € iniciado e dirigido por Deus, e visa glorifica-lo. Cada dimensio da salvacao ¢ dele, através dele e para ele. Equivale dizer, a salvacio se origina de sua vontade soberana, prossegue através de sua atividade soberana e conduz a sua gloria soberana ASOLIDARIEDADE DA TRINDADE Alem disso, a soberania divina na salvagio envolve cada uma das trés pes- soas da Deidade - 0 Pai, o Filho e © Espirito Santo. As trés pessoas operam em perteita unidade para resgatar os mesmos pecadores destituidos de mérito. No seio da Trindade ha um tinico propésito, um unico plano e um dinico empreendi- mento salvifico. Aqueles que o Pai escolhe sio precisamente aqueles que o Filho redime e os mesmos que o Espirito regenera. As pessoas da Deidade agem como um unico Salvador. A Trindade nao ¢ fracionada em sua atividade salvifica. Nao é dividida em sua diretriz e intento, como se cada pessoa da Deidade buscasse salvar um grupo diferente de pecadores. Ao contririo, cada pessoa da Trindade se propée ¢ irresistivelmente prossegue salvando uma e a mesma pessoa - a pessoa que Deus escolheu. Infelizmente, muitos creem de outro modo. Insistem que o Pai salva so- mente os poucos pecadores que previu iriam crer em Cristo, assim confundindo equivocadamente presciéncia (At 2.23; Rm 8.29,30; 1Pe 1.2,20), que significa “amor antecipado”, com mera previsio. Imaginam ainda que Cristo, hipoteti- camente, morreu por todos os pecadores - um grupo diferente daqueles que o Pai salva - presumindo que ha meramente um tinico significado para as palavras biblicas mundo e todos. Alegam ainda que o Espirito salva ainda outro grupo, isto Prefacio — Preservando as Doutrinas da Graga | 29 | 6, alguns pecadores com os quais ele insta. Infelizmente, confundem sua vocagao salvifica interior (1Co 1.2,9) com uma conviccao geral e nao salvifica (Hb 6.4-5). Segundo este esquema furado, as trés pessoas da Deidade se propdem a perseguir trés diferentes grupos de individuos - uns poucos, todos ¢ alguns. Assim, as pessoas da Deidade so dolorosamente divididas em sua atividade salvifica. Pior ainda, 0 pecador - nao Deus - reina como o determinador de sua salvagao. Mas a Biblia ensina outra coisa. A Escritura revela uma unidade perfeita no seio da Trindade, uma unicidade perfeita entre o Pai, o Filho e o Espirito, em suas atividades salvificas. A Palavra de Deus ensina que a Deidade age como um inico salvador dos eleitos. A verdade é que o homem nao é soberano na salvacio - Deus é. Estes trés membros operam juntos, com absoluta soberania, e resolu- tamente resolvem salvar a mesma pessoa para sua propria gloria. Isto é realizado através do livre exercicio da suprema autoridade dos trés membros da Trindade, Considere a parte que cada um exerce nessa salvacio coesa. ASOBERANIA DO PAL Antes da fundacio do mundo, Deus escolheu individuos - embora sem mérito e sem dignidade - para que fossem objetos de sua graca salvifica (2Tm 1.9). O apéstolo Paulo escreve: “nos escolheu, nele, antes da fundagao do mun- do” (Ef 14a). Equivale dizer, ele escolheu seus eleitos por si mesmo e pata si mesmo ~ uma escolha soberana, nao com base em quaisquer boas obras previstas ou fé da parte deles. Esta divina eleicéo teve origem em seu interior, por meio de sua propria e graciosa escolha (Rm 9.16). Por razées conhecidas somente de Deus, ele selecionou que queria salvar. Havendo escolhido seus eleitos, o Pai lhes deu ao Filho antes que o tempo tivesse inicio para que fossem sua heranga real. Este dadiva foi uma expressio do amor do Pai para com o Filho (Jo 6.37,39; 17.2,6,9,24). Estes escolhidos foram selecionados para o mais elevado propésito - que louvassem para sempre o Filho e fossem conformados a sua imagem (Rm 8.29). Portanto, o Pai, na eternidade preté- rita, comissionou o Filho para ingressar no mundo a fim de adquirir a salvacio dos | 30| PILARES DA GRAGA eleitos. E mais, o Pai enviou o Espirito Santo a fim de regenerar esses escolhidos. Assim, sua salvacio foi preordenada e predestinada pela soberana vontade de Deus antes da fundacao do mundo (Ef 1.5). Os nomes dos eleitos foram escritos no livro da vida do Cordeiro (Ap 13.8; 17.8). Sob a diretriz do Pai, as trés pessoas da Deida- de concordaram irrevogavelmente em executar a salvacio das pessoas escolhidas, Esta é a graca soberana de Deus, o Pai, na eternidade pretérita. ASOBERANIA DO FILHO Tendo ha muito recebido do Pai os nomes individuais dos eleitos, Jesus Cristo veio ao mundo para comprar sua salvacio. Com um intento singular, Cris- to se propés a morrer por sua verdadeira igreja - aqueles que Ihe foram dados pelo Pai na eternidade pretérita. Ele declarou: “dou minha vida pelas ovelhas” (Jo 10.15). Jungido por devogio a sua noiva eleita, Cristo “amou a igteja ea si mesmo se entregou por ela” (Ef 5.25b). Com este designio definido na cruz, Jesus, com seu sangue, comprou to- dos os que foram predestinados a cret nele (At 20.28). Ele nao tornow a salvagao meramente possivel. Ele nao fez uma redencao hipotética. Ao contrario, os sal- vou verdadeiramente. Cristo nao foi ludibriado no Calvario, mas adquiriu todos aqueles pelos quais pagou. De fato, Jesus assegurou vida eterna as suas ovelhas, Nenhum daqueles por quem morreu pereceri jamais. Esta é a graca soberana de Deus, 0 Filho, dois mil anos atras, em sua morte salvitica. ASOBERANIA DO ESPiRITO Ademiais, 0 Pai e o Filho enviaram o Espirito Santo ao mundo para aplicar a morte salvifica de Deus a todos os eleitos. Enquanto o evangelho é proclamado, o Espirito comunica uma vocacio interior especial a esses escolhidos, aos eleitos pelo Pai e redimidos pelo Filho. © Espirito regenera poderosamente suas almas espiritualmente mortas, ressuscitandoas do tumulo do pecado a fé salvifica em Cristo (Ef 2.5-6). Jesus asseverou: “Todo aquele que o Pai me da, esse viré a mim” (Jo 6.372). Este empreendimento salvifico ¢ inalteravelmente definido, porque Prefiicio — Preservando as Doutrinas da Graga | 31 | Deus “atrai” (6.44) a todos os que “deu” a Cristo. O Espirito lhes outorga arre- 29; 2Pe 1.1). pendimento (2Tm 2.25) ¢ opera a fé salvifica em seu interior (Fp 1.29; Neste ato eficaz, o Espirito abre os olhos espiritualmente cegos dos eleitos para que vejam a verdade (2Co 4.6). Ele abre seus ouvidos surdos para que ougam, sua voz (Jo 10.27), Abre seus coracdes fechados para que recebam o evangelho (At 16.14). Ativa suas vontades mortas para que creiam na mensagem salvitica (Jo 1.13). O Espirito vence toda resisténcia e triunfa no coracao dos eleitos. Esta é a graca soberana de Deus, o Espirito, dentro do tempo. ETERNAMENTE GUARDADOS PELA SOBERANIA Uma vez convertidos, os eleitos sao eternamente guardados pelo poder de Deus. Nenhum dos escolhidos do Pai jamais se perdera (Tt 1.1-2). Nenhum daqueles pelos quais o Filho morreu perecerd jamais (Rm 8.3334). Nenhum dos regenerados pelo Espirito jamais caira da graca (Tt 3.5-7). Todos os recipientes da graca salvifica de Deus setio conduzidos & gléria para sempre (Rm 8.2930). Essa amplitude da salvagao retroage a eternidade pretérita e invade a eternidade futu- ra. A salvacdo é uma obra indivisivel da graca. Os que foram escolhidos por Deus antes que o tempo comegasse permanecerio salvos para sempre. Todos os eleitos serao preservados por todas as eras por vir. Deus mesmo os guardara ¢ fara que permanecam inculpados diante de seu trono (Jd 24). Esta visio da graca soberana tira o flego, inspira temor, humilha a alma e produz regozijo. Acima de tudo mais, esta visio glorifica a Deus. Em cada uma das doutri- nas da graca, a gléria de Deus é central. Somente uma salvacao que procede dele e € através dele pode ser para ele. A graca que elege redunda no “louvor da gloria de sua graca” (Ef 1.6a), A graca que redime promove o “louvor de sua gléria” (1.12b). A graca que regenera é “em o louvor da sua gloria” (1.14b). Eis por que toda a graca salvifica é graca soberana. E essa visio da salvacio que produz supre- ma gloria unicamente a Deus. Humilhado por essa sublime verdade, Jonathan Edwards escreveu: “Os que tém recebido a salvacdo devem atribui-la unicamente a graca soberana, | 32| PILARES DA GRAGA e render a Deus todo 0 louvor, pois os diferencia dos demais [nao salvos].”* Acaso esta nao deveria ser também nossa resposta? Que todos nés caiamos de joelhos e afirmemos que “a salvagio, ea gloria, ¢ o poder sio do nosso Deus” (Ap 19.1). Que a verdade da soberania de Deus em nossa salvagao faga com que lhe seja dado o supremo louvor. “A ele, pois, a gléria eternamente. Amém” (Rm 11.36). OS PILARES SE ERGUEM DE FUNDAMENTOS SOLIDOS Como afirmado supra, este € um sumario do ensino biblico que foi cui- dadosamente delineado no volume um, Os Fundamentos da Graga. O fato biblico apresentado foi que toda a Biblia, de Génesis ao Apocalipse, ensina a soberania de Deus na salvacio. Virtualmente, cada autor biblico, bem como Jesus Cris- to, ensina explicitamente estas verdades cardeais da scberana graca de Deus em salvar pecadores segundo seus eternos propésitos. A Biblia fala com tinica voz, declarando que “a salvacio pertence ao Senhor” (SI3.8a). As doutrinas da graga - depravagao total, eleicao incondicional, expiagao limitada, graca irresistivel e perseveranca dos santos, mais a doutrina de cobertu- ra da divina soberania e a necessidade da doutrina antitética, a reprovacao divina - sao as verdades basilares de nossa fé crista. Quando entretecidas, formam a base que temos denominado de os “fundamentos da graca”. Os Pilares vigorosos devem apoiarse sobre um fundamento sélido. E por isso que este volume se intitula Os pilares da graca. Aqui buscaremos descobrir o cerne das convicgdes daqueles homens, desde os Pais da Igreja aos Reformadores, cuja mensagem abracou o ensino dos autores biblicos. Século apés século, esses lidetes da igreja ministraram a Palavea de Deus e preservaram a verdade da graca soberana. A intencao deste livro é demonstrar que os lideres primarios da igreja primitiva e medieval criam nas doutrinas da graca, de uma forma rudimentar, porém crescentemente consistente. Comecando com os Pais Apostolicos do pri- 1 Jonathan Edwards, “The Sovereingnty of God in Salvation”, in The Wonks of Jonathan Edwards, Val. IL (1834; repe,, Edinburg: Banner of Truth, 1979), 654 Prefacio — Preservando as Doutrinas da Graga | 33 | meiro e segundo séculos, ¢ prosseguindo através dos Reformadores do décimo sexto século, esses homens sustentaram essas verdades e as expressaram de seus pulpitos e com suas penas. As figuras dominantes no inicio da historia da igreja foram de homens fortes com uma compreensao da graca soberana. Quem eram os vultos piedosos que formaram esta longa linha? Foram os primeiros pastores e tedlogos da era crista. Foram os filésofos e apologistas dos séculos embrionatios da igreja, defensores da verdade que resistiram aos ensinos heréticos. Foram os homens fieis que tomaram sua posigao nos sélidos funda- mentos da graca soberana. Foram os santos que tomaram posse de uma sublime visio de Deus. Foram os pilares da graca. Antes de comegarmos esta jornada, deixo minha gratidao a muitas pessoas que tém me ajudado a fazer deste uma realidade. Expresso minha gratidio ao Dr. R. C. Sproul e Ministérios Ligonier, os quais percebem a importancia deste material ser impresso; é ao Dr. Sproul que este volume € dedicado. Desejo ainda agradecer aos anciios da Christ Fellowship Baptist Church, homens piedosos que tém sustentado a mim enquanto escrevo meu livro, e ao meu ministério de pre- gacio além de nossa igreja. Greg Bailey, meu editor em Reformation Trust, munido de excelente conselho e reda especializada, Mark Hassler contribuiu com pes- quisa excepcional das citacdes ¢ notas finais. O Dr. Michael A. G. Haykin e o Dr. Curt Daniel leram o manusctito, oferecendo inestimavel contribuicdes historicas e teoldgicas. Kent Barton fez um magistral trabalho de ler os rascunhos de cada um desses pilates da fé. John Innabnit, colega e pastor na Christ Fellowship, tam- bém leu o manuscrito e fez muitas sugestdes valiosas. E preciso dar reconhecimento especial a Kay Allen, minha assistente exe- cutiva na Christ Fellowship, que digitou todo o manuscrito e coordenou a insercio de outros. Além desses, Keith Phillips, outro colega pastor na Christ Fellowship, merece menc&o especial por suas imensas contribuicdes no aperfeicoamento des- te livro. Sem os esforcos destes dois servos do Senhor, este livro nao teria sido completado. Acima de tudo, desejo agradecer minha esposa, Anne, que é um pilar de apoio no lar. | 34| PILARES DA GRAGA Delineemos agora o fluxo das doutrinas da graga através da historia da igreja, do primeiro ao décimo sexto séculos. Veremos que mesmo em face de muita adversidade e oposigao, Deus permanece fiel a sua causa, estabelecendo a verdade de sua Palavra no coragao de seu povo. - Steven J. Lawson. Mobile, Alabama Outubro de 2010 “Grandes homens da igreja primitiva e através dos séculos, além de serem pilares que permaneceram firmes sobre o fundamento das Escrituras e preservarem a verdade, em seu momento na histéria, ORS SCL Ee eee YT da graca soberana de Dea Steven J. Lawson (eer toe tne OMe eM Te eat cre ane mere Re ene Ne a cere Ce CEU UOC e Rs CMe cece hoa che acae Uhm Cl Meno Se Suen fete ely Metenscese Boece SMM One Re (te CML eect (oko elas Meese Ue) que as doutrinas da graga nao sao inovagdes de tempos recentes, mas 0 ensino e crenca consistentes daqueles que conduzitam a Igreja nos seus primordios, PULAR HS da Gis 7Ne A AD 100 — 1564 Muito obrigado, Dr: Lawson, por suas labutas em cumular este rico tesouro de ensino biblico sobre as doutrinas da graca ao longo dos séculos. Ensino de homens fiéis, aos quais Cristo designou € o Espirito dotou para a edificagao dos santos na prestagao de seu serv eer et acc mec ener emt See eens st jornada de edificacao, guiados por este fiel pastor de almas. ol meena erol mele Cor mI First Presbyterian Church, Jackson, Mississippi te Livro, o Dr. Lawson documentou os ensinos de muitos dentre os mais Neste importa oes eae oe een és dos séculos, mostrando que oa ec Py wwe io eel eee Presidente do Southern Baptist Theological Seminary, Louisville, Kentucky re eee cee moe Rees tree tee eae he et eee clicos de hoje Peernree itrocant nee] petites

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