Todos que me têm como suposto inimigo são bandidos
Desde os primórdios da civilização, quando ficou convencionada a
necessidade de “porta-vozes” do Eterno e de representantes do anseio popular, foi delegado imenso poder a uma minoria que impõe regras na vida e liberdade da maioria. E todo aquele que ousou contrapor essa autoridade imposta pela suposta vontade do Arquiteto do Universo, foram tratados como desajustados e inimigo da ordem pública e religiosa. Esse foi o principal pretexto usado para levar milhões de pessoas ao calabouço, à guilhotina, à forca, à fogueira e ao fuzilamento... Enfim, desse modo a história da humanidade tem sido banhada com o sangue de pessoas sem culpas. Numa simples e desinteressada observação crítica é possível perceber que o aparato estatal ou religioso tem sido usado apenas para garantir o gozo do “poder econômico” por parte de uma minoria insaciável. É um engano pensar que essas forças “representativas” têm sido usadas para assegurar o amplo direito de o cidadão viver em sociedade. Onde existir leis que garantam a secreta ação, foro privilegiado, a imunidade do ato, e a irrevogabilidade da decisão de um grupo ou semelhante, ali continua a se perpetuar injustiças e garantias atentatórias ao direito igualitário do homem livre. Assegurada esta simplória introdução do direito universal, me permito comentar sobre minha preciosa garantia pessoal: a vida. Não escondo de ninguém meu ardente desejo de ser um combatente na luta contra as injustiças sociais e não pretendo me tornar redundante neste tema, até porque, são conhecidas e ficarão registradas no livro CENSURADO algumas das peripécias que já vivenciei. Assim sendo, vou me ater somente ao fato que me aconteceu semana passada, quando me conectei a rede mundial de computadores. Na página de relacionamento que mantenho no Orkut recebi um “depoimento” de um internauta anônimo, que me trouxe a seguinte mensagem: “Jeovane, cuidado! Fiquei sabendo da existência de um consórcio para reunir certo valor a ser pago a quem der cabo de sua vida”. Estou tornando público este acontecimento por dois motivos. Primeiro, se esta mensagem veio da parte de um amigo, fico imensamente feliz, em saber que existem pessoas que se preocupam em preservar minha integridade física e vida; segundo, se a mensagem veio da parte de pessoas que deseja me intimidar, quero dizer que essa intenção não surtiu efeito algum. Ao contrário, me motivou a permanecer nas trincheiras e intensificar meu combate contra os usurpadores da ordem e progresso público. Não me importa que aconteça um atentado contra minha vida e depois queiram dar a esse crime uma característica passional, ocasional ou acidental. Ninguém deva lamentar que mais uma vida fosse sacrificada e o sangue de um inocente derramado no campo de batalha. O importante é lembrar que o nome dos possíveis mandantes ou executores são facilmente encontrados nos artigos que escrevo ou no livro CENSURADO. Infelizmente não há como se defender ou ficar imune desse tipo de covardia. Enganam-se quem pensa que eu vou permitir passivamente, a quem quer que seja, cercear o meu direito a me expressar. Visto que nada me resta a fazer e enquanto esses loucos não se acharem de posse da minha vida, contentar-me-ei em reproduzir uma pequena lista das vítimas desse tipo de crime hediondo, acontecidos aqui na região amazônica: o seringueiro Chico Mendes, a missionária Dorothy Stanq, o padre Ezequiel Ramim, o meu amigo advogado Valter Nunes de Almeida, presidente da OAB/Cacoal, assassinado covardemente em pleno exercício de seu ministério. Portanto, é propício que eu diga em alto e bom tom: “Todos que me têm como suposto inimigo são bandidos e devam ser combatidos”.
Jeovane Pereira Escritor amador e aprendiz de poeta