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O Petição Inicial é para aqueles que precisam enfrentar o balcão do

cartório, o processo, o juiz, o oficial de justiça, o cliente, os livros, a


internet e as contas no fim do mês.

domingo, 19 de setembro de 2010


Como avaliar um caso em 5 passos - Parte 1

Hoje vamos conversar sobre aquela avaliação que fazemos na


primeira entrevista com o cliente, para saber se aceitamos ou não um
caso.

Obviamente cada profissional tem o seu estilo e método. Para os


colegas que estão começando, o método que descrevemos serve de
sugestão. Com o tempo você pode, e deve, mudar, adaptar e
melhorar.

Um dica: se o colega iniciante tiver secretária ou assistente, ajuda


bastante se ela ou ele preencherem para você uma pequena ficha
com nome, telefone, endereço, e-mail e um pequeno resumo do que
o cliente quer. Isso pode ser feito quando o potencial cliente faz a
primeira ligação agendando a consulta, ou quando ele chega em seu
gabinete antes de você começar atendê-lo.

Muito bem, vamos começar o atendimento.

Passo 1 - Comece perguntando: "Qual é o seu caso?" ou "O que


posso fazer pelo Sr./Sra?".

A resposta que surge geralmente é uma história de algo que


aconteceu à pessoa, nem sempre na melhor organização possível,
muitas vezes recheada de emoção, opiniões e de muitas outras
coisas.

O ideal é não interromper a narrativa, para não impedir alguma


lembrança importante. Também serve para ir conhecendo o cliente e
até já dá para adiantar um pouco de seu comportamente quando de
um futuro depoimento pessoal em juízo, se ele se expressa bem sua
versão dos fatos, se consegue se fazer entender com facilidade, se
consegue controlar sua emoção enquanto fala dos acontecimentos.

Passo 2 - Faça perguntas diretas para esclarecer detalhes do caso.

Com aconteceu tal coisa. Por que isso teria ocorrido. Se alguma outra
pessoa não mencionada teria tido participação nos fatos e, muito
importante, pergunte ao cliente como ele pode provar todos os fatos
que acabou de narrar a você. Lembre-se, falar e não provar é o
mesmo que não falar nada.

Passo 3 - Repasse toda a história contada pelo cliente. Dessa vez


faça sob a perspectiva da parte contrária. Preste atenção a possíveis
falhas e variações entre a primeira versão e esta. Se houver
contradições, interrogue o cliente até esclarecê-las.

O Petição Inicial é para aqueles que precisam enfrentar o balcão do


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segunda-feira, 20 de setembro de 2010


Como avaliar um caso em 5 passos - Parte 2

Continuando nossa última postagem, aqui vão os últimos dois passos


do método de avaliação de casos sobre os quais estavamos falando.
Os primeiros três passos você pode ler AQUI.

Passo 4 - Geralmente a essa altura você já tem uma noção muito
boa do caso e já sabe se vale ou não a pena. Mas pode ser que o
caso não seja assim tão simples. Pode ser que envolva
conhecimentos complexos de engenharia, medicina, economia ou
outra matéria estranha ao seu domínio. Ou pode ser ainda que o
cliente tenha uma pequena pasta com 2000 páginas de documentos.

Nesses casos não exite em marcar uma outra data para dar um
diagnóstico ao seu cliente, para que possa examinar com calma os
documentos e outros aspectos do caso. Lembre-se que estamos
falando de avaliar o caso previamente à contratação. Assim, deve
estabelecer com exatidão quanto custará essa análise prévia. É
possível que os honorários cobrados normalmente para uma consulta
não sejam o suficiente, dada a complexidade do caso e tempo que
terá que dedicar a essa análise.

Estabelecer honorários específicos para essa fase prévia também


pode servir para chegar a postura do cliente quanto ao caso e o
trabalho do advogado. Se ele nao entender que custa separar parte
do seu tempo para ler documentos e pensar sobre seu caso, pode
significar que esse não será um bom cliente para o advogado. Essa
não é uma regra rígida. O colega terá que avaliar no caso concreto.
Se, no primeiro dia ou em outra data o colega advogado chegar à
conclusão de que o caso não vale à pena para você, diga isso
diretamente ao cliente, explique as razões e sugira-lhe que tome uma
segunda opinião com outro advogado se ele assim quiser para ficar
mais seguro.

Passo 5 - Nem todos os clientes tem noção do que significa uma
ação judicial em termos de esforço, tempo, dinheiro, dor de cabeça,
etc. Então faça uma explanação de todas as fases do processo, desde
o ajuizamento até o seu final, sem a utilização de linguagem técnica.

Em cada fase esclareça o que significa em termos de custo em


tempo, dinheiro e dedicação pessoal e questione seu cliente de modo
a poder saber se ele tem condições emocionais, econômicas e de
tempo para suportar a tramitação do processo.

É importante deixar claro, principalmente para clientes de primeira


viagem, que ele acabará não recuperando todos os custos de um
processo, ainda que seja nele vitorioso.

Esses cinco passos são suficientes e dão um bom norte aos colegas
iniciantes de como conduzir a primeira consulta do cliente. Com o
tempo e a prática você pode adaptar, mudar e aperfeiçoar o método
que descrevemos.

Um bom trabalho a todos e até a próxima!

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