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Poucos anos após a publicação do trabalho de Alexander Friedmann, que mostrava pela
primeira vez um universo em expansão, o astrofísico belga Georges Lemaître chegou às
mesmas conclusões.
Lemaître era um padre católico que durante praticamente
toda sua vida se interessou pela ciência. Em 1927 ele
publicou um modelo de um universo que se expandia na
revista científica Annals of the Brussels Scientific Society.
Como essa revista era pouco lida pela maioria dos grandes
cientistas da época a contribuição científica de Lemaître
não causou qualquer impacto nos meios científicos. Sua
teoria não foi amplamente conhecida e rapidamente
esquecida até mesmo por aqueles que leram o seu artigo.
No encontro da Royal Astronomical Society, ocorrido em
Londres no início de 1930, de Sitter admitiu que nenhuma
das soluções propostas às equações do campo gravitacional
relativístico, nem a sua solução cosmológica nem aquela
proposta por Einstein, poderiam representar o universo
observado. Quando Lemaître viu o resumo desse encontro,
prontamente escreveu para o astrofísico inglês Arthur
Eddington (que havia sido seu professor) relembrando a ele o
artigo que havia publicado em 1927 no qual propunha um
universo em expansão (até mesmo Eddington que havia lido o
artigo de Lemaître na época de sua publicação já o havia
esquecido!). Eddington prontamente reconheceu o valor do estudo
feito por Lemaître e, sem perda de tempo, entrou em contato com
de Sitter apresentando a ele esse artigo fundamental mas quase
desconhecido. A existência do artigo de Lemaître foi aos poucos
se espalhando entre os nomes célebres da época. Logo depois de
tomar conhecimento da existência do artigo de Lemaître, de Sitter
escreveu para Harlow Shapley, que estava em Harvard, Estados
Unidos, dizendo:
"Eu encontrei a solução verdadeira, ou pelo menos uma solução
possível, que deve estar aproximadamente próxima da verdade, em um
artigo... de Lemaître...que tinha escapado de minha atenção na época."
Einstein também logo confirmou que o trabalho apresentado por Lemaître
"se ajusta bem na teoria da
relatividade geral"
Em 1931, publicamente, de Sitter elogiou a "brilhante descoberta" de Lemaître, o "universo
em expansão". Neste mesmo ano, Lemaître avançou mais ainda suas idéias propondo que o
universo atual é formado pelas
"cinzas e fumaça de fogos de artifício brilhantes mas
muito rápidos. "
Hoje vemos esta "teoria de fogos de artifício", como ela ficou sendo conhecida em sua
época, como uma primeira versão da "teoria do Big Bang" da origem do Universo.