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SEMIOLOGIA DA

DOR
 A dor é um mecanismo de defesa do
organismo que, sem tratamento, pode
comprometer a qualidade de vida do paciente

 Ela pode ser causada por uma lesão tissular ou,


no caso da dor crônica, por alterações nos
nervos periféricos ou no sistema nervoso
central

 É papel do médico detectar e tratar


corretamente o problema e aliviar o sofrimento
do paciente
 A dor gera respostas metabólicas e emocionais
que afetam a recuperação e o comportamento
do paciente

 Pacientes com baixa reserva energética são


especialmente vulneráveis aos efeitos da dor,
podendo apresentar complicações

 A dor pode levar a distúrbios do sono e


psiquiátricos, e em alguns casos é fator
contribuinte para tentativas de suicídio
 A percepção da dor começa nos nociceptores,
que são terminações nervosas livres com alto
limiar de excitabilidade e não sujeitas a fadiga
ou adaptação a estímulos repetidos

 Os nociceptores respondem a estímulos


nocivos como temperaturas maiores que 43°C
ou menores que 18°C, pressão excessiva e
substâncias provenientes de lesões celulares e
respostas inflamatórias. Ex.: bradicinina,
serotonina, prostaglandinas, acetilcolina,
histamina, ATP, íons potássio e hidrogênio
A despolarização dos nociceptores gera impulsos que se
propagam por aferentes nociceptivos primários constituídos
por fibras do tipo A- e do tipo C

FIBRAS A- FIBRAS C

 Mielinizadas  Amielinizadas

 Velocidade de condução  Velocidade de condução


elevada (20 m/s) baixa (1 m/s)

 Sensação dolorosa inicial,  Sensação dolorosa tardia,


aguda e bem localizada difusa e mal localizada, que
persiste após o término do
 Mais relacionadas a dor estímulo nocivo
somática
 Dor visceral
 Nervos cutâneos apresentam relação de fibras
C:A- de 3:1, enquanto que nos nervos viscerais
essa relação é de 9:1, daí a diferenciação entre
dor somática e dor visceral.

 Os impulsos prosseguem dos aferentes


primários até o corpo do neurônio presente no
gânglio da raiz dorsal, e então para o corno
posterior da medula, onde fará sinapse com
neurônios de segunda ordem
 Quando os estímulos nociceptivos atingem o
córtex, ocorre a percepção consciente da dor.
Mas há também a percepção emocional,
quando os estímulos atingem o hipotálamo e
sistema límbico.
Dor neuropática ou não-nociceptiva

 Lesão no sistema nervoso central ou periférico pode


gerar dor sem que haja estímulo nocivo

 Ex.: neuromas, patologias desmielinizantes, neuralgia


pós-herpética e dores mantidas pelo simpático, como
na fase aguda do herpes zoster, neuropatias
metabólicas, entre outros.
Dor visceral

 As estruturas viscerais respondem aos estímulos


nocivos de formas diferentes

 Ex.: - o miocárdio é sensível à isquemia, mas não à


estimulação mecânica;
- o intestino pode ser cortado ou queimado sem
gerar dor, mas sua torção ou tração produz dor intensa.

 A área inervada por fibras aferentes nociceptivas


viscerais é maior que a inervada por fibras aferentes
somáticas.
 A dor visceral é acompanhada de intensa
resposta autonômica, manifestando-se por
sudorese, náusea, vômitos, hipotensão e
bradicardia.

 Associam-se à dor visceral fenômenos como


hiperalgesia secundária, dor referida, espasmo
muscular e reflexos autonômicos.
Anamnese do paciente com dor

 É importante lembrar que a dor é uma experiência


sensorial e emocional altamente subjetiva e única para
cada paciente

 Alguns fatores alteram o limiar de dor e a tolerância do


paciente a ela:
Fatores psicológicos:

- Atenção, temperamento, ansiedade, antecipação, memória,


sugestão

Fatores constitucionais:

- Idade: idosos toleram mais dor


- Sexo: mulheres apresentam menor limiar para dor, que se altera
ao longo do ciclo menstrual (mais baixo no período pré-menstrual)
- Nível sociocultural: trabalhadores braçais tendem a apresentar
limiar e tolerância maiores para dor
- Ciclo circadiano: o limiar para dor é maior pela manhã do que ao
entardecer
- Fadiga: diminui a tolerância à dor
 Durante a anamnese é preciso procurar
caracterizar a dor segundo alguns critérios:

1. Duração
2. Tipo
3. Evolução
4. Localização
5. Intensidade
6. Irradiação
7. Relações com funções orgânicas
8. Fatores desencadeantes ou agravantes
9. Fatores de alívio
10. Manifestações associadas
1. Duração

 Para dores contínuas, anotar o tempo


transcorrido desde o início da dor até a
consulta;
 Para dores cíclicas ou periódicas, investigar o
intervalo entre as crises, a duração das mesmas
e o registro do primeiro episódio.
 Dores com duração superior a seis meses são
consideradas crônicas
2. Tipo

 Pontada, lancinante (como uma incisão),


queimação, pulsátil, cólica, constritiva, etc.

3. Evolução

 Cíclica ou contínua; aumenta ou não de


intensidade
4. Localização

 No caso da dor somática, é bem localizada,


guardando relação com a localização da
patologia;
 A dor visceral é difusa e mal localizada;
 A dor referida pode ser bem localizada, mas
não guarda relação com a estrutura acometida
(a dor parece vir de uma região cutânea,
quando na verdade o processo nociceptivo
ocorre em outro local)
5. Intensidade

 Medida extremamente subjetiva, pode ser feita


através de escala visual, verbal, numérica ou de
faces

6. Irradiação

 Ex.: hérnia de disco que provoca compressão


de uma raiz nervosa, produzindo dor na região
inervada pela mesma
Escalas de intensidade de dor
7. Relações com funções orgânicas

 Dores que sofrem alterações conforme


estruturas adjacentes se movimentam. Ex.: dor
torácica que se altera com movimentos
respiratórios ou tosse

8. Fatores desencadeantes ou agravantes

 Algumas atividades podem precipitar ou


intensificar a dor
9. Fatores de alívio

 Posições que o paciente assume para obter


alívio (posição antálgica);
 Manobras como a indução do vômito;
 Investigar uso de analgésicos e a resposta do
organismo aos mesmos
10. Manifestações associadas

 Ocorrência de vômitos, sudorese, palidez


(dores viscerais) ou outros distúrbios como
hematúria, associada à cólica nefrética da
litíase renal
Vocabulário da dor

- Alodínia - Hiperalgesia
- Analgesia - Hiperestesia
- Anestesia dolorosa - Hiperpatia
- Causalgia - Hipoalgesia
- Disestesia - Hipoestesia
- Dor central - Neuralgia
- Dor neurogênica - Neurite
- Dor neuropática - Neuropatia
"Ninguém pode livrar os homens da dor, mas
será bendito aquele que fizer renascer neles a
coragem para a suportar."
( Selma Lagerlof )
Bibliografia

LOPEZ M, LAURENTYS J. Semiologia Médica:


As Bases do Diagnóstico Clínico. 4ª edição,
vol.1

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