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INSTALAÇÃO ELÉTRICA INDUSTRIAL

Em um projeto de instalação elétrica industrial, deve-se considerar


alguns parâmetros elétricos que no projeto residencial não o foram. Esses parâmetros
são utilizados praticamente só na indústria. Tais parâmetros como o agrupamento de
condutores, temperatura ambiente, fator de segurança e maneira de instalar devem ser
utilizados para dimensionamento dos condutores elétricos. Alguns cálculos tais como,
queda de tensão e dimensionamento de eletroduto feitos no projeto residencial, não
precisam ser feitos no projeto industrial. Com isso, não quer dizer que no projeto
industrial real não é necessário calcular estes dois parâmetros, pelo contrário, devem
ser calculados. Apenas no projeto residencial, então, nós não o exigiremos. Com estas
observações feitas, partiremos para o projeto propriamente dito.
Primeiramente ele se divide em duas partes, uma de força motriz e
outra de iluminação tomada. Portanto devem ser apresentados em folhas separadas e
devidamente dobrados, junto com um memorial descritivo. Como deve ser feito o
projeto industrial?
A nanquim, é escrito com normógrafo aranha, o memorial digitado no
computador, etc. Porém nada disto é considerado. O que será considerado no projeto?
Será considerado se está bem feito, limpo, devidamente dobrado, não
importando se está desenhado a nanquim ou a lápis ou o memorial em IBM ou
manuscrito. Portanto todos estes detalhes serão contados no cômputo da nota do
projeto.
Nosso projeto apresenta alguns parâmetros para sua elaboração:
- Uma potência de força motriz--------- Dada em CV
- Tensão de alimentação 220V trifásico (√3)
A força motriz será dada em função do tipo de indústria a ser
projetado.
- Área de apoio:
Escritórios; Almoxarifado; Sala de gerência; Projetos; Sanitários/
Vestiário; etc.
- Área fabril:
É onde abrigará as máquinas. Esta área é determinada através de
métodos científico (arranjo físico ou planta e layout), que consideram vários
parâmetros, tais como; área de manutenção, produto em processo, produto acabado,
área do operador, movimento de carga, etc. Porém para nosso projeto iremos
“chutar” a área fabril do galpão, multiplicando somatória das áreas das máquinas por
um fator, por exemplo 5 vezes ou 10 vezes. Com isso teremos a certeza de que o
galpão abrigará todas as máquinas dentro. Na indústria deve conter em torno de doze
máquinas, sendo oito distintas, divididas em três seções.. Sabendo isso partiremos
para as etapas de elaboração de uma tabela do projeto.

Etapa 01 - Relacionar as máquinas que irão compor a indústria, tabelando suas


principais informações (potência, tensão, etc.).
Nesta etapa pesquisaremos catálogos de fabricantes de algumas indústrias que
temos maior afinidade ou que temos algum parente que trabalha nela ou é perto de
onde mora. Enfim, teremos que montar uma indústria que nós tenhamos maior
facilidade de informação. Podendo até mesmo fazer visita a alguma indústria para
coletar dados de máquinas. As informações mais importantes para o projeto são:

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- Área que a máquina ocupa;
- Potência dos motores;
- Tensão

A área que a máquina ocupa, quando não temos essa informação “chutamos” a
área desta, não precisando que seja muito precisa. Para potência dos motores de deve-
se relacioná-los com a potência respectiva em CV sem somá-las. E a tensão de
funcionamento será independente de catálogos 220V trifásicos (√3).
Para facilitar o desenvolvimento do projeto, devemos tabelar as informações
adquiridas. Por exemplo:

Código da Nome área ocupada potência tensão...


máquina (função) (m2 ) (CV) nominal (V)

M 01 torno 6
M 01 motor princ. 10 220
M 01 lubrificação 01 220
M 01 refrigeração ½ 220
M 01 refrigeração ½ 220

Obs.: O código da máquina é usado para facilitar o uso de tabela e diagrama unifilar.
Porque, já pensou se em todos os locais do projeto que aparecer esta máquina, tiver
que escrever todas as especificações da máquina? Iria ocupar muito espaço. Então
nós adotamos um código para a máquina , e todas as especificações do fabricante,
características, etc, colocamos no memorial descritivo. No nome da máquina nós
usamos um nome singelo sem especificar modelo e demais características.
Os parâmetros dados, com exceção das seções e tensão não precisão ser seguidos a
risca. Por exemplo, a quantidade de máquinas pode ser de 10 a 15 e de máquinas
diferentes de 06 a 10. O galpão industrial deve conter certas áreas de apoio essenciais
para uma indústria estar em plena atividade. No caso do sanitário / vestiário, deve
conter chuveiros. Após estas explanações iniciais sobre o projeto industrial,
partiremos para seqüência da tabela iniciada.

Etapa 02 - Dividir as máquinas, formando seções específicas e denominá-las


conforme suas finalidades. Por exemplo: usinagem, solda, etc.
Tendo todas as máquinas que irão compor a indústria, iremos agora dividi-las em
seções. Como é feita esta divisão? Da seguinte forma:
Primeiro, teremos que ver o tipo de processo de fabricação do produto.
Segundo, as máquinas que compõe a produção e as máquinas que servem de suporte
para a produção. Por exemplo: Uma usinagem de eixo, trabalha com tornos para sua
produção e servindo de suporte teremos máquinas auxiliares, como esmeril para
afiação de ferramentas. Porém, nada disto nos importará. O importante para nosso
projeto é que as máquinas sejam divididas em seções e estas sejam “batizadas” com
um nome. Por exemplo: Seção um, seção tornos, seção frezadoras, etc.

Etapa 03 - Calcular a corrente de projeto de cada máquina, considerando fatores de


correção.
Para esta etapa utilizaremos uma fórmula que considera potência do motor,
tensão, fator de potência e rendimento.

Ip = P(cv) . 1000

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220 3

Obs.: Esta fórmula será vista em teoria suas definições.

Exemplo:

Potência Tensão Corrente


(CV) (V) (A)
10 26,2
01 220 2,6
½ 1,3

Pela fórmula Ip1 = 10 . 1000 = 26,2A


220 3

Ip2 = 1 . 1000 = 2,6A


220 3

Ip3 = 0,5 . 1000 = 1,3A


200 3

Etapa 04 - Especificar os condutores de alimentação de cada máquina, conforme


maneira de instalar escolhida.
Para determinar o cabo de alimentação de cada máquina, precisamos
primeiramente escolher que maneira instalaremos este cabo. Na tabela 01 do anexo
01, onde encontraremos vários tipos de maneira de instalar, escolheremos a maneira
de instalar que melhor se adapta a indústria a ser montada. Para isso, devemos
considerar alguns aspectos na indústria, tais como, se a indústria na parte fabril
trabalha com produtos líquidos, ou se iria ter ponte rolante, ou se nesta empresa
haverá possibilidade de troca de lay-out nas máquinas, etc. Por exemplo, se a sua
indústria trabalha com produtos líquidos com possibilidade de caírem no chão a
maneira de instalar canaleta no piso, não poderá ser usada. Por que?
Porque estes líquidos caindo nos cabos, poderão danificar sua isolação
e com isso a possibilidade de curto circuito entre eles. Escolhida a maneira de instalar
para a indústria, fazemos um lay-out das seções de indústria. Por exemplo:

QS1, QS2, QS3 = quadros de distribuição das seções

M1 à M11 = máquinas

DESENHO 01

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QS1 QS2

3 cabos
3 cabos ou ou
9 condutores
9 condutores
M4 M5
M1 M2
M6 M7
M3

M8 M9 M10 M11

QS3

Condutor - É um fio de cobre ou alumínio dotado apenas de isolação.

Cabo - É o conjunto de fios encordoados isolado. Sendo que os cabos podem ser
unipolar e multipolar.

EXEMPLOS

FIOS CABO UNIPOLAR CABO


MULTIPOLAR

A norma NB5410/97 entende condutor com sendo fio ou cabo


unipolar, e cabo, com sendo cabo multipolar. Então para alimentar uma máquina

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trifásica sem neutro, teremos que usar três fios e ou cabos unipolar ou um cabo
tripolar. Vistos estes aspectos, temos que escolher qual dos dois tipos utilizaremos.
Após a escolha, temos alguns fatores de correção que influenciam no
dimensionamento do condutor ou cabo. O primeiro é o fator de segurança.
Este fator dado pela NBR-5410/80 dizia:
“Os condutores do circuito terminal para alimentação de um único motor deve
ter uma capacidade de condução de corrente igual ou superior a 125% da corrente
nominal de alimentação a plena carga do motor.
Os condutores que alimentam dois ou mais motores devem ter uma capacidade
de condução de corrente igual ou superior a soma da corrente nominal de plena carga
dentre os motores do grupo”
Porém na NBR-5410/97 não menciona mais nada a este respeito, ficando assim, a
critério do projetista em usá-lo ou não.
O segundo fator de correção é o fator de agrupamento.
Este fator considera a maneira de instalar, a quantidade de condutor ou cabo e a troca
de calor entre estes. Para utilizar o fator de agrupamento, devemos ir as tabelas
37,38,39,40 e 41 da Norma e encontrar o fator correspondente.
Por último temos o fator de correção de temperatura ambiente para temperatura
diferentes de 30o C . Neste fator é considerado a temperatura do ambiente onde os
condutores ou cabos estarão instalados. Por exemplo na tabela 35 da Norma temos
para uma temperatura ambiente de 40o C, um fator de correção de 0,87. O que isto
significa?
Significa que, se um condutor que numa temperatura ambiente de 30o suporta
100A, em temperatura de 40o C suportará 87% da sua capacidade nominal. Ou seja, a
corrente com um fator de agrupamento é dividido pelo fator de correção de
temperatura. Feito isto, partiremos para a etapa seguinte, onde utilizaremos as tabelas
de maneira de instalar e a respectiva tabela de fios e cabos da Norma. Lá
encontraremos também a capacidade nominal dos cabos. Para as máquinas por serem
trifásicas, utilizaremos sempre três condutores carregados. Continuando a construção
da tabela exposta teremos o exemplo:

corrente fator maneira fator temp. corrente cabo capac.


projeto. seg. instalar agrup. amb. dim. cabo cond.
(A) (A) (mm2 ) (A)

26,2 C5 0,7 40o C


cabo múl-
2,6 36,6 tipolar em 60,09 16 62
eletrocalha
1,3

Obs.: O fator de agrupamento usado é considerado sempre o pior


trecho de instalação, ou seja, no nosso exemplo (desenho 1) temos o pior trecho da
seção 1, na saída da caixa de distribuição onde se encontram três cabos multipolares
para o nosso exemplo. Após isto partiremos para a etapa posterior.

Etapa 05 - Especificar os dispositivos de proteção de cada máquina.

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Nesta Etapa escolheremos, para proteção do cabo que alimenta a
máquina, o fusível tipo NH (vide anexo 2). Como eu faço para determinar o fusível
ideal para cada máquina?
De acordo com NBR-5410/97 temos:
“Proteção contra correntes de sobrecarga. Prescrição geral. Devem ser
previstos dispositivos de proteção para interromper toda corrente de sobrecarga nos
condutores dos circuitos antes que esta possa provocar um aquecimento prejudicial a
isolação, as ligações, aos terminais ou as vizinhanças das linhas. Coordenação entre
condutores e dispositivos de proteção:
A característica de funcionamento de um dispositivo protegendo um circuito contra
sobrecargas deve satisfazer as duas seguintes condições:

a) IB ≤ IN ≤ Iz;
b) I2 ≤ 1, 45 . Iz;
onde:
IB = corrente de projeto do circuito;
Iz = capacidade de condução de corrente dos condutores;
IN = corrente nominal dos dispositivo de proteção (para dispositivo de
proteção com ajuste, a corrente nominal IN é a corrente de ajuste selecionado);
I2 = corrente que assegura efetivamente a atuação do dispositivo de proteção.
Então, de acordo com a norma teremos que seguir os parâmetros do item a e b.
No item a usamos a corrente de projeto da máquina e a corrente nominal do
condutor, sendo que, a corrente do dispositivo de proteção (fusível) deve ficar entre
as duas correntes citadas, eu posso usar um dispositivo de proteção com corrente
nominal de até 1,45 da corrente do condutor. Por exemplo: Pelos valores encontrados
anteriormente em nossa tabela temos:

IB = 30,1 A
I z = 62A
De acordo com a tabela de fusíveis do anexo 02 temos:
I B ≤ IN ≤ IZ
30,1 ≤ 36 ≤ 62

Para o exemplo anterior se eu não tiver um fusível entre estes dois parâmetros eu
faço o seguinte:

IB = 30,1A
IZ = 62A
I2 ≤ 1,45 . Iz
I2 ≤ 1,45. 62
63 ≤ 89,9

Obs.: No primeiro item é usado o fusível de ação retardada e no segundo item o de


ação rápida.
O que significa o fusível de ação retardada e o fusível de ação rápida? -
Significa que um tem ação mais rápida que o outro.
Exagerando um pouco, se houvesse uma corrente um pouco superior a corrente
nominal do fusível, o da ação retardada demorará alguns segundos para interromper a
corrente e o de ação rápida abriria com alguns décimos de segundo. Sabe-se a título
de informação, que existem também fusível de ação ultra-rápida. Usa-se dimensionar
a proteção o mais próximo possível da corrente de projeto, mas nada impede que a

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proteção esteja entre a corrente com fator de segurança e a corrente nominal do
condutor e ou multiplicado por 1,45. Após feito isto em minha especificação da
proteção, coloco o tipo de fusível, corrente deste e tamanho.

Etapa 06 - Locar os quadros de distribuição de força para cada seção e geral. Nesta
etapa, desenharemos um lay-out geral da parte fabril da indústria, locando os quadros
das seções, luz e tomadas e quadro geral da indústria. Deste quadro geral é que sairá
os condutores de alimentação de cada seção e alimentação dos quadros de iluminação
e tomada.

Etapa 07 - Calcular a corrente total de cada seção.


Neste item nós iremos imaginar que cada seção seria uma máquina com vários
motores. Então para se calcular a corrente, nós faremos com foi feito para cada
máquina, ou seja, pegaremos a corrente do maior motor da seção e multiplicaremos
pelo fator de segurança e somaremos com a corrente de projeto de cada motor das
máquinas.

Etapa 08 - Determinar os condutores de alimentação de cada seção.


De agora em diante, usaremos o mesmo método de cálculo que usamos para
determinar os cabos de cada máquina, ou seja, escolheremos a maneira adequada de
instalar para alimentadores que chegarão a cada seção, podendo ser igual ou diferente
da escolhida para as máquinas. Feito isto iremos a Norma e de acordo coma minha
maneira de instalar, quantidade de condutores ou cabos e espaçamento entre estes,
encontraremos o fator de correção para este agrupamento. Com este fator de correção,
divido a corrente da seção por este fator encontrado. Com isto feito, vejo se minha
temperatura ambiente na área em que se encontrarão estes cabos ou condutores, é
igual ou diferente de 30oC. Se diferente, pego a corrente da seção com fator de
agrupamento e divido pelo fator de correção de temperatura. Feito todas estas
correções, posso determinar o cabo de cada seção, ou seja, de acordo com a maneira
de instalar escolhida, vou a tabela correspondente e vejo qual condutor ou cabo que
suporta a corrente calculada. Após isto, anoto também a capacidade nominal do
condutor dimensionado.

Etapa 09 - Especificar os dispositivos de proteção de cada seção.


Para determinar a proteção de cada seção, usa-se o mesmo método que foi
utilizado para cada máquina, observando o tamanho, corrente e tipo. Por exemplo, se
eu tenho na minha seção uma corrente calculada de 153A e cabo de alimentação de
70mm2 que suporta uma corrente nominal de 171A, a minha proteção pela norma
seria igual a :

1B ≤ IN ≤ Iz
153A ≤ 160A ≤ 171A

Descrição da proteção: Fusível NH tam. 1 de 160A

Determinado a proteção de cada seção da indústria, partiremos para etapa


seguinte.

Etapa 10 - Desenhar a planta do galpão industrial as máquinas, divididas em seções,


bem como definir áreas para o setor administrativos, sanitários, almoxarifados, etc.

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Calcular a iluminação de todos os ambientes pelo método dos Lúmens. Especificar
luminárias e tipo de lâmpada usada no cálculo.
Nesta etapa definiremos toda a iluminação da indústria. Para isto, na parte fabril
da indústria, deveremos somar as áreas das máquinas e multiplicá-las por um fator.
Por exemplo 05 vezes ou 10 vezes. Com isso asseguraremos que todas as máquinas
estarão abrigadas no galpão. Esta área calculada, nos servirá para o cálculo da
iluminação da área fabril. Os níveis de iluminamento são dados pela norma no anexo
03 para cada ambiente e cada tipo de indústria. Então deveremos nos dirigir ao anexo
03 e pesquisar qual o nível de iluminamento dos vários ambientes da nossa indústria.
A altura do galpão na área fabril é mais ou menos na faixa de 05m a 10m,
dependendo do tipo de indústria. Podemos usar um valor de por exemplo 06m e para
outras áreas 03m a 04m. Sabendo destas informações, poderemos calcular a
iluminação de cada ambiente da indústria. Observando que, é usual na área fabril usar
lâmpadas fluorescentes, vapor de mercúrio ou sódio. Sendo a mais usual a vapor de
mercúrio. Na parte administrativa, refeitórios e semelhantes, é usual a lâmpada
fluorescentes. Na parte externa da indústria, colocaremos alguns pontos de luz de
vigia sem fazer cálculo algum. Pois o cálculo de iluminação externa não é nosso
objetivo para o curso de Eletricidade Aplicada II. Nem o cálculo de cabina de força.
Então imaginaremos que os alimentadores da indústria virão direto da concessionária
para dentro da indústria.

Etapa 11 - Definir as tomadas de uso geral do setor fabril e tomadas de uso geral e
específico dos outros setores da indústria. Para a indústria, não há norma para se
determinar a quantidade de tomadas de uso geral, podendo o projetista colocar a
quantidade qual achar necessário e a potência que achar melhor. Usualmente no setor
fabril usa-se uma tomada a cada 04m ou 05m de perímetro com potência de 500VA
cada. Em outros setores da indústria é usual 100VA tomada. Porém nada impede que
você use valores diferentes e que achar conveniente.

Etapa 12 - Determinar o quadro de iluminação, TUG e TUE.


Sabe-se que circuitos de iluminação deve ser separado dos circuitos de tomadas,
ou seja, lâmpadas e tomadas não podem estar num mesmo circuito. Então teremos
circuitos de iluminação, circuitos de TUG e circuitos de TUE. Dividindo a nossa
instalação em circuitos de iluminação, TUG e TUE, faremos o balanceamento das
fases. quantas fases terei para alimentar o quadro de tomadas e iluminação? Sempre
terei três fases e um neutro ou simplesmente 03 fases. Por que? Por que o sistema de
alimentação da nossa indústria é trifásico, então, a alimentação do quadro de luz e
tomadas devem ser trifásicas. Então, feito a divisão dos circuitos, devemos
balancearmos de forma que as três fases fiquem equilibradas, ou seja, que a soma da
potência em cada fase sejam semelhantes. Feito o balanceamento, partiremos para o
cálculo da corrente de projeto de cada circuito, e assim determinaremos os condutores
e as respectivas proteções de cada circuito . Para determinar o condutor de cada
circuito veremos a maneira de instalar a ser usada e em sua tabela correspondente a
corrente que o condutor suporta. Determinado o condutor que alimentará cada
circuito, determinaremos o dispositivo de proteção como foi descrito na etapa 05,
com uma restrição, que para os circuitos de Luz, TUG e TUE nós usaremos o
disjuntor ao invés do fusível. Para determinar o alimentador do quadro de Luz, TUG
e TUE é feito somando a potência de Luz, TUG e TUE. Depois dividiremos esta
somatória por 220 3 , onde encontraremos a corrente geral do quadro e com isto,
determinamos o condutor que suporta esta corrente. Após isto, determinaremos a
proteção geral deste quadro que aí sim será o fusível NH.

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Etapa 13 - Dimensionar a corrente da entrada, os condutores e respectivas
proteções.
Até o momento nós calculamos a parte interna da indústria. Falta então
calcularmos a parte externa. Primeiramente calcularemos a demanda da indústria. Nos
projetos industriais é usual e mais racional determinar a corrente de entrada em
função da demanda. Como eu calculo a potência demandada de uma indústria? De
seguinte forma: Cada motor que eu tiver na indústria, farei a transformação de CV
para KVA. Como eu faço isto? Terei que ver o fator de potência do motor e seu
rendimento e aí aplicá-los na fórmula respectiva. Só que para nosso projeto, nós
adotaremos uma tabela prática que se encontra no anexo 03 e que é adotada pela
concessionária da região. Esta tabela nos dá vários valores padronizados de motores,
ou seja, nos dá as potências de motores mais usadas.
Porém quando eu tenho um motor fora destes padrões, eu escolho um motor
padrão com volor bem próximo do meu motor e aplico uma regra de três para
encontrar a nossa equivalência. O que não está longe da realidade. Por exemplo, meu
motor é de 06 CV e na tabela 16 do anexo 03 eu tenho um motor de 05 CV e o
próximo de 7.5 CV. Como eu faço? O seguinte: Pego por exemplo o motor de 5CV e
sua potência em KVA que é 6,02. Aí faço a regra de três.
5CV___________________ 6,02 KVA
6CV___________________ x

x = 6,02 x 6 = 7,22 KVA


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Passado todos os motores de CV para KVA, pela norma da concessionária a
demanda de motores é 100% maior da indústria mais 50% da potência de cada motor
que restar. Esta norma de demanda de motores e outras da concessionária se
encontram no anexo 04 desta apostila. Quando eu tenho por exemplo, mais de um
motor de potência igual, eu pego 100% e 50% dos outros que restarem. Agora vamos
a demanda de maquinas especiais, que também se encontra no anexo 04. Este cálculo
é semelhante ao de motores. Exemplo de máquinas especiais: máquina de solda a
transformador. Agora nos falta o cálculo da demanda de luz, TUG e TUE. A demanda
de Luz e TUG em indústria é 100%. Porém as lâmpadas devem ser passadas de W
para VA. Com isso? Da seguinte maneira. Lâmpadas que não utilizam reator e/ou
ignitor para seu acionamento/ funcionamento, sua potência em W é igual a VA.
Agora se as lâmpadas trabalham com estes equipamentos auxiliares, é aplicada a eles
um fator de potência por ser equipamento indutivo. Existe fator de potência e reatores
de baixo rendimento e de alto rendimento. Para nosso projeto nós utilizaremos o de
alto rendimento que é em torno de 0,9 seu fator de potência. Então para lâmpadas
fluorescentes, vapor de mercúrio e vapor de sódio, soma-se a potência das lâmpadas
usadas e divide-as pelo fator de potência. Por exemplo:
10 lâmpadas mista de 160W --------------1600W --------------1600VA
15 lâmpadas V. mercúrio de 250W ------ 3750W ------------- 4167VA
0,9 5767VA
E as tomadas de uso geral já é dada pela norma em VA. As tomadas de uso
específico que forem resistivas, por exemplo chuveiro, o fator de potência, ou seja, a
potência em W é igual a VA. O cálculo da demanda de tomadas de uso específico é
dado pela tabela do anexo 04 para chuveiros e ar condicionados. Após feito o cálculo
das demandas parciais, somaremos as demandas de motores, de lâmpadas e TUG e de
tomadas de uso específico. Com essa somatória obteremos a demanda geral da
indústria. Com esta demanda, nós a dividiremos pela tensão de alimentação da

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indústria, que é para o nosso projeto de 220V 3 . Com esse cálculo encontraremos
a corrente de entrada da industria. Iremos a tabela de maneira de instalar da Norma
e escolho a melhor maneira de instalar para os cabos de entrada da indústria. Tendo a
maneira de instalar, vou a tabela correspondente que também se encontra na Norma, e
determino o condutor que suporta a corrente de entrada. Anoto então o condutor
(mm2 ) e sua capacidade nominal (A). Agora então tenho os dois parâmetros para
determinar a proteção, ou seja, a corrente de entrada (corrente de projeto) e a
corrente nominal do condutor. Para a entrada da indústria usaremos fusível NH. Por
exemplo:
IB ≤ IN ≤ Iz
I2 ≤ 1,45.Iz - corrente de projeto -----356A
- corrente nominal do condutor --- (240 mm2 ) ----403A
- fusível NH tamanho 2 de 400A
Com isso teremos a conclusão da parte de cálculo do projeto. E a queda de tensão e
bitola do eletroduto?
Em nosso projeto de Eletra 2 nós não faremos esses cálculos porque já foram
feitos no projeto de Eletra 1. Mas em um projeto real, temos não só que calcular estes
itens mas também a cabina de força, etc. Porém para o nosso curso de Eletra 2 não
nos preocuparemos com isso.

Etapa 14 - Definir sistemas de aterramento e para-raio.


Os sistemas de aterramento existentes estão descritos no anexo 04 desta apostila.
Dentre estes, os usuais para sistema de distribuição estrela com neutro, ou seja, 03
fases mais neutro, que é usado em Sorocaba é o TN-S, TN-C-S, TN-C e TT. Agora
podemos estar perguntando, dentre estes sistemas de aterramento qual é o melhor
para minha indústria? Devemos analisar cada um para verificar qual se adapta melhor
ao nosso projeto. Por exemplo, os sistemas TN-S, TN-C-S e TN-C o aterramento é
feito na entrada da indústria e estes condutores neutro (N) e terra (PE) ou neutro
com terra(PEN) vão até as máquinas. Já o sistema TT, o neutro é aterrado na entrada
da indústria e cada máquina tem seu aterramento individual. O aterramento não
significa que é colocar uma haste enfiada no solo ligada a um condutor que está feito
o aterramento. Não, o aterramento é feito de acordo com o tipo do solo. Se eu tenho
um solo com boa condutividade, pode ser que duas ou três hastes eu tenha uma boa e
baixa resistência de terra. A resistência de aterramento para ser eficiente deve ser
inferior a 05 Ω. O aparelho usado para fazer a medição da resistência de terra é o
terrômetro ou medidor de resistência de terra. Agora se o meu solo não tem boa
condutividade pode ser que eu colocando várias hastes não consiga um bom
aterramento. Aí o que devo fazer? Devemos fazer o tratamento do solo e para o
tratamento existe dois tipos que são o químico e o “caseiro”. O caseiro é o mais
usado pois, ele consiste em misturar ao solo sal e carvão vegetal. Esta mistura
trabalha com a função de que o sal libera íons no solo e o carvão conserva a umidade,
facilitando ao solo ter mais condutividade. Porém há um inconveniente. Como as
hastes são de ferro revestida de cobre pelo processo de deposição e o sal sendo
corrosivo, com o tempo há corrosão da haste do aterramento. Então para aterramentos
feitos com este tratamento do solo, devem ser medidos de ano em ano. Assim
prevenindo que o aterramento não perca sua função e atuação. Os tipos de eletrodos
de aterramento e suas dimensões estão no anexo 04 desta apostila que servem
também para a proteção das edificações contra descargas atmosféricas. Em sendo
assim sabe-se que o aterramento ( o condutor da terra) deve ser ligado a toda carcaça
metálica onde possa haver contatos diretos ou indiretos. O pára-raios existentes são
de dois tipos, o radioativo ou amerion e o franklin ou “pé de galinha”. Os dois tipos

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de pára-raios estão no anexo 04 desta apostila. Qual dos dois tipos que uso? A norma
não diz nada sobre qual deve ser utilizado, apenas sugere o tipo franklin. O tipo
radioativo, como o nome diz, usa um captor radioativo e o tipo franklin um captor de
pontas de aço que é semelhante ao pé de uma galinha por isso o nome pé de galinha.
O pára-raios para o nosso projeto é só copiar qual dos dois tipos vou utilizar no meu
projeto. Com esta última proteção e cada um com suas funções bem definidas com
segue:
- fusível - proteção contra circuito.
- disjuntor - proteção contra sobrecarga e até curto circuito.
- aterramento - proteção contra contatos indiretos (choque elétrico).
- pára-raios - proteção contra descargas atmosféricas.
Após todas as explanações feitas vamos para a etapa 15.

Etapa 15 - Desenhar o diagrama unifilar indicando os elementos utilizados.


Nesta etapa faremos através de um diagrama unifilar, um resumo de todas as
instalações da indústria. Como exemplo farei um diagrama unifilar de uma seção de
minha indústria.

QS1
NH
250A
TAM 01

NH NH NH NH
25A 25A 36A 50A
TAM TAM TAM TAM
00 00 00 00
3x2,5mm²

3x2,5mm²

3x6mm²
3x4mm²

M1 M2 M3 M4

Com este diagrama podemos perceber que são mostradas as bitolas dos condutores,
proteções, e seções.
No diagrama a seguir tenho o resumo de toda minha indústria.
1x150mm²

3x300mm²
N ABC

NH 02
400 A
A BC ABC
ABC

NH 01 NH 01 NH 01

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200 A 160 A 100 A

NH 01 NH 01 NH 01
200 A 160 A 100 A

NH 00 NH 00 NH 00 NH00 NH 00 NH00 NH 00 NH 00 NH 00
20 A 25 A 20 A 36 A 20 A 25 A 25 A 20 A 25 A

Etapa 16 - Executar os detalhamentos, cortes, etc que envolvem a maneira de instalar


dos cabos.
Agora faremos a parte de desenhos do projetos, onde mostraremos os detalhes de
nosso projeto, ou seja, mostraremos através de cortes na parte fabril, que maneira de
instalar estou utilizando e a disposição dos cabos ou condutores dentro da maneira de
instalar utilizada. Quantos corte farei na minha planta? Farei a quantidade de cortes
que achar necessário para melhor detalhar minha instalação. Faremos então
separadamente a planta de força, onde aparecerão somente as máquinas com a
maneira de instalar e quadro de distribuição, e a planta de iluminação e tomadas.
Além disto farei na planta de força o diagrama unifilar da indústria e na planta de
iluminação o balanceamento do quadro de distribuição de luz e tomada e simbologia.

QUAISQUER DÚVIDAS A RESPEITO DO PROJETO,


PROCURAR PROFESSORES DE ELETRA.

BIBLIOGRAFIA

LABORATÓRIO DE ELETRICIDADE APLICADA


- NBR5410/97 - Instalações Elétricas de baixa tensão - procedimentos.

- NTU - Manual de fornecimento de energia elétrica da concessionária.

- Livro instalações Elétricas - Hélio Creder

- Catálogo de fusíveis e disjuntores da Siemens.

- Livro de Instalações Elétricas - Mamede

- Catálogo de fios e cabos Pirelli.

LABORATÓRIO DE ELETRICIDADE APLICADA

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