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1 – HOMICÍDIO
1 – HOMICÍDIO QUALIFICADO
2 – HOMICÍDIO CULPOSO
1.3 – Sujeitos ativo e passivo – trata-se de crime comum e, por isso, sujeito
ativo pode ser qualquer pessoa (capaz de induzir, instigar ou auxiliar) –
admite-se co-autoria e participação em sentido estrito; sujeito passivo é a
pessoa induzida, instigada ou auxiliada que pode ser qualquer pessoa viva
e capaz de entender o significado de sua ação e de determinar-se conforme
esse entendimento (é indispensável capacidade de discernimento), pois,
caso contrário estaremos diante de homicídio.
2.2 – Sujeitos ativo e passivo – somente a mãe pode ser sujeito ativo e, desde
que se encontre sob a influência do estado puerperal. Trata-se de crime
próprio. Sujeito passivo é o próprio filho nascente (durante o parto) ou
recém-nascido (logo após).
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1 – ABORTO
1 – LESÃO CORPORAL
1.2 – Sujeitos ativo e passivo – o sujeito ativo pode ser qualquer pessoa (é
crime comum); o sujeito passivo também pode ser qualquer pessoa viva,
exceto nas figuras qualificadas dos §§ 1º, IV e 2º, V, nas quais somente a
mulher grávida pode figurar como sujeito passivo.
1 – CRIMES DE PERIGO
Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, assim também como o sujeito passivo,
não se exigindo nenhuma qualidade especial dos mesmos. Podem ser sujeitos
passivo ou ativo, o cônjuge, a prostituta, o idoso, o jovem desde que imputável
no caso de ser sujeito ativo, a criança como sujeito passivo etc.
Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, homem ou mulher, desde que esteja
contaminado por moléstia grave e contagiosa. O sujeito passivo, igualmente,
pode ser qualquer pessoa desde que não esteja contaminada por igual moléstia.
Não é necessário que ocorra o efetivo dano, bastando o simples perigo de dano
(crime formal).
Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo ou passivo desse crime, desde que
sejam determinados. Não se exige qualquer condição ou atributo especial dos
sujeitos.
É preciso observar, porém, que determinadas pessoas não poderão ser sujeitos
passivos deste crime como, por exemplo, bombeiros, policiais etc., que têm o
dever de suportar o perigo. Também não se enquadram como sujeitos passivos
pessoas que exerçam prosissões ou atividades às quais o perigo é imanente
como enfermeiros, corredores automobilísticos etc, salvo quando o perigo
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Este crime pode ser realizado sob as formas comissiva ou omissiva (exs.:
sujeito que, agindo com dolo de perigo, induz o ofendido a ultrapassar uma
pequena ponte que sabe não oferecer segurança – comissão; patrão que não
fornece equipamento de proteção ao empregado – omissão).
4 – ABANDONO DE INCAPAZ
Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, desde que tenha especial relação de
assistência e proteção com a vítima, ou seja, desde que a vítima esteja sob
seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade (é crime próprio).
O sujeito passivo pode ser qualquer pessoa que esteja numa das relações
acima referidas (cuidado, guarda, vigilância ou autoridade) e não somente o
menor e desde que seja incapaz de defender-se dos riscos decorrentes do
abandono. Esta incapacidade não se confunde com aquela disciplinada no
direito privado, bastando que a vítima seja faticamente incapaz.
O § 3º do art. 133 prevê duas causas de aumento da pena caso (a) o abandono
ocorra em local ermo, ou (b) o agente seja ascendente ou descendente,
cônjuge, irmão, tutor ou curador da vítima.
pode ser sujeito ativo deste delito. Suponha-se que um padre mantenha
relações sexuais com uma das fiéis de sua paróquia e esta venha a conceber e
dar à luz uma criança. Aquele, tentando ocultar sua desonra pode abandonar o
recém-nascido.
Damásio de Jesus entende que o pai incestuoso ou adúltero também pode ser
sujeito ativo deste delito.
Para os que entendem que somente a mãe pode ser sujeito ativo do crime, esta
deve ser mulher honrada.
Damásio de Jesus pugna pela manutenção das qualificadoras dos artigos 133 e
134 do CP, mesmo após a Reforma da Parte Geral do CP.
1 – OMISSÃO DE SOCORRO
O crime de omissão de socorro é previsto no art. 135 do CP, cuja ação penal é
pública inconsicionada.
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa e deve estar no lugar e no momento
em que o periclitante precisa do socorro.
Por ser um crime omissivo próprio, não admite tentativa, pois, não exige
resultado naturalístico produzido pela omissão. Trata-se de crime de ato único
(unissubsistente), que não admite fracionamento, ou seja, se o agente ainda
pode agir, não há omissão de socorro. A tentativa só é admitida nos crimes
omissivos impróprios, pois, nestes deverá haver um resultado naturalístico.
uma omissão, facilita a ação dos (co) autores, como, por exemplo, o caixa que
deixa o cofre aberto para facilitar o furto.
Não é qualquer pessoa, igualmente, que pode ser sujeito passivo do crime de
maus tratos, mas somente pessoa que se encontra subordinada para fins de
educação, ensino, tratamento e custódia. Qualquer outra subordinação ou
submissão, para qualquer outra finalidade, além dessas relacionadas no tipo,
não configurará o crime de maus-tratos.
3 – RIXA
Exige-se, no mínimo, a participação de três pessoas lutando entre si, ainda que
alguns sejam menores de 18 anos. Se existem duas pessoas lutando contra
uma terceira não existe rixa. Também não há esse crime quando dois bandos
se digladiam, praticando lesões corporais recíprocas, distinguindo-se o
comportamento de cada componente. Quando isso ocorre, os componentes de
cada bando, sob o regime do concurso de agentes, respondem por lesão
corporal ou homicídio.
Além disso, terceiros que possam ser atingidos pela rixa também podem ser
sujeitos passivos deste delito.
A rixa simples é aquela prevista no caput do art. 137 do CP, cuja pena é a de
15 (quinze) dias a 2 (dois) meses, ou multa.
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A rixa qualificada vem prevista no parágrafo único do art. 137 do CP, com
cominação de pena de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
O resultado agravado deverá recair sobre todos os que dela tomam parte,
inclusive sobre os desistentes e sobre aqueles que tenham sido vítimas das
lesões graves.
animus rixandi. Damásio entende que, mesmo que haja animus rixandi, se um
dos indivíduos passa a ter um comportamento mais violento, como, por
exemplo, utilizar uma faca, os outros podem agir em legítima defesa contra o
mesmo.
O CP, nos artigos 138 a 141, protege a honra, conjunto de atributos morais,
físicos, intelectuais e demais dotes do cidadão, que o fazem merecedor de
apreço no convívio social.
Os crimes contra a honra não são próprios nem de mão própria. Isso quer dizer
que podem ser cometidos por qualquer pessoa.
Qualquer pessoa pode, também, ser sujeito passivo desses crimes, mesmo que
desonradas, desde que, no entendimento de Damásio de Jesus, a ofensa atinja
a parte ainda não lesada.
Parte da doutrina afirma que os doentes mentais não podem ser sujeitos
passivos do delito de calúnia, pois, esta é a falsa imputação de crime e, os
doentes mentais não possuem culpabilidade (são inimputáveis) o que torna
impossível o cometimento de crimes por estas pessoas. Para Damásio de
Jesus, entretanto, a culpabilidade não integra o conceito de crime, sendo,
apenas, pressuposto da pena e, por isso, o referido autor entende que os
inimputáveis podem ser sujeitos passivos de calúnia. Para os doutrinadores
que não aceitam a sujeição passiva dos inimputáveis nos crimes de calúnia, o
fato falsamente atribuído aos mesmos deve ser tratado como difamação.
contrário, afirmam que pode ser sujeito passivo de difamação ou injúria, uma
vez que possui patrimônio particular e até mesmo honra. Uma terceira
corrente entende que a pessoa jurídica não pode ser sujeito passivo de calúnia
nem de injúria, uma vez que não pode ser sujeito passivo de crime e nem
possui honra subjetiva, podendo ser vítima de difamação, em face de possuir,
inegavelmente, reputação, boa fama etc. (honra objetiva). Por fim, um quarto
entendimento, em meu entender o mais coerente, dirige-se no sentido de que a
pessoa jurídica pode ser vítima de calúnia quando esta se referir aos delitos
contra o meio ambiente (arts. 3º, 21 e 24 da lei 9.605/98) e de difamação, pois,
possui honra objetiva; jamais de injúria.
No caso do art. 138, § 2º, o sujeito passivo não será o de cujus, mas os seus
familiares.
Dos três crimes contra a honra, a calúnia e a difamação são os que mais se
aproximam quanto a seus conteúdos materiais: em ambas há imputação de
fatos. Por essa razão admitem, em tese, a retratação e a exceção da verdade,
enquanto a injúria não, pois nesta, em que não há imputação de fato, não há do
que se retratar ou o que se provar, salvo a exceção prevista na Lei de
Imprensa, que admite a retratação nas três espécies de crimes contra a honra.
Além disso, assemelham-se as três figuras típicas pelo fato de protegerem a
honra e pelo fato de que a ação penal é, de regra, exclusivamente privada.
2 – CALÚNIA
3 – DIFAMAÇÃO
Difamação é crime formal, pois não exige, para a sua consumação a efetiva
lesão do bem jurídico, contentando-se com a possibilidade de tal violação.
Basta que o fato imputado seja idôneo para macular a honra objetiva, não
sendo preciso que o sujeito passivo seja prejudicado pela imputação.
É delito simples, pois, ofende um só bem jurídico (honra objetiva); além disso
é comum, já que pode ser cometido por qualquer pessoa; comissivo (não
existe difamação por omissão); unissubsistente quando praticado verbalmente
e plurissubsistente quando praticado por escrito, admitindo, neste caso, a
tentativa.
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4 – INJÚRIA
Injúria real é aquela que consiste em violência ou vias de fato que, pela sua
natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes (art. 140, § 2º do
CP).
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Damásio de Jesus critica esta posição do legislador, pois, a injúria nestes casos
é apenada de forma mais gravosa do que delitos como homicídio culposo
(pena de 1 a 3 anos de detenção – art. 121, § 3º CP); com a mesma intensidade
de delitos como o auto-aborto e aborto consentido (arts. 124 e 125 do CP,
respectivamente). Além disso, Cezar Roberto Bitencourt acrescenta que, além
do rigor sancionatório, a Lei 9.459/97 equivocou-se quanto à natureza da ação
penal correspondente à injúria qualificada que manteve-se de exclusiva
iniciativa privada.
Além das causas de exclusão de ilicitude genéricas (art. 23 do CP), nos crimes
contra a honra podem existir circunstâncias especiais capazes de,
excepcionalmente, justificar a prática da conduta geralmente ofensiva. São as
chamadas causas especiais de exclusão de crime, relacionadas no art. 142 do
CP.
Para que haja exclusão, a ofensa deve relacionar-se diretamente com a causa
em questão.
6.3 – Conceito desfavorável emitido por funcionário público (art. 142, III,
do CP)
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Por vezes, o funcionário público pode ser levado a usar termos ou expressões
ofensivas, mas necessárias ao fiel relato dos fatos ou argumentos. É
indispensável para o bom exercício da função pública, conceder essa proteção
ao servidor, que tem o dever legal de informar ou relatar, com seriedade e
exatidão, o que seu cargo ou função lhe atribui. Porém, é essencial que o
conceito desfavorável seja emitido no efetivo cumprimento de dever de ofício.
7 – RETRATAÇÃO
O juiz que recebe a interpelação não deve emitir qualquer juízo acerca da
admissibilidade da interpelação ou da natureza das informações prestadas ou
deixadas a prestar. Este juízo deverá ser do próprio ofendido. A competência
para avaliar as explicações será do próprio juiz competente para a eventual
ação penal.
A ação penal nos crimes contra a honra, como regra geral, é de exclusiva
iniciativa privada (art. 145, caput, 1ª parte, do CP); será, no entanto, pública
condicionada (art. 145, p. único, CP) quando: a) praticada contra o Presidente
da República ou Chefe de Governo (e de Estado) estrangeiro, caso em que
depende de requisição do Ministro da Justiça; b) contra funcionário público,
em razão de suas funções, dependendo de representação do ofendido. Será
pública incondicionada (art. 145, caput, 2ª parte do CP), quando, na injúria
real, houver lesão corporal. Neste último caso, parte da doutrina é do
entendimento de que, se a lesão for leve, haverá necessidade de representação
em razão do que determina o art. 88, da Lei 9.099/95.
DIREITO PENAL III
Aula 9
1 – CONSTRANGIMENTO ILEGAL
Quanto ao sujeito passivo pode ser qualquer pessoa, desde que possua
capacidade de autodeterminação, isto é, liberdade de vontade.
Porém, não é esse o entendimento de Cezar Roberto Bitencourt, pois, para este
autor o que caracteriza o concurso material não é simplesmente a soma ou
cumulação das penas como prevê o dispositivo em exame, mas a pluralidade
de condutas, já que, no concurso formal impróprio também há cumulação de
penas.
Assim, o § 2º, do art. 146 do CP não criou uma espécie sui generis de
concurso material, mas adotou tão somente o sistema do cúmulo material de
aplicação de pena. Portanto, quando a violência empregada na prática do
crime de constrangimento ilegal constituir em si mesma outro crime, havendo
unidade de ação e pluralidade de crimes, estaremos diante de concurso formal
simples, porém, a aplicação das penas seguirá o sistema do cúmulo material,
independentemente de tratar-se de concurso formal próprio ou impróprio.
Por fim, cabe mencionar que, quando o § 1º, do art. 146 do CP menciona que
as penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, significa que o juiz deve
aplicar cumulativamente as penas de detenção e de multa, fixadas em dobro.
2 – AMEAÇA
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A ameaça não é delito próprio. Assim, qualquer pessoa pode ser sujeito ativo.
Quanto ao sujeito passivo, também pode ser qualquer pessoa, desde que tenha
capacidade de entendimento.
O seqüestro e o cárcere privado vêm previstos no art. 148 do CP, sendo meios
de que se vale o sujeito ativo para privar alguém, total ou parcialmente, de sua
liberdade de locomoção.
Seqüestro e cárcere privado não são crimes próprios. Assim podem ser
praticados por qualquer pessoa. Tratando-se de funcionário público no
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exercício de suas funções, pode haver outro crime como, por exemplo, abuso
de autoridade.
Quando ao sujeito passivo, também pode ser qualquer pessoa, porém, segundo
parte da doutrina, tendo em vista o objeto jurídico tutelado, estão fora da
proteção pessoas que não podem exercer a faculdade de ir e vir, como
paralíticos, doentes graves etc. Damásio de Jesus e Cezar Roberto Bitencourt,
porém, entendem que tais pessoas merecem proteção ainda maior e, dessa
forma, poderão ser sujeitos passivos do delito tipificado no art. 148 do CP.
Nos termos do art. 148, § 1º do CP, a pena é agravada se, em primeiro lugar, a
vítima é ascendente, descendente ou cônjuge do agente; em segundo lugar, se
o fato é cometido mediante internação em casa de saúde ou hospital; por fim,
se a privação da liberdade dura mais de 15 dias.
Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo ou passivo do delito previsto no art.
149 do CP. Entretanto, tratando-se de funcionário público no exercício de suas
funções, pode haver configuração de crime de abuso de autoridade..
2 – FURTO
Não podem ser objeto de furto as coisas de ninguém, que nunca tiveram dono
(res nullius); a coisa que já pertenceu a alguém, mas foi abandonada (res
delericta); a coisa de uso comum que, embora de uso de todos, como a luz ou
o calor do sol, o ar, a água do mar e dos rios, não pode ser objeto de ocupação
em sua totalidade ou in natura (res commune omnium). Porém, a coisa perdida
(res desperdicta) pode ser objeto, não de furto, mas, de apropriação de coisa
achada – art. 169, p. único, II, do CP.
Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do crime de furto, salvo o proprietário.
Não existe furto de coisa própria, enquadrado no art. 155 do CP. O legislador
fala em coisa alheia móvel. Assim, o fato praticado pelo próprio proprietário
pode vir a enquadrar-se na descrição típica do art. 346 do CP, desde que
preenchidos os requisitos exigidos para tanto.
O furto, como crime material, admite com segurança a figura tentada. Sempre
que a atividade executória seja interrompida por causas estranhas a vontade do
agente, configura-se a tentativa. Ocorre a tentativa, por exemplo, na situação
em que a vítima percebe que está sendo furtada pelo “batedor de carteira” e o
prende, antes que o mesmo consiga retirar o objeto da esfera de vigilância do
proprietário.
Em alguns casos é preciso ter muita atenção, pois, poderá ser hipótese de
crime impossível (art. 17 do CP) e não de tentativa. Suponha que um
indivíduo coloque a mão no bolso de outrem, visando subtrair-lhe a carteira,
mas, a suposta vítima, naquele dia, não estava portando o referido objeto.
Nesse caso não haverá tentativa, mas, crime impossível por absoluta
impropriedade do objeto. Porém, se a vítima havia colocado a carteira em
outro bolso, haverá tentativa, pois, na verdade, o bem jurídico correu risco.
Registre-se que tal conduta é tipificada como crime militar próprio (art. 241
do CPM).
Porém, é preciso uma análise bastante minuciosa para, em cada caso concreto,
aferir o verdadeiro grau de miserabilidade do agente, bem como a
impossibilidade de que viesse a conseguir o alimento para saciar sua fome
através de outros meios.
De acordo com o § 3º, do art. 155 do CP, equipara-se à coisa móvel a energia
elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico.
Nos termos do art. 156 do CP, constitui furto de coisa comum o fato de
“subtrair o condômino, o co-herdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem
legitimamente a detém, a coisa comum”. O fundamento da incriminação
reside em que o sujeito, seja condômino, co-herdeiro ou sócio, que tira a coisa
comum de quem legitimamente a detém, não subtrai só a coisa própria, mas
também a parte pertencente a terceiro.
Não é punível o crime quando o sujeito tira parte da coisa comum, fungível
(que pode ser substituída por outra de mesma espécie, qualidade e
quantidade), cujo valor não excede a quota a que tem direito. Assim, se a coisa
for infungível, haverá delito, ainda que o agente subtraia coisa de valor
inferior à sua cota. Da mesma forma, mesmo que a coisa seja fungível, se seu
valor extrapolar a cota do sujeito ativo, haverá crime.
3 – O ROUBO
O roubo possui duas formas típicas simples que são: a) roubo próprio; b)
roubo impróprio.
Roubo próprio é o fato de o sujeito subtrair coisa móvel alheia, para ele ou
para terceiro, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de
havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência (art.
157, caput, do CP).
Obs.: é preciso cuidado para não confundir roubo impróprio com violência
imprópria. Esta é descrita na parte final do caput do art. 157 do CP e, jamais
estará presente no roubo impróprio, pois, este exige a violência própria ou
grave ameaça.
Esta majorante não pode ser, em hipótese alguma, aplicada caso o transporte
seja realizado pelo próprio proprietário dos valores transportados. A causa de
aumento é estar a vítima em serviço de transporte de valores e serviço se
presta a outrem, não a si próprio.
ação policial (refém), incide o art. 157, § 2º, V do CP, afastando-se outros
crimes; b) se a manutenção da vítima em poder do agente for cometido depois
da subtração (sem conexão com a execução ou com a ação policial), haverá
concurso de crimes (roubo com seqüestro, roubo e extorsão mediante
seqüestro etc.). Já Cezar Roberto Bitencourt entende que, dependendo do caso,
ainda que a privação da liberdade da vitima ocorra concomitantemente com o
roubo, pode perdurar por mais tempo e, nesse caso, se ficar configurado um
delito mais grave, como por exemplo, o previsto no art. 159 do CP, este
absorverá o delito de roubo (menos grave).
Não faz diferença, portanto, que o resultado mais grave seja produzido de
forma voluntária ou involuntária, justificando-se a agravação da punibilidade
desde que esse resultado não seja produto de caso fortuito ou força maior, ou
seja, desde que decorra de culpa.
2 – LATROCÍNIO
Pode acontecer que a morte resulte em outra pessoa que não a dona da res
furtiva, havendo dois sujeitos passivos.
A Lei nº 8.072/90, em seu art. 1º, II, definiu o latrocínio como crime
hediondo, excluído de anistia, graça, indulto, fiança e liberdade provisória,
com cumprimento de pena integralmente em regime fechado. Nesses casos, a
prisão temporária é de trinta dias e, em caso de condenação, segundo a melhor
doutrina, desde que o réu tenha ficado em liberdade durante o processo, o juiz
decidirá se poderá apelar em liberdade.
As causas de aumento previstas no art. 224 do CP, não obstante sua natureza
objetiva, devem entrar na esfera de conhecimento do agente, admitindo-se,
caso contrário, o erro de tipo.
3 – EXTORSÃO
Não se cuida de crime próprio, mas comum. Em face disso, qualquer pessoa
pode ser sujeito ativo ou passivo. É possível hipótese de dois sujeitos
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passivos: um sobre o qual recai a violência e outro que faz, deixa de fazer ou
tolera que se faça alguma coisa.
A extorsão é delito formal e não material. Cuida-se de crime cujo tipo penal
descreve a conduta e o resultado, não exigindo a sua produção. O tipo fala em
“intuito” de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica.
Assim, é suficiente que o sujeito constranja a vítima com tal finalidade, não se
exigindo que realmente consiga a vantagem. O núcleo do tipo é o verbo
constranger e não obter.
Para Cezar Roberto Bitencourt, a redação do § 1º, do art. 158 do CP, ao exigir
o cometimento do delito por duas ou mais pessoas, determina ser
indispensável a presença física e a efetiva participação na execução material
do fato de, no mínimo, três pessoas, ainda que qualquer delas seja
inimputável. Para o referido autor, não basta, para configurar a causa de
aumento, a simples participação stricto sensu (instigação ou auxílio). Para
Luiz Regis Prado, no entanto, não é necessária a presença física de todos os
autores no locus delicti para que se configure a majorante. Este último
entendimento mais se coaduna com a teoria do domínio do fato.
Segundo o texto legal, para a tipificação desta majorante, a extorsão deve ser
cometida com emprego de arma. É indispensável, portanto, o emprego efetivo
de arma, sendo insuficiente portá-la ou simplesmente ostentá-la, o que, nesses
casos, poderia configurar apenas a grave ameaça. Exige-se, ainda, a
idoneidade da arma, não sendo suficiente para caracterizar a majorante, o uso
de arma de brinquedo, a exemplo do que acontece no delito de roubo.
Na extorsão praticada com violência (na qual não se inclui a grave ameaça), o
§ 2º, do art. 158 do CP manda aplicar o § 3º do art. 157 do mesmo diploma.
Assim, se a extorsão for praticada mediante violência de que resulte lesão leve
ou mediante grave ameaça, não incidirá a qualificadora.
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O fato é definido como “seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para
outrem, qualquer vantagem como condição ou preço do resgete” (art. 159 do
CP).
Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, sem condição especial, uma vez que se
trata de crime comum.
Sujeito passivo também pode ser qualquer pessoa, inclusive quem sofre o
constrangimento sem lesão patrimonial. Assim, a vítima do seqüestro pode ser
diversa da pessoa que sofre ou deve sofrer a lesão patrimonial (é o que
comumente acontece). Haverá, nesse caso, duas vítimas, uma do patrimônio e
outra da privação de liberdade, mas, ambas do mesmo crime de extorsão
mediante seqüestro. A pessoa jurídica não pode ser seqüestrada, mas, pode ser
constrangida a pagar o resgate, podendo, em conseqüência, também ser sujeito
passivo deste crime.
A idade da vítima inferior a dezoito anos, por sua vez, é qualificadora que tem
fundamento político-criminal coerente com a mesma política que fundamenta
a imputabilidade penal somente para os maiores de dezoito anos. Por outro
lado, sabe-se que os filhos, especialmente os menores, são os bens mais
valiosos de qualquer ser humano; nessas circunstâncias, o agente sabe que,
seqüestrando filhos menores, os pais, desesperados, ficam extremamente
vulneráveis e dispostos a satisfazer qualquer exigência imposta.
Assim como na lesão grave, a morte pode resultar em outra pessoa que não a
seqüestrada, podendo existir dois sujeitos passivos.
5 – EXTORSÃO INDIRETA
pode ser praticado, normalmente por agiotas, embora para sua configuração
não seja indispensável a existência da usura. É suficiente, em princípio, que o
sujeito ativo procure garantir-se, exigindo do devedor documento que possa
dar causa a processo criminal contra si ou contra terceiro.
Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, mesmo não sendo agiota. Não se trata,
pois, de crime próprio.
Aula 12
1 – USURPAÇÃO
No caso da usurpação de águas, qualquer pessoa pode ser sujeito ativo. Sujeito
passivo será quem sofre o dano em face da usurpação.
Obs.: O § 2º, do art. 161, do CP prevê que, se o agente usar de violência, além
das penas relativas às condutas descritas no referido artigo, incorrerá também
nas penas cominadas à violência, havendo o cúmulo material das sanções.
2 – DANO
Nos termos do art. 163, caput do CP, dano é o fato de destruir, inutilizar ou
deteriorar coisa alheia.
Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, sem qualquer condição especial. O
proprietário da coisa, como regra, não pode ser sujeito ativo, mesmo que a res
esteja em poder de terceiro (deve tratar-se de coisa alheia); o possuidor pode
ser sujeito ativo deteriorando, inutilizando ou destruindo a propriedade de
terceiro, que mantém sua posse indireta. O condônimo pode ser sujeito ativo
desde que a coisa danificada seja fungível e que não ultrapasse a conta do
autor.
Não é necessário que o sujeito use esses meios de execução contra o titular da
propriedade. Pode ser que empregue violência física ou moral contra terceira
pessoa. Se, empregando violência contra a vítima, lhe causa lesão corporal,
responde por dois crimes, segundo Damásio de Jesus em concurso material.
Cezar Roberto Bitencourt, porém, entende diversamente. Para este autor, o
que caracteriza o concurso material não é a soma das penas, mas a pluralidade
de condutas, pois, no concurso formal impróprio, as penas também são
aplicadas cumulativamente. Assim, o artigo 163 do CP não criou um concurso
material sui generis, mas, tão somente, adotou o sistema do cúmulo material
de aplicação de pena.
Obs.: Quando, durante a fuga, o preso danifica a cela, uma corrente, da qual é
partidário Damásio de Jesus, entende que deve responder por dano
qualificado, pois, não se exige o dolo específico, que se manifesta no animus
nocendi, isto é, pelo fim de causar um prejuízo patrimonial ao dono,
contentando-se com o dolo genérico. Outra corrente entende que não deve o
preso responder por dano qualificado, pois, este delito exige o dolo específico.
Assim, argumenta-se, o dano constitui meio necessário para a consecução de
outro fim, que não se encontra no tipo do art. 163, qual seja, o alcance da
liberdade.
3 – APROPRIAÇÃO INDÉBITA
O depósito necessário significa que o sujeito não tem escolha, está obrigado a
confiar o objeto ou valor a determinada pessoa e pode ser legal ou miserável.
É legal quando decorre de expressa previsão normativa, quando se pode
escolher o depositário. Será miserável quando feito em situações excepcionais,
que reduzam, embora não anulem, a possibilidade de escolha do depositante
(calamidade como incêndio, inundação etc.). O depósito necessário,
disciplinado no inciso I, do art. 168 do CP é somente o conhecido como
miserável.
Para que incida a figura típica do inciso I, do § 1º, do art. 168-A, do CP, é
necessário que o valor tenha sido descontado de pagamento efetuado. No caso
do inciso II, a contribuição previdenciária deve integrar as despesas contábeis
ou custos relativos a produtos e serviços. O inciso III é imprescindível que a
previdência social tenha reembolsado a empresa e esta não tenha repassado o
valor relativo ao segurado.
O erro pode incidir sobre pessoa ou coisa. Há erro sobre pessoa quando um
indivíduo é tomado por outro (ex.: mensageiro que entrega encomenda a um
homônimo do destinatário e aquele que recebeu a coisa se recusa a devolvê-
la); o erro também pode recair sobre a coisa (ex.: sujeito vende livros usados a
terceiro sendo que, dentro de um deles há certa quantia em dinheiro).
É preciso que o sujeito não tenha induzido a vítima em erro, pois, se isso
ocorre, pratica estelionato.
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O objeto pode também vir as mãos do sujeito ativo em face de caso fortuito
(ex.: animais de uma fazenda, rompendo uma cerca, se dirigem a propriedade
alheia) ou força da natureza (ex.: num vendaval, roupas do varal vão ter à
propriedade alheia).
Para que haja apropriação de tesouro é necessário que ele tenha sido
encontrado casualmente. Fora dessa hipótese, o fato constituirá delito de furto.
Obs.: Em todos os crimes previstos nos arts. 168, 168-A e 169 do CP, admite-
se a aplicação do § 2º, do art. 155 do mesmo diploma, isto é, se a coisa for de
pequeno valor (até um salário mínimo) e o criminoso for primário, o juiz pode
substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços
ou aplicar somente a pena de multa.
1 – ESTELIONATO
1.6 – Espécies
O que muda efetivamente nesse tipo penal é o objeto material: em vez de ser
coisa alheia, trata-se de coisa própria, porém, impedida, por alguma razão, de
ser alienada. Nem sempre o dono da coisa dispõe de todos os poderes
inerentes ao domínio, sendo uma das possíveis restrições, a inalienabilidade
que pode decorrer de lei, convenção ou testamento. Outra restrição é a
indisponibilidade de coisa gravada de ônus como a hipoteca, a anticrese e o
penhor.
A ação típica é defraudar (trocar, adultarar, alterar). A fraude deve ter por
objeto substância, qualidade ou quantidade. É necessário que haja uma relação
obrigacional entre o sujeito passivo e o sujeito ativo, pois, este deve ter a
obrigação de entregar a coisa (obrigação legal, judicial ou contratual). Ausente
a relação jurídica obrigacional entre os sujeitos, não se configura esta
modalidade de estelionato, podendo haver a figura simples.
Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo. Sujeito passivo é a pessoa que presta o
serviço. Nem sempre é quem sofre o prejuízo patrimonial. No caso do garçom
que serve a refeição, ele é o sujeito passivo; o dono do restaurante, o
prejudicado pelo crime.
No caso da primeira figura, é necessário que o fato seja cometido pelo sujeito
em restaurante. Se a refeição é servida na residência do sujeito, por exemplo,
não há crime. A expressão “refeição” abrange as bebidas. O termo restaurante
deve ser interpretado em sentido amplo, estendendo-se a cafés, boates,
pensões etc.
pagamento como táxi, barca, lancha etc. É preciso que seja tipo de locomoção
que exija pagamento durante ou depois da prestação do serviço.
O passageiro clandestino não responde por esse crime, mas, por estelionato.
No caso desta figura típica, é preciso que o passageiro se faça passar por
usuário idôneo e o clandestino viaja sem ser percebido.
Pode haver erro de tipo, que exclui o dolo e, conseqüentemente o tipo, já que
não há previsão de modalidade culposa. Isso pode acontecer, por exemplo,
quando o passageiro utiliza-se de meio de transporte desconhecendo que não
possui recursos para efetuar o pagamento (esqueceu a carteira, p. ex.).
O art. 176, p. único, 2ª parte, do CP, prevê o perdão judicial que pode ser
aplicado conforme as circunstâncias.
2 – RECEPTAÇÃO
Nos termos do art. 180, caput, do CP, receptação é o fato de adquirir, receber,
transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe
ser produto de crime, ou influir para que terceiro de boa-fé a adquira, receba
ou oculte.
O objeto de receptação somente pode ser coisa móvel. Não podem ser objeto
de receptação aquelas mesmas coisas que também não podem ser objeto do
crime de furto (res nullius, res delericta e res commune omnium).
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A receptação deve ter como objeto, coisa que seja produto de crime (se for
produto de contravenção não haverá receptação), ainda que seja coisa sub-
rogada. Não pode ser produto de crime os instrumenta sceleris.
No caput do art. 180 do CP, o tipo penal exige a presença do dolo direto,
representado pela locução típica “que sabe ser produto de crime”; na redação
do § 1º, definidor de crime próprio, exige-se o dolo eventual, representado
pela locução “que deve saber ser produto de crime”. Assim, punir-se-ia de
forma mais grave (3 a 8 anos de reclusão) a figura mais branda, do § 1º, que só
admitiria dolo eventual, em detrimento do crime mais grave, caput, que exige
o dolo direto, cuja pena se mantém de 1 a 4 anos de reclusão. No entanto, para
Cezar Roberto Bitencourt, as locuções “sabe” e “deve saber” são elementos
normativos do tipo, não estando situados no plano da vontade, nada tendo que
ver, pois, com o dolo, seja direto ou eventual, nem com a culpa.
Alguns doutrinadores, dentre eles Damásio de Jesus, sugerem que seja
aplicado o preceito primário do § 1º, combinado com o preceito secundário do
caput, pois, somente assim seria respeitado o princípio da proporcionalidade.
Cezar Roberto Bitencourt considera que não há ofensa ao princípio da
proporcionalidade pelo fato de que a figura que admite o dolo eventual recebe
punição mais grave que a outra, que admite o dolo direto. Para este autor, não
se pode considerar apenas o dolo, mas, todas as demais características
subjetivas e objetivas descritas no tipo penal e, segundo ele, o desvalor da
ação, no caso do § 1º é muito maior do que aquele que existe na figura do
caput do art. 180 do CP, pois, naquela situação, o indivíduo capta a confiança
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Quanto ao pequeno valor da coisa, utiliza-se como base o salário mínimo, não
sendo este valor absoluto, devendo o julgador analisar a situação pessoal da
vítima (suas condições financeiras), pois, o pequeno valor pode variar de
sujeito para sujeito.
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Por fim, salienta-se que a sentença que concede o perdão judicial, segundo
entendimento majoritário, tem natureza extintiva da punibilidade, não
subsistindo, assim, qualquer efeito penal, principal ou secundário. (ver verbete
da Súmula 18 do STJ).
O CP, por razões de política criminal, tendo em vista o menor alarme social do
fato cometido dentro da família, em determinados casos, quando o delito
patrimonial é cometido entre parentes ou entre cônjuges, permite a isenção da
pena. Trata-se de causas pessoais de exclusão de pena (escusas absolutórias).
O fato não perde a ilicitude, sendo puníveis, por essa razão, eventuais
estranhos que dele participarem. A escusa absolutória pessoal não exclui o
crime: impede somente a aplicação de pena às pessoas relacionadas no
dispositivo (art. 181 do CP): a) Cônjuge, na constância da sociedade
conjugal – A primeira hipótese destina-se somente aos cônjuges na constância
da sociedade conjugal, excluindo-se o concubinato, companheirismo,
casamento religioso sem efeitos civis, união estável, bem como os cônjuges
separados ou divorciados. A vigência do casamento é considerada ao tempo
do crime e não ao tempo em que instaurada a ação penal ou julgada em
primeiro ou segundo grau. A eventual anulação do matrimônio, se posterior ao
delito, não retroagirá para o fim de afastar a impunidade, salvo se comprovada
a má-fé do sujeito ativo; b) ascendente ou descendente, seja o parentesco
legítimo ou ilegítimo, civil ou natural – Esta segunda hipótese dirige-se aos
crimes praticados por ascendente contra descendente e vice-versa, seja qual
for a natureza do parentesco (natural, civil, legítimo ou ilegítimo).
Ascendentes e descendentes são os parentes ligados uns aos outros em linha
reta. Para se admitir a imunidade, nessa linha, não há grau de limitação. O
parentesco afim, como sogro, nora e genro, não é alcançado pela imunidade
penal.
No art. 182 do CP, o legislador trata das chamadas imunidades relativas, que
não afastam a punibilidade do fato praticado, mas criam determinado
obstáculo ao exercício da ação penal. Nas hipóteses relacionadas nesse
dispositivo legal, a autoridade pública (Autoridade Policial ou Ministério
Público), necessita de uma condição de procedibilidade – representação do
ofendido – para instaurar o inquérito policial ou a ação penal.
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Além disso, as condições ou estado das pessoas relacionadas nos arts. 181 e
182 do CP, não são elementos constitutivos dos crimes patrimoniais de que
tratam. Por essa razão, pode-se afirmar que as imunidades previstas nesses
dois dispositivos não se comunicam ao estranho que, eventualmente, participe
(em sentido amplo) da prática dos crimes, de acordo com a regra geral
estabelecida pelo art. 30 do CP.
Nos termos do art. 1º da Lei 9.610/98 (Lei dos Direitos Autorais), entende-se
como direito autoral os direitos do autor e os direitos que lhe são conexos. O
autor é titular de direitos morais e patrimoniais sobre sua obra. Dentre aqueles,
estão o de reivindicar, a qualquer tempo a autoria da obra; ter o seu nome,
pseudônimo ou sinal convencional indicado ou anunciado como sendo o do
autor, na utilização da obra; de assegurar-lhe a integridade, opondo-se a
qualquer alteração etc. Dentre os direitos patrimoniais estão os de utilizar,
fruir e dispor da obra, bem como autorizar qualquer forma de utilização da
mesma.
Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa; Sujeito passivo é o autor ou o terceiro
titular do direito autoral.
Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa; sujeito passivo é o autor de obra
literária, científica ou artística a quem é atribuída, falsamente, a paternidade de
obra que não é sua.
Tais espécies de crimes, que eram previstos nos artigos 187 a 196 do Código
Penal, foram revogados expressamente pela Lei 9.279/96 (art. 244) e passaram
a ser regulados por esta norma.
Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo; sujeito passivo pode ser: a) qualquer
pessoa, na hipótese prevista no inciso I, do art. 197 do CP; b) o proprietário do
estabelecimento de trabalho, na modalidade descrita no inciso II, do mesmo
artigo, em se tratando de pessoa física. A pessoa jurídica, de acordo com
Damásio de Jesus, também pode ser sujeito passivo deste delito. Cezar
Roberto Bitencourt, no entanto, entende impossível a subjetividade passiva de
pessoa jurídica, pois, a elementar do tipo “alguém”, segundo o vernáculo,
refere-se exclusivamente à pessoa humana.
A violência de que trata o artigo é somente a física, que pode ser exercida
contra pessoas ou coisas.
Sujeito ativo é o empregador que tem a seu cargo a obra pública ou serviço de
interesse coletivo, ou seus empregados; sujeito passivo é, imediatamente, a
coletividade e, mediatamente, a Administração Pública.
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Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo, exceto o empregador, pois, tem a livre
disposição do estabelecimento e das coisas nele existentes. Sujeitos passivos
são o empregador e a coletividade.
Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, não sendo necessário que mantenha
relação trabalhista com o sujeito passivo. Sujeito passivo é o titular do direito
frustrado.
Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa; sujeito passivo é o Estado, titular do
interesse coletivo na nacionalização do trabalho (proteção da mão-de-obra
nacional).
Este delito é previsto no art. 207 do CP, sendo crime análogo ao previsto no
art. 206 do mesmo estatuto.
Em relação à causa de aumento de pena prevista no § 2º, vide o que foi dito a
respeito da figura típica agravada do art. 203.
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Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. Sujeito passivo é a pessoa individual
(primeira parte), ou a coletividade ou corpo social (segunda e terceira partes).
Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa; sujeito passivo é a coletividade. Para
Cezar Roberto Bitencourt, a coletividade é sujeito passivo mediato, pois,
imediatamente, a subjetividade passiva é dos familiares e amigos do morto.
Sepultura abrange não apenas a cova, mas todo o lugar onde o cadáver está
enterrado (túmulo, ornamentos, inscrições e objetos ligados permanentemente
ao local onde se encontra o cadáver). É preciso, no entanto, que efetivamente
estejam presentes os restos mortais da pessoa. A sepultura vazia ou o
monumento erigido à memória de alguém, que não contenham sequer partes
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Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa; sujeito passivo é a coletividade (para
Cezar Roberto Bitencourt, são os familiares e amigos do morto e,
mediatamente, a coletividade).
Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa; sujeito passivo é a coletividade (para
Cezar Roberto Bitencourt, sujeitos passivos são os familiares e amigos do
morto e, mediatamente, a coletividade).
Vilipendiar é tratar como vil, desprezar, ultrajar por meio de atos, palavras ou
escritos. É necessário que a ação seja realizada sobre ou junto ao cadáver ou
suas cinzas. Damásio de Jesus entende que partes do cadáver também são
tuteladas pelo art. 212 do CP, não obstante a ausência de disposição expressa,
pois, protegendo o menos, que são as cinzas, não se pode excluir da proteção
penal o mais, que seriam partes do cadáver. Assim também se manifestam
Cezar Roberto Bitencourt e Luiz Regis Prado.