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Relatório sobre a palestra com o doutrinador Doutor Silvio de Salvo Venosa,

abordando o assunto "Arbitragem em Meios Alternativos de Solução de


Contendas".

O tema da palestra versa sobre a arbitragem como sendo um instituto que,


dentre outras finalidades, tornou-se também uma forma de desafogar a vasta
demanda do judiciário. Esse tema está disciplinado pela lei 9307/66.

Segundo Carlos Alberto Carmona (Arbitragem e Processo - Malheiros Editores


- 1998), um dos relatores de Lei de Arbitragem, a arbitragem pode ser definida
como "um meio alternativo de solução de controvérsias através da intervenção
de uma ou mais pessoas que recebem seus poderes de uma convenção privada,
decidindo com base nela, sem intervenção estatal, sendo a decisão destinada a
assumir a mesma eficácia da sentença judicial".

Tal conceito encontra conformidade nas palavras do doutrinador Dr. Silvo Salvo
Venosa quando afirma que a arbitragem é uma convenção das partes,
geralmente partes de um contrato, que resolvem de comum acordo não
submeter qualquer ocorrência que venha a incidir em um dado contrato ao
Poder judiciário, mas sim a árbitros por eles escolhidos podendo ser qualquer
pessoa maior e capaz e de confiança das partes contratantes conforme os termos
da lei que regulamenta este instituto processual. Ressalta-se que estes árbitros
geralmente não pertencentes ao corpo jurídico do Estado.

A arbitragem é muito parecida com a transação onde as partes abrem mão de


parte de seu direito para solucionar o conflito ou para evitar que ele se instale
dentro ou fora do Poder Judiciário.

Segundo a explicação do palestrante, o instituto da arbitragem tem origens que


perpassam desde a Grécia antiga passando também por Roma onde a sua
evolução histórica ficou marcada pela maneira como o Direito Romano
utilizava este instrumento. Nesse período, o Direito civil dispunha que só tinha
direito de ação quando esta era proposta pelo pretor.

O Direito romano clássico comportava duas fases distintas para a solução de


litígios: a fase iudex onde as partes se valiam de alguém que não era juiz para
que este dirimisse a questão controversa e em caso de não solução da contenda
passava-se para a fase onde a ação era então proposta pelo pretor cabendo a este
especificar na ação os motivos de fato a serem discutidos e solucionados por
ele.

Segundo o palestrante, foi com o advento do Código Civil francês que se


percebeu uma similaridade com a forma usual da arbitragem tal como é nos dias
atuais.

Para o palestrante, com a o advento do Código Civil de 1916 houve no Brasil


durante todo o século XX o que ele próprio chamou de “fase de obscurantismo
da arbitragem”. Ele atribui tal acontecimento a certa falta de percepção de
Clovis Bevilacqua, mentor do citado Código, ao exigir que as decisões
proferidas via arbitragem fossem homologadas pelo Poder Judiciário e as partes
deveriam escolher se a decisão ficaria sujeita ou não a recurso. O palestrante
argumentou que essa forma de arbitragem adotada pelo Código de 1916 não
agradou a população brasileira, pois ao vincular o instituto da arbitragem ao
Poder Judiciário estaria assim em desacordo com o propósito que se espera
quando, de comum acordo, as partes escolhem esse instrumento para a solução
de eventuais contendas.

A mudança no procedimento ocorreu quando o Brasil se inseriu no contexto


contratual internacional por conta de uma cláusula existente nos contratos
internacionais que usualmente é observada no que tange a solução de questões
controversas. Porém a situação da via de arbitragem no Brasil só veio se tornar
eficazmente satisfatória após a promulgação da lei 9.307/66 que regulamenta a
arbitragem no nosso país, embora o seu artigo 7º fosse tema de uma Ação Direta
de Inconstitucionalidade que levou alguns anos para que o STF decidisse a
questão declarando-o constitucional.

Concluindo as considerações pessoais por parte do palestrante a respeito desse


tema da palestra, ele considera que a arbitragem, embora seja um instrumento
alternativo de solução de contendas mais célere, ainda levará tempos para ser
utilizado em maior escala, pois, segundo ele, o povo brasileiro tem a cultura de
recorrer ao Judiciário para resolver seus litígios ao invés de se utilizar desse e
de outros recursos também tão eficazes quanto o Poder Estatal. Para corroborar
sua preferência por este instituto ele aponta, além da celeridade, outras duas
vantagens da arbitragem:
 Poder ser resolvida por especialistas na temática do objeto do contrato;
 Sigilo das decisões e dos procedimentos, protegendo as empresas
litigantes de terem seus segredos industriais revelados por conta da
necessidade de perícias e outros recursos utilizados pelo judiciário para
ter elementos necessários para dirimir a questão controversa.

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