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COORDENAÇÃO
Grécia Carlos Amaral Almeida – Fundação João Pinheiro
Mário Murta Lana – Estufa Investimentos Ltda
Marden Márcio Magalhães – Sebrae/MG
ELABORAÇÃO
Centro de Desenvolvimento em Administração (CDA)
Estufa Investimentos Ltda
RESPONSÁVEIS TÉCNICOS
Grécia Carlos Amaral Almeida – Fundação João Pinheiro
Felipe Moleda de Godoi – Estufa Investimentos Ltda
Paulo César Borges Hanriot – Estufa Investimentos Ltda
Mário Murta Lana – Estufa Investimentos Ltda
CORREÇÃO ORTOGRÁFICA
Luiz Carlos Freitas Pereira
NORMALIZAÇÃO
Helena Schirm
COLABORAÇÃO
Lisianny Andréa Marinho – Sebrae/MG
Márcia Valéria Cota Machado – Sebrae/MG
Welington Teixeira Santos – Fumsoft
Mauro Lambert Ribeiro do Valle – Fumsoft
Arquimedes Wagner Brandão de Oliveira – Sindinfor
José Epiphânio Camilo dos Santos – Assespro
Acrísio Manoel Carneiro Tavares – Sucesu/MG
Erik Fonseca – Sucesu
Rubens Fernando Gomes Leite – Sectes / Amcham/BH
Leonardo Pontes Guerra – Prefeitura de Belo Horizonte
Paulo Kleber Duarte Pereira – Fapemig
José Abrahão Tanure – Estufa Investimentos Ltda
Camila de Paiva Teixeira – Estufa Investimentos Ltda
Hugo Leite de Castilho Souza – Estufa Investimentos Ltda
CDU: 338.45;681.3.06(815.11)
4
AGRADECIMENTOS
Este trabalho aponta algumas alternativas para o setor mas alerta também para a
velocidade das mudanças. A oportunidade de desenvolvimento existe, todavia, se ações
concretas não forem tomadas para aproveitá-la, corre-se o risco da defasagem tecnológica
das empresas locais além da perda de mercado.
8
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 2.1 – Universo das Empresas ligadas ao setor de software de Belo Horizonte – 2005................... 22
GRÁFICO 3.8 – Faturamento anual bruto das empresas produtoras de software – 2005................................ 29
GRÁFICO 3.12 – Utilização do fluxo de caixa segundo as empresas produtoras de software – 2005............... 32
GRÁFICO 3.13 – Maior dificuldade para o crescimento das empresas produtoras de software em Belo
Horizonte – 2005...................................................................................................................... 33
GRÁFICO 3.14 – Conhecimento das linhas de apoio financeiro pelas empresas produtoras
de software – 2005................................................................................................................... 34
GRÁFICO 3.29 – Existência de filial das empresas produtoras de software de Belo Horizonte – 2005.............. 43
GRÁFICO 3.31– Existência de certificados de qualidade nas empresas produtoras de software – 2005.......... 44
GRÁFICO 3.32 – Existência de certificado de produto nas empresas produtoras de software – 2005............... 45
GRÁFICO 3.33 – Sistema operacional utilizado pelas empresas produtoras de software – 2005...................... 46
GRÁFICO 3.34 – Principal banco de dados utilizado pelas empresas produtoras de software – 2005.............. 47
GRÁFICO 3.35 – Principal banco de dados utilizado pelas empresas consumidoras de software – 2005......... 48
GRÁFICO 3.36 – Principais ações que as associações e entidades deveriam fazer segundo as empresas
produtoras de software – 2005................................................................................................ 50
GRÁFICO 4.3 – Facilidade dos profissionais formados na área para arranjar um emprego – 2005................. 56
GRÁFICO 4.4 – Opinião dos alunos osbre a existência de ensinamento das tecnologias de ponta
em nível mundial nas universidades de Belo Horizonte – 2005.............................................. 57
GRÁFICO 4.5 – Percentual de faturamento da empresa comerciante vindo de outros estados – 2005........... 58
GRÁFICO 4.11 – Meio pelo qual o cliente fica sabendo dos serviços prestados pela empresa – 2005............. 61
10
GRÁFICO 4.13 – Grau de satisfação do relacionamento com o SEBRAE.......................................................... 62
GRÁFICO 4.14 – Principais ações que as entidades deveriam fazer segundo as empresas
comerciantes – 2005................................................................................................................ 63
GRÁFICO 4.15 – Número de colaboradores das micro, pequenas e médias empresas consumidoras
de software – 2005................................................................................................................... 64
GRÁFICO 4.16 – Faturamento bruto anual das micro, pequenas e médias empresas consumidoras
de software – 2005................................................................................................................... 65
GRÁFICO 4.17 – Número de profissionais de informática das micro, pequenas e médias empresas
consumidoras de software – 2005........................................................................................... 65
GRÁFICO 4.18 – Suporte em informática das micro, pequenas e médias empresas consumidoras de
software – 2005........................................................................................................................ 66
GRÁFICO 4.19 – Utilização de transação comercial pela internet das micro, pequenas e médias
empresas consumidoras de software – 2005.......................................................................... 66
GRÁFICO 4.20 – Conexão a internet das micro, pequenas e médias empresas consumidoras
de software – 2005.................................................................................................................. 67
GRÁFICO 4.21 – Integração de voz e dados na rede pelas micro, pequenas e médias empresas
consumidoras de software – 2005........................................................................................... 67
GRÁFICO 4.22 – Realização de treinamento de pessoal pela Internet pelas micro, pequenas e médias
empresas consumidoras de software – 2005.......................................................................... 68
GRÁFICO 4.23 – Investimento do faturamento em informática das micro, pequenas e médias empresas
consumidoras de software – 2005........................................................................................... 68
GRÁFICO 4.24 – Fatores para decisão de compra de software pacote das micro, pequenas e médias
empresas consumidoras de software – 2005.......................................................................... 69
GRÁFICO 4.25 – Fatores de decisão para compra de desenvolvimento de software das micro, pequenas
e médias empresas consumidoras de software – 2005........................................................... 70
GRÁFICO 4.26 – Fatores de decisão na compra de serviços / consultoria de software das micro, pequenas
e médias empresas consumidoras de software – 2005........................................................... 71
GRÁFICO 4.27 – Número de profissionais de informática nas grandes empresas consumidoras de
software – 2005........................................................................................................................ 72
GRÁFICO 4.28 – Investimento em tecnologia das grandes empresas consumidoras de software – 2005......... 73
GRÁFICO 4.29 – Integração de voz e dados na rede pelas grandes empresas consumidoras de
software – 2005........................................................................................................................ 73
GRÁFICO 4.30 – Utilização de transação comercial pela internet nas grandes empresas consumidoras
de software – 2005................................................................................................................... 74
GRÁFICO 4.31 – Uso da internet pelo RH das grandes empresas consumidoras de software – 2005.............. 74
GRÁFICO 4.32 – Conexão a internet nas grandes empresas consumidoras de software – 2005...................... 75
GRÁFICO 4.33 – Setor para o qual se compra software de pacote nas grandes empresas consumidoras
de software – 2005................................................................................................................... 75
GRÁFICO 4.34 – Setor para o qual se compra desenvolvimento de software nas grandes empresas
consumidoras de software – 2005........................................................................................... 76
GRÁFICO 4.35 – Setor para o qual se compra consultoria / serviços em software nas grandes empresas
consumidoras de software – 2005........................................................................................... 77
GRÁFICO 4.36 – Principais fatores para compra de software nas grandes empresas consumidoras de
software – 2005........................................................................................................................ 78
GRÁFICO 4.37 – Principais fatores para desenvolvimento de software nas grandes empresas
consumidoras de software – 2005........................................................................................... 78
GRÁFICO 4.38 – Principais fatores para consultoria / desenvolvimento de software nas grandes
empresas consumidoras de software – 2005.......................................................................... 79
12
LISTA DE TABELAS
RESUMO EXECUTIVO......................................................................................................... 07
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................... 17
2 METODOLOGIA................................................................................................................ 21
4 RELACIONAMENTOS DO SETOR................................................................................... 53
4.1 A visão das entidades relacionadas ao setor.................................................................. 53
4.2 A visão das universidades e dos alunos.......................................................................... 54
4.3 As empresas vendedoras de software e hardware......................................................... 57
4.4 Como as micro, pequenas e médias empresas compram software................................ 64
4.5 Como as grandes empresas compram software............................................................. 72
6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES............................................................................ 87
7 REFERÊNCIAS................................................................................................................. 91
1 INTRODUÇÃO
Software: palavra utilizada pela primeira vez pelo professor de estatística John W. Tukey, da
Universidade de Princeton em janeiro de 1958 para designar rotinas interpretativas cuidadosa-
mente planejadas, compiladores e outros aspectos da programação automativa.
Hoje o software está presente no cerne das tecnologias inovadoras que vêm promovendo a revo-
lução da informação e o advento da nova economia.
Ao considerar o cenário econômico mundial, percebe-se que poucas indústrias demonstram nos
últimos anos um crescimento tão significativo quanto a Indústria de Tecnologia da Informação,
com efetivo destaque para o segmento de software. A Indústria de Software reúne as empresas
que trabalham com desenvolvimento e serviços relacionados a software. Pode-se dividi-la em
quatro grupos:
O primeiro grupo é aquele dos softwares de uso mais comum como editores de texto, jogos
eletrônicos, planilhas, etc. O segundo está associado ao desenvolvimento customizado de software.
O terceiro, a atividades de apoio a clientes, manutenção, treinamento, etc. O último corresponde
aos softwares que funcionam em conjunto com uma máquina, como por exemplo o software de
um telefone celular.
Em 2001, a movimentação desse mercado alcançou cerca de US$ 300 bilhões, sendo o Brasil
responsável por 2,3% desse total, constituindo-se no sétimo mercado mundial (Massachussets
Institute of Tecnology; SOFTEX, 2002). Segundo pesquisa Gartner2, em 2004 o Brasil mantém-
se ainda como sétimo mercado mundial, representando ainda 60% de todo o mercado da Amé-
rica Latina.
1
Dados obitidos junto à reportagem “Brasil luta por fatia do offshore outsourcing” de 20/8/2005 do IEES (Instituto de
Estudos Econômicos em Software).
2
Dados apresentados pelo Diretor de Assuntos Corporativos da Microsoft do Brasil em palestra realizada na AMCHAM
de Belo Horizonte em 05 de outubro de 2005.
17
GRÁFICO 1.1 – Evolução do faturamento do mercado de software mundial – 2001/2008
Fonte: Pesquisas Gartner
O setor movimentou U$ 12,4 bilhões em 2004 no Brasil, sendo US$ 7,9 bilhões em serviços e
US$ 4,5 bilhões em produtos. As exportações somaram apenas U$ 235 milhões, o que é próximo
de 25% do que a China exporta e menos de 5% que a Índia (Gartner).
Apenas 15% do mercado brasileiro é atendido por empresas nacionais. A maior parte deste mer-
cado é dominado pelas empresas multinacionais. A Microsoft, por exemplo, teve, em 2004, um
faturamento no Brasil de quase U$ 400 milhões com a venda de software. A IBM, mais de U$ 243
milhões e a Oracle, U$ 234 milhões. Mesmo entre as empresas nacionais, há operações grandes
com a venda de software. A Microsiga, que foi a número um deste grupo, faturou em 2004 U$ 69,9
milhões. A Datasul, a segunda, U$ 64,9 milhões e a Consist, de São Paulo, a número três, U$ 50,5
milhões. A empresa mineira de maior faturamento é a RM Sistemas com faturamento de R$ 110
milhões em 2004, equivalentes a U$ 41,5 milhões3 (levantamento realizado pelo Portal Serieestudos
– www.serieestudos.com.br).
Em Minas Gerais, o setor obteve um crescimento nominal de 19,91% em seu faturamento, segundo o
Ranking Mineiro de Informática divulgado em junho de 2005 pela Associação das Empresas Brasilei-
ras de Tecnologia da Informação Software e Internet de Minas Gerais (ASSESPRO-MG). No mesmo
período, o Produto Interno Bruto (PIB) nacional teve um aumento de cerca de 5%. Ainda segundo a
mesma pesquisa, as 68 maiores empresas do estado faturaram juntas R$ 800 milhões em 2004.
Na cidade de Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, a Indústria de Software vem demonstrando
características expressivas de desenvolvimento. O Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais
(BDMG) em seu estudo sobre a economia mineira, Minas Gerais do Século XXI (2002), identificou
um cluster4 do setor em Belo Horizonte. Para isto, analisou a concentração de mão-de-obra do setor
na cidade comparando-a com a média brasileira. O resultado foi uma maior concentração de mão-
de-obra em algumas atividades ligadas ao setor de software na cidade, caracterizando-se uma
aglomeração de empresas (TAB. 1.1).
3
Conversão pela cotação do dia 31 de dezembro de 2004.
4
Aglomerações especializadas de empresas de um setor em determinada região.
18
TABELA 1.1
Concentração de empregados nas empresas produtora de software de Belo Horizonte
Segundo dados da Prefeitura de Belo Horizonte, baseado na RAIS (Relação Anual de Informa-
ções Sociais do Ministério do Trabalho e Emprego) de 2004, havia no município aproximadamen-
te 10.800 pessoas trabalhando no setor de informática. Interessante é verificar que o aumento na
quantidade de trabalhadores no setor de 2003 para 2004 foi de 58%. Este foi o segundo setor
com maior crescimento no número de empregados na cidade.
Estes dados alertaram as diversas entidades envolvidas com o setor na cidade, levando-as a
buscar um planejamento estratégico para alavancar ainda mais o seu crescimento mediante a
estruturação do Arranjo Produtivo Local de Software de Belo Horizonte.
Esta é uma grande oportunidade para a cidade. A Indústria de Software possui características que a
diferenciam de outros segmentos, não é poluente, gera produtos de alto valor agregado e emprega
profissionais especializados que utilizam a mais nobre matéria-prima da atualidade: o conhecimento.
Dados atuais e confiáveis são fundamentais para o planejamento de qualquer instituição. O setor de
software, como a maioria dos setores no Brasil, possui grande deficiência em informações, e isto afeta
sobremaneira o planejamento das empresas, das entidades ligadas ao setor e do poder público.
Este trabalho é a visão dos diversos atores da cadeia produtiva do setor. A seção 2 aborda a
metodologia utilizada para as entrevistas. A seçõa 3 apresenta o resultado da pesquisa realizada
entre empresas produtoras de software de Belo Horizonte. A seção 4 traz a visão dos atores
relacionados ao setor sobre as empresas produtoras. O Arranjo Produtivo Local de Software de
Belo Horizonte é apresentado na seção 5. Para finalizar, apresentam-se na seção 6 as conclu-
sões do estudo do setor com algumas recomendações para seu desenvolvimento.
19
2 METODOLOGIA
Para se criar um quadro da realidade atual do setor, foram abordados os diversos atores da
cadeia produtiva. Para cada público foi usado um roteiro ou questionário específico, sendo reali-
zadas entrevistas em profundidade ou questionários quantitativos.
O mais importante insumo para a indústria de software é a mão-de-obra. Para se conhecer sua
realidade entrevistaram-se sete universidades ou faculdades de Belo Horizonte que possuem
cursos relacionados ao setor. Escutaram-se também 181 estudantes de graduação dessas insti-
tuições. Com os representantes das universidades utilizaram-se entrevistas em profundidade,
enquanto que com os alunos o método foi o do questionário quantitativo.
Buscou-se levantar nas entidades representativas do setor e nas unidades de registro de empre-
sas de Belo Horizonte o total de empresas produtoras de software em atividade. Há, entretanto,
uma grande defasagem nos cadastros das diversas entidades, o que dificulta a obtenção do
número real de empresas do setor na cidade.
Juntaram-se então os diversos cadastros existentes das entidades ligadas ao setor (FUMSOFT,
ASSESPRO e SINDINFOR), chegando-se a uma listagem com 2.800 empresas. Nesta relação
inicial estavam incluídas empresas de comércio de software, de hardware e empresas produto-
ras de software. A definição de empresas produtoras de software seguiu a já apresentada na
21
seção 1 com empresas produtoras de software de pacote, empresas que desenvolvem software sob
encomenda, empresas de serviços e consultoria de software e empresas de software embarcado.
Definiu-se pela busca de contato com uma amostra de mil empresas deste universo. Foram entre-
vistadas 815 empresas, já que as outras 185 (18,5% da amostra) haviam encerrado suas ativida-
des. Das 815 entrevistadas, 361 (36,1% da amostra) são comerciantes de software e hardware,
não desenvolvendo softwares, e 454 (45,4% da amostra) são efetivamente empresas que desen-
volvem software (GRAF. 2.1).
GRÁFICO 2.1 – Universo das Empresas ligadas ao setor de software de Belo Horizonte – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)
Extrapolando estes percentuais para o universo de 2.800 inicialmente levantado, ter-se-á uma
estimativa estatística de aproximadamente 1.300 empresas produtoras de software em Belo Ho-
rizonte e perto de mil que trabalham com comércio de software e hardware.
É importante ressaltar que se procurou no trabalho identificar as empresas que efetivamente traba-
lham com o desenvolvimento de software, independentemente de apresentarem esta característica
em seus contratos sociais ou mesmo em seu CNAE Fiscal. O número de empresas produtoras de
software levantado mostra-se bastante consistente quando comparado com o de empresas produ-
toras de software1 de Belo Horizonte registradas e ativas segundo cadastro da Junta Comercial do
Estado de Minas Gerais (Jucemg) em agosto de 2004, que é de 1.330 empresas.
Para a classificação das empresas como micro, pequena, média ou grande, o critério utiliza-
do foi o do SEBRAE, que as classifica com base no número de empregados (TAB. 2.1).
1
Foram consideradas empresas de treinamento em software, consultoria, desenvolventes de software e prestadores
de serviços de internet, CNAE 7221-4/00, 8099-3/04 e 7290-7/00.
22
TABELA 2.1
Classificação das empresas pelo SEBRAE conforme número de empregados
Fonte: SEBRAE-MG
TABELA 2.2
Entrevistas realizadas
23
3 A INDÚSTRIA DE SOFTWARE
EM BELO HORIZONTE
Esta seção analisa características do setor, gestão, infra-estrutura, recursos humanos, mer-
cado, tecnologia e as entidades representativas das empresas produtoras de software de Belo
Horizonte.
Estima-se que em Belo Horizonte existam cerca de 1.300 empresas desenvolventes de software
(seção 2, METODOLOGIA). Elas se distribuem na prestação dos mais variados serviços aos
diversos setores econômicos.
Do total das empresas entrevistadas, 61% prestam serviços relacionados à internet destacando-
se os de desenvolvimento de sites e de softwares específicos. Aproximadamente 90% prestam
serviços, principalmente de manutenção e suporte de softwares (GRAF. 3.1).
25
GRÁFICO 3.2 – Atividades ligadas à internet desenvolvidas pelas empresas – 2005
Nota: Aceita mais de uma resposta
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)
Das empresas que trabalham com revendas de software, destacam-se as que trabalham com
sistemas voltados para a linguagem Windows (GRAF. 3.3).
As empresas que produzem software e trabalham também com revenda de hardware vendem
principalmente computadores (GRAF. 3.4).
26
GRÁFICO 3.4 – Hardwares vendidos pelas empresas produtoras de software – 2005
Nota: Aceita mais de uma resposta
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)
27
No desenvolvimento de softwares, sistemas, produtos e soluções não há um setor que detenha
maior destaque. Os mais citados foram softwares para comércio, educação, gestão, telecomuni-
cação e software de serviços bancários / financeiros (GRAF. 3.6).
GRÁFICO 3.6 – Atividades ligadas a desenvolvimento de softwares, sistemas, produtos e soluções – 2005
Nota: Aceita mais de uma resposta
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)
Aproximadamente 55% das empresas que desenvolvem software existem há mais de cinco anos
e apenas 15% delas foram criadas nos últimos dois anos (GRAF. 3.7). Isto poderia indicar uma
desaceleração na criação de empresas, mas quando se compara este dado com o do crescimen-
to de empregos do setor em Belo Horizonte, vê-se que não é este o caso. Na verdade, as empre-
sas do setor vêm apresentando sustentabilidade, sobrevivendo por períodos mais longos.
28
GRÁFICO 3.7 – Ano de fundação das empresas que desenvolvem software em Belo Horizonte – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)
O setor é composto em sua maioria por micro e pequenas empresas. O faturamento de mais de
60% destas empresas não ultrapassa a quantia de R$ 250.000,00 (GRAF. 3.8). Igual número de
empresas possui no máximo nove colaboradores (GRAF. 3.9).
GRÁFICO 3.8 – Faturamento anual bruto das empresas produtoras de software – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)
29
GRÁFICO 3.9 – Número de colaboradores das empresas que desenvolvem software em Belo Horizonte – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)
Tanto as entidades representativas do setor como as entidades a ele ligadas, e também as em-
presas, acreditam em um crescimento substantivo do setor para os próximos anos. Quando ques-
tionadas sobre a expectativa do faturamento para os próximos dois anos, 85% das empresas
afirmaram acreditar no aumento do faturamento (GRAF. 3.10).
30
GRÁFICO 3.10 – Expectativa de faturamento para o ano de 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)
3.2 Gestão
As empresas, em sua maioria, são compostas basicamente por pessoal técnico, com gran-
de capacidade para o desenvolvimento de softwares, mas pouca capacidade gerencial.
Os GRAF. 3.11 e 3.12 ilustram esta carência.
31
GRÁFICO 3.11 – Conhecimento de seu ponto de equilíbrio segundo as empresas produtoras de software – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)
GRÁFICO 3.12 – Utilização do fluxo de caixa segundo as empresas produtoras de software – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)
32
A carência gerencial se reflete nas dificuldades de planejamento, comercial, gestão dos recur-
sos humanos e de controles em geral. O resultado, via de regra, se reflete em dificuldades
financeiras.
Sua debilidade gerencial ainda fará com que se torne muito difícil para a empresa conseguir
capital para cobrir suas necessidades. A falta de acesso ao capital foi apontada como a maior
dificuldade para o desenvolvimento das empresas de software em Minas Gerais por 34,8% dos
entrevistados (GRAF. 3.13).
GRÁFICO 3.13 – Maior dificuldade para o crescimento das empresas produtoras de software em Belo Horizonte – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)
As entidades que financiam o setor quando questionadas sobre a inexistência das linhas de cré-
dito para as necessidades das empresas se defendem alegando que existem as linhas. De fato,
existem algumas modalidades de apoio financeiro para as empresas do setor, mas a maioria
delas desconhece sua existência. Quando conhecem não sabem como acessá-la, ou suas ca-
racterísticas não atendem a suas necessidades. Aproximadamente 50% das empresas não conhe-
cem as linhas de financiamento e, das empresas que afirmam conhecer, a maior parte conhece na
verdade linhas de investimento de caráter geral, não específicas para o setor. (GRAF. 3.14 e 3.15)
33
GRÁFICO 3.14 – Conhecimento das linhas de apoio financeiro pelas empresas produtoras de software – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)
GRÁFICO 3.15 – Linhas de apoio financeiro conhecidas pelas empresas produtoras de software – 2005
Nota 1: Aceita mais de uma resposta.
Nota 2: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ); Financiadora de Estudos e Projetos
(FINEP); Programa para o desenvolvimento da Indústria Nacional de Software e Serviços Correlatos (PROSOFT);
Programa de Geração de Emprego e Renda (PROGER); Programa de Apoio ao fortalecimento da Capacidade de
Geração de Emprego e Renda (PROGEREN).
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)
34
3.3 Infra-Estrutura
35
GRÁFICO 3.18 – Adequação dos Softwares utilizados pelas empresas – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)
36
GRÁFICO 3.20 – Adequação do Sistema de telefonia e acesso a Web – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)
37
GRÁFICO 3.22 – Adequação da Tecnologia de ponta utilizada – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)
38
GRÁFICO 3.24 – Adequação da Área gerencial – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)
Mantido o crescimento dos postos de trabalho do setor apontados pela RAIS de 2003 / 2004 para
2004 / 2005, pode-se estimar em aproximadamente 15 mil os postos de trabalho existentes hoje.
Além disso, 70% das grandes empresas consumidoras de software pesquisadas possuem em
seu quadro de profissionais até 50 pessoas ligadas diretamente à área de informática.
Nas micro e pequenas empresas consumidoras de software, a presença deste profissional tam-
bém é marcante. Mais de 70% dessas empresas entrevistadas possuem em seu quadro pelo
menos um profissional de informática.
39
As empresas que desenvolvem software acreditam, de uma forma geral, possuir um quadro de
profissionais adequado para suas operações (GRAF. 3.25). Não há, entretanto, investimentos
substanciais na melhora constante da qualificação de seus funcionários.
GRÁFICO 3.25 – Nível de escolaridade dos colaboradores das empresas de software de Belo Horizonte – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)
A principal forma de aprimoramento dos profissionais pelas empresas são treinamentos internos.
Apenas 18% das empresas investem em bolsas de estudo, cursos intensivos e especializações
(GRAF. 3.26). Além disso, a maioria das empresas não possui uma política estruturada e docu-
mentada de remuneração (GRAF. 3.27).
40
GRÁFICO 3.26 – Principal forma de treinamento dos colaboradores – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)
41
3.5 Mercado
O principal cliente da empresa que desenvolve software de Belo Horizonte se encontra na própria
cidade. Apenas 35% das empresas vendem para fora do estado de Minas Gerais (GRAF. 3.28).
Segundo elas, o principal motivo para a não realização de negócios com outros estados é a
dificuldade comercial, verificada como uma das principais carências relacionadas ao setor (ver
seção 4), reconhecidas neste momento pelas próprias empresas. Destaca-se também que ape-
nas 7,8% das empresas possuem filiais em outras localidades do Brasil (GRAF. 3.29).
42
GRÁFICO 3.29 – Existência de filial das empresas produtoras de software de Belo Horizonte – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)
Com relação às vendas externas, apenas 5% das empresas pesquisadas afirmam realizá-las
(GRAF. 3.30).
43
Neste caso, a dificuldade comercial se mistura com o desconhecimento sobre o mercado interna-
cional e sobre as etapas “burocráticas” a se vencerem para a exportação. Soma-se a isto a quase
inexistência de certificações de qualidade em produtos e processos aceitas internacionalmente.
Cerca de 80% das empresas entrevistadas não possuem qualquer certificado de qualidade (GRAF.
3.31) e 75% não têm nenhum certificado de produto (GRAF. 3.32).
GRÁFICO 3.31 – Existência de certificados de qualidade nas empresas produtoras de software – 2005
Nota: International Standart Organization (ISO); Capability Maturity Model (CMM); Melhoria de Processo do Software
Brasileiro (MPSBr).
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)
44
GRÁFICO 3.32 – Existência de certificado de produto nas empresas produtoras de software – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)
A quantidade de empresas de Belo Horizonte que exportam seus produtos e serviços está dentro
da média nacional. Segundo pesquisa realizada pela Mayer & Bunge Informática S/C Ltda em
2004 (Panorama da Indústria Latinoamericana de Software), aproximadamente 5% das empre-
sas brasileiras produtoras de software exportam.
Cerca de 40% das empresas entrevistadas se preocupam em buscar patentear seus produtos.
Para estas empresas, a morosidade e a burocracia são os principais obstáculos neste processo.
3.6 Tecnologia
Mais de 80% das empresas que desenvolvem software de Belo Horizonte usam o Windows como
principal sistema operacional. Entretanto, 45% das empresas utilizam-se também do Linux, como
primeira ou segunda opção. O software livre vem ganhando seu espaço (GRAF. 3.9).
45
GRÁFICO 3.33 – Sistema operacional utilizado pelas empresas produtoras de software – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)
Esta realidade encontra paralelo nas grandes empresas consumidoras de software de Minas
Gerais. Apesar de 100% delas utilizar-se do Windows, 56% afirmam que também usam o Linux e
46% o Unix (excluído o Linux).
Estudo desenvolvido pelo Instituto de Estudos Econômicos em Software (IEES) apontou que as empre-
sas brasileiras que desenvolvem software haviam criado seus produtos em 2004 utilizando em primeiro
lugar Delphi (39%), seguido de Visual Basic (31%), linguagem C (23%) e finalmente Java (15%).
As empresas de Belo Horizonte, pelos dados apresentados, parecem estar tomando caminhos
diferentes. Mas o que os consumidores estão utilizando? Verifica-se pelas entrevistas que os
softwares em uso nas empresas atualmente são programados em primeiro lugar em ASP (56%),
seguido de Delphi (53%) e Java (37%).
Mas quando se indaga a estas mesmas empresas com qual linguagem gostariam que seus pro-
dutos fossem desenvolvidos, as empresas responderam, pela ordem, Java (53%), Dot Net (46%),
46
Delphi (33%) e ASP (33%). Neste aspecto, as empresas de Belo Horizonte se mostraram alinha-
das com as expectativas futuras do mercado. Estes dados estão descritos na tabela a seguir.
TABELA 3.1
Linguagens de software utilizadas para programação
Com relação aos bancos de dados utilizados pelas empresas produtoras de software, merecem
destaque o SQL Server, seguido pelo Access e Oracle (GRAF. 3.34).
GRÁFICO 3.34 – Principal banco de dados utilizado pelas empresas produtoras de software – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)
47
As grandes empresas consumidoras de software em Minas Gerais seguem a mesma linha, mas
com maior ênfase em SQL Server e Oracle (GRAF. 3.35).
GRÁFICO 3.35 – Principal banco de dados utilizado pelas empresas consumidoras de software – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)
3.7 Institucional
O relacionamento das empresas que desenvolvem software de Belo Horizonte com suas entida-
des representativas e de apoio é muito limitado. Em torno de 55% das empresas não se relacio-
nam com nenhuma das entidades. Quando este relacionamento ocorre, normalmente é avaliado
positivamente (TAB. 3.2).
48
TABELA 3.2
Participação em entidades e o grau de satisfação
As principais solicitações das empresas desenvolventes de software para com as entidades lo-
cais estão descritas a seguir no GRAF. 3.36.
49
GRÁFICO 3.36 – Principais ações que as associações e entidades deveriam fazer segundo as empresas
produtoras de software – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)
50
Mais da metade das empresas que desenvolvem software em Belo Horizonte mantém parcerias
com fornecedores e clientes, os quais estão satisfeitos. Já quando se lida com concorrentes ou
com universidades, a maior parte não realiza parcerias, mas os que as mantêm mostram-se
satisfeitos (TAB. 3.3).
TABELA 3.3
Parcerias e o grau de satisfação
51
4 RELACIONAMENTOS DO SETOR
Todas estas entidades possuem pares semelhantes em outros estados da Federação. O grande
diferencial em Minas Gerais é que elas estão organizadas em um conselho único denominado
Conselho de Empresas de Informática de Minas Gerais (CEINFOR). O CEINFOR reúne os diversos
representantes do setor em torno de uma agenda única de desenvolvimento. As ações são planeja-
das e muitas vezes executadas em conjunto, sem eliminar as particularidades de cada organização.
Além destas entidades, várias outras interagem com o setor de produção de software em Minas
Gerais buscando seu desenvolvimento. As principais entidades foram ouvidas para formar uma
visão institucional sobre a realidade do setor (ver seção 2).
Estes números refletem um mercado crescente no tocante a demanda e também a oferta de mão-
de-obra qualificada. Belo Horizonte é reconhecida nacionalmente como grande formadora de
mão-de-obra qualificada para o setor.
53
Uma forma de combater esta deficiência, na visão dos entrevistados, seria a organização das
empresas em trabalhos cooperados assistidos por profissionais da área gerencial. As empresas
unidas ganhariam escala, produtividade e, conseqüentemente, competitividade.
Outra carência identificada pelas entidades, no mercado, é a demora para o lançamento de pro-
dutos. Muitas vezes, por excesso de cautela, as empresas demoram muito para lançar determina-
do produto no mercado. A dinâmica do setor, entretanto, atropela o excesso de zelo e as janelas
de oportunidade se perdem.
Há uma percepção da maioria das entidades de que as empresas mineiras não compram softwares
produzidos em Minas Gerais. Esta afirmação é contraposta pelos consumidores que afirmam que
a localidade de procedência do software não pesa na decisão sobre sua aquisição. Os principais
motivos para compra de software são atendimento aos requisitos, qualidade, preço e confiança
na procedência (ver seção 4.4 e 4.5).
Um ponto conflitante entre as entidades diz respeito à oferta de crédito ao setor. Apontada como
uma das principais barreiras ao desenvolvimento do setor pelas empresas produtoras de software,
a falta de crédito é também uma das principais reclamações das entidades representativas. As
instituições financiadoras afirmam que existem linhas de crédito para o setor e que o problema
está na falta de informação das empresas e suas dificuldades gerenciais de buscá-las.
Apesar de todas as dificuldades apontadas, há grande otimismo das entidades quanto ao futuro.
Acredita-se que Belo Horizonte possui as características necessárias para o desenvolvimento do
setor: mão-de-obra qualificada, infra-estrutura adequada e uma concentração de empresas do
setor acima da média nacional.
A soma destas características, aliada à vontade das entidades de trabalharem unidas para o
desenvolvimento do setor, faz com que as previsões sejam de crescimento para as empresas que
desenvolvem software em Belo Horizonte.
O principal insumo para o setor de software é a mão-de-obra qualificada. Belo Horizonte é reco-
nhecidamente um celeiro de bons profissionais para o setor. O motivo é a existência de boas
universidades ou faculdades na cidade com destaque para a Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG).
54
Foram pesquisadas 7 instituições de ensino superior de Belo Horizonte que possuem cursos
voltados para a área de software. São elas a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a
Pontifícia Universidade Católica (PUC), Centro Universitário UNA, Universidade FUMEC (Funda-
ção Mineira de Educação e Cultura), Newton Paiva Centro Universitário, Centro Universitário de
Belo Horizonte (UNI-BH) e Faculdade Brasileira de Informática (FABRAI).
Na visão das universidades e faculdades de Belo Horizonte, o mercado mineiro de software encontra-
se em franca expansão. Os profissionais são bem qualificados, produzindo softwares de qualidade
técnica em nível nacional. Mas faltam ainda investimentos em softwares de ponta. Não há, em grande
escala, desenvolvimento de novas ferramentas com tecnologia de última geração, ou mesmo criação
de tecnologias. As empresas de Belo Horizonte ainda são movidas pelas “tendências” internacionais.
As grandes empresas abastecem-se de softwares de fora, estrangeiros e nacionais. Isto muito mais por
uma questão de dificuldade de colocação de seus produtos no mercado do que pela questão técnica de
qualidade dos softwares desenvolvidos em Belo Horizonte. Outra questão que pesa nesta decisão é a
confiabilidade nas empresas que desenvolvem software. Muitos consumidores preferem comprar de
empresas maiores e já consolidadas no mercado para assegurar a perenidade dos serviços. Esta afir-
mativa foi corroborada pelas empresas consumidoras de software de grande, médio e pequeno porte.
A capacidade gerencial das empresas de software também é vista como uma grande deficiência
pelas universidades de Belo Horizonte. Apesar de buscarem adequar suas grades curriculares
para dotar seus alunos de noções básicas gerenciais, o problema ainda persiste nas micro e
pequenas empresas de software.
Os próprios alunos não se sentem preparados do ponto de vista gerencial. Para metade dos alunos
entrevistados, a faculdade não fornece o aprendizado suficiente para a administração de um negó-
cio. Talvez por isto apenas 22% dos entrevistados pretendam abrir sua própria empresa (GRAF. 4.1)
55
Neste meio, o SEBRAE é visto como de fundamental importância para o setor. A maioria absoluta
das empresas produtoras de software de Belo Horizonte são micro e pequenas, público-alvo do
SEBRAE. Na opinião dos representantes das instituições de ensino superior, o apoio do SEBRAE
nos âmbitos gerenciais, mercadológico e de orientação para o crédito a estas empresas é crucial
para o desenvolvimento do setor em Belo Horizonte.
Encontrar um emprego na área não tem sido problema para os estudantes: 66% deles já traba-
lham na área (GRAF. 4.2) e 70% acham que será fácil arrumar trabalho quando se formarem
(GRAF. 4.3).
GRÁFICO 4.3 – Facilidade dos profissionais formados na área para arranjar um emprego – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)
Além da grande demanda, os alunos acreditam que o mercado está satisfeito com os profissio-
nais formados e que as faculdades oferecem os ensinamentos necessários para atender às
necessidades do mercado de hoje. Entretanto, mais de 70% deles são enfáticos em afirmar que
não se ensina em Belo Horizonte o que há de mais moderno em termos de tecnologia mundial
(GRAF. 4.4).
56
GRÁFICO 4.4 – Opinião dos alunos osbre a existência de ensinamento das tecnologias de ponta em nível mundial
nas universidades de Belo Horizonte – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)
As universidades sentem que há necessidade de dar melhores condições a seus alunos para
desenvolverem pesquisas de ponta. Entretanto, há dificuldades na busca dos recursos. Faltam
políticas públicas estruturadas para tal.
Belo Horizonte possui aproximadamente mil empresas que comercializam software e hardware.
Cerca de 10% delas são filiais de empresas de outros estados. As empresas mineiras também
buscam o mercado de outros estados. Atualmente, 35% delas vendem para outros estados da
federação (GRAF. 4.5).
57
GRÁFICO 4.5 – Percentual de faturamento da empresa comerciante vindo de outros estados – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)
Com relação ao porte, a maior parte das empresas encontra-se classificada como micro ou pe-
quena empresa, já que 68% possuem no máximo nove empregados.
58
Cerca de 40% das empresas faturam até R$ 100 mil anuais, mas há também empresas de maior
porte neste mercado: 10% dos entrevistados declaram faturar mais de R$ 1 milhão por ano e
1,5% mais de R$ 12 milhões (GRAF. 4.7).
GRÁFICO 4.8 – Principal dificuldade para o desenvolvimento das empresas comerciantes em Belo Horizonte – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)
59
Há também nestas empresas grandes dificuldades de caráter gerencial. Por exemplo, me-
nos de 14% das empresas entrevistadas conhecem seu ponto de equilíbrio (GRAF. 4.8) e
apenas 12% trabalham com previsão de fluxo de caixa com prazos de pelo menos 12 meses
(GRAF. 4.9).
60
GRÁFICO 4.11 – Meio pelo qual o cliente fica sabendo dos serviços prestados pela empresa – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)
O SEBRAE-MG tem papel preponderante para o desenvolvimento destas empresas. Sua atua-
ção na busca da evolução gerencial das micro e pequenas empresas pode ser o catalisador para
a sustentabilidade destas. E as empresas esperam que o SEBRAE-MG assuma este papel. Quando
perguntadas se já haviam tido algum relacionamento com a entidade, apenas 25% responderam
afirmativamente, mas 41% afirmaram que gostariam que isto ocorresse (GRAF. 4.11). Das em-
presas que já haviam se relacionado com a entidade, 78% mostraram-se satisfeitas (GRAF. 4.12).
61
GRÁFICO 4.13 – Grau de satisfação do relacionamento com o SEBRAE
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)
Quando perguntados sobre as ações que gostariam de ver realizadas pelas entidades represen-
tantes do setor para o seu desenvolvimento, os dois pontos que merecem destaque são: 1 –
Promover estudos, pesquisas, debates e conferências na busca do desenvolvimento do setor
(32% de apontamentos) e 2 – Promover cursos e seminários para o aperfeiçoamento profissional
(20% de apontamentos) (GRAF. 4.14).
62
GRÁFICO 4.14 – Principais ações que as entidades deveriam fazer segundo as empresas comerciantes – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)
63
4.4 Como as micro, pequenas e médias empresas compram software
As empresas de software de Belo Horizonte obtêm no mercado local a maior parte de seu
faturamento (ver seção 3.5). Seus principais clientes estão em Minas Gerais com ênfase na pró-
pria cidade. Levantou-se neste trabalho o perfil dos consumidores locais, estudando o tipo de
software que utilizam hoje e o que pesa em sua decisão de compra. Primeiramente será analisa-
do o consumidor de micro, pequeno e médio porte.
Foram entrevistadas, por meio de questionários quantitativos, 285 empresas. Procurou-se cons-
truir a amostra de forma a refletir a realidade das empresas da cidade excluindo apenas as em-
presas informais. Das empresas entrevistadas, 66% têm menos de nove funcionários, 26% de 10
a 50 e 8% acima de 50.
GRÁFICO 4.15 – Número de colaboradores das micro, pequenas e médias empresas consumidoras de software – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)
Com relação ao faturamento, 47% faturam menos de R$ 150 mil, 28% entre R$ 150 mil e R$ 1 milhão
e 7% acima deste valor. No entanto, 17% dos entrevistados preferiram não informar o faturamento.
As empresas entrevistadas têm em sua maioria até 10 anos de atividade e são predominante-
mente dos setores de comércio e serviço (GRAF. 4.16).
64
GRÁFICO 4.16 – Faturamento bruto anual das micro, pequenas e médias empresas consumidoras de software – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)
Não seria nenhuma novidade dizer que a informática faz parte do cotidiano das empresas, e os
números comprovam isto, já que mais de 70% dos entrevistados possuem em seu quadro pelo
menos um profissional de informática (GRAF. 4.17).
GRÁFICO 4.17 – Número de profissionais de informática das micro, pequenas e médias empresas consumidoras
de software – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)
65
Aproximadamente 50% dos entrevistados utilizam-se deste pessoal para suprir suas necessida-
des de informática. Outros 21% contratam pessoas físicas e apenas 23,5% valem-se de pessoas
jurídicas para seu suporte diário (GRAF. 4.18).
GRÁFICO 4.18 – Suporte em informática das micro, pequenas e médias empresas consumidoras de software – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)
A disseminação do conhecimento em informática é um dos fatores que explicam estes números. Planilhas
de controle, editores de texto e navegação pela Internet são ferramentas de fácil acesso. Verifica-se que
as empresas não utilizam ferramentas mais sofisticadas de controle e de operações eletrônicas como
compra e venda pela internet. Apenas 8,5% delas afirmam realizar vendas pela rede mundial.
GRÁFICO 4.19 – Utilização de transação comercial pela internet das micro, pequenas e médias empresas
consumidoras de software – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)
66
Este número poderia ser bem maior, pois existe infra-estrutura instalada para tal. Mais de 51%
das empresas possuem conexão de banda larga e apenas 17,5% não dispõem de conexão com
a internet (GRAF. 4.20).
GRÁFICO 4.20 – Conexão a internet das micro, pequenas e médias empresas consumidoras de software – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)
Além de não trabalharem com transações pela rede, 76,6% das empresas não se valem da pos-
sibilidade de integração de voz e dados na rede (GRAF. 4.20), e mais de 90% não a aproveitam
para contratação e treinamento de recursos humanos (GRAF. 4.21).
GRÁFICO 4.21 – Integração de voz e dados na rede pelas micro, pequenas e médias empresas consumidoras
de software – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)
67
GRÁFICO 4.22 – Realização de treinamento de pessoal pela Internet pelas micro, pequenas e médias empresas
consumidoras de software – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)
Atualmente, a maior parte das empresas entrevistadas investe menos de 5% de seu faturamento
em informática. Estes números estão basicamente focados em controles administrativos e finan-
ceiros (GRAF. 4.23).
GRÁFICO 4.23 – Investimento do faturamento em informática das micro, pequenas e médias empresas
consumidoras de software – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)
68
Para planejar sua estratégia comercial, torna-se imperativo que as empresas de software saibam
como seus consumidores decidem a compra de seus produtos. Pela pesquisa, o principal fator
para compra de software de pacote, desenvolvimento de software e serviços / consultoria em
software é tendência de mercado (GRAF. 4.24, 4.25, 4.26), ou seja, as empresas procuram iden-
tificar os softwares de maior sucesso de venda no mercado para utilizá-los.
O segundo ponto para avaliação da compra já traz diferenças quanto ao produto. Com relação a
software de pacote ou serviços / consultoria de software, o segundo item é o preço. Mas quando
está em questão a contratação de um software específico, o segundo ponto de análise passa a
ser o atendimento aos requisitos. Como terceiro ponto de análise há estes mesmos quesitos, de
forma invertida, atendimento aos requisitos para software de pacote e serviços / consultoria de
software e preço para desenvolvimento de software.
O quarto ponto de análise é a solidez da empresa que desenvolve software seguido, apenas em
quinto lugar, por referências. Os consumidores estão pesquisando e não adquirem mais seus
produtos simplesmente pela referência de conhecidos. Analisam preço, qualidade e seriedade da
empresa fornecedora. Cabe às empresas que desenvolvem software atender a suas demandas
demonstrando como seus produtos podem concorrer para o incremento de seus negócios.
GRÁFICO 4.24 – Fatores para decisão de compra de software pacote das micro, pequenas e médias empresas
consumidoras de software – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)
69
GRÁFICO 4.25 – Fatores de decisão para compra de desenvolvimento de software das micro, pequenas e médias
empresas consumidoras de software – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)
70
GRÁFICO 4.26 – Fatores de decisão na compra de serviços / consultoria de software das micro, pequenas e médias
empresas consumidoras de software – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)
71
4.5 Como as grandes empresas compram software
Para verificar a percepção das grandes empresas mineiras com relação ao setor de software,
recorreu-se ao grupo de CIO da SUCESU-MG. Este grupo reúne aproximadamente 100 CIO das
principais empresas atuantes em Minas Gerais.
Aproximadamente 40% das empresas reúnem em seu quadro até 20 profissionais de informática,
33% possuem de 20 a 50 profissionais e 24% mais de 50 (GRAF. 4.27).
GRÁFICO 4.27 – Número de profissionais de informática nas grandes empresas consumidoras de software – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)
Mais de 85% das empresas utilizam-se de serviços de terceiros para atender suas necessidades.
Nenhuma delas gasta menos de R$ 100 mil por ano, e 10% delas prevêem investimentos acima
de R$ 10 milhões em 2005 (GRAF. 4.28).
72
GRÁFICO 4.28 – Investimento em tecnologia das grandes empresas consumidoras de software – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)
A utilização das ferramentas e facilidades da tecnologia são mais presentes se comparadas com
as empresas de menor porte, mas ainda deixam espaço para grandes investimentos. Apenas
56% das empresas aproveitam-se da integração de voz e dados pela rede (GRAF. 4.29) e 43%
não realizam qualquer tipo de transação comercial pela internet (GRAF. 4.30).
GRÁFICO 4.29 – Integração de voz e dados na rede pelas grandes empresas consumidoras de software – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)
73
GRÁFICO 4.30 – Utilização de transação comercial pela internet nas grandes empresas consumidoras de software – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)
Em 30% das empresas não há sistema que possibilite aos funcionários o trabalho remoto, e
aproximadamente 70% não se aproveitam dos recursos da internet para treinamento e contratação
de pessoal (GRAF. 4.31).
GRÁFICO 4.31 – Uso da internet pelo RH das grandes empresas consumidoras de software – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)
74
A infra-estrutura de conexão com a internet é um facilitador para o crescimento destas operações.
Nenhuma das empresas onde trabalham os CIO entrevistados possui conexão discada, sendo o
principal meio de conexão o link dedicado (GRAF. 4.32).
GRÁFICO 4.32 – Conexão a internet nas grandes empresas consumidoras de software – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)
Diferentemente das empresas de menor porte, as grandes empresas de Minas Gerais procuram
utilizar recursos de informática em áreas diversas da empresa e não apenas controles administra-
tivos e financeiros.
Estas áreas ainda merecem destaque com relação a compra de softwares de pacote (GRAF. 4.33).
GRÁFICO 4.33 – Setor para o qual se compra software de pacote nas grandes empresas consumidoras de software – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)
75
Já no que se refere a desenvolvimento de software específico, a área que se destaca é a de
produção (GRAF. 4.34). As grandes empresas de Minas investem em softwares de controle de
produção como forma de melhorar sua produtividade.
GRÁFICO 4.34 – Setor para o qual se compra desenvolvimento de software nas grandes empresas consumidoras
de software – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)
76
Serviços / consultorias em software são contratados de forma mais hegemônica para diversas
áreas da empresa com destaque para a área financeira, de produção, administrativa e de vendas
(GRAF. 4.35).
GRÁFICO 4.35 – Setor para o qual se compra consultoria / serviços em software nas grandes empresas
consumidoras de software – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)
Na hora de decidir sobre a compra de seus softwares, os grandes consumidores de Minas Gerais
olham em primeiro lugar para o atendimento aos requisitos. Depois, o que mais pesa na decisão
é o preço, e só então vem a solidez da empresa fornecedora. Quando se trata de desenvolvimen-
to de software e serviços / consultoria, a identificação / curriculum do prestador de serviço vem
junto com a solidez da empresa (GRAF. 4.36, 4.37, 4.38)
77
GRÁFICO 4.36 – Principais fatores para compra de software nas grandes empresas consumidoras de software – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)
GRÁFICO 4.37 – Principais fatores para desenvolvimento de software nas grandes empresas consumidoras
de software – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)
78
GRÁFICO 4.38 – Principais fatores para consultoria / desenvolvimento de software nas grandes empresas
consumidoras de software – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)
Estes dados derrubam o mito de que mineiro não compra de mineiro. As empresas são unânimes
em afirmar que a procedência do software não pesa em sua decisão.
79
5 O ARRANJO PRODUTIVO LOCAL (APL)
DE SOFTWARE DE BELO HORIZONTE
“Um Arranjo Produtivo Local é caracterizado pela existência da aglomeração de um número signi-
ficativo de empresas que atuam em torno de uma atividade produtiva principal. Para isso, é preci-
so considerar a dinâmica do território em que essas empresas estão inseridas, tendo em vista o
número de postos de trabalho, faturamento, mercado, potencial de crescimento, diversificação,
entre outros aspectos.
Portanto, o Arranjo Produtivo Local compreende um recorte do espaço geográfico (parte de um
município, conjunto de municípios, bacias hidrográficas, vales, serras, etc.) que possua sinais de
identidade coletiva (sociais, culturais, econômicos, políticos, ambientais ou históricos).”
Com base nesta definição, um APL deve manter ou ter a capacidade de promover uma conver-
gência em termos de expectativas de desenvolvimento, estabelecer parcerias e compromissos
para manter e especializar os investimentos de cada um dos atores no próprio território, a fim de
promover uma integração econômica e social no âmbito local.
81
Belo Horizonte apresenta uma considerável concentração de empresas produtoras de software e
serviços de software. No intuito de utilizar esta característica em uma vantagem competitiva para
o desenvolvimento, foi criado a partir de iniciativa do SEBRAE-MG o projeto denominado “Desen-
volvimento e Fortalecimento do Setor de Tecnologia da Informação / Indústria de Software de Belo
Horizonte”. Este programa tem por objetivo o incremento da indústria de software local com a
formalização e utilização da metodologia de gestão de um APL para o setor. São parceiros as
seguintes entidades:
– Sociedade Mineira de Software (FUMSOFT): Instituição privada, sem fins lucrativos, fundada
em 1992 pelas empresas mineiras de software estabelecidas em Belo Horizonte, cujo objetivo
principal é o fomento do setor de software na região, visando ampliar a participação dessas em-
presas no mercado nacional e internacional. Faz parte de um dos 33 núcleos do programa Softex,
criado pelo CNPq.
– Prefeitura de Belo Horizonte (PBH): O governo municipal participa como parceiro, pois o setor
é um importante gerador de tributo e indutor do desenvolvimento local. Um representante da
Prefeitura, vinculado diretamente ao gabinete do prefeito é o responsável pela interlocução entre
o setor e o poder público municipal.
– Câmara Americana de Comércio (AMCHAM-BH): Sua missão é servir seus associados influ-
enciando construtivamente políticas públicas no Brasil e nos Estados Unidos, promovendo o co-
mércio, o investimento e a cidadania empresarial.
82
– Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG): A instituição que
tem por objetivo apoiar o desenvolvimento de pesquisa no Estado de Minas Gerais, apóia as
empresas que desenvolvem sofwares através de editais voltados para o setor.
Como ponto de partida foi utilizada a organização do CEINFOR, que visou a unificação das agendas
e ações das diversas entidades integrantes e ligadas ao setor, como SINDINFOR, FUMSOFT,
ASSESPRO e SUCESU. Agregou-se a estas entidades representantes do poder público municipal,
estadual e federal, a AMCHAM-BH e o SEBRAE-MG que coordenou o planejamento das ações para o
setor dentro da metodologia utilizada no âmbito do programa Sistema Orientado para Resultado – SIGEOR.
1 – Elevar em 17% o faturamento anual das empresas da indústria de software de Belo Horizonte
até dezembro de 2007, decorrentes das vendas no mercado interno e externo.
As TAB. 5.1 a 5.7 demonstram as ações planejadas para o ano de 2005 e as entidades responsá-
veis pela sua execução.
83
Entre as ações sob a responsabilidade do SINDINFOR, destaca-se o Fórum de Desenvolvimento
do APL e o levantamento e acompanhamento de indicadores das empresas da indústria de Software
de Belo Horizonte. A partir do Fórum surgirão os grupos temáticos do APL e definida a Secretaria
Executiva, ligada ao CEINFOR.
TABELA 5.1
Ações a serem realizadas pelo SINDINFOR
TABELA 5.2
Ações a serem realizadas pela FUMSOFT
84
O SEBRAE-MG é responsável pelo fomento e transformação do modelo de desenvolvimento
setorial para o modelo de APL. Neste cenário destaca-se a ação de gestão do projeto e o Diag-
nóstico da Indústria de Software que gerará os subsídios de informações para um melhor enten-
dimento e planejamento setorial.
TABELA 5.3
Ações a serem realizadas pelo SEBRAE-MG
A Secretária tem o papel de articulador do APL com o Governo e com empresas de grande porte
do setor.
TABELA 5.4
Ações a serem realizadas pela SECTES
85
TABELA 5.5
Ações a serem realizadas pela ASSESPRO-MG
TABELA 5.6
Ações a serem realizadas pela SUCESU-MG
TABELA 5.7
Ações a serem realizadas pela AMCHAM-BH
A Prefeitura de Belo Horizonte vem apoiando o setor e reconhecendo sua importância. A crescen-
te interação e o engajamento do setor ao parque tecnológico são exemplos disto. A FAPEMIG por
sua vez, apoia o setor através de editais que destinam às empresas produtoras de software
recursos para o desenvolvimento de seus produtos.
86
6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Pelo lado da demanda, verificou-se que cada vez mais as empresas vêm utilizando-se da
informática para alavancar seus negócios. Das grandes empresas entrevistadas, 36% preten-
dem aumentar os investimentos em informática para 2006 enquanto que apenas 16% mostram
intenção de diminuí-lo.
Há uma gama de novos produtos a serem introduzidos nas empresas de Minas Gerais. Tanto
grandes como pequenas empresas utilizam em baixa escala as diversas vantagens que a
informática pode trazer como integração de voz e dados pela internet, e-learning1, equipamentos
portáteis e e-commerce2.
E a indústria de software está respondendo a esta demanda crescendo em um ritmo maior do que
o dos demais setores econômicos, mas abaixo de seu real potencial. E o pior, muito inferior ao
ritmo de crescimento dos principais concorrentes externos.
Esta corrida pelo desenvolvimento não é só local ou nacional. Os principais clientes e concorren-
tes da indústria encontram-se em outros países, e a participação brasileira no mercado internaci-
onal é muito pequena. Não é possível para as empresas de Belo Horizonte focarem suas forças
apenas no mercado local no intuito de se protegerem do concorrente externo. No mundo globalizado
de hoje, as empresas que não possuem competitividade internacional tendem, cedo ou tarde, a
serem superadas pela concorrência.
Se as empresas de Belo Horizonte não procurarem se modernizar, terão seu mercado invadido e
dominado pelos produtos internacionais. É necessário ter a competência técnica e comercial para
fazer frente aos produtos internacionais de ponta, se não para exportar, pelo menos para competir
em seu próprio mercado.
Para tanto, deve-se potencializar os pontos positivos do setor na cidade e buscar soluções para
superar os pontos negativos. Como pontos positivos podem-se destacar:
1
Treinamento pela internet.
2
Transações comerciais pela internet.
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3 – Existência de bom número de centros de pesquisa;
Vencer todos estes obstáculos requer um esforço envolvendo empresas, entidades representativas
e poder público. O setor tem que ser visto como efetivamente prioritário e tratado como tal. Como se
mencionou anteriormente, o trabalho do Arranjo Produtivo Local da Indústria de Software de Belo
Horizonte já vem sendo desenvolvido buscando atuar em várias das dificuldades encontradas.
Pode-se citar a criação do Centro de Excelência em CMMI e MPS-Br, que tem por objetivo
incrementar a qualidade dos produtos e processos das empresas preparando-as para certificação
em CMMI e MPS-Br. Outras ações como negociação com o Banco de Desenvolvimento de Minas
Gerais para adequação das linhas de crédito às necessidades das empresas, cursos e treina-
mentos na área gerencial e comercial também fazem parte deste portfólio.
O governo brasileiro adotou a área de software como estratégica ela foi reconhecida como um dos
quatro setores prioritários pela Nova Política Indutrial, Tecnológica e de Comércio Exterior (PITCE).
Mas as medidas para o desenvolvimento do setor têm se mostrado muito tímidas. “Deitado em berço
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esplêndido”, o país está ficando para trás na corrida pelo crescimento do setor. Faltam às medidas
tomadas o arrojo e a agressividade necessárias para colocar o país na vanguarda da disputa pelo
mercado mundial de software. É o momento de se tomar uma decisão estratégica entre efetivamente
investir no setor para manter-se na vanguarda mundial ou apenas figurar como mais um player.
A seguir algumas sugestões de medidas que poderiam ser estudadas para o setor, especifica-
mente no Arranjo Produtivo Local da Indústria de Software de Belo Horizonte. As sugestões estão
separadas para o setor público, as entidades ligadas ao setor e as empresas.
Poder Público
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Empresas
De todas as ações citadas, merece especial destaque o estudo sobre as tecnologias de ponta,
suas tendências e possibilidades. Faz-se necessário um direcionamento estratégico, do ponto de
vista tecnológico, para orientação das empresas.
Podemos tomar como exemplo a Coréia do Sul. No final do século XX o governo definiu como
setor prioritário para o país o setor de TI. A partir de então, investiu de forma coordenada, mas
constante, em diversos programas para seu desenvolvimento. O primeiro passo foi estudar a
fundo os rumos da tecnologia mundial e elaborar um documento sobre as tendências de tecnologia
de ponta. A partir dessas indicações foi desenvolvido o programa de apoio governamental e em-
presarial. O resultado deste esforço é um setor que representa 15,6% do PIB coreano e 30% de
suas exportações (IT839 Strategy – Ministry of Information and Communication, Republic of Korea).
A soma destas ações, com o contínuo trabalho das entidades ligadas ao setor no constante fortale-
cimento do Arranjo Produtivo Local de Software de Belo Horizonte, dará condições a que a cidade
reivindique um lugar de destaque entre as principais regiões produtoras de software do mundo.
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7 Referências
JUNTA COMERCIAL DO ESTADO DE MINAS GERAIS. Cadastro das empresas segundo CNAE.
Belo Horizonte, ago. 2004.
KOREA. Ministry of Information and Communication. Vision for the next decade: IT839 strategy.
[S.l. , 2003]. Disponível em: <http://mic.go.kr>. Acesso em: mar. 2005.
MAYER & BUNGE INFORMÁTICA. Panorama da indústria latinoamericana de software. São Paulo,
2004.
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