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GOVERNADOR

Aécio Neves da Cunha

SECRETÁRIO DE ESTADO DE PLANEJAMENTO E GESTÃO


Antônio Augusto Junho Anastasia

FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO


PRESIDENTE
Amílcar Martins
CENTRO DE DESENVOLVIMENTO EM ADMINISTRAÇÃO
Giovanni José Caixeta
CENTRO DE ESTATÍSTICA E INFORMAÇÕES
Laura Maria Irene de Michellis Mendonça
CENTRO DE ESTUDOS ECONÔMICOS E SOCIAIS
Maria Luiza de Aguiar Marques
CENTRO DE ESTUDOS HISTÓRICOS E CULTURAIS
Leonardo Alves Lamounier
CENTRO DE ESTUDOS MUNICIPAIS E METROPOLITANOS
José Osvaldo Guimarães Lasmar
ESCOLA DE GOVERNO PROF. PAULO NEVES DE CARVALHO
Afonso Henriques Borges Ferreira

SERVIÇO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS DE MINAS GERAIS – SEBRAE-MG


PRESIDENTE DO CONSELHO DELIBERATIVO
Luiz Carlos Dias Oliveira
DIRETOR SUPERINTENDENTE
Edson Gonçalves de Sales
DIRETOR DE DESENVOLVIMENTO E ADMINISTRAÇÃO
Luiz Márcio Haddad Pereira Santos
DIRETOR DE COMERCIALIZAÇÃO E ARTICULAÇÃO REGIONAL
Matheus Cotta de Carvalho
GERENTE DE ATENDIMENTO E TECNOLOGIA
Mara Veit
GESTOR MACRORREGIÃO CENTRO
Antônio Augusto Vianna de Freitas
COORDENADOR ESTADUAL PROJETO INDÚSTRIA SOFTWARE
Marden Márcio Magalhães
COORDENADORA LOCAL PROJETO INDÚSTRIA SOFTWARE
Márcia Valéria Cota Machado

FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO SERVIÇO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS


Alameda das Acácias, 70 – São Luiz EMPRESAS DE MINAS GERAIS – SEBRAE/MG
Belo Horizonte – MG Av. Barão Homem de Melo, 329 – Nova Suíça
CEP 31275.150 Belo Horizonte – MG
Site: http://www.fjp.mg.gov.br CEP 30460.090
Site: http://www.sebraemg.com.br
15.000 empregos diretos
R$ 1 bilhão de faturamento
1.300 empresas que desenvolvem software

55% das empresas existem a mais de 5 anos


EQUIPE TÉCNICA

COORDENAÇÃO
Grécia Carlos Amaral Almeida – Fundação João Pinheiro
Mário Murta Lana – Estufa Investimentos Ltda
Marden Márcio Magalhães – Sebrae/MG

ELABORAÇÃO
Centro de Desenvolvimento em Administração (CDA)
Estufa Investimentos Ltda

RESPONSÁVEIS TÉCNICOS
Grécia Carlos Amaral Almeida – Fundação João Pinheiro
Felipe Moleda de Godoi – Estufa Investimentos Ltda
Paulo César Borges Hanriot – Estufa Investimentos Ltda
Mário Murta Lana – Estufa Investimentos Ltda

PROJETO GRÁFICO E EDITORAÇÃO


Saitec Editoração

CORREÇÃO ORTOGRÁFICA
Luiz Carlos Freitas Pereira

NORMALIZAÇÃO
Helena Schirm

COLABORAÇÃO
Lisianny Andréa Marinho – Sebrae/MG
Márcia Valéria Cota Machado – Sebrae/MG
Welington Teixeira Santos – Fumsoft
Mauro Lambert Ribeiro do Valle – Fumsoft
Arquimedes Wagner Brandão de Oliveira – Sindinfor
José Epiphânio Camilo dos Santos – Assespro
Acrísio Manoel Carneiro Tavares – Sucesu/MG
Erik Fonseca – Sucesu
Rubens Fernando Gomes Leite – Sectes / Amcham/BH
Leonardo Pontes Guerra – Prefeitura de Belo Horizonte
Paulo Kleber Duarte Pereira – Fapemig
José Abrahão Tanure – Estufa Investimentos Ltda
Camila de Paiva Teixeira – Estufa Investimentos Ltda
Hugo Leite de Castilho Souza – Estufa Investimentos Ltda

Fundação João Pinheiro. Centro de Desenvolvimento em


Administração.
Diagnóstico da indústria de software de Belo Horizonte
– Belo Horizonte, 2006.
96p.: il.

1. Indústria de software – Belo Horizonte (MG).


2. Cadeia produtiva – Belo Horizonte (MG). I. Sebrae
(MG). II. Título.

CDU: 338.45;681.3.06(815.11)

4
AGRADECIMENTOS

A realização deste trabalho só foi possível pelo apoio recebido das


empresas e representantes de entidades que abdicaram de parte de
seu tempo para responder às questões apresentadas.
A todos eles o nosso especial agradecimento.

Equipe da Fundação João Pinheiro, Estufa Investimentos e Sebrae/MG


6
RESUMO EXECUTIVO

O Diagnóstico da Indústria de Software de Belo Horizonte foi solicitado pelo SEBRAE-


MG dentro dos trabalhos de desenvolvimento do Arranjo Produtivo Local de Software de
Belo Horizonte. Foi elaborado pela Fundação João Pinheiro em parceria com a empresa
Estufa Investimentos Ltda.

Por meio de pesquisas com questionários quantitativos e qualitativos, mapeou-se toda a


cadeia produtiva de software da cidade de Belo Horizonte. Foram entrevistadas as
instituições ligadas ao setor, as universidades e alunos de informática, os grandes e
pequenos consumidores de software, os vendedores e as empresas que desenvolvem
software.

Os resultados obtidos apontam uma grande oportunidade de desenvolvimento para Belo


Horizonte. A cidade possui uma concentração de empresas do setor e uma base sólida de
formação de mão-de-obra qualificada. Possui ainda toda a infra-estrutura lógica necessária
para a instalação de outras empresas.

Em termos empresariais, as entidades ligadas ao setor estão organizadas em torno de


um projeto único de desenvolvimento.

Há também barreiras a serem vencidas. Tanto as empresas como as entidades e o poder


público precisam trabalhar algumas questões específicas de forma a conferir às empresas
do setor a competitividade necessária para a busca dos mercados nacional e mundial.

Este trabalho aponta algumas alternativas para o setor mas alerta também para a
velocidade das mudanças. A oportunidade de desenvolvimento existe, todavia, se ações
concretas não forem tomadas para aproveitá-la, corre-se o risco da defasagem tecnológica
das empresas locais além da perda de mercado.
8
LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1.1 – Evolução do faturamento do mercado de software mundial – 2001/2008............................... 18

GRÁFICO 2.1 – Universo das Empresas ligadas ao setor de software de Belo Horizonte – 2005................... 22

GRÁFICO 3.1 – Atividades das empresas que desenvolvem software – 2005................................................ 25

GRÁFICO 3.2 – Atividades ligadas à internet desenvolvidas pelas empresas – 2005...................................... 26

GRÁFICO 3.3 – Linguagem dos softwares de revenda – 2005......................................................................... 26

GRÁFICO 3.4 – Hardwares vendidos pelas empresas produtoras de software – 2005.................................... 27

GRÁFICO 3.5 – Serviços de Software............................................................................................................... 27

GRÁFICO 3.6 – Atividades ligadas a desenvolvimento de softwares, sistemas,


produtos e soluções – 2005..................................................................................................... 28

GRÁFICO 3.7 – Ano de fundação das empresas que desenvolvem software em


Belo Horizonte – 2005............................................................................................................. 29

GRÁFICO 3.8 – Faturamento anual bruto das empresas produtoras de software – 2005................................ 29

GRÁFICO 3.9 – Número de colaboradores das empresas que desenvolvem software em


Belo Horizonte – 2005............................................................................................................. 30

GRÁFICO 3.10 – Expectativa de faturamento para o ano de 2005..................................................................... 31

GRÁFICO 3.11 – Conhecimento de seu ponto de equilíbrio segundo as empresas produtoras


de software – 2005................................................................................................................... 32

GRÁFICO 3.12 – Utilização do fluxo de caixa segundo as empresas produtoras de software – 2005............... 32

GRÁFICO 3.13 – Maior dificuldade para o crescimento das empresas produtoras de software em Belo
Horizonte – 2005...................................................................................................................... 33

GRÁFICO 3.14 – Conhecimento das linhas de apoio financeiro pelas empresas produtoras
de software – 2005................................................................................................................... 34

GRÁFICO 3.15 – Linhas de apoio financeiro conhecidas pelas empresas produtoras


de software – 2005................................................................................................................... 34

GRÁFICO 3.16 – Adequação da Mão-de-obra operacional – 2005..................................................................... 35

GRÁFICO 3.17 – Adequação do Hardware – 2005............................................................................................. 35

GRÁFICO 3.18 – Adequação dos Softwares utilizados pelas empresas – 2005................................................. 36

GRÁFICO 3.19 – Adequação das Instalações Físicas – 2005............................................................................ 36

GRÁFICO 3.20 – Adequação do Sistema de telefonia e acesso a Web – 2005................................................. 37

GRÁFICO 3.21 – Adequação dos Recursos financeiros – 2005......................................................................... 37

GRÁFICO 3.22 – Adequação da Tecnologia de ponta utilizada – 2005.............................................................. 38


GRÁFICO 3.23 – Adequação da Área comercial – 2005..................................................................................... 38

GRÁFICO 3.24 – Adequação da Área gerencial – 2005...................................................................................... 39

GRÁFICO 3.25 – Nível de escolaridade dos colaboradores das empresas de software de


Belo Horizonte – 2005............................................................................................................. 40

GRÁFICO 3.26 – Principal forma de treinamento dos colaboradores – 2005..................................................... 41

GRÁFICO 3.27 – Existência de plano de cargos e salários – 2005..................................................................... 41

GRÁFICO 3.28 – Percentual de vendas para fora do Estado – 2005.................................................................. 42

GRÁFICO 3.29 – Existência de filial das empresas produtoras de software de Belo Horizonte – 2005.............. 43

GRÁFICO 3.30 – Percentual do faturamento das exportações – 2005............................................................... 43

GRÁFICO 3.31– Existência de certificados de qualidade nas empresas produtoras de software – 2005.......... 44

GRÁFICO 3.32 – Existência de certificado de produto nas empresas produtoras de software – 2005............... 45

GRÁFICO 3.33 – Sistema operacional utilizado pelas empresas produtoras de software – 2005...................... 46

GRÁFICO 3.34 – Principal banco de dados utilizado pelas empresas produtoras de software – 2005.............. 47

GRÁFICO 3.35 – Principal banco de dados utilizado pelas empresas consumidoras de software – 2005......... 48

GRÁFICO 3.36 – Principais ações que as associações e entidades deveriam fazer segundo as empresas
produtoras de software – 2005................................................................................................ 50

GRÁFICO 4.1 – Expectativas dos alunos ao término do curso – 2005............................................................. 55

GRÁFICO 4.2 – Alunos da área de tecnologia que já trabalham na atividade – 2005...................................... 56

GRÁFICO 4.3 – Facilidade dos profissionais formados na área para arranjar um emprego – 2005................. 56

GRÁFICO 4.4 – Opinião dos alunos osbre a existência de ensinamento das tecnologias de ponta
em nível mundial nas universidades de Belo Horizonte – 2005.............................................. 57

GRÁFICO 4.5 – Percentual de faturamento da empresa comerciante vindo de outros estados – 2005........... 58

GRÁFICO 4.6 – Número de colaboradores das empresas comerciantes – 2005............................................. 58

GRÁFICO 4.7 – Faturamento bruto anual das empresas comerciantes – 2005................................................ 59

GRÁFICO 4.8 – Principal dificuldade para o desenvolvimento das empresas comerciantes em


Belo Horizonte – 2005............................................................................................................. 59

GRÁFICO 4.9 – Conhecimento do ponto de equilíbrio pelas empresas comerciantes – 2005......................... 60

GRÁFICO 4.10 – Utilização do fluxo de caixa das empresas comerciantes – 2005........................................... 60

GRÁFICO 4.11 – Meio pelo qual o cliente fica sabendo dos serviços prestados pela empresa – 2005............. 61

GRÁFICO 4.12 – Relacionamento da empresa com o SEBRAE – 2005............................................................. 61

10
GRÁFICO 4.13 – Grau de satisfação do relacionamento com o SEBRAE.......................................................... 62

GRÁFICO 4.14 – Principais ações que as entidades deveriam fazer segundo as empresas
comerciantes – 2005................................................................................................................ 63

GRÁFICO 4.15 – Número de colaboradores das micro, pequenas e médias empresas consumidoras
de software – 2005................................................................................................................... 64

GRÁFICO 4.16 – Faturamento bruto anual das micro, pequenas e médias empresas consumidoras
de software – 2005................................................................................................................... 65

GRÁFICO 4.17 – Número de profissionais de informática das micro, pequenas e médias empresas
consumidoras de software – 2005........................................................................................... 65

GRÁFICO 4.18 – Suporte em informática das micro, pequenas e médias empresas consumidoras de
software – 2005........................................................................................................................ 66

GRÁFICO 4.19 – Utilização de transação comercial pela internet das micro, pequenas e médias
empresas consumidoras de software – 2005.......................................................................... 66

GRÁFICO 4.20 – Conexão a internet das micro, pequenas e médias empresas consumidoras
de software – 2005.................................................................................................................. 67

GRÁFICO 4.21 – Integração de voz e dados na rede pelas micro, pequenas e médias empresas
consumidoras de software – 2005........................................................................................... 67

GRÁFICO 4.22 – Realização de treinamento de pessoal pela Internet pelas micro, pequenas e médias
empresas consumidoras de software – 2005.......................................................................... 68

GRÁFICO 4.23 – Investimento do faturamento em informática das micro, pequenas e médias empresas
consumidoras de software – 2005........................................................................................... 68

GRÁFICO 4.24 – Fatores para decisão de compra de software pacote das micro, pequenas e médias
empresas consumidoras de software – 2005.......................................................................... 69

GRÁFICO 4.25 – Fatores de decisão para compra de desenvolvimento de software das micro, pequenas
e médias empresas consumidoras de software – 2005........................................................... 70
GRÁFICO 4.26 – Fatores de decisão na compra de serviços / consultoria de software das micro, pequenas
e médias empresas consumidoras de software – 2005........................................................... 71
GRÁFICO 4.27 – Número de profissionais de informática nas grandes empresas consumidoras de
software – 2005........................................................................................................................ 72
GRÁFICO 4.28 – Investimento em tecnologia das grandes empresas consumidoras de software – 2005......... 73
GRÁFICO 4.29 – Integração de voz e dados na rede pelas grandes empresas consumidoras de
software – 2005........................................................................................................................ 73

GRÁFICO 4.30 – Utilização de transação comercial pela internet nas grandes empresas consumidoras
de software – 2005................................................................................................................... 74

GRÁFICO 4.31 – Uso da internet pelo RH das grandes empresas consumidoras de software – 2005.............. 74

GRÁFICO 4.32 – Conexão a internet nas grandes empresas consumidoras de software – 2005...................... 75
GRÁFICO 4.33 – Setor para o qual se compra software de pacote nas grandes empresas consumidoras
de software – 2005................................................................................................................... 75

GRÁFICO 4.34 – Setor para o qual se compra desenvolvimento de software nas grandes empresas
consumidoras de software – 2005........................................................................................... 76

GRÁFICO 4.35 – Setor para o qual se compra consultoria / serviços em software nas grandes empresas
consumidoras de software – 2005........................................................................................... 77

GRÁFICO 4.36 – Principais fatores para compra de software nas grandes empresas consumidoras de
software – 2005........................................................................................................................ 78

GRÁFICO 4.37 – Principais fatores para desenvolvimento de software nas grandes empresas
consumidoras de software – 2005........................................................................................... 78

GRÁFICO 4.38 – Principais fatores para consultoria / desenvolvimento de software nas grandes
empresas consumidoras de software – 2005.......................................................................... 79

12
LISTA DE TABELAS

TABELA 1.1 – Concentração de empregados nas empresas produtora de software de Belo


Horizonte.............................................................................................................................. 19

TABELA 2.1 – Classificação das empresas pelo SEBRAE conforme número de


empregados....................................................................................................................... 23

TABELA 2.2 – Entrevistas realizadas....................................................................................................... 23

TABELA 3.1 – Linguagens de software utilizadas para programação...................................................... 47

TABELA 3.2 – A empresa em relação a entidades.................................................................................. 49

TABELA 3.3 – A empresa em relação a concorrentes, clientes, fornecedores e


universidades.................................................................................................................... 51

TABELA 5.1 – Ações a serem realizadas pelo SINDINFOR.................................................................... 84

TABELA 5.2 – Ações a serem realizadas pela FUMSOFT....................................................................... 84

TABELA 5.3 – Ações a serem realizadas pelo SEBRAE-MG................................................................... 85

TABELA 5.4 – Ações a serem realizadas pela SECTES......................................................................... 85

TABELA 5.5 – Ações a serem realizadas pela ASSESPRO-MG.............................................................. 86

TABELA 5.6 – Ações a serem realizadas pela SUCESU-MG.................................................................. 86

TABELA 5.7 – Ações a serem realizadas pela AMCHAM-BH................................................................. 86


14
SUMÁRIO

RESUMO EXECUTIVO......................................................................................................... 07

1 INTRODUÇÃO................................................................................................................... 17

2 METODOLOGIA................................................................................................................ 21

3 A INDÚSTRIA DE SOFTWARE EM BELO HORIZONTE.................................................. 25


3.1 Características do setor.................................................................................................. 25
3.2 Gestão............................................................................................................................. 31
3.3 Infra-estrutura.................................................................................................................. 35
3.4 Recursos Humanos......................................................................................................... 39
3.5 Mercado.......................................................................................................................... 42
3.6 Tecnologia....................................................................................................................... 45
3.7 Institucional..................................................................................................................... 48

4 RELACIONAMENTOS DO SETOR................................................................................... 53
4.1 A visão das entidades relacionadas ao setor.................................................................. 53
4.2 A visão das universidades e dos alunos.......................................................................... 54
4.3 As empresas vendedoras de software e hardware......................................................... 57
4.4 Como as micro, pequenas e médias empresas compram software................................ 64
4.5 Como as grandes empresas compram software............................................................. 72

5 O ARRANJO PRODUTIVO LOCAL (APL) DE SOFTWARE DE BELO


HORIZONTE...................................................................................................................... 81

6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES............................................................................ 87

7 REFERÊNCIAS................................................................................................................. 91
1 INTRODUÇÃO

Software: palavra utilizada pela primeira vez pelo professor de estatística John W. Tukey, da
Universidade de Princeton em janeiro de 1958 para designar rotinas interpretativas cuidadosa-
mente planejadas, compiladores e outros aspectos da programação automativa.

Hoje o software está presente no cerne das tecnologias inovadoras que vêm promovendo a revo-
lução da informação e o advento da nova economia.

Ao considerar o cenário econômico mundial, percebe-se que poucas indústrias demonstram nos
últimos anos um crescimento tão significativo quanto a Indústria de Tecnologia da Informação,
com efetivo destaque para o segmento de software. A Indústria de Software reúne as empresas
que trabalham com desenvolvimento e serviços relacionados a software. Pode-se dividi-la em
quatro grupos:

• empresas produtoras de software pacote;


• empresas produtoras de software sob encomenda;
• empresas prestadoras de serviços e consultoria em software; e
• empresas produtoras de software embarcado.

O primeiro grupo é aquele dos softwares de uso mais comum como editores de texto, jogos
eletrônicos, planilhas, etc. O segundo está associado ao desenvolvimento customizado de software.
O terceiro, a atividades de apoio a clientes, manutenção, treinamento, etc. O último corresponde
aos softwares que funcionam em conjunto com uma máquina, como por exemplo o software de
um telefone celular.

No ano de 1997, o mercado mundial de software e serviços relacionados movimentou US$ 90


bilhões. Já em 2005, estudos realizados pelo instituto norte-americano de pesquisas e análises
Gartner1 apontam para uma movimentação de U$ 700 bilhões. Estima-se que esse valor chegue
a US$ 900 bilhões em 2008 (GRAF. 1.1).

Em 2001, a movimentação desse mercado alcançou cerca de US$ 300 bilhões, sendo o Brasil
responsável por 2,3% desse total, constituindo-se no sétimo mercado mundial (Massachussets
Institute of Tecnology; SOFTEX, 2002). Segundo pesquisa Gartner2, em 2004 o Brasil mantém-
se ainda como sétimo mercado mundial, representando ainda 60% de todo o mercado da Amé-
rica Latina.

1
Dados obitidos junto à reportagem “Brasil luta por fatia do offshore outsourcing” de 20/8/2005 do IEES (Instituto de
Estudos Econômicos em Software).
2
Dados apresentados pelo Diretor de Assuntos Corporativos da Microsoft do Brasil em palestra realizada na AMCHAM
de Belo Horizonte em 05 de outubro de 2005.

17
GRÁFICO 1.1 – Evolução do faturamento do mercado de software mundial – 2001/2008
Fonte: Pesquisas Gartner

O setor movimentou U$ 12,4 bilhões em 2004 no Brasil, sendo US$ 7,9 bilhões em serviços e
US$ 4,5 bilhões em produtos. As exportações somaram apenas U$ 235 milhões, o que é próximo
de 25% do que a China exporta e menos de 5% que a Índia (Gartner).

Apenas 15% do mercado brasileiro é atendido por empresas nacionais. A maior parte deste mer-
cado é dominado pelas empresas multinacionais. A Microsoft, por exemplo, teve, em 2004, um
faturamento no Brasil de quase U$ 400 milhões com a venda de software. A IBM, mais de U$ 243
milhões e a Oracle, U$ 234 milhões. Mesmo entre as empresas nacionais, há operações grandes
com a venda de software. A Microsiga, que foi a número um deste grupo, faturou em 2004 U$ 69,9
milhões. A Datasul, a segunda, U$ 64,9 milhões e a Consist, de São Paulo, a número três, U$ 50,5
milhões. A empresa mineira de maior faturamento é a RM Sistemas com faturamento de R$ 110
milhões em 2004, equivalentes a U$ 41,5 milhões3 (levantamento realizado pelo Portal Serieestudos
– www.serieestudos.com.br).

Em Minas Gerais, o setor obteve um crescimento nominal de 19,91% em seu faturamento, segundo o
Ranking Mineiro de Informática divulgado em junho de 2005 pela Associação das Empresas Brasilei-
ras de Tecnologia da Informação Software e Internet de Minas Gerais (ASSESPRO-MG). No mesmo
período, o Produto Interno Bruto (PIB) nacional teve um aumento de cerca de 5%. Ainda segundo a
mesma pesquisa, as 68 maiores empresas do estado faturaram juntas R$ 800 milhões em 2004.

Na cidade de Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, a Indústria de Software vem demonstrando
características expressivas de desenvolvimento. O Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais
(BDMG) em seu estudo sobre a economia mineira, Minas Gerais do Século XXI (2002), identificou
um cluster4 do setor em Belo Horizonte. Para isto, analisou a concentração de mão-de-obra do setor
na cidade comparando-a com a média brasileira. O resultado foi uma maior concentração de mão-
de-obra em algumas atividades ligadas ao setor de software na cidade, caracterizando-se uma
aglomeração de empresas (TAB. 1.1).

3
Conversão pela cotação do dia 31 de dezembro de 2004.
4
Aglomerações especializadas de empresas de um setor em determinada região.

18
TABELA 1.1
Concentração de empregados nas empresas produtora de software de Belo Horizonte

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

Segundo dados da Prefeitura de Belo Horizonte, baseado na RAIS (Relação Anual de Informa-
ções Sociais do Ministério do Trabalho e Emprego) de 2004, havia no município aproximadamen-
te 10.800 pessoas trabalhando no setor de informática. Interessante é verificar que o aumento na
quantidade de trabalhadores no setor de 2003 para 2004 foi de 58%. Este foi o segundo setor
com maior crescimento no número de empregados na cidade.

Estes dados alertaram as diversas entidades envolvidas com o setor na cidade, levando-as a
buscar um planejamento estratégico para alavancar ainda mais o seu crescimento mediante a
estruturação do Arranjo Produtivo Local de Software de Belo Horizonte.

Esta é uma grande oportunidade para a cidade. A Indústria de Software possui características que a
diferenciam de outros segmentos, não é poluente, gera produtos de alto valor agregado e emprega
profissionais especializados que utilizam a mais nobre matéria-prima da atualidade: o conhecimento.

A primeira barreira a ser vencida em busca do desenvolvimento do setor é o levantamento de informa-


ções que possam balizar o planejamento. Este é o primeiro objetivo do trabalho aqui apresentado:
“conhecer a realidade atual das empresas produtoras de software de Belo Horizonte de forma a sub-
sidiar, com informações qualificadas e atuais, as ações para o desenvolvimento do setor.”

Dados atuais e confiáveis são fundamentais para o planejamento de qualquer instituição. O setor de
software, como a maioria dos setores no Brasil, possui grande deficiência em informações, e isto afeta
sobremaneira o planejamento das empresas, das entidades ligadas ao setor e do poder público.

Este trabalho é a visão dos diversos atores da cadeia produtiva do setor. A seção 2 aborda a
metodologia utilizada para as entrevistas. A seçõa 3 apresenta o resultado da pesquisa realizada
entre empresas produtoras de software de Belo Horizonte. A seção 4 traz a visão dos atores
relacionados ao setor sobre as empresas produtoras. O Arranjo Produtivo Local de Software de
Belo Horizonte é apresentado na seção 5. Para finalizar, apresentam-se na seção 6 as conclu-
sões do estudo do setor com algumas recomendações para seu desenvolvimento.

19
2 METODOLOGIA

Para se criar um quadro da realidade atual do setor, foram abordados os diversos atores da
cadeia produtiva. Para cada público foi usado um roteiro ou questionário específico, sendo reali-
zadas entrevistas em profundidade ou questionários quantitativos.

Das entidades representativas do setor, entrevistou-se a Sociedade Mineira de Software


(FUMSOFT), a Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação, Software
e Internet de Minas Gerais (ASSESPRO-MG), o Sindicato das Empresas de Informática de
Minas Gerais (SINDINFOR) e a Sociedade de Usuários de Informática de Minas Gerais
(SUCESU-MG). De outras entidades relacionadas ao setor foram ouvidas o Serviço de Apoio
às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais (SEBRAE-MG), a Rede Mineira de Incuba-
doras (RMI), o Instituto de Desenvolvimento Integrado de Minas Gerais (INDI) a Câmara de
Comércio Americana de Belo Horizonte (AMCHAM-BH), a Prefeitura de Belo Horizonte e a
Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Minas Gerais (SECTES)
representando o Governo do Estado de Minas Gerais. A visão destas entidades sobre o setor
foi levantada por meio de entrevistas em profundidade.

Como financiadores do setor, o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) e a Funda-


ção de Amparo a Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) foram ouvidos utilizando-se
também a metodologia de entrevistas em profundidade.

O mais importante insumo para a indústria de software é a mão-de-obra. Para se conhecer sua
realidade entrevistaram-se sete universidades ou faculdades de Belo Horizonte que possuem
cursos relacionados ao setor. Escutaram-se também 181 estudantes de graduação dessas insti-
tuições. Com os representantes das universidades utilizaram-se entrevistas em profundidade,
enquanto que com os alunos o método foi o do questionário quantitativo.

Representando o mercado consumidor de software, entrevistaram-se 285 micro, pequenas e médias


empresas, além de 30 Chief Information Officer (CIO) das principais empresas de Minas Gerais.
Todas essas entrevistas foram realizadas por meio de questionários quantitativos.

Buscou-se levantar nas entidades representativas do setor e nas unidades de registro de empre-
sas de Belo Horizonte o total de empresas produtoras de software em atividade. Há, entretanto,
uma grande defasagem nos cadastros das diversas entidades, o que dificulta a obtenção do
número real de empresas do setor na cidade.

Juntaram-se então os diversos cadastros existentes das entidades ligadas ao setor (FUMSOFT,
ASSESPRO e SINDINFOR), chegando-se a uma listagem com 2.800 empresas. Nesta relação
inicial estavam incluídas empresas de comércio de software, de hardware e empresas produto-
ras de software. A definição de empresas produtoras de software seguiu a já apresentada na

21
seção 1 com empresas produtoras de software de pacote, empresas que desenvolvem software sob
encomenda, empresas de serviços e consultoria de software e empresas de software embarcado.

Definiu-se pela busca de contato com uma amostra de mil empresas deste universo. Foram entre-
vistadas 815 empresas, já que as outras 185 (18,5% da amostra) haviam encerrado suas ativida-
des. Das 815 entrevistadas, 361 (36,1% da amostra) são comerciantes de software e hardware,
não desenvolvendo softwares, e 454 (45,4% da amostra) são efetivamente empresas que desen-
volvem software (GRAF. 2.1).

GRÁFICO 2.1 – Universo das Empresas ligadas ao setor de software de Belo Horizonte – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

Extrapolando estes percentuais para o universo de 2.800 inicialmente levantado, ter-se-á uma
estimativa estatística de aproximadamente 1.300 empresas produtoras de software em Belo Ho-
rizonte e perto de mil que trabalham com comércio de software e hardware.

É importante ressaltar que se procurou no trabalho identificar as empresas que efetivamente traba-
lham com o desenvolvimento de software, independentemente de apresentarem esta característica
em seus contratos sociais ou mesmo em seu CNAE Fiscal. O número de empresas produtoras de
software levantado mostra-se bastante consistente quando comparado com o de empresas produ-
toras de software1 de Belo Horizonte registradas e ativas segundo cadastro da Junta Comercial do
Estado de Minas Gerais (Jucemg) em agosto de 2004, que é de 1.330 empresas.

Para a classificação das empresas como micro, pequena, média ou grande, o critério utiliza-
do foi o do SEBRAE, que as classifica com base no número de empregados (TAB. 2.1).

1
Foram consideradas empresas de treinamento em software, consultoria, desenvolventes de software e prestadores
de serviços de internet, CNAE 7221-4/00, 8099-3/04 e 7290-7/00.

22
TABELA 2.1
Classificação das empresas pelo SEBRAE conforme número de empregados

Fonte: SEBRAE-MG

TABELA 2.2
Entrevistas realizadas

Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

23
3 A INDÚSTRIA DE SOFTWARE
EM BELO HORIZONTE

Esta seção analisa características do setor, gestão, infra-estrutura, recursos humanos, mer-
cado, tecnologia e as entidades representativas das empresas produtoras de software de Belo
Horizonte.

3.1 Características do setor

Estima-se que em Belo Horizonte existam cerca de 1.300 empresas desenvolventes de software
(seção 2, METODOLOGIA). Elas se distribuem na prestação dos mais variados serviços aos
diversos setores econômicos.

Do total das empresas entrevistadas, 61% prestam serviços relacionados à internet destacando-
se os de desenvolvimento de sites e de softwares específicos. Aproximadamente 90% prestam
serviços, principalmente de manutenção e suporte de softwares (GRAF. 3.1).

GRÁFICO 3.1 – Atividades das empresas que desenvolvem software – 2005


Nota: Aceita mais de uma resposta
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

Dentre as empresas que prestam serviços relacionados à internet, destacam-se o desenvolvi-


mento de sites e o de softwares específicos para a internet (GRAF. 3.2).

25
GRÁFICO 3.2 – Atividades ligadas à internet desenvolvidas pelas empresas – 2005
Nota: Aceita mais de uma resposta
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

Das empresas que trabalham com revendas de software, destacam-se as que trabalham com
sistemas voltados para a linguagem Windows (GRAF. 3.3).

GRÁFICO 3.3 – Linguagem dos softwares de revenda – 2005


Nota: Aceita mais de uma resposta
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

As empresas que produzem software e trabalham também com revenda de hardware vendem
principalmente computadores (GRAF. 3.4).

26
GRÁFICO 3.4 – Hardwares vendidos pelas empresas produtoras de software – 2005
Nota: Aceita mais de uma resposta
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

As empresas que prestam serviços de software trabalham principalmente com manutenção e


suporte conforme se verifica no gráfico a seguir (GRAF. 3.5).

GRÁFICO 3.5 – Serviços de Software


Nota: Aceita mais de uma resposta
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

27
No desenvolvimento de softwares, sistemas, produtos e soluções não há um setor que detenha
maior destaque. Os mais citados foram softwares para comércio, educação, gestão, telecomuni-
cação e software de serviços bancários / financeiros (GRAF. 3.6).

GRÁFICO 3.6 – Atividades ligadas a desenvolvimento de softwares, sistemas, produtos e soluções – 2005
Nota: Aceita mais de uma resposta
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

Aproximadamente 55% das empresas que desenvolvem software existem há mais de cinco anos
e apenas 15% delas foram criadas nos últimos dois anos (GRAF. 3.7). Isto poderia indicar uma
desaceleração na criação de empresas, mas quando se compara este dado com o do crescimen-
to de empregos do setor em Belo Horizonte, vê-se que não é este o caso. Na verdade, as empre-
sas do setor vêm apresentando sustentabilidade, sobrevivendo por períodos mais longos.

28
GRÁFICO 3.7 – Ano de fundação das empresas que desenvolvem software em Belo Horizonte – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

O setor é composto em sua maioria por micro e pequenas empresas. O faturamento de mais de
60% destas empresas não ultrapassa a quantia de R$ 250.000,00 (GRAF. 3.8). Igual número de
empresas possui no máximo nove colaboradores (GRAF. 3.9).

GRÁFICO 3.8 – Faturamento anual bruto das empresas produtoras de software – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

29
GRÁFICO 3.9 – Número de colaboradores das empresas que desenvolvem software em Belo Horizonte – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

O valor de faturamento informado pelas empresas monta a um faturamento setorial superior a


R$ 1 bilhão em 2005.

Tanto as entidades representativas do setor como as entidades a ele ligadas, e também as em-
presas, acreditam em um crescimento substantivo do setor para os próximos anos. Quando ques-
tionadas sobre a expectativa do faturamento para os próximos dois anos, 85% das empresas
afirmaram acreditar no aumento do faturamento (GRAF. 3.10).

30
GRÁFICO 3.10 – Expectativa de faturamento para o ano de 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

3.2 Gestão

No aspecto gerencial, os principais problemas apontados pela pesquisa para as empre-


sas do setor são similares aos geralmente encontrados nas empresas de micro e peque-
no porte.

As empresas, em sua maioria, são compostas basicamente por pessoal técnico, com gran-
de capacidade para o desenvolvimento de softwares, mas pouca capacidade gerencial.
Os GRAF. 3.11 e 3.12 ilustram esta carência.

31
GRÁFICO 3.11 – Conhecimento de seu ponto de equilíbrio segundo as empresas produtoras de software – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

GRÁFICO 3.12 – Utilização do fluxo de caixa segundo as empresas produtoras de software – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

32
A carência gerencial se reflete nas dificuldades de planejamento, comercial, gestão dos recur-
sos humanos e de controles em geral. O resultado, via de regra, se reflete em dificuldades
financeiras.

Sua debilidade gerencial ainda fará com que se torne muito difícil para a empresa conseguir
capital para cobrir suas necessidades. A falta de acesso ao capital foi apontada como a maior
dificuldade para o desenvolvimento das empresas de software em Minas Gerais por 34,8% dos
entrevistados (GRAF. 3.13).

GRÁFICO 3.13 – Maior dificuldade para o crescimento das empresas produtoras de software em Belo Horizonte – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

As entidades que financiam o setor quando questionadas sobre a inexistência das linhas de cré-
dito para as necessidades das empresas se defendem alegando que existem as linhas. De fato,
existem algumas modalidades de apoio financeiro para as empresas do setor, mas a maioria
delas desconhece sua existência. Quando conhecem não sabem como acessá-la, ou suas ca-
racterísticas não atendem a suas necessidades. Aproximadamente 50% das empresas não conhe-
cem as linhas de financiamento e, das empresas que afirmam conhecer, a maior parte conhece na
verdade linhas de investimento de caráter geral, não específicas para o setor. (GRAF. 3.14 e 3.15)

33
GRÁFICO 3.14 – Conhecimento das linhas de apoio financeiro pelas empresas produtoras de software – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

GRÁFICO 3.15 – Linhas de apoio financeiro conhecidas pelas empresas produtoras de software – 2005
Nota 1: Aceita mais de uma resposta.
Nota 2: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ); Financiadora de Estudos e Projetos
(FINEP); Programa para o desenvolvimento da Indústria Nacional de Software e Serviços Correlatos (PROSOFT);
Programa de Geração de Emprego e Renda (PROGER); Programa de Apoio ao fortalecimento da Capacidade de
Geração de Emprego e Renda (PROGEREN).
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

34
3.3 Infra-Estrutura

As empresas produtoras de software de Belo Horizonte entendem possuir a infra-estrutura ade-


quada ao desenvolvimento de seus produtos e serviços. Os GRAF. 3.16 a 3.24 refletem a opinião
das empresas no tocante à mão-de-obra operacional, hardware, softwares utilizados pelas em-
presas, instalações físicas, sistema de telefonia e acesso à web, recursos financeiros, tecnologia
de ponta, área comercial e a área gerencial.

GRÁFICO 3.16 – Adequação da Mão-de-obra operacional – 2005


Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

GRÁFICO 3.17 – Adequação do Hardware – 2005


Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

35
GRÁFICO 3.18 – Adequação dos Softwares utilizados pelas empresas – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

GRÁFICO 3.19 – Adequação das Instalações Físicas – 2005


Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

36
GRÁFICO 3.20 – Adequação do Sistema de telefonia e acesso a Web – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

GRÁFICO 3.21 – Adequação dos Recursos financeiros – 2005


Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

37
GRÁFICO 3.22 – Adequação da Tecnologia de ponta utilizada – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

GRÁFICO 3.23 – Adequação da Área comercial – 2005


Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

38
GRÁFICO 3.24 – Adequação da Área gerencial – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

3.4 Recursos Humanos

Mantido o crescimento dos postos de trabalho do setor apontados pela RAIS de 2003 / 2004 para
2004 / 2005, pode-se estimar em aproximadamente 15 mil os postos de trabalho existentes hoje.
Além disso, 70% das grandes empresas consumidoras de software pesquisadas possuem em
seu quadro de profissionais até 50 pessoas ligadas diretamente à área de informática.

Nas micro e pequenas empresas consumidoras de software, a presença deste profissional tam-
bém é marcante. Mais de 70% dessas empresas entrevistadas possuem em seu quadro pelo
menos um profissional de informática.

Quem trabalha profissionalmente no setor possui, em sua maioria, de 19 a 35 anos. Quase a


metade tem curso superior completo, mas apenas 5% fizeram especialização, 2% mestrado e 1%
doutorado (GRAF. 3.25).

39
As empresas que desenvolvem software acreditam, de uma forma geral, possuir um quadro de
profissionais adequado para suas operações (GRAF. 3.25). Não há, entretanto, investimentos
substanciais na melhora constante da qualificação de seus funcionários.

GRÁFICO 3.25 – Nível de escolaridade dos colaboradores das empresas de software de Belo Horizonte – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

A principal forma de aprimoramento dos profissionais pelas empresas são treinamentos internos.
Apenas 18% das empresas investem em bolsas de estudo, cursos intensivos e especializações
(GRAF. 3.26). Além disso, a maioria das empresas não possui uma política estruturada e docu-
mentada de remuneração (GRAF. 3.27).

40
GRÁFICO 3.26 – Principal forma de treinamento dos colaboradores – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

GRÁFICO 3.27 – Existência de plano de cargos e salários – 2005


Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

41
3.5 Mercado

O principal cliente da empresa que desenvolve software de Belo Horizonte se encontra na própria
cidade. Apenas 35% das empresas vendem para fora do estado de Minas Gerais (GRAF. 3.28).

GRÁFICO 3.28 – Percentual de vendas para fora do Estado – 2005


Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

Segundo elas, o principal motivo para a não realização de negócios com outros estados é a
dificuldade comercial, verificada como uma das principais carências relacionadas ao setor (ver
seção 4), reconhecidas neste momento pelas próprias empresas. Destaca-se também que ape-
nas 7,8% das empresas possuem filiais em outras localidades do Brasil (GRAF. 3.29).

42
GRÁFICO 3.29 – Existência de filial das empresas produtoras de software de Belo Horizonte – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

Com relação às vendas externas, apenas 5% das empresas pesquisadas afirmam realizá-las
(GRAF. 3.30).

GRÁFICO 3.30 – Percentual do faturamento das exportações – 2005


Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

43
Neste caso, a dificuldade comercial se mistura com o desconhecimento sobre o mercado interna-
cional e sobre as etapas “burocráticas” a se vencerem para a exportação. Soma-se a isto a quase
inexistência de certificações de qualidade em produtos e processos aceitas internacionalmente.
Cerca de 80% das empresas entrevistadas não possuem qualquer certificado de qualidade (GRAF.
3.31) e 75% não têm nenhum certificado de produto (GRAF. 3.32).

GRÁFICO 3.31 – Existência de certificados de qualidade nas empresas produtoras de software – 2005
Nota: International Standart Organization (ISO); Capability Maturity Model (CMM); Melhoria de Processo do Software
Brasileiro (MPSBr).
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

44
GRÁFICO 3.32 – Existência de certificado de produto nas empresas produtoras de software – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

A quantidade de empresas de Belo Horizonte que exportam seus produtos e serviços está dentro
da média nacional. Segundo pesquisa realizada pela Mayer & Bunge Informática S/C Ltda em
2004 (Panorama da Indústria Latinoamericana de Software), aproximadamente 5% das empre-
sas brasileiras produtoras de software exportam.

Cerca de 40% das empresas entrevistadas se preocupam em buscar patentear seus produtos.
Para estas empresas, a morosidade e a burocracia são os principais obstáculos neste processo.

3.6 Tecnologia

Mais de 80% das empresas que desenvolvem software de Belo Horizonte usam o Windows como
principal sistema operacional. Entretanto, 45% das empresas utilizam-se também do Linux, como
primeira ou segunda opção. O software livre vem ganhando seu espaço (GRAF. 3.9).

45
GRÁFICO 3.33 – Sistema operacional utilizado pelas empresas produtoras de software – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

Esta realidade encontra paralelo nas grandes empresas consumidoras de software de Minas
Gerais. Apesar de 100% delas utilizar-se do Windows, 56% afirmam que também usam o Linux e
46% o Unix (excluído o Linux).

Com relação a linguagens de programação, tem-se destaque nas empresas desenvolventes a


linguagem Java (19%) seguido por DELPHI (15%). Perguntando-se aos estudantes, eles afirmam
preferir programar primeiramente em Java (31%) seguido da linguagem C e DELPHI (20%).

Estudo desenvolvido pelo Instituto de Estudos Econômicos em Software (IEES) apontou que as empre-
sas brasileiras que desenvolvem software haviam criado seus produtos em 2004 utilizando em primeiro
lugar Delphi (39%), seguido de Visual Basic (31%), linguagem C (23%) e finalmente Java (15%).

As empresas de Belo Horizonte, pelos dados apresentados, parecem estar tomando caminhos
diferentes. Mas o que os consumidores estão utilizando? Verifica-se pelas entrevistas que os
softwares em uso nas empresas atualmente são programados em primeiro lugar em ASP (56%),
seguido de Delphi (53%) e Java (37%).

Mas quando se indaga a estas mesmas empresas com qual linguagem gostariam que seus pro-
dutos fossem desenvolvidos, as empresas responderam, pela ordem, Java (53%), Dot Net (46%),

46
Delphi (33%) e ASP (33%). Neste aspecto, as empresas de Belo Horizonte se mostraram alinha-
das com as expectativas futuras do mercado. Estes dados estão descritos na tabela a seguir.

TABELA 3.1
Linguagens de software utilizadas para programação

Fonte: Pesquisa e Instituto de Estudos Econômicos em Software

Com relação aos bancos de dados utilizados pelas empresas produtoras de software, merecem
destaque o SQL Server, seguido pelo Access e Oracle (GRAF. 3.34).

GRÁFICO 3.34 – Principal banco de dados utilizado pelas empresas produtoras de software – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

47
As grandes empresas consumidoras de software em Minas Gerais seguem a mesma linha, mas
com maior ênfase em SQL Server e Oracle (GRAF. 3.35).

GRÁFICO 3.35 – Principal banco de dados utilizado pelas empresas consumidoras de software – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

3.7 Institucional

O relacionamento das empresas que desenvolvem software de Belo Horizonte com suas entida-
des representativas e de apoio é muito limitado. Em torno de 55% das empresas não se relacio-
nam com nenhuma das entidades. Quando este relacionamento ocorre, normalmente é avaliado
positivamente (TAB. 3.2).

48
TABELA 3.2
Participação em entidades e o grau de satisfação

Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

As principais solicitações das empresas desenvolventes de software para com as entidades lo-
cais estão descritas a seguir no GRAF. 3.36.

49
GRÁFICO 3.36 – Principais ações que as associações e entidades deveriam fazer segundo as empresas
produtoras de software – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

50
Mais da metade das empresas que desenvolvem software em Belo Horizonte mantém parcerias
com fornecedores e clientes, os quais estão satisfeitos. Já quando se lida com concorrentes ou
com universidades, a maior parte não realiza parcerias, mas os que as mantêm mostram-se
satisfeitos (TAB. 3.3).

TABELA 3.3
Parcerias e o grau de satisfação

Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

51
4 RELACIONAMENTOS DO SETOR

Nesta seçao apresenta-se a visão das universidades, alunos, empresas vendedoras de


software e hardware, micro, pequenas, médias e grandes empresas compradoras de software
que formam a Indústria de Software de Belo Horizonte.

4.1 A visão das entidades relacionadas ao setor

As empresas produtoras de software de Belo Horizonte possuem três entidades representativas.


São elas a FUMSOFT, a ASSESPRO e o SINDINFOR. Existe ainda a SUCESU-MG, entidade
representativa dos usuários de software de Minas Gerais.

Todas estas entidades possuem pares semelhantes em outros estados da Federação. O grande
diferencial em Minas Gerais é que elas estão organizadas em um conselho único denominado
Conselho de Empresas de Informática de Minas Gerais (CEINFOR). O CEINFOR reúne os diversos
representantes do setor em torno de uma agenda única de desenvolvimento. As ações são planeja-
das e muitas vezes executadas em conjunto, sem eliminar as particularidades de cada organização.

Além destas entidades, várias outras interagem com o setor de produção de software em Minas
Gerais buscando seu desenvolvimento. As principais entidades foram ouvidas para formar uma
visão institucional sobre a realidade do setor (ver seção 2).

Há grande convergência na visão destas entidades sobre a realidade do mercado de software de


Belo Horizonte. Apesar dos esforços, no entanto, a participação das empresas produtoras de
software de Belo Horizonte no mercado internacional é quase nula. Com exceção de algumas
poucas empresas, o empresariado mineiro ainda não busca a conquista do mercado externo,
tanto internacionalmente quanto em outros estados brasileiros, não em decorrência da qualidade
dos softwares produzidos mas, principalmente, por dificuldades comerciais.

Já no mercado interno, as entidades percebem um crescimento acelerado do setor. Esta visão se


confirma com os dados de geração de empregos no setor em Belo Horizonte que mostram cres-
cimento de 58% de 2003 a 2004.

Estes números refletem um mercado crescente no tocante a demanda e também a oferta de mão-
de-obra qualificada. Belo Horizonte é reconhecida nacionalmente como grande formadora de
mão-de-obra qualificada para o setor.

As empresas, entretanto, ainda necessitam de melhor preparo. É consenso entre os entrevista-


dos que há deficiência na qualidade gerencial das empresas do setor. Seus profissionais são
técnicos em informática em sua maioria, não possuindo grandes conhecimentos em técnicas
gerenciais de administração. Isto, em parte, explica a falta de “competência” comercial das em-
presas de Belo Horizonte.

53
Uma forma de combater esta deficiência, na visão dos entrevistados, seria a organização das
empresas em trabalhos cooperados assistidos por profissionais da área gerencial. As empresas
unidas ganhariam escala, produtividade e, conseqüentemente, competitividade.

Outra carência identificada pelas entidades, no mercado, é a demora para o lançamento de pro-
dutos. Muitas vezes, por excesso de cautela, as empresas demoram muito para lançar determina-
do produto no mercado. A dinâmica do setor, entretanto, atropela o excesso de zelo e as janelas
de oportunidade se perdem.

Há uma percepção da maioria das entidades de que as empresas mineiras não compram softwares
produzidos em Minas Gerais. Esta afirmação é contraposta pelos consumidores que afirmam que
a localidade de procedência do software não pesa na decisão sobre sua aquisição. Os principais
motivos para compra de software são atendimento aos requisitos, qualidade, preço e confiança
na procedência (ver seção 4.4 e 4.5).

Ainda na visão das entidades, há um grande distanciamento do meio acadêmico, formador da


mão-de-obra para o setor, e do mercado. As universidades de Belo Horizonte têm mostrado grande
competência na formação de mão-de-obra qualificada. Era de se esperar que estas mesmas univer-
sidades colaborassem também com um alto índice de produção científica aplicada para o setor. Isto
não se mostra totalmente verdadeiro. A produção científica dos cursos de informática e Tecnologia
da Informação (TI) em Belo Horizonte possuem um caráter muito acadêmico e pouco prático na
visão das entidades, reflexo de um grande distanciamento entre universidades e mercado.

Um ponto conflitante entre as entidades diz respeito à oferta de crédito ao setor. Apontada como
uma das principais barreiras ao desenvolvimento do setor pelas empresas produtoras de software,
a falta de crédito é também uma das principais reclamações das entidades representativas. As
instituições financiadoras afirmam que existem linhas de crédito para o setor e que o problema
está na falta de informação das empresas e suas dificuldades gerenciais de buscá-las.

Apesar de todas as dificuldades apontadas, há grande otimismo das entidades quanto ao futuro.
Acredita-se que Belo Horizonte possui as características necessárias para o desenvolvimento do
setor: mão-de-obra qualificada, infra-estrutura adequada e uma concentração de empresas do
setor acima da média nacional.

A soma destas características, aliada à vontade das entidades de trabalharem unidas para o
desenvolvimento do setor, faz com que as previsões sejam de crescimento para as empresas que
desenvolvem software em Belo Horizonte.

4.2 A visão das universidades e dos alunos

O principal insumo para o setor de software é a mão-de-obra qualificada. Belo Horizonte é reco-
nhecidamente um celeiro de bons profissionais para o setor. O motivo é a existência de boas
universidades ou faculdades na cidade com destaque para a Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG).

54
Foram pesquisadas 7 instituições de ensino superior de Belo Horizonte que possuem cursos
voltados para a área de software. São elas a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a
Pontifícia Universidade Católica (PUC), Centro Universitário UNA, Universidade FUMEC (Funda-
ção Mineira de Educação e Cultura), Newton Paiva Centro Universitário, Centro Universitário de
Belo Horizonte (UNI-BH) e Faculdade Brasileira de Informática (FABRAI).

Na visão das universidades e faculdades de Belo Horizonte, o mercado mineiro de software encontra-
se em franca expansão. Os profissionais são bem qualificados, produzindo softwares de qualidade
técnica em nível nacional. Mas faltam ainda investimentos em softwares de ponta. Não há, em grande
escala, desenvolvimento de novas ferramentas com tecnologia de última geração, ou mesmo criação
de tecnologias. As empresas de Belo Horizonte ainda são movidas pelas “tendências” internacionais.

As grandes empresas abastecem-se de softwares de fora, estrangeiros e nacionais. Isto muito mais por
uma questão de dificuldade de colocação de seus produtos no mercado do que pela questão técnica de
qualidade dos softwares desenvolvidos em Belo Horizonte. Outra questão que pesa nesta decisão é a
confiabilidade nas empresas que desenvolvem software. Muitos consumidores preferem comprar de
empresas maiores e já consolidadas no mercado para assegurar a perenidade dos serviços. Esta afir-
mativa foi corroborada pelas empresas consumidoras de software de grande, médio e pequeno porte.

A capacidade gerencial das empresas de software também é vista como uma grande deficiência
pelas universidades de Belo Horizonte. Apesar de buscarem adequar suas grades curriculares
para dotar seus alunos de noções básicas gerenciais, o problema ainda persiste nas micro e
pequenas empresas de software.

Os próprios alunos não se sentem preparados do ponto de vista gerencial. Para metade dos alunos
entrevistados, a faculdade não fornece o aprendizado suficiente para a administração de um negó-
cio. Talvez por isto apenas 22% dos entrevistados pretendam abrir sua própria empresa (GRAF. 4.1)

GRÁFICO 4.1 – Expectativas dos alunos ao término do curso – 2005


Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

55
Neste meio, o SEBRAE é visto como de fundamental importância para o setor. A maioria absoluta
das empresas produtoras de software de Belo Horizonte são micro e pequenas, público-alvo do
SEBRAE. Na opinião dos representantes das instituições de ensino superior, o apoio do SEBRAE
nos âmbitos gerenciais, mercadológico e de orientação para o crédito a estas empresas é crucial
para o desenvolvimento do setor em Belo Horizonte.

Encontrar um emprego na área não tem sido problema para os estudantes: 66% deles já traba-
lham na área (GRAF. 4.2) e 70% acham que será fácil arrumar trabalho quando se formarem
(GRAF. 4.3).

GRÁFICO 4.2 – Alunos da área de tecnologia que já trabalham na atividade – 2005


Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

GRÁFICO 4.3 – Facilidade dos profissionais formados na área para arranjar um emprego – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

Além da grande demanda, os alunos acreditam que o mercado está satisfeito com os profissio-
nais formados e que as faculdades oferecem os ensinamentos necessários para atender às
necessidades do mercado de hoje. Entretanto, mais de 70% deles são enfáticos em afirmar que
não se ensina em Belo Horizonte o que há de mais moderno em termos de tecnologia mundial
(GRAF. 4.4).

56
GRÁFICO 4.4 – Opinião dos alunos osbre a existência de ensinamento das tecnologias de ponta em nível mundial
nas universidades de Belo Horizonte – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

Algumas universidades mostraram grande preocupação com o relacionamento com o mercado.


Sentem um grande distanciamento para com as empresas e procuram diminuir isto com parce-
rias e convênios com a iniciativa privada. O principal exemplo da busca de mudança deste
quadro é a criação do Parque Tecnológico de Belo Horizonte na UFMG. Este projeto, em fase
de implantação, criará uma estrutura física de desenvolvimento empresarial ligada diretamente
à universidade.

As universidades sentem que há necessidade de dar melhores condições a seus alunos para
desenvolverem pesquisas de ponta. Entretanto, há dificuldades na busca dos recursos. Faltam
políticas públicas estruturadas para tal.

4.3 As empresas vendedoras de software e hardware

Belo Horizonte possui aproximadamente mil empresas que comercializam software e hardware.
Cerca de 10% delas são filiais de empresas de outros estados. As empresas mineiras também
buscam o mercado de outros estados. Atualmente, 35% delas vendem para outros estados da
federação (GRAF. 4.5).

57
GRÁFICO 4.5 – Percentual de faturamento da empresa comerciante vindo de outros estados – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

Com relação ao porte, a maior parte das empresas encontra-se classificada como micro ou pe-
quena empresa, já que 68% possuem no máximo nove empregados.

GRÁFICO 4.6 – Número de colaboradores das empresas comerciantes – 2005


Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

58
Cerca de 40% das empresas faturam até R$ 100 mil anuais, mas há também empresas de maior
porte neste mercado: 10% dos entrevistados declaram faturar mais de R$ 1 milhão por ano e
1,5% mais de R$ 12 milhões (GRAF. 4.7).

GRÁFICO 4.7 – Faturamento bruto anual das empresas comerciantes – 2005


Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

A principal dificuldade apontada na pesquisa para o desenvolvimento de suas empresas em Belo


Horizonte foi a falta de acesso a crédito (GRAF. 4.8).

GRÁFICO 4.8 – Principal dificuldade para o desenvolvimento das empresas comerciantes em Belo Horizonte – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

59
Há também nestas empresas grandes dificuldades de caráter gerencial. Por exemplo, me-
nos de 14% das empresas entrevistadas conhecem seu ponto de equilíbrio (GRAF. 4.8) e
apenas 12% trabalham com previsão de fluxo de caixa com prazos de pelo menos 12 meses
(GRAF. 4.9).

GRÁFICO 4.9 – Conhecimento do ponto de equilíbrio pelas empresas comerciantes – 2005


Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

GRÁFICO 4.10 – Utilização do fluxo de caixa das empresas comerciantes – 2005


Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

As empresas não possuem um planejamento de marketing. A divulgação de seus produtos e


serviços é feita basicamente através de indicações.

60
GRÁFICO 4.11 – Meio pelo qual o cliente fica sabendo dos serviços prestados pela empresa – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

O SEBRAE-MG tem papel preponderante para o desenvolvimento destas empresas. Sua atua-
ção na busca da evolução gerencial das micro e pequenas empresas pode ser o catalisador para
a sustentabilidade destas. E as empresas esperam que o SEBRAE-MG assuma este papel. Quando
perguntadas se já haviam tido algum relacionamento com a entidade, apenas 25% responderam
afirmativamente, mas 41% afirmaram que gostariam que isto ocorresse (GRAF. 4.11). Das em-
presas que já haviam se relacionado com a entidade, 78% mostraram-se satisfeitas (GRAF. 4.12).

GRÁFICO 4.12 – Relacionamento da empresa com o SEBRAE – 2005


Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

61
GRÁFICO 4.13 – Grau de satisfação do relacionamento com o SEBRAE
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

Quando perguntados sobre as ações que gostariam de ver realizadas pelas entidades represen-
tantes do setor para o seu desenvolvimento, os dois pontos que merecem destaque são: 1 –
Promover estudos, pesquisas, debates e conferências na busca do desenvolvimento do setor
(32% de apontamentos) e 2 – Promover cursos e seminários para o aperfeiçoamento profissional
(20% de apontamentos) (GRAF. 4.14).

62
GRÁFICO 4.14 – Principais ações que as entidades deveriam fazer segundo as empresas comerciantes – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

63
4.4 Como as micro, pequenas e médias empresas compram software

As empresas de software de Belo Horizonte obtêm no mercado local a maior parte de seu
faturamento (ver seção 3.5). Seus principais clientes estão em Minas Gerais com ênfase na pró-
pria cidade. Levantou-se neste trabalho o perfil dos consumidores locais, estudando o tipo de
software que utilizam hoje e o que pesa em sua decisão de compra. Primeiramente será analisa-
do o consumidor de micro, pequeno e médio porte.

Foram entrevistadas, por meio de questionários quantitativos, 285 empresas. Procurou-se cons-
truir a amostra de forma a refletir a realidade das empresas da cidade excluindo apenas as em-
presas informais. Das empresas entrevistadas, 66% têm menos de nove funcionários, 26% de 10
a 50 e 8% acima de 50.

GRÁFICO 4.15 – Número de colaboradores das micro, pequenas e médias empresas consumidoras de software – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

Com relação ao faturamento, 47% faturam menos de R$ 150 mil, 28% entre R$ 150 mil e R$ 1 milhão
e 7% acima deste valor. No entanto, 17% dos entrevistados preferiram não informar o faturamento.
As empresas entrevistadas têm em sua maioria até 10 anos de atividade e são predominante-
mente dos setores de comércio e serviço (GRAF. 4.16).

64
GRÁFICO 4.16 – Faturamento bruto anual das micro, pequenas e médias empresas consumidoras de software – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

Não seria nenhuma novidade dizer que a informática faz parte do cotidiano das empresas, e os
números comprovam isto, já que mais de 70% dos entrevistados possuem em seu quadro pelo
menos um profissional de informática (GRAF. 4.17).

GRÁFICO 4.17 – Número de profissionais de informática das micro, pequenas e médias empresas consumidoras
de software – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

65
Aproximadamente 50% dos entrevistados utilizam-se deste pessoal para suprir suas necessida-
des de informática. Outros 21% contratam pessoas físicas e apenas 23,5% valem-se de pessoas
jurídicas para seu suporte diário (GRAF. 4.18).

GRÁFICO 4.18 – Suporte em informática das micro, pequenas e médias empresas consumidoras de software – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

A disseminação do conhecimento em informática é um dos fatores que explicam estes números. Planilhas
de controle, editores de texto e navegação pela Internet são ferramentas de fácil acesso. Verifica-se que
as empresas não utilizam ferramentas mais sofisticadas de controle e de operações eletrônicas como
compra e venda pela internet. Apenas 8,5% delas afirmam realizar vendas pela rede mundial.

GRÁFICO 4.19 – Utilização de transação comercial pela internet das micro, pequenas e médias empresas
consumidoras de software – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

66
Este número poderia ser bem maior, pois existe infra-estrutura instalada para tal. Mais de 51%
das empresas possuem conexão de banda larga e apenas 17,5% não dispõem de conexão com
a internet (GRAF. 4.20).

GRÁFICO 4.20 – Conexão a internet das micro, pequenas e médias empresas consumidoras de software – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

Além de não trabalharem com transações pela rede, 76,6% das empresas não se valem da pos-
sibilidade de integração de voz e dados na rede (GRAF. 4.20), e mais de 90% não a aproveitam
para contratação e treinamento de recursos humanos (GRAF. 4.21).

GRÁFICO 4.21 – Integração de voz e dados na rede pelas micro, pequenas e médias empresas consumidoras
de software – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

67
GRÁFICO 4.22 – Realização de treinamento de pessoal pela Internet pelas micro, pequenas e médias empresas
consumidoras de software – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

Atualmente, a maior parte das empresas entrevistadas investe menos de 5% de seu faturamento
em informática. Estes números estão basicamente focados em controles administrativos e finan-
ceiros (GRAF. 4.23).

GRÁFICO 4.23 – Investimento do faturamento em informática das micro, pequenas e médias empresas
consumidoras de software – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

68
Para planejar sua estratégia comercial, torna-se imperativo que as empresas de software saibam
como seus consumidores decidem a compra de seus produtos. Pela pesquisa, o principal fator
para compra de software de pacote, desenvolvimento de software e serviços / consultoria em
software é tendência de mercado (GRAF. 4.24, 4.25, 4.26), ou seja, as empresas procuram iden-
tificar os softwares de maior sucesso de venda no mercado para utilizá-los.

O segundo ponto para avaliação da compra já traz diferenças quanto ao produto. Com relação a
software de pacote ou serviços / consultoria de software, o segundo item é o preço. Mas quando
está em questão a contratação de um software específico, o segundo ponto de análise passa a
ser o atendimento aos requisitos. Como terceiro ponto de análise há estes mesmos quesitos, de
forma invertida, atendimento aos requisitos para software de pacote e serviços / consultoria de
software e preço para desenvolvimento de software.

O quarto ponto de análise é a solidez da empresa que desenvolve software seguido, apenas em
quinto lugar, por referências. Os consumidores estão pesquisando e não adquirem mais seus
produtos simplesmente pela referência de conhecidos. Analisam preço, qualidade e seriedade da
empresa fornecedora. Cabe às empresas que desenvolvem software atender a suas demandas
demonstrando como seus produtos podem concorrer para o incremento de seus negócios.

GRÁFICO 4.24 – Fatores para decisão de compra de software pacote das micro, pequenas e médias empresas
consumidoras de software – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

69
GRÁFICO 4.25 – Fatores de decisão para compra de desenvolvimento de software das micro, pequenas e médias
empresas consumidoras de software – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

70
GRÁFICO 4.26 – Fatores de decisão na compra de serviços / consultoria de software das micro, pequenas e médias
empresas consumidoras de software – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

71
4.5 Como as grandes empresas compram software

Para verificar a percepção das grandes empresas mineiras com relação ao setor de software,
recorreu-se ao grupo de CIO da SUCESU-MG. Este grupo reúne aproximadamente 100 CIO das
principais empresas atuantes em Minas Gerais.

Foram entrevistados 30 profissionais de empresas diferentes. Todas as empresas são de grande


porte, sendo que 60% possuem mais de mil empregados e o mesmo percentual fatura acima de
R$ 100 milhões anuais.

Aproximadamente 40% das empresas reúnem em seu quadro até 20 profissionais de informática,
33% possuem de 20 a 50 profissionais e 24% mais de 50 (GRAF. 4.27).

GRÁFICO 4.27 – Número de profissionais de informática nas grandes empresas consumidoras de software – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

Mais de 85% das empresas utilizam-se de serviços de terceiros para atender suas necessidades.
Nenhuma delas gasta menos de R$ 100 mil por ano, e 10% delas prevêem investimentos acima
de R$ 10 milhões em 2005 (GRAF. 4.28).

72
GRÁFICO 4.28 – Investimento em tecnologia das grandes empresas consumidoras de software – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

A utilização das ferramentas e facilidades da tecnologia são mais presentes se comparadas com
as empresas de menor porte, mas ainda deixam espaço para grandes investimentos. Apenas
56% das empresas aproveitam-se da integração de voz e dados pela rede (GRAF. 4.29) e 43%
não realizam qualquer tipo de transação comercial pela internet (GRAF. 4.30).

GRÁFICO 4.29 – Integração de voz e dados na rede pelas grandes empresas consumidoras de software – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

73
GRÁFICO 4.30 – Utilização de transação comercial pela internet nas grandes empresas consumidoras de software – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

Em 30% das empresas não há sistema que possibilite aos funcionários o trabalho remoto, e
aproximadamente 70% não se aproveitam dos recursos da internet para treinamento e contratação
de pessoal (GRAF. 4.31).

GRÁFICO 4.31 – Uso da internet pelo RH das grandes empresas consumidoras de software – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

74
A infra-estrutura de conexão com a internet é um facilitador para o crescimento destas operações.
Nenhuma das empresas onde trabalham os CIO entrevistados possui conexão discada, sendo o
principal meio de conexão o link dedicado (GRAF. 4.32).

GRÁFICO 4.32 – Conexão a internet nas grandes empresas consumidoras de software – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

Diferentemente das empresas de menor porte, as grandes empresas de Minas Gerais procuram
utilizar recursos de informática em áreas diversas da empresa e não apenas controles administra-
tivos e financeiros.

Estas áreas ainda merecem destaque com relação a compra de softwares de pacote (GRAF. 4.33).

GRÁFICO 4.33 – Setor para o qual se compra software de pacote nas grandes empresas consumidoras de software – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

75
Já no que se refere a desenvolvimento de software específico, a área que se destaca é a de
produção (GRAF. 4.34). As grandes empresas de Minas investem em softwares de controle de
produção como forma de melhorar sua produtividade.

GRÁFICO 4.34 – Setor para o qual se compra desenvolvimento de software nas grandes empresas consumidoras
de software – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

76
Serviços / consultorias em software são contratados de forma mais hegemônica para diversas
áreas da empresa com destaque para a área financeira, de produção, administrativa e de vendas
(GRAF. 4.35).

GRÁFICO 4.35 – Setor para o qual se compra consultoria / serviços em software nas grandes empresas
consumidoras de software – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

Na hora de decidir sobre a compra de seus softwares, os grandes consumidores de Minas Gerais
olham em primeiro lugar para o atendimento aos requisitos. Depois, o que mais pesa na decisão
é o preço, e só então vem a solidez da empresa fornecedora. Quando se trata de desenvolvimen-
to de software e serviços / consultoria, a identificação / curriculum do prestador de serviço vem
junto com a solidez da empresa (GRAF. 4.36, 4.37, 4.38)

77
GRÁFICO 4.36 – Principais fatores para compra de software nas grandes empresas consumidoras de software – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

GRÁFICO 4.37 – Principais fatores para desenvolvimento de software nas grandes empresas consumidoras
de software – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

78
GRÁFICO 4.38 – Principais fatores para consultoria / desenvolvimento de software nas grandes empresas
consumidoras de software – 2005
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de desenvolvimento em Administração (CDA)

Estes dados derrubam o mito de que mineiro não compra de mineiro. As empresas são unânimes
em afirmar que a procedência do software não pesa em sua decisão.

79
5 O ARRANJO PRODUTIVO LOCAL (APL)
DE SOFTWARE DE BELO HORIZONTE

Arranjos produtivos locais (APL) são aglomerações de empresas e organizações localiza-


das em um mesmo espaço geográfico, com especialização produtiva e que de alguma forma
mantêm vínculos associativistas entre si e com outros atores locais como governo, associações
empresariais, organizações não-governamentais, instituições de crédito, ensino e pesquisa.

Ainda segundo o SEBRAE (2003):

“Um Arranjo Produtivo Local é caracterizado pela existência da aglomeração de um número signi-
ficativo de empresas que atuam em torno de uma atividade produtiva principal. Para isso, é preci-
so considerar a dinâmica do território em que essas empresas estão inseridas, tendo em vista o
número de postos de trabalho, faturamento, mercado, potencial de crescimento, diversificação,
entre outros aspectos.
Portanto, o Arranjo Produtivo Local compreende um recorte do espaço geográfico (parte de um
município, conjunto de municípios, bacias hidrográficas, vales, serras, etc.) que possua sinais de
identidade coletiva (sociais, culturais, econômicos, políticos, ambientais ou históricos).”

O modelo de desenvolvimento estruturado em Arranjos Produtivos Locais vem adquirindo cres-


cente importância socioeconômica no país, pois permite uma otimização do capital investido,
tanto privado quanto público, nas ações em prol do desenvolvimento setorial de um determinado
território. A abordagem do crescimento econômico baseada neste conceito permite a aplicação
dos investimentos em infra-estrutura, a partir de um conhecimento mais claro da territorialidade e
da implementação de ações pactuadas e negociadas entre as partes. Busca-se assim, criar alter-
nativas para o crescimento que impliquem menores investimentos e resultem em maior produtivi-
dade do capital.

O paradoxo econômico atual constitui-se na necessidade de rápida adaptação à dinâmica da


economia global por meio das especificidades e peculiaridades da economia local. Muitas das
vantagens competitivas residem em aspectos locais como conhecimento, relacionamento e moti-
vação. A aplicação da metodologia de APL estimula as empresas, pertencentes a uma economia
de aglomeração, a se envolverem mais na dinâmica de desenvolvimento. O diálogo entre empre-
sas, órgãos do governo, universidades e instituições de apoio tende a ocorrer com maior grau de
objetividade, tornando as ações mais eficazes (DINIZ, 1993).

Com base nesta definição, um APL deve manter ou ter a capacidade de promover uma conver-
gência em termos de expectativas de desenvolvimento, estabelecer parcerias e compromissos
para manter e especializar os investimentos de cada um dos atores no próprio território, a fim de
promover uma integração econômica e social no âmbito local.

81
Belo Horizonte apresenta uma considerável concentração de empresas produtoras de software e
serviços de software. No intuito de utilizar esta característica em uma vantagem competitiva para
o desenvolvimento, foi criado a partir de iniciativa do SEBRAE-MG o projeto denominado “Desen-
volvimento e Fortalecimento do Setor de Tecnologia da Informação / Indústria de Software de Belo
Horizonte”. Este programa tem por objetivo o incremento da indústria de software local com a
formalização e utilização da metodologia de gestão de um APL para o setor. São parceiros as
seguintes entidades:

– Serviço de Apoio a Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais (SEBRAE-MG): A entida-


de trabalha desde 1972 pelo desenvolvimento sustentável das empresas de pequeno porte. Para
isso, promove cursos de capacitação, facilita o acesso ao crédito, estimula a cooperação entre as
empresas, organiza feiras e rodadas de negócios e incentiva o desenvolvimento de atividades
que contribuem para a geração de emprego e renda.

– Sociedade Mineira de Software (FUMSOFT): Instituição privada, sem fins lucrativos, fundada
em 1992 pelas empresas mineiras de software estabelecidas em Belo Horizonte, cujo objetivo
principal é o fomento do setor de software na região, visando ampliar a participação dessas em-
presas no mercado nacional e internacional. Faz parte de um dos 33 núcleos do programa Softex,
criado pelo CNPq.

– Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação, Software e Internet


de Minas Gerais (ASSESPRO): Instituição responsável pela representação política do setor e
definidora das regras éticas e de convivência intra e intersetores.

– Associação dos Usuários de Informática e Telecomunicações (SUCESU): Entidade que


tem por missão representar e defender os interesses dos usuários de informática e telecomunica-
ções, por meio de ações políticas, institucionais e técnicas, fomentando e disseminando o uso
das tecnologias da informação.

– Sindicato das Empresas de Processamento de Dados do Estado de Minas Gerais


(Sindinfor): Uma entidade patronal que tem a finalidade de defender, orientar, coordenar e repre-
sentar legalmente a categoria econômica das empresas de Processamento de Dados do Estado
de Minas Gerais perante a representação dos trabalhadores.

– Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Minas Gerais - SECTES:


Órgão do governo estadual responsável para atuar junto ao APL em nome do governo. A Secreta-
ria também é interlocutora do setor com as autoridades governamentais do Estado.

– Prefeitura de Belo Horizonte (PBH): O governo municipal participa como parceiro, pois o setor
é um importante gerador de tributo e indutor do desenvolvimento local. Um representante da
Prefeitura, vinculado diretamente ao gabinete do prefeito é o responsável pela interlocução entre
o setor e o poder público municipal.

– Câmara Americana de Comércio (AMCHAM-BH): Sua missão é servir seus associados influ-
enciando construtivamente políticas públicas no Brasil e nos Estados Unidos, promovendo o co-
mércio, o investimento e a cidadania empresarial.

82
– Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG): A instituição que
tem por objetivo apoiar o desenvolvimento de pesquisa no Estado de Minas Gerais, apóia as
empresas que desenvolvem sofwares através de editais voltados para o setor.

Como ponto de partida foi utilizada a organização do CEINFOR, que visou a unificação das agendas
e ações das diversas entidades integrantes e ligadas ao setor, como SINDINFOR, FUMSOFT,
ASSESPRO e SUCESU. Agregou-se a estas entidades representantes do poder público municipal,
estadual e federal, a AMCHAM-BH e o SEBRAE-MG que coordenou o planejamento das ações para o
setor dentro da metodologia utilizada no âmbito do programa Sistema Orientado para Resultado – SIGEOR.

O objetivo do programa desenvolvido é aumentar o faturamento e a rentabilidade das empresas


da indústria de software de Belo Horizonte, ampliando o acesso aos mercados local, nacional e
internacional. Gerando renda e empregos de alta qualificação. Para tanto, estas entidades inves-
tem na organização do Arranjo Produtivo Local de Software de Belo Horizonte. A iniciativa já
possui uma identidade visual (FIG. 5.1).

FIGURA 5.1 – Logomarca do Arranjo Produtivo de Software de Belo Horizonte – 2005

O programa está baseado no seguinte tripé:

1 – incremento da qualidade do software produzido em Belo Horizonte mediante capacitação e


certificação das empresas em técnicas e processos aceitos internacionalmente;
2 – reconhecimento nacional e internacional do software de Belo Horizonte como um produto de
qualidade por meio de um marketing agressivo e da consolidação da imagem do APL;
3 – estabelecimento de canais de comercialização do produto belo-horizontino nos mercados
nacional e internacional.

Estabelecem-se as seguintes metas para o período compreendido entre 2005-2007:

1 – Elevar em 17% o faturamento anual das empresas da indústria de software de Belo Horizonte
até dezembro de 2007, decorrentes das vendas no mercado interno e externo.

2 – Elevar em 20% a mão-de-obra qualificada (para as pessoas com qualificação mínima de


curso superior), trabalhando nas empresas do APL da Indústria de Software de Belo Horizonte até
dezembro de 2007.

3 – Atingir o número de 25 empresas do APL da Indústria de Software de Belo Horizonte certifica-


das em CMM, CMMI ou MPSBr até dezembro de 2007.

As TAB. 5.1 a 5.7 demonstram as ações planejadas para o ano de 2005 e as entidades responsá-
veis pela sua execução.

83
Entre as ações sob a responsabilidade do SINDINFOR, destaca-se o Fórum de Desenvolvimento
do APL e o levantamento e acompanhamento de indicadores das empresas da indústria de Software
de Belo Horizonte. A partir do Fórum surgirão os grupos temáticos do APL e definida a Secretaria
Executiva, ligada ao CEINFOR.

TABELA 5.1
Ações a serem realizadas pelo SINDINFOR

Fonte: Planejamento Sigeor, Sebrae/MG, 2005.

Dentro do escopo de atuação da FUMSOFT no APL, destaca-se a criação do Centro Integrado de


Negócio (CINE), a Fábrica Mineira de Software (FMS) e o Centro de Competência em Qualidade
e Produtividade (CECOMP) que terão um papel fundamental no fomento a cooperação e integração
horizontal das empresas do APL.

TABELA 5.2
Ações a serem realizadas pela FUMSOFT

Fonte: Planejamento Sigeor, Sebrae/MG, 2005.

84
O SEBRAE-MG é responsável pelo fomento e transformação do modelo de desenvolvimento
setorial para o modelo de APL. Neste cenário destaca-se a ação de gestão do projeto e o Diag-
nóstico da Indústria de Software que gerará os subsídios de informações para um melhor enten-
dimento e planejamento setorial.

TABELA 5.3
Ações a serem realizadas pelo SEBRAE-MG

Fonte: Planejamento Sigeor, Sebrae/MG, 2005.

A Secretária tem o papel de articulador do APL com o Governo e com empresas de grande porte
do setor.

TABELA 5.4
Ações a serem realizadas pela SECTES

Fonte: Planejamento Sigeor, Sebrae/MG, 2005.

Fomentar o associativismo com fins comerciais é o papel de destaque da ASSESPRO juntamente


com a representação institucional do setor.

85
TABELA 5.5
Ações a serem realizadas pela ASSESPRO-MG

Fonte: Planejamento Sigeor, Sebrae/MG, 2005.

A SUCESU, por representar os usuários de software, desenvolverá um elo entre os produtores e


consumidores, indicando as tendências e mapeando as demandas do mercado.

TABELA 5.6
Ações a serem realizadas pela SUCESU-MG

Fonte: Planejamento Sigeor, Sebrae/MG, 2005.

Na busca da internacionalização do setor, a AMCHAN terá um papel de vital importância para


promover junto ao seu público, o setor de software de Belo Horizonte.

TABELA 5.7
Ações a serem realizadas pela AMCHAM-BH

Fonte: Planejamento Sigeor, Sebrae/MG, 2005.

A Prefeitura de Belo Horizonte vem apoiando o setor e reconhecendo sua importância. A crescen-
te interação e o engajamento do setor ao parque tecnológico são exemplos disto. A FAPEMIG por
sua vez, apoia o setor através de editais que destinam às empresas produtoras de software
recursos para o desenvolvimento de seus produtos.

86
6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

A análise do setor de software na cidade de Belo Horizonte mostra grandes oportunidades


subaproveitadas. Por todos os dados que foram levantados, pode-se afirmar que Belo Horizonte
possui toda a infra-estrutura necessária, incluindo recursos humanos, para um grande desenvol-
vimento da Indústria de Software.

Pelo lado da demanda, verificou-se que cada vez mais as empresas vêm utilizando-se da
informática para alavancar seus negócios. Das grandes empresas entrevistadas, 36% preten-
dem aumentar os investimentos em informática para 2006 enquanto que apenas 16% mostram
intenção de diminuí-lo.

Há uma gama de novos produtos a serem introduzidos nas empresas de Minas Gerais. Tanto
grandes como pequenas empresas utilizam em baixa escala as diversas vantagens que a
informática pode trazer como integração de voz e dados pela internet, e-learning1, equipamentos
portáteis e e-commerce2.

E a indústria de software está respondendo a esta demanda crescendo em um ritmo maior do que
o dos demais setores econômicos, mas abaixo de seu real potencial. E o pior, muito inferior ao
ritmo de crescimento dos principais concorrentes externos.

Esta corrida pelo desenvolvimento não é só local ou nacional. Os principais clientes e concorren-
tes da indústria encontram-se em outros países, e a participação brasileira no mercado internaci-
onal é muito pequena. Não é possível para as empresas de Belo Horizonte focarem suas forças
apenas no mercado local no intuito de se protegerem do concorrente externo. No mundo globalizado
de hoje, as empresas que não possuem competitividade internacional tendem, cedo ou tarde, a
serem superadas pela concorrência.

Se as empresas de Belo Horizonte não procurarem se modernizar, terão seu mercado invadido e
dominado pelos produtos internacionais. É necessário ter a competência técnica e comercial para
fazer frente aos produtos internacionais de ponta, se não para exportar, pelo menos para competir
em seu próprio mercado.

Para tanto, deve-se potencializar os pontos positivos do setor na cidade e buscar soluções para
superar os pontos negativos. Como pontos positivos podem-se destacar:

1 – Elevado número de empresas e de profissionais na área, acima da média nacional;


2 – Formação local de mão-de-obra de boa qualificação;

1
Treinamento pela internet.
2
Transações comerciais pela internet.

87
3 – Existência de bom número de centros de pesquisa;

4 – Produtos e serviços de boa qualidade;

5 – Infra-estrutura física adequada ao setor;

6 – Custo relativamente barato de mão-de-obra.

Os principais pontos negativos a serem superados:

1 – Deficiência gerencial das empresas;

2 – Falta de conhecimento e agressividade comercial;

3 – Pouco desenvolvimento em tecnologias de ponta. Acompanham-se as tendências


em vez de criá-las;

4 – Baixo investimento no aprimoramento constante dos profissionais;

5 – Baixo nível de investimento em qualidade e produtividade (baixo índice de certificação


de empresas e produtos);

6 – Dificuldade de acesso ao crédito;

7 – Apoio público ao setor inferior ao de outros centros concorrentes.

Vencer todos estes obstáculos requer um esforço envolvendo empresas, entidades representativas
e poder público. O setor tem que ser visto como efetivamente prioritário e tratado como tal. Como se
mencionou anteriormente, o trabalho do Arranjo Produtivo Local da Indústria de Software de Belo
Horizonte já vem sendo desenvolvido buscando atuar em várias das dificuldades encontradas.

Pode-se citar a criação do Centro de Excelência em CMMI e MPS-Br, que tem por objetivo
incrementar a qualidade dos produtos e processos das empresas preparando-as para certificação
em CMMI e MPS-Br. Outras ações como negociação com o Banco de Desenvolvimento de Minas
Gerais para adequação das linhas de crédito às necessidades das empresas, cursos e treina-
mentos na área gerencial e comercial também fazem parte deste portfólio.

Entretanto, a participação do poder público como alavancador do processo é fundamental. Ao


analisar os países que vêm se destacando na indústria de software ao redor do mundo, verifica-se
em todos um apoio efetivo de seus governos. Na Índia, por exemplo, foram criadas zonas de
desenvolvimento da indústria de software com isenções de diversos impostos. Além disto, há um
grande programa para a formação de profissionais qualificados ligados ao setor.

O governo brasileiro adotou a área de software como estratégica ela foi reconhecida como um dos
quatro setores prioritários pela Nova Política Indutrial, Tecnológica e de Comércio Exterior (PITCE).
Mas as medidas para o desenvolvimento do setor têm se mostrado muito tímidas. “Deitado em berço

88
esplêndido”, o país está ficando para trás na corrida pelo crescimento do setor. Faltam às medidas
tomadas o arrojo e a agressividade necessárias para colocar o país na vanguarda da disputa pelo
mercado mundial de software. É o momento de se tomar uma decisão estratégica entre efetivamente
investir no setor para manter-se na vanguarda mundial ou apenas figurar como mais um player.

A seguir algumas sugestões de medidas que poderiam ser estudadas para o setor, especifica-
mente no Arranjo Produtivo Local da Indústria de Software de Belo Horizonte. As sugestões estão
separadas para o setor público, as entidades ligadas ao setor e as empresas.

Poder Público

1 – Efetivação do parque tecnológico de Belo Horizonte com forte interação junto ao


segmento da indústria de software;

2 – Incentivo para que empresas substituam a importação de softwares por softwares


produzidos em Minas Gerais mediante renúncia fiscal ligada à operação;

3 – Alteração nos mecanismos de financiamento ao setor buscando adequá-los às reais


necessidades das empresas. Após estas alterações, investir na divulgação destas
oportunidades em parceria com as entidades representativas do setor;

4 – Revisão das ferramentas de apoio a pesquisa e desenvolvimento, sobretudo no


tocante aos valores e condições das bolsas oferecidas;

Entidades ligadas ao setor

1 – Criar as ferramentas necessárias ao trabalho cooperado, incentivando as empresas


a organizarem-se desta forma;

2 – Discutir com o setor público e entidades privadas mecanismos de financiamento para


o setor que atendam às reais necessidades das empresas;

3 – Discutir com as instituições de ensino formas de interação entre estas e o mercado,


de modo a trazer para a cidade o conhecimento das tecnologias de ponta em nível
mundial. Esta interação pode se dar mediante troca de informações com as empre-
sas de Belo Horizonte ou com a criação de centros de desenvolvimento tecnológico
em parceria com grandes empresas mundiais como Microsoft, Oracle, Nokia, etc;

4 – Realizar estudos sobre as tecnologias de vanguarda e as tendências internacionais


de desenvolvimento.

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Empresas

1 – Investimentos na área gerencial e comercial. Apesar da necessidade de apoio de


entidades como o SEBRAE, cabe às empresas buscar um constante desenvolvimento
de sua capacidade gerencial e comercial;

2 – Investimento na qualidade de processos e produtos de forma a adequá-los aos


parâmetros aceitos internacionalmente. Esta preocupação é importante não apenas
para a obtenção de certificações, mas sobretudo para a constante melhoria da quali-
dade dos produtos;

3 – Contínuo investimento na melhoria da mão-de-obra local. As empresas precisam


atentar para a necessidade de oferecer a seus funcionários contínua atualização
com as mais modernas tecnologias. Precisa também criar um ambiente no qual
seus colaboradores sintam-se motivados com uma contínua possibilidade de cres-
cimento profissional;

4 – Apoiar as entidades representativas do setor em sua busca pela organização do


Arranjo Produtivo Local de Software de Belo Horizonte. As entidades só terão condi-
ções de efetivar suas ações se tiverem o apoio das empresas locais. Um setor forte
se faz com empresas e entidades fortes;

5 – A pesquisa mostra que as grandes empresas consumidoras de software não se ba-


seiam em indicações para a compra de seus produtos. Cabe aos produtores investi-
rem em uma postura mercadológica mais agressiva, aliada a qualidade do produto,
para a conquista de novos clientes.

De todas as ações citadas, merece especial destaque o estudo sobre as tecnologias de ponta,
suas tendências e possibilidades. Faz-se necessário um direcionamento estratégico, do ponto de
vista tecnológico, para orientação das empresas.

Podemos tomar como exemplo a Coréia do Sul. No final do século XX o governo definiu como
setor prioritário para o país o setor de TI. A partir de então, investiu de forma coordenada, mas
constante, em diversos programas para seu desenvolvimento. O primeiro passo foi estudar a
fundo os rumos da tecnologia mundial e elaborar um documento sobre as tendências de tecnologia
de ponta. A partir dessas indicações foi desenvolvido o programa de apoio governamental e em-
presarial. O resultado deste esforço é um setor que representa 15,6% do PIB coreano e 30% de
suas exportações (IT839 Strategy – Ministry of Information and Communication, Republic of Korea).

Mapear o mercado internacional, identificando possíveis nichos de desenvolvimento, fazendo


com que as empresas tenham um norte a seguir, é o primeiro passo para que o setor de software
do país deixe de ser um seguidor de tendências, passando a criá-las.

A soma destas ações, com o contínuo trabalho das entidades ligadas ao setor no constante fortale-
cimento do Arranjo Produtivo Local de Software de Belo Horizonte, dará condições a que a cidade
reivindique um lugar de destaque entre as principais regiões produtoras de software do mundo.

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7 Referências

ATIVIDADES muito pulverizadas. Tecnologia da Informação, ano 5, n. 5, ago. 2005. Disponível


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ção. Revista Nova Economia, Belo Horizonte, v. 3, n. 1, 1993.

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