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ESPAÇO CONFINADO APLICADO AOS TRABALHOS DE PROSPECÇÃO

GEOLÓGICA EM MINERAÇÃO.

RAUL ROBERTO ALLE BEZERRA

RESUMO

O presente artigo visa tratar a segurança em espaços confinados, voltados aos


serviços de prospecção geológica em mineração, por meio de pesquisa bibliográfica
e de melhorias implantadas, desde o processo de compra até a implantação de uma
mineradora, localizada no município de Corumbá-MS. Nesse aspecto, é importante
conhecer os riscos inerentes aos trabalhos desenvolvidos em espaço confinado e,
também, quais as medidas de controle que devem ser aplicadas para que as
atividades sejam executadas de forma segura, preservando a integridade das
pessoas que realizam esta atividade. Este artigo foi desenvolvido com base nas
Normas Regulamentadoras (NR’s) 22 e 33, Segurança e Saúde Ocupacional em
Mineração e Segurança e Saúde no Trabalho em Espaços Confinados,
respectivamente.

PALAVRAS-CHAVE: Espaço Confinado. Riscos. Controle. Mineração.

ABSTRACT

This article aims to address the safety in confined spaces, focused on the services of
geological prospecting in mining, through literature search and improvements
implemented since the process of buying up the deployment of a mining, located in
Corumba-MS. In this respect, it is important to know the risks inherent to work in
confined space and also what measures of control that must be applied so that the
activities are executed in the safe form, preserving the entirety of the persons who
carry out this activity. This article was developed on basis of the Brasilian
Recommended Standards (NR's) 22 and 33, Security and Occupational Health in
Mining and Security and Health in the Work in Confined Spaces, respectively.

KEY WORDS: Confined space. Risks. Control. Mining.


INTRODUÇÃO

A prospecção geológica é o alicerce fundamental de qualquer empresa de


mineração. È através dela que são mensurados seus ativos financeiros básicos, ou
seja, seus recursos e reservas minerais. Consiste em um modelamento físico-
químico e de disposição espacial da sub-superfície, através de métodos indiretos
(geofísica) e métodos diretos (sondagem mecanizada, poços e trincheiras), que
permite a mensuração quanto à qualidade e quantidade de certo bem mineral.

Até o presente momento cerca de 80% (oitenta por cento) da


prospecção geológica nesta mineradora foi baseada em escavação de poços de
pesquisa, obedecendo aos seguintes passos:

O Geólogo, mediante de mapeamento geológico prévio, determina a abertura


de uma malha de pesquisa, que consiste na marcação através de levantamento
topográfico dos pontos a serem escavados.

A Equipe terceirizada, composta por três pessoas, executa escavação manual


respeitando o limite operacional de 5 (cinco) metros de profundidade com abertura
de 1,5m x 1,5m (hum metro e meio por hum metro e meio).

O Geólogo descreve a geologia (material) das paredes do poço e determina o


intervalo amostral, caso necessário.

A Equipe técnica desenvolve a amostragem, na parede norte (amostragem


por canaleta) e transporta o material com auxílio de terceiros até um laboratório
físico, cerca de 30 (trinta) volumes de 20 (vinte) kg cada, por poço de pesquisa.

O Laboratório físico estima a porcentagem das frações granulométricas do


material, trata e envia para análise química em laboratório contratado.

Concomitante a essas etapas são desenvolvidas determinações de densidade


e um método geofísico que estima a possança1 e espessura do material avaliado.

1
Espessura dum estrato geológico ou de uma série de camadas
O Geólogo recebe os resultados físico-químicos e compila-os juntamente
com as informações geológicas dos poços e formula correlações físico-químicas e
também um banco de dados padrão.

Esse banco dados dá subsídios para que seja desenvolvido, em software


específico, o modelamento geológico, que mensura os recursos e reservas do
prospecto em estudo.

Seguido estes passos, é que temos condições de avaliar a viabilidade, ou


não, de aquisição de uma jazida mineral, no caso, de minério de ferro.

ESCAVAÇÃO DOS POÇOS

Ao iniciarmos os serviços de escavação dos poços de pesquisa, devemos


verificar a existência ou não de tubulações energizadas, redes de água e esgoto,
devendo, caso seja encontrada alguma interferência, a re-locação do poço.

A área de entorno do poço deve ser previamente limpa e desobstruída as


áreas de circulação, retirando ou escorando solidamente árvores, rochas, e objetos
de qualquer natureza que possam comprometer a estabilidade das paredes do poço.

Em caso de risco de desmoronamento, deslizamento e projeção de materiais


são necessárias adoções de medidas correspondentes, visando à segurança e a
saúde dos trabalhadores.

São riscos comuns nas escavações dos poços de pesquisa

9 Queda de materiais e pessoas;

9 Fechamento das paredes do poço;

9 Interferência com tubulações energizadas e redes de água e esgoto;

9 Inundação;

9 Asfixia;

9 Animais peçonhentos;
Para que as atividades de escavação sejam executadas de forma segura,
devemos levar em conta as condições geológicas e os parâmetros geotécnicos
específicos do local, tais como coesão e ângulo de atrito. Variações paramétricas em
função de alterações do nível da água, quando encontrado, e as condições
geoclimáticas, também devem ser consideradas.

Em casos de risco de deslizamento de rochas e objetos de qualquer natureza,


é necessário o escoramento, a amarração ou a retirada dos mesmos, devendo ser
feita de maneira a não acarretar obstruções no fluxo de ações emergenciais.

A execução do serviço de escavação deverá ser feita por trabalhadores


previamente treinados, neste caso, este treinamento é ministrado no treinamento
introdutório de segurança, cuja carga horária é de 24 horas, conforme item 22.35.1.2
da NR 22.

No processo de escavação, é exigido o escoramento do poço até 1,5m (hum


metro e meio) escavados, após está profundidade, fica a critério do responsável
técnico pela execução do serviço, deve ser considerado sempre os requisitos de
segurança que garantam a inexistência de risco ao trabalhador.

O trabalhador deve ser preso a um cabo-guia que permita, em caso de


emergência, a solicitação de seu içamento, ao profissional de superfície para o seu
rápido socorro.

O acesso de saída do poço, a partir de 1,5 m (hum metro e meio) de


profundidade, será efetuado por meio de sistemas que garantam a segurança do
trabalhador. Neste caso, utilizamos sarilho com roldana dupla e cinturão de
segurança, tipo cadeirinha, conforme figura esquemática abaixo:
Figura 1 – Escavação de poços para prospecção geológica (fonte: FUNDACENTRO)

Caso seja necessária a utilização de iluminação no interior do poço, devem


ser adotados sistemas estanques à penetração de água e umidade, alimentada por
energia elétrica não superior a 24 volts.

A utilização de equipamentos acionados por combustão ou explosão no


interior dos poços, ou próximo deles, deve ser evitada, pois com a queima, podemos
aumentar a concentração de monóxido de carbono nas proximidades do poço.

Deve ser garantida ao trabalhador no fundo do poço a comunicação com a


equipe de superfície através de sistema sonoro, ou rádio de comunicação.

A equipe de escavações deve ser constituída de trabalhadores qualificados e


de um profissional treinado em atendimento de emergência, que deve permanecer
em um ponto estratégico, em caso de eventuais emergências. Por opção da
empresa, mantivemos em um posto avançado um auxiliar de enfermagem para
atendimento a eventuais emergências.

Nos momento em que não havia emergências médicas, o auxiliar de


enfermagem ficava responsável em verificar os exames médicos ocupacionais,
analisando se os exames ora exigidos no PCMSO (Programa de Controle Médico e
Saúde Ocupacional) estavam de acordo com os riscos ambientais apontados no
PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais), desta forma, evitamos a
ociosidade do auxiliar de enfermagem.

Elaboramos um treinamento de primeiros socorros, com carga horária de 8


(oito) horas, onde treinamos todas as equipes de escavação de poços de pesquisa
em noções de primeiros socorros. O curso foi ministrado pelo auxiliar de
enfermagem por equipe, desta forma, treinávamos os colaboradores, garantíamos a
produtividade de escavação dos poços e evitávamos a ociosidade do auxiliar de
enfermagem.

Deve ser evitada a presença de pessoas não-treinadas, ou não aptas a


execução dos serviços.

O material retirado das escavações deve ser depositado a uma distância


mínima que assegure a segurança dos taludes, conforme ilustração a seguir:

Figura 2 – Medidas de afastamento mínima, adotadas. (Fonte: FUNDACENTRO)


Os poços, depois de escavados, são sinalizados, evitando queda de pessoas,
animais e alertando também o espaço confinado.

Figura 3 – Sinalização de espaço confinado, conforme modelo da NR 33.

A sinalização é feita com tela tipo cerquite, amarrada com arame em postes
de concreto, com dimensões de 1,5m (hum metro e meio) de altura e seção de
7,5cm x 7,5cm (sete centímetros e meio por sete centímetros e meio).

Entre o a tela tipo cerquite e o solo eram afixados grampos de ferro, de forma
a garantir que animais que rastejam, caíssem dentro dos poços.

Caso os dados da pesquisa sejam satisfatórios e, não seja mais necessário


coletar informações nos poços, estes devem ser soterrados. A sinalização existente
só poderá ser retirada após o soterramento total do poço.

ESCAVAÇÃO EM ESPAÇO CONFINADO

Pela Norma Regulamentadora 33 (trinta e três), temos a seguinte definição:

“Espaço Confinado é qualquer área ou ambiente não projetado para


ocupação humana contínua, que possua meios limitados de entrada e saída, cuja
ventilação existente é insuficiente para remover contaminantes ou onde possa existir
a deficiência ou enriquecimento de oxigênio”.

Esta definição é idêntica à dada pela NBR 14.787/01, com a ressalva que
nesta Norma é acrescida à palavra “existir” a expressão “ou se desenvolver”. Esta
pequena ressalva, na verdade, torna o termo mais amplo. É que um espaço que ao
ser inspecionado e liberado pode não apresentar deficiência ou excesso de oxigênio
nem presença de gases/vapores tóxicos e/ou combustíveis, porém, poderá ter esta
condição alterada durante a execução do trabalho, em razão da própria atividade ou
de atividades externas. É o caso, por exemplo, de soldagens, pinturas, limpeza de
superfícies com solventes etc., que só provocarão alterações no ambiente no
momento de sua execução.

Da forma como está redigido o enunciado do item 33.1.2. da Norma, abre


margem para interpretação que um espaço só será considerado “confinado” se todas
as condições existirem de forma simultânea, ou seja, não seja projetado para
ocupação humana contínua (e) que possua meios limitados de entrada e saída (e)
cuja ventilação existente é insuficiente para remover contaminantes ou onde possa
existir a deficiência ou enriquecimento de oxigênio. Buscando definições de Normas
Regulamentadoras Internacionais (OSHA e NIOSH), esclarecemos melhor o
entendimento.

A OSHA define que espaço confinado é um espaço que é grande o suficiente


e possui uma configuração que um trabalhador consegue entrar fisicamente em seu
interior e executar um trabalho designado, e; possui restrições ou limitações para
entrada e saída de uma pessoa, como, por exemplo: tanques de armazenamento,
vasos, porões de navios, torres, silos, caldeiras, dutos de ventilação e exaustão,
túneis, valetas, tubulações etc., e; não foi projetado para ocupação continua de
trabalhadores.

A NIOSH define da seguinte maneira: espaço confinado é aquele que, em


função do projeto, possui aberturas limitadas para entrada e saída; a ventilação
natural é desfavorável, o ar ambiente pode conter ou produzir contaminantes
perigosos e o local não se destina a ocupação contínua de um trabalhador. Espaços
confinados incluem, porém não se limitam a: tanques de armazenamento, porões de
navios, vasos, torres, silos, caldeiras, dutos de ventilação e exaustão, túneis,
valetas, tubulações etc.

A NIOSH subdivide os espaços confinados em três classes A, B e C.

Os espaços confinados classificados como Classe “A” possuem uma ou mais


das condições a seguir: imediatamente perigoso à vida; possuem nível de oxigênio
igual ou menor que 16% (122mmHg) ou maior que 25% (190mmHg); onde o nível de
inflamabilidade seja igual ou maior que 20% do Limite Inferior de Inflamabilidade
(LII); cujo socorro a eventuais vítimas requer a entrada de mais de uma pessoa
equipada com máscara e/ou roupas especiais e; a comunicação exija a presença de
mais uma pessoa de prontidão dentro do espaço confinado.

Os espaços confinados classificados como Classe “B” possuem uma ou mais


das condições a seguir: perigoso à vida, porém, não imediatamente; possuem nível
de oxigênio de 16,1% à 19,4% (122 – 147mmHg) ou 21,5% à 25% (163 -
190mmHg); cujo socorro a eventuais vítimas requer a entrada de não mais de uma
pessoa equipada com máscara e/ou roupas especiais; onde o nível de
inflamabilidade seja entre 10% e 19% do Limite Inferior de Inflamabilidade (LII) e; a
comunicação é possível através de meios indiretos ou visuais, sem a presença de
mais uma pessoa de prontidão dentro do espaço confinado.

Os espaços confinados classificados como Classe “C” possuem uma ou mais


das condições a seguir: é potencialmente perigoso à vida, porém, não exige
modificações nos procedimentos habituais de trabalho normal nem socorro e a
comunicação com os trabalhadores pode ser feita diretamente do lado de fora do
espaço confinado; o nível de oxigênio de varia de 19,5% à 21,4% (148 – 163mmHg);
o socorro a eventuais vítimas requer a entrada de não mais de uma pessoa
equipada com máscara e/ou roupas especiais e; a inflamabilidade de 10% do Limite
Inferior de Inflamabilidade (LII) ou menor.

Independente da interpretação, e levando se em consideração os fins de


prevenção e controle da saúde e integridade de um trabalhador, entendemos que
um espaço confinado é qualquer local que apresente uma ou mais das condições
acima expostas. A existência simultânea de mais de uma, ou de todas, as condições
de risco só mudaria sua classificação (A, B ou C), portanto, basta que um local
permita a entrada de uma pessoa, apresente restrições de entrada e saída e não
tenha sido projetado para ocupação continua de um trabalhador para se configurar
como um espaço confinado, independente de apresentar as demais condições:
presença de contaminantes; deficiência ou excesso de oxigênio; concentração de
misturas combustíveis etc.
Sendo a classificação (A, B ou C) indicadora do nível de criticidade adotado
para controle dos riscos, ora classificados.

Na introdução deste artigo, vimos que, 80% (oitenta por cento) das atividades
de prospecção foram baseadas em escavação de poços de pesquisa. Esses poços
possuem abertura de 1,5 m x 1,5 m (hum metro e meio por hum metro e meio) e
profundidade de 5,0 m (cinco metros), conforme figura abaixo:

POÇO DE PESQUISA
1,50m TERRENO NATURAL

A A
1,50m

PLANTA

5,00m

1,50m

CORTE A-A

FIGURA 4 – Representação esquemática das dimensões do poço

Como podemos observar, na figura acima, representando um poço escavado,


temos um meio com limitações de entrada e saída, não projetadas para ocupação
humana contínua, ou seja, este tipo de serviço é caracterizado com serviço em
espaço confinado.

Os espaços confinados devem ser adequadamente sinalizados, identificados


e isolados, para evitar que pessoas não autorizadas adentrem a estes locais.

Uma vez identificado o serviço em espaço confinado, precisamos


avaliar, monitorar e controlar os riscos existentes, de forma a garantir
permanentemente a segurança e saúde dos trabalhadores que interagem direta
ou indiretamente nestes espaços.

Para os serviços de prospecção geológica estabelecemos, em função


dos riscos identificados, que cada equipe deve ser composta de três
colaboradores, sendo que as três realizam o serviço de escavação, revezando
o posto a cada 20 (vinte) minutos.

Todos os colaboradores, antes de realizar o serviço, devem,


obrigatoriamente, realizar os seguintes treinamentos: introdutório, com carga
horária de 24hs (vinte e quatro horas), serviços em espaço confinado e
primeiros socorros, ambos com carga horária de 16hs (dezesseis horas) cada.

A capacitação deve ser ministrada pelo Engenheiro de Segurança, ou por


meio de pessoa por ele designada, desde que garantida a real proficiência dos
instrutores.

É necessário que sejam aplicados testes escritos de “verificação do


aprendizado”, com exigência de acerto de 90% das respostas. Os testes devem ser
arquivados por período indeterminado. Nestes testes devem ser incluídos todos os
aspectos que permitam a comprovação que o treinando aprendeu e está
“capacitado”. É recomendável que uma cópia deste questionário seja arquivada no
prontuário individual do trabalhador.

A carga horária prevista para treinamento aparenta ser “exaustiva”, portanto,


é interessante que o tempo seja distribuído entre aulas teóricas e “muita” prática nas
condições reais de campo. Se possível, nos locais onde estes terão que entrar e
trabalhar. As aulas práticas de campo devem contemplar simulações de
providências preliminares de isolamento e bloqueios, uso de instrumentos de
medição e monitoramento, uso, cuidado e limitações de EPI’s e resgate de vítimas.

Para a realização dos serviços, os colaboradores devem estar equipados


com seus EPI’s, conforme riscos identificados. Na execução de nossos
serviços, adotamos a seguinte listagem: capacete para trabalho em altura,
cinturão de segurança, tipo cadeirinha com cinco pontos de ancoragem, botina
com solado bidensidade, com biqueira e proteção de metatarso, perneira de
PVC, luvas de vaqueta, óculos de segurança, abafador de ruído, protetor solar
e repelente contra insetos. É importante ressaltar que estes riscos foram
previamente identificados no PGR, bem como, quais os exames
complementares, definidos no PCMSO em função dos riscos identificados no
PGR, são necessários para a realização deste tipo de atividade.

As equipes devem possuir um tripé, modelo T1, da marca GULIN, sem


cadeira suspensa, com trava queda retrátil acoplado para realização do serviço
de escavação em espaço confinado. Este equipamento auxilia na entrada e
saída do poço, bem como, facilita o resgate, em caso de emergência.

As cordas utilizadas como cabo-guia para fixação do trava-queda e


cinturão de segurança tipo pára-quedista ou, ainda, como elemento de ligação
deste ao cabo-guia, deverão obedecer as seguintes especificações do
Ministério do Trabalho e Emprego:

a) Deve ser constituído de trançado triplo e alma central.

b) Trançado externo em multifilamento de poliamida.

c) Trançado intermediário e o alerta visual de cor amarela em


multifilamento de polipropileno ou poliamida na cor amarela com o
mínimo de 50% de identificação, não podendo ultrapassar 10% da
densidade linear.

d) Trançado interno em multifilamento de poliamida.

e) Alma central torcida em multifilamento de poliamida.

f) Construção dos trançados em máquina com 16, 24, 32 ou 36 fusos.

g) Número de referência: 12 (diâmetro nominal em mm).

h) Densidade linear 95 + 5 KTEX (igual a 95 + 5 g/m).

i) Carga de ruptura mínima 20 kN.

j) Carga de ruptura mínima de segurança sem o trançado externo 15


kN.
O uso de perneira de PVC é adotado como medida de controle para
possíveis ataques de animais peçonhentos, uma vez que toda a execução do
serviço é realizado em área de mata fechada. O Uso de repelente é necessário
para a proteção contra pernilongos e carrapatos.

Antes da entrada num espaço confinado, devemos preencher a PET -


Permissão de Entrada e Trabalho, este documento deve seguir o modelo proposta
na NR 33, sendo adaptado a cada empresa deve possuir 3 vias, sendo que uma
delas necessariamente ficará no bloco e outra com o executante do trabalho. Antes
da execução, todos os campos da permissão devem ser preenchidos e a
autorização de execução deve ser feita através da colocação das assinaturas nos
campos respectivos. Ao término ou nas interrupções prolongadas do trabalho a
permissão deve ser encerrada, com a colocação de assinatura do executante na via
do emitente e do emitente na via do executante. O bloco contendo pelo menos 1 das
vias das permissões deve ser arquivado na empresa pelo prazo mínimo de 5 anos.

Preenchida a PET, devemos avaliar a atmosfera interna. Tal avaliação é


feita por trabalhador autorizado e treinado, com um instrumento de leitura
direta, calibrado e testado antes do uso, adequado para trabalho em áreas
potencialmente explosivas, intrinsecamente seguro, protegido contra
emissões eletromagnéticas ou interferências de radiofreqüências, calibrado e
testado antes da utilização para as seguintes condições: verificação da
concentração de oxigênio, gases e vapores inflamáveis e contaminantes do ar
potencialmente tóxicos.

Na execução destes serviços, utilizamos detectores de gases portáteis da


marca MSA, modelo Orion Plus, que detecta de 1 a 5 gases simultaneamente. Os
gases detectados pelo aparelho são: monóxido e dióxido de carbono (CO e CO2,
respectivamente), concentração de oxigênio (O2) e gás sulfídrico (H2S).
Figura 5 – Detector de Gases portáteis da MSA, modelo Orion Plus.

Após 1,5m (hum metro e meio) escavado, o encarregado pela execução dos
serviços, deve monitorar a atmosfera com o detector de gases portáteis, procurando
atmosferas explosivas e/ou tóxicas. O executor da escavação deve realizar o serviço
com um carboxímetro fixado no bolso de sua camisa, para monitorar o monóxido de
carbono no local.

Tomadas todas estas precauções, o trabalho pode ser realizado de forma


segura.

Como a cidade de Corumbá-MS é conhecida pelo calor que faz, adotamos


como forma de evitar a desidratação excessiva, a ingestão pelo período da manhã e
pelo período da tarde, uma vez por período, de um repositor hidroeletrolítico, da
marca SUDRAT. Constatamos após a adoção desta medida que houve um aumento
na produtividade e uma satisfação por parte dos colaboradores.

Diante do cenário apresentado, conseguimos estruturar uma Instrução de


Procedimento na mineradora. Em tal documento, montamos um programa de
prevenção de acidentes em espaços confinados, estruturado na forma de um
procedimento constando objetivos, as atribuições e responsabilidades de cada área
e/ou profissional envolvido. Além disso, é integrado a este documento a relação dos
espaços confinados com suas respectivas identificações e localizações,
classificação (a, b ou c) e tipo de sinalização.

O conteúdo de todas as versões dos procedimentos, incluindo nesse caso, as


revisões, quando houver, deve ser formalmente passado aos envolvidos e, como
comprovação, devem ser geradas listas de freqüência onde constarão o nome do
procedimento, a revisão, o conteúdo, a data de execução, os nomes e assinaturas
dos instrutores e dos participantes. Estas listas e conteúdo ministrado devem ser
guardadas por período indeterminado.

Para o caso dos instrumentos de medição e monitoramento, devem ser


realizadas calibragens e aferições periódicas e guardados os certificados
comprobatórios.
CONCLUSÃO

Ter um Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), no caso de mineração,


ou um PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais) bem elaborado é um
fator considerável na identificação e monitoramentos dos riscos aos quais os
colaboradores estarão expostos. Com os riscos identificados e mensurados,
conseguimos dimensionar quais são os EPI’s necessários para a execução das
atividades.
O PGR ou PPRA deve ser encaminhado para o Médico do Trabalho da
empresa para que seja elaborado o PCMSO (Programa de Controle Médico de
Saúde Ocupacional), neste documento deve estar previsto quais os exames
complementares, em função dos riscos das atividades, o colaborador deve realizar,
de forma a garantir que esteja apto para a realização dos serviços.
Gosar de boa forma física, não é o suficiente para o colaborador desempenhe
suas atividades em espaço confinado. Devem ter o ensino fundamental completo,
como requisito de grau de instrução e, estar preparado psicologicamente para a
realização destes tipos de serviço.
Os treinamentos de segurança são fundamentais para que o colaborador
conheça todos os riscos aos quais estará exposto, bem como, quais as medidas de
controle adotadas para que as atividades sejam realizadas de forma segura.
O conhecimento prévio da tarefa, bem como o preenchimento bem feito da
Análise Preliminar de Riscos – APR e da Permissão de Entrada e Trabalho – PTE
são de grande valia na prevenção de acidentes.
Como os tipos de acidentes esperados e suas conseqüências serão
identificados na fase de antecipação e análise de risco, devem ser previstos os
procedimentos e recursos para resgate, primeiros socorros e remoção das possíveis
vítimas. Devem ser cortes e sangramentos, contusões simples e fraturas,
sufocações, picadas de animais peçonhentos, etc.
Além das ocorrências esperadas devem ser avaliados os locais prováveis
destas ocorrências. É necessário prever a seqüência do resgate, aplicação dos
primeiros socorros e a remoção para o ambulatório da empresa ou para unidade de
atendimento externo.
REFERÊNCIAS

1. ABNT, NBR 14787. Espaço confinado – Prevenção de acidentes, procedimentos


e medidas de proteção, Associação Brasileira de Normas Técnicas, RJ, 2001.
2. NR 07 – MTB. Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional. Ministério do
Trabalho, DF, 1990.
3. NR 18 – MTB. Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da
Construção. Ministério do Trabalho, DF, 1978.
4. NR 22 – MTB. Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração. Ministério do
Trabalho, DF. 2003.
5. NR 33 – MTB. Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados. DF,
2006.
6. FUNDACENTRO. Recomendação Técnica de Procedimentos para Escavação,
Fundações e desmonte de Rochas. Fundação Jorge Duprat Figueiredo de
Segurança e Medicina do Trabalho. Ministério do Trabalho e Emprego, 2002.
7. ARAÚJO, Giovanni Moraes de – Normas Regulamentadoras Comentadas. 6ª
edição. Volume 1 e 2. RJ, 2007.
8. PETTIT, Ted and LINN, Herb. A Guide to Safety in Confined Spaces. Public
Health Service. NIOSH – National Institute for Occupational Safety and Health. USA,
1987.
9. NIOSH. Criteria for a Recommended Standard: Working in Confined Spaces.
NIOSH – National Institute for Occupational Safety and Health. USA, 1979.
10. OSHAS – Permit-required confined spaces. Occupational Safety & Health
Administration, 1989.

SITES PESQUISADOS

www.mte.gov.br
www.ibram.org
www.abntnet.com.br
www.cdc.gov/niosh/topics/confinedspace/
www.osha.gov/SLTC/confinedspaces/index.html
www.ccohs.ca/oshanswers/hsprograms/confinedspace_intro.html

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