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APOSTILÃO BÍBLIA E HOMOSSEXUALIDADE

Organizadores:
Pastor Marcos Gladstone, Diácono Daniel e Elias

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Rio de Janeiro, RJ CEP: 20230-152


Reuniões: Quartas-feiras 19:30 e Domingos 19h.

Sumário

1. Algumas verdades que os gays precisam saber sobre a Bíblia 2


2. Ciência e Homossexualidade 6
3. Abordagens psicoteológicas 8
4. Bíblia Oxford e a Homossexualidade 11
5. A igreja e a homossexualidade 13
6. A Bíblia tem boas ou más notícias 14
7. Informação Nova Rejeita velhas idéias 15
8. A verdade de Sodoma e outros textos 16
9. A lei do amor 18
10. Um Evangelho inclusivo e sem impedimento 20
11. Lendo a Bíblia com Novos olhos 21
12. Resumo e Conclusão 25
13. Apostila 1 27
14. Apostila 2 31
15. Apostila 3 36
16. Apostila 4 39
17. Apostila 5 43
18. Apostila 6 47
19. Apostila 7 51
20. Apostila 8 54
21. Apostila 9 55
22. Apostila 10 58
Algumas verdades que os gays precisam saber sobre a Bíblia
Escrito por Pastor Marcos Gladstone e Ciro D’Araujo -Todos os direitos reservados ® Na cópia
ou reprodução total ou parcial deste material deve obrigatoriamente ser mencionado os créditos
dos autores.

Nosso desejo é que esse panfleto revele a você a Verdade que liberta “E conhecereis a verdade, a
verdade vos libertará!” João 8, 32, para que a sua resposta seja como a daquele cego que foi
curado por Jesus: “Uma coisa sei: Eu era cego agora vejo”.João 9:25

Deus o criou para amá-lo, não para odiá-lo


Deus criou todas as coisas, na bíblia diz: Tudo foi criado por ele e para ele “Cl. 1:16. Não pense
que Deus o odeia por causa da sua orientação sexual, pois foi o mesmo Deus que o fez assim; a
sua única resposta a essa criação é decidir ser para Ele (Deus) e adorá-lo por tê-lo feito como é,
veja o que diz o salmista” Eu te louvarei, porque de um modo terrível e tão maravilhoso fui
feito; maravilhosas são as tuas obras... Os teus olhos viram o meu corpo ainda informe; e no teu
livro todas estas coisas foram escritas; as quais em continuação foram formadas, quando nem
ainda uma delas havia “. Salmo. 139:14 e 16.
A orientação sexual faz tanto parte de você como a cor da sua pele ou como as manchas do
leopardo, você não pode mudar ou deixar de ser o que você foi criado por Deus para ser”
Porventura pode o etíope mudar a sua pele, ou o leopardo as suas manchas?”Jeremias 13:23.
Creia que pela fé você é um filho ou uma filha de Deus” Porque todos sois filhos de Deus pela fé
em Cristo Jesus. Desta forma não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho
nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus.”Gl. 3:26 e 28”.

Deus sabe sua necessidade de relacionamento, foi Ele que assim o fez
Em Jesus temos um Deus que sorri, que festeja, que come, que bebe, um Deus irmão que vai às
festas, que participa de banquetes, um Deus humano e amigo de pecadores. Todavia, a maioria
dos cristãos é avessa à celebração humana, são pessoas que não entendem a manifestação de
Deus se desdobrando no plano horizontal, pessoas “perfeitas” demais, para admitirem a falta de
um abraço, de um beijo, de um carinho, de uma mão amiga, de um convívio, de um
companheiro, de uma companhia, essas sequer podem entender o amar ao próximo, sendo
opostos a mensagem das escrituras: “Melhor é serem dois do que um, porque têm melhor paga
do seu trabalho. Porque se um cair, o outro levanta o seu companheiro; mas ai do que estiver
só; pois, caindo, não haverá outro que o levante. Também, se dois dormirem juntos, eles se
aquentarão; mas um só, como se aquentará? E, se alguém prevalecer contra um, os dois lhe
resistirão; e o cordão de três dobras não se quebra tão depressa.” Ec 4:9-12.

Deus não fez o ser humano para andar só, para viver sozinho, o mais engraçado é que o texto em
nenhum momento menciona melhor é serem “homem e mulher”, mas melhor é serem dois, é
serem pessoas que se amam, que se gostam, que se curtem. Na bíblia vemos o exemplo de David
- um homem segundo o coração de Deus - quando na morte de Jônatas demonstra ser conhecedor
de um amor que transcendia essa obsessão criada de sexo para procriação “Angustiado estou por
ti, meu irmão Jônatas; quão amabilíssimo me eras! Mais maravilhoso me era o teu amor do que
o amor das mulheres.” II Sm. 1:26.

Numa resposta sobre o casamento, vemos Jesus explicitando que nem todos foram feitos para
procriar “Ele, porém, lhes disse: Nem todos podem receber esta palavra, mas só aqueles a quem
foi concedido. Porque há eunucos que assim nasceram do ventre da mãe; e há eunucos que
foram castrados pelos homens; e há eunucos que se castraram a si mesmos, por causa do reino
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dos céus. Quem pode receber isto, receba-o.” Mt 19:10-12, você pode perceber que os
homossexuais se adequam perfeitamente nos “eunucos que nasceram assim”.

Texto fora de contexto – as passagens bíblicas utilizadas para atacar


homossexuais
Uma das premissas básicas da exegese é que um texto fora de seu contexto é um pretexto. São
poucas as passagens bíblicas tradicionalmente utilizadas para atacar homossexuais.

Sodoma e Gomorra (Gênesis 18-19)


Interpretações do pecado de Sodoma têm sido variadas pelos tempos. Somente na idade média
surge com força a idéia de associar a história de Sodoma e Gomorra com práticas homossexuais,
sendo assim uma leitura tardia feita para dentro do texto e não uma leitura do significado do
texto.

Esse fato é demonstrado pela própria Bíblia quando ela mesma comenta a respeito dos pecados
de Sodoma que são basicamente de inospitalidade e avareza como em Am. 4:11; Is. 1:9-
19,13:19; Jr. 49:18; Lm. 4:6; Ez 16:46-56; Dt 29:22, 32:32. Do evangelho temos os exemplos de
Mt. 10:12-13, Lc 10:10-12. Mesmo nos escritos apócrifos temos a mesma interpretação: Sir.
16:8; Sab 19:13-14. De fato no Talmud da Babilônia os rabinos dizem: “Os homens de Sodoma
disseram: Porque devemos receber viajantes, que vem a nós apenas para acabar com nossa
riqueza. Venham, vamos abolir a prática de hospedagem em nossa terra.” (Sanhedrin 109a).

A história real de Sodoma envolve uma multidão incitada pela xenofobia – repulsa a coisas ou
pessoas estrangeiras -, medo e ódio, confrontando pessoas que eles não conhecem e as
ameaçando com intimidação abuso sexual e estupro. Elas mostram a incapacidade de aceitar e
agir com hospitalidade para com o diferente e tem reais paralelos com a homofobia de hoje. A
igreja envolvida nesse tipo de atividade homofóbica nega sua hospitalidade para aqueles que
procuram abrigo da multidão e assim perpetua o pecado de Sodoma na atualidade.

Judas 7 menciona outra tradição sobre o pecado de Sodoma que é a tradição do primeiro século
em que as mulheres de Sodoma haviam feito sexo com seres de outra natureza – anjos - na
mesma tradição de Gn. 6 – esse teria sido o ato que selou o destino de Sodoma, anteriormente a
visita dos anjos em Gn 19.

Levítico 18:22 e 20:13


“Não te deitarás com um homem como se deita com uma mulher. É uma abominação.” A
primeira vista soa bastante radical. Porém nem tudo é como parece a primeira vista. O próprio
Cap. 18 nos mostra o contexto desse texto no vs.3: “Não procedereis como se faz na terra do
Egito, onde habitastes; não procedereis como se faz na terra de Canaã para onde os conduzo”.
Sabemos hoje que a prática homossexual no Egito e em Canaan consistia de ritos de fertilidade
que envolviam prostituição ritual – todo tipo de prática sexual era utilizada nesses rituais,
incluindo sexo homoerótico.

Não devemos imaginar que o Levítico proibiria formas de relacionamento homossexual que não
eram existentes na época, especialmente no forte contexto patriarcal-tribal que dependia da
procriação. De fato muitos estudiosos judeus e cristãos hoje em dia pensam que isso se trata de
uma condenação da substituição de natureza cúltica (como era prática entre os canaanitas) e
assim simplesmente uma proibição de que heterossexuais pratiquem sexo homossexual com
natureza substitutiva. A própria palavra traduzida como “abominação” é somente utilizada num
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contexto de idolatria em toda a Lei e especialmente no escrito sacerdotal. Exemplos de outras
“abominações” são: Comer porco ou camarão (Dt 14:3-21), ou comer qualquer coisa com sangue
(Dt 12).

Romanos 1:21-28
Esse texto parece ser difícil de ser interpretado já que é escrito num estilo de retórica
desconhecido da maioria dos leitores modernos. Entretanto talvez esse seja o texto de mais fácil
interpretação, graças a clareza de Paulo e seu estilo de argumentação. A pergunta que devemos
nos fazer é se Paulo estava falando sobre qualquer tipo de relação homossexual ou ele tinha
alguma relação específica em mente. Primeiramente vemos no v. 21 que tais pessoas “não o
honraram como Deus” e nos vs 23-25 a clarificação do pecado como idolatria. Então lemos no
v. 26-27 o abandono de sua paixão inata pelo sexo oposto numa busca irrefreada pelo prazer e
finalmente uma vida de práticas desumanizadas.

Sendo assim é fácil ver que Romanos 1 é uma condenação ao heterossexual que pratica sexo gay
simplesmente como uma forma de experimentar um novo conjunto de prazeres, porém que não
tem essa orientação inata. Essa não é a experiência da maioria das pessoas GLBT na atualidade.
Devemos também lembrar a quem essa carta é dirigida: à sociedade Romana, a qual era uma
sociedade misógina e abusadora, e a forma de relação homoerótica existente era basicamente a
relação desigual da pederastia

1 Co. 6:9-10 e 1 Tm 1:10


“Não vos enganeis: nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem
sodomitas,nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem maldizentes, nem roubadores
herdarão o reino de Deus.” Nesta passagem temos dois termos que chamam a atenção. O
primeiro é traduzido por “afeminados” na versão do Almeida. A Bíblia de Jerusalém já os traduz
como “depravados”. O termo grego é malakoi e quer dizer literalmente “mole”. Essa palavra
obviamente tem conotações diferentes de acordo com o contexto em que é utilizada.

Na cultura extremamente misógina do primeiro século, qualquer associação com a feminilidade


era vista como negativa em termos morais e assim “mole como uma roupa de mulher” era uma
descrição de qualquer tipo de comportamento de vaidade exacerbada e auto-indulgência, ou
fraqueza de caráter. Alguns exegetas por outro lado levantam um argumento que malakoi se
referiria a prostituição cúltica masculina, porém não existe consenso na tradução.
Independentemente das duas possibilidades que o termo pode se referir, ele claramente não se
refere a relacionamentos amorosos comprometidos ou consensuais entre adultos.

O próximo termo em questão é ainda mais obscuro e é traduzido como “sodomita” na versão de
Almeida. Porém, só tornou-se um termo para se referir ao sexo homossexual na Idade Média! A
Bíblia de Jerusalém mais coerentemente o traduz como “pessoas de costumes infames” em 1 Co
e como “pederastas” em 1 Tm. Esse termo obscuro – arsenokoitai - não possui nenhum registro
de utilização no grego antes de Paulo, parecendo ser um neologismo, e portanto o seu significado
exato está provavelmente perdido, entretanto é possível levantarmos algumas hipóteses com base
na etimologia da palavra “arsen” quer dizer macho e “koitos” quer dizer cama.

Atualmente se pensa que Paulo criou a palavra com base na tradução grega de Lv. 20:13 que
como vimos se referia especificamente a prostituição cúltica e abuso, criando então um sentido
pleno para a expressão tanto em 1 Co. e 1 Tm. – a expressão anterior se referindo também a
prostituição cúltica. Devemos lembrar também que existem uma grande quantidade de palavras
disponíveis no grego clássico para se referir a comportamento homossexual. Que Paulo tenha
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escolhido ser bastante obscuro ao se referir indica que ele tinha em mente um tipo de
comportamento bastante específico. De fato, esse termo tem sido um predileto para traduções
interesseiras. Já foi utilizado no passado para condenar todo tipo de prática sexual masculina,
como, por exemplo, a masturbação.

Por que eu não fiquei sabendo disso antes?


Simplesmente porque muitas pessoas estão mais preocupadas em perpetuar o preconceito do que
em realizar pesquisa profunda a respeito de passagens que em geral não lhes interessam. Então
trata-se de uma mistura de má-vontade em abordar os textos com profundidade, com uma
tendência a perpetuar o status-quo dos preconceitos sociais.

E quais as boas notícias?


A Boa Notícia é que Deus ama você incondicionalmente, independentemente de seu sexo, raça,
etnia, orientação sexual! A Boa Notícia é que Jesus tanto o amou que veio ao mundo para
demonstrar esse amor! E por fim, a boa notícia é que você pode também participar de uma
comunidade de fé que o inclui sem preconceitos!

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Origem da Homossexualidade. Será a homossexualidade uma
escolha?
A orientação sexual, tanto para heterossexuais como para homossexuais, não é algo que uma
pessoa escolha. Alguns estudos recentes indicam que a orientação sexual tem uma grande
influência genética ou biológica sendo, provavelmente, determinada antes ou pouco depois do
nascimento.

Mesmo que estes estudos ainda não sejam conclusivos, é inadmissível assumir que a
homossexualidade seja uma escolha. Existem mais provas científicas que suportam a idéia de
que a orientação tem um componente genético, do que as que indiquem que é apenas uma
questão de opção. Tal como os heterossexuais, os homossexuais descobrem a sua sexualidade
como um processo de crescimento. A única escolha que o homossexual pode tomar é a de viver a
sua vida de acordo com a sua verdadeira natureza, ou de acordo com o que a sociedade lhe
impõe.

Descrever a homossexualidade como um simples caso de escolha é menosprezar a dor e


confusão que passam tantos homens e mulheres homossexuais quando descobrem a sua atração
sexual. É um absurdo pensar que esses indivíduos escolheram deliberadamente algo que os deixa
expostos à rejeição por parte da família, de amigos e da sociedade.

A crença de que a homossexualidade é uma escolha, esconde a elevada taxa de suicídios entre
adolescentes atribuídos à orientação sexual. Por que iria um adolescente acabar com a sua vida,
se podia, pura e simplesmente evitar a vergonha, o medo e o isolamento escolhendo ser
heterossexual? Esse preconceito também ignora todos os homossexuais que tentaram viver a sua
vida como heterossexuais, escondidos atrás de uma fachada de casamento, sempre sentindo um
vazio e falta de realização pessoal.

A idéia de que a homossexualidade é uma escolha é insultuosa para os milhões de mulheres e


homens homossexuais que sabem que a sua orientação sexual não está baseada numa decisão
que eles tomaram, mas sim em algo nato como a cor dos seus olhos.

Será um problema psicológico originado pela má orientação dos pais ou falta


de crença religiosa?

A Organização Mundial de Saúde, bem como a Sociedade de Psicologia não consideram a


homossexualidade como um desvio emocional ou mental. No entanto o estigma social associado
ao fato de ser homossexual pode ser emocionalmente devastador.

Os homossexuais crescem em todo o tipo de lares, em todos os tipos de famílias. São criados nas
áreas rurais, nas grandes cidades e em todos os locais deste mundo. Os homossexuais estão
presentes em todos os grupos socioeconômicos, étnicos e religiosos. Aparentemente a educação
dada pelos pais tem pouca, se alguma, influência na orientação sexual de uma criança. No
entanto, a atitude dos pais pode influenciar o modo como a criança aceita a sua sexualidade, quer
seja heterossexual quer homossexual.

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Será causada por abusos, ou com más experiências com indivíduos do sexo
oposto?

Muitos indivíduos sofrem todo o tipo de abusos e negligências quando crianças, e no entanto,
tornam-se adultos heterossexuais. Muitos indivíduos, quer heterossexuais quer homossexuais,
tiveram más experiências com indivíduos do mesmo sexo. Não existe nenhuma correlação entre
quaisquer destes acontecimentos e a homossexualidade.

Ela pode ser curada?

Como a homossexualidade não é uma doença ou desvio, não existe nada para curar. Alguns
terapeutas dizem que podem libertar os indivíduos homossexuais dos seus desejos homossexuais,
mas os seus métodos são questionáveis e raramente, se é que alguma vez, conseguem alterar
permanentemente a orientação sexual de uma pessoa. De acordo com a American Psychological
Association, não existe nenhuma prova científica que suporte a eficácia de qualquer terapia na
tentativa de converter homossexuais em heterossexuais.

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Abordagens Psicoteológicas
Por Marco Antônio Garcia. Revisão Ortográfica Diac. Daniel.

As igrejas cristãs brasileiras e o movimento internacional que prega a transformação de


homossexuais em heterossexuais tratam, de maneira geral, o tema da homossexualidade sobre
três prismas:

1- A Homossexualidade como Possessão Demoníaca;


2- Como Desvio de Comportamento;
3- Como Estilo de Vida Alternativo.

Pretendemos com este trabalho refutar estas três perspectivas quanto a sua conceituação, sua
falta de fundamentação bíblica, seu desprendimento com a psicologia e seu prognóstico e
resolução infundados. "Uma mentira não se torna verdade por meio de ampla divulgação, nem a
verdade se torna um engano porque ninguém a enxerga." M.K.Gandh

1) A Homossexualidade como possessão demoníaca

Este primeiro enfoque diz respeito à perspectiva de que a homossexualidade é causada por
demônios. Parte-se do pressuposto de que a existência dos demônios seja capaz de explicar
muitos dos problemas que as pessoas enfrentam. Ou seja, as pessoas podem ter demônios e
serem possuídas por eles ou serem propriedade deles. Os demônios não passariam de inquilinos
ou invasores que precisariam ser confrontados e expulsos.

Em resumo, acredita-se, nesta perspectiva que: 1- há demônios; 2- eles podem invadir pessoas;
3- algumas correntes do cristianismo admitem a possibilidade de cristãos poderem ter demônios
enquanto que outras correntes não admitem, visto que o “corpo do crente é o templo do Espírito
Santo” e não poderia haver comunhão entre luz e trevas, num mesmo corpo.

Essa perspectiva acredita que há muitos tipos de demônios, que vão desde os demônios de
amargura até os demônios de impureza sexual (onde eles incluem os homossexuais). Segundo
estes a homossexualidade seria causada pela presença de demônios no corpo da pessoa. O
demônio da homossexualidade causaria tal comportamento. Desta forma a causa da
homossexualidade seria espiritual. Essa perspectiva é muito corrente em denominações
pentecostais

2) A homossexualidade como desvio de comportamento

Esta posição é a mais defendida por alguns “cristãos” que se dizem “psicólogos” que misturam
sua crença pessoal com a profissão, uma vez que o OMS e os Conselhos de Psicologias
desautorizam tal entendimento. Acreditam que a homossexualidade é um comportamento
aprendido. Para afirmar que tal comportamento humano é aprendido há várias teorias para isso:

1. Relacionamentos pais/filhos: Mães dominadoras e pai omisso e ausente. Não tendo uma
figura masculina forte com a qual se identificar a criança começa a perder sua habilidade
com as moças e adquirir um pavor a relacionamentos íntimos com mulheres. Pais
ameaçadores ou rejeitadores fazem com que as meninas tenham poucas oportunidades de
se relacionar com homens. Pelo acesso difícil com o pai as meninas descobrem assim que
se relacionam melhor com mulheres.
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2. Outros relacionamentos familiares: a) mães que desconfiam dos homens e ensina isso as
filhas (vice-versa); b) filho que vive somente com mulheres e aprende a pensar e agir
como elas; c) pais que criaram o filho como sendo menina (vice-versa); d) o filho é
rejeitado pelo genitor do mesmo sexo e sente-se assim inadequado em seu papel sexual.

3. Medo: Muitos temem contato heterossexual por que não tiveram contatos freqüentes com
o sexo oposto, ou por haverem vivido situações traumáticas envolvendo pessoas do sexo
oposto (estupro, por exemplo).

3) A homossexualidade como estilo de vida alternativo

Esta perspectiva é a mais cômica para não dizer incabível. Algumas correntes cristãs acreditam
que homossexualidade é uma escolha consciente de comportamento. Afirmam isso com o
argumento de que muitas pessoas hoje em dia estão experimentando relacionamentos
homossexuais por curiosidade, modismo ou por convicções liberais. Também acreditam que
algumas pessoas tornam-se homossexuais circunstanciais, ou seja, pessoas vulneráveis acabam
tendo uma experiência homossexual eventual que as acaba levando a um padrão de
comportamento permanente. E que outros escolhem um comportamento homossexual porque
parceiros sexuais do sexo oposto não estavam disponíveis.

Análise Crítica – Refutação

Diante da perspectiva de a homossexualidade ser causada por possessão demoníaca teremos de


recorrer às explicações e soluções teológicas. Diante do discernimento de que a causa da
homossexualidade seja espiritual, procede-se então uma explicação espiritual.

Se a homossexualidade realmente fosse um caso de possessão demoníaca a cura deveria ser


instantânea! Com o exorcismo ou a expulsão do demônio a pessoa sararia imediatamente. Diante
da oração muitas vezes acompanhada de jejum, o suposto demônio da homossexualidade deveria
ser expulso, e a pessoa liberta, após a oração, assumiria uma postura heterossexual. Vemos,
portanto que diante dessa perspectiva, onde a homossexualidade é encarada como possessão
demoníaca, a transformação e “libertação” da homossexualidade deveria ser certa e instantânea.

Quantos homossexuais imploraram a DEUS, com lágrimas, orações e jejuns para se


transformarem em heterossexuais e essa transformação não ocorreu?

“Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei e abrir-se-vos-á. Pois todo o que pede, recebe; e
quem busca, acha; e ao que bate, abrir-se-lhe-á. Ou qual dentre vós é o homem que, se seu filho
lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou, se lhe pedir peixe, lhe dará uma serpente? Se vós, pois,
sendo maus, sabeis dar boas dádivas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus,
dará boas coisas aos que lhas pedirem?” (Mateus 7:7-11).

No caso da homossexualidade ser um comportamento aprendido, a solução de um modo


simplista seria aprender a ser heterossexual. E é isso que muitos grupos e igrejas tentam impor
aos homossexuais; que eles sigam e aprendam a se comportar heterossexualmente. A Associação
Americana de Psicologia e o Conselho Americano de Psiquiatria alertam que esta prática não é
científica nem ética. E que a reversão põe em risco a saúde mental da pessoa, podendo causar
danos irreparáveis aos pacientes. Esta tentativa de "cura" pode desencadear algum tipo de doença
mental - se o paciente tiver alguma predisposição genética - bem como provocar depressão,
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baixa auto-estima, ansiedade, suicídio e comportamentos auto-destrutivos, como: uso de drogas,
prática de sexo sem segurança, etc.

“Não há provas científicas que demonstrem que as terapias de reversão ou de cura são eficazes
na modificação da orientação sexual de uma pessoa. Há, contudo, provas de que este tipo de
terapia pode ter resultados destrutivos”. Quem escreveu esta frase foi o Dr. Rodrigo Munoz,
Presidente da APA (Associação Americana de Psiquiatria). Em 1999, foi publicada uma
resolução do Conselho Federal de Psicologia do Brasil que normatiza a conduta dos psicólogos
frente a esta questão: "os psicólogos não colaborarão com eventos e serviços que proponham
tratamento e cura das homossexualidades".

A APA retirou a homossexualidade do seu "Manual de Diagnóstico e Estatística de Distúrbios


Mentais” (DSM) em 1973, depois de rever estudos e provas que revelavam que a
homossexualidade não se enquadra nos critérios utilizados na categorização de doenças mentais.
A homossexualidade é, portanto, uma forma de orientação sexual. Em 1985, o Conselho Federal
de Medicina do Brasil passa a desconsiderar o artigo 302.0 da classificação Internacional de
Doenças, que considerava a homossexualidade uma doença. Em 1991, a Organização Mundial
da Saúde passa a desconsiderar a homossexualidade como doença.

Além de todo embasamento cientifico, todo homossexual tem consciência de que sua condição
não foi aprendida e muito menos influenciada por alguém ou algo. "Acaso pode o etíope mudar
sua pele ou o leopardo mudar as suas manchas?" Jeremias 13:23

Quanto a terceira perspectiva, hoje sabe-se que ser gay ou ser lésbica não é uma opção. Este é
mais um mito: as pessoas são gays por opção! Optar significa escolher em ser ou não ser gay.
Assim como o heterossexual não escolhe em ser ou não ser heterossexual, o mesmo acontece
com o homossexual. Existem vários fatores que determinam esta orientação, que é independe da
vontade das pessoas, por isto não é uma opção. Muitos falam, erradamente, sobre “opção
sexual”. Não existe opção, fato de quem “opta” por algo. Nem tampouco condição. O que existe
em termos de classificação é a orientação sexual, onde o desejo sexual e afetivo está direcionado
para um objeto externo (no caso de homossexuais, mesmo sexo e no de heterossexuais, sexo
oposto).

Devido todas as dificuldades e implicações em se assumir homossexual, torna-se incabível dizer


que as pessoas escolhem ser homossexual. E se realmente tudo não passa de uma escolha, seria
fácil voltar atrás nessa escolha, assumindo outros posicionamentos.

Quem somos em Cristo

Você confessa com sua boca, “Jesus é Senhor”e crê no seu coração que ELE é Deus? Se sim
você está salvo do domínio das trevas e trazido para o reino de Cristo. Nenhuma condenação há
para os que estão em Cristo Jesus (Romanos 8:1). Agora deixe a realidade de Cristo falar quem
você é, e viver ricamente dentro de você.

Eu sou: Filho de Deus, nascido de novo. I Pedro 1:23; Templo do Espírito Santo. I Cor. 6:19;
Redimido da maldição da lei. Gal 3:13; Unido com o Senhor. Ef 6:10; Aceito em Cristo. Ef 1:6;
Santo. Rom. 1:7; Qualificado para partilhar da herança. Col. 1:12;Vitorioso. Ap. 21:7; Eleito.
Col. 3:12; Amado com amor eterno. Jr 31:3; Livre. Jó. 8:31-33; Vivificado com Cristo.Ef 2:5;
Luz do mundo. Mt 5:14; Sal da Terra. Mt 5:13; Primícia da criação. Tg 1:18; Menina dos olhos
de Deus. Sl 17:8; Escolhido. I Tess. 1:4
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Uma das mais Importantes bíblias anotadas do mundo e seus novos
comentários sobre a homossexualidade.
PERRY, Rev. Troy, 10 Spiritual Truths for a succesful Living for gays and Lesbians (and
everyone else!), p. 147-149, 2ª ed., NE, USA. Morris Publishing, 2003. Traduzido do inglês e
adaptado por Pastor Marcos Gladstone. Revisado pelo Diac. Daniel.

Passados 35 anos, as Igrejas da Comunidade Metropolitana no mundo têm desafiado as igrejas a


reexaminar em a palavra de Deus no relativo a homossexualidade. Obrigado, pela intrepidez, fé e
ministério daqueles primeiros metropolitanos, na sua maioria pessoas gays, lésbicas, bissexuais e
transgêneros na igreja que tinham se movido de primeiro plano de todas as denominações cristãs.

Juntos, nós estamos sempre mudando a face do cristianismo.

Uma das maiores conquistas significantes no avanço da teologia nos meus 35 anos de Ministério
com As Igrejas da Comunidade Metropolitana aconteceu em 2002, quando a Nova Bíblia Oxford
Anotada, 3ª Edição foi impressa.

Esta nova Edição com a tradução Revised Standard da Bíblia, foi supervisionada pela
Universidade de Oxford com notas de estudos e pesquisas editados pelos mais excepcionais
Estudiosos da Bíblia no mundo.

A nova Bíblia Oxford Anotada é o principal e mais importante estudo da bíblia no mundo, e o
maior avanço para comunidade da fé GLBT em todo lugar, suas notas de rodapé e os materiais
de estudo incorporam muitas das interpretações e visões bíblicas da ICM.

No novo estudo da bíblia, as visões e interpretações das supostas “passagens punitivas” usam a
teologia e interpretação que desenvolvemos dentro da ICM.

Imagine a alegria que eu senti ao recentemente abrir um pacote de um estudioso, educador e


amigo, encontrando a cópia da Nova Bíblia Oxford Anotada, 3ª Edição, com a seguinte
dedicação manuscrita que dizia: Querido Rev. Perry: obrigado pela sua vida e ministério que tem
ajudado a formar a erudição desta edição. Que Deus continue a abençoar a você e as Igrejas da
Comunidade Metropolitana na sua busca pela verdade.”

Deixe-me compartilhar algumas ilustrações com você de vários versos nessa bíblia.

- Por 35 anos, nós temos ensinado que o pecado de Sodoma e Gomorra, entendendo o contexto
Judeu daqueles dias, foi o pecado da severa inospitalidade aos estrangeiros. Esta interpretação
aparece na Nova Bíblia Oxford anotada.

- No versículo 7 de Judas, esta versão oferece uma leitura alternativa que o povo de Sodoma e
Gomorra “foi atrás de outra carne” – levando a interpretação que seu pecado foi contra os
visitantes angelicais , não outros humanos, e conseqüentemente não poderia ser uma referência a
homossexualidade.

- Em Romanos 1, a nota de rodapé na nova versão indica que a passagem é usada “para denotar
não orientação ou desejo sexual, mas a imoderada tolerância,”que é, não a proibição do dom de
Deus, mas a proibição contra o abuso sexual.

Página 11
- I Coríntios 6:9-10 adota a interpretação da ICM que estes versos proíbem a prostituição do
templo – não a homossexualidade.

- A passagem de Levítico é a menos clara – pensando que ela é estabelecida em um largo


contexto de diferenciação dos filhos de Israel das nações hostis que os rodeavam.

Tudo em tudo, o renomado mundo de estudiosos bíblicos que prepararam a Nova Bíblia Oxford
Anotada tem adotado grande parte da própria erudição e teologia da ICM, por exemplo não há
condenação bíblica da homossexualidade – apenas proibições contra o abuso sexual, como não
há coberta para a condenação da heterossexualidade, apenas proibições contra o abuso sexual ou
estupro daquele dom.

A publicação desta versão da bíblia marcou um profundo avanço para a comunidade da fé GLBT
– tudo porque nós não aceitamos o “status quo”... porque nós nos atrevemos a questionar ... e
porque nós nos atrevemos a falar para fora.

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A Igreja e a homossexualidade
Traduzido do Inglês e adaptado pelo pastor Marcos Gladstone do site www.mccChurch.org.
Revisão ortográfica: Diácono Daniel. ICM Rio de Janeiro.

A frase mais linda no evangelho do Senhor Jesus é “todo aquele que nele crê”. Ou seja, as
promessas de Deus são destinadas a todo ser humano, incluindo gays, lésbicas, bissexuais e
transgêneros. É demasiadamente trágico que uma Igreja Cristã exclua os homossexuais.

O ser humano foi criado por Deus com uma intensa necessidade de relacionamentos pessoais.
Nossa qualidade de vida depende de estarmos sob o amor que compartilhamos com os outros,
seja com a família, amigos e companheiros. Contudo, os homossexuais por causa de atitudes
hostis da sociedade normalmente têm acesso negado a um relacionamento saudável. O Senhor
Jesus Cristo nos chama para encontrarmos significado na vida através de um relacionamento
pessoal com nosso criador. Essa importante união espiritual pode trazer cura e força para todos
dos nossos relacionamentos humanos.

Por muitos séculos o “dogma” cristão em relação à sexualidade humana foi muito negativo: o
sexo era só para a procriação, não para o prazer; mulheres e escravos eram considerados como
propriedades dos homens; e muitas expressões tanto da heterossexualidade quanto da
homossexualidade eram consideradas pecado.

Como é normal numa tradição, continua a influência de tal “dogma” hoje. Muitos ensinam que
as mulheres devem ser subordinadas aos homens; há discriminação contra negros e a condenação
aos homossexuais, sendo todo e qualquer ato homossexual pecado quando se refere a
interpretações pessoais das escrituras.

Outras igrejas são influenciadas por um século de pensamento em que psicanálise promoveu.
Quando a homossexualidade era vista como um tipo de doença. Hoje, graças ao bom Deus, tal
teoria foi negada pela classe médica e da psicanálise. Mesmo assim algumas igrejas continuam
sendo influenciadas pela antiga idéia. Dizendo que os homossexuais são imperfeitos e precisam
de cura para a homossexualidade.

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A bíblia tem boas ou más notícias?
Traduzido do Inglês e adaptado pelo pastor Marcos Gladstone do site www.mccChurch.org.
Revisão ortográfica: Diácono Daniel. ICM Rio de Janeiro.

Os homossexuais sofrem discriminação em virtude de atitudes hostis da sociedade, que


infelizmente, muitas vezes são ensinadas na igreja. A Palavra de Deus é normalmente usada
como arma para banir os gays. Na verdade tais atitudes ofensivas jamais refletiram o Senhor
Jesus Cristo e a forma como Deus quer que seja a sua Igreja. Este tipo de discriminação é obra
de seres humanos falíveis e imperfeitos que guiam certas igrejas.

A fé pessoal em Cristo jamais deve depender de uma igreja particular, mas deve ser solidamente
colocada no Senhor Jesus Cristo. A adição do ensinamento preconceituoso de alguns ministérios
faz com que as escrituras se apresentem como uma “pedra no caminho” para pessoas que são
cristãs e homossexuais ao mesmo tempo.

Um estudo bíblico atencioso revela que a Bíblia possui boas novas para os gays não refletindo o
que você muitas vezes é levado a pensar sobre a questão da homossexualidade.

Ao fazermos essas observações, não estamos tentando desprestigiar a Bíblia, ou negar a


autoridade de sua inspiração ou importância da vida cristã. Pelo contrário, nós afirmamos que a
bíblia tem muito mais a dizer para nós, mas nós devemos ouvir e aprender o que realmente diz,
não o que dizem as pessoas que a interpretam erroneamente.

As pessoas são capazes de cometer erros e construir doutrinas que a Bíblia não ensina, mas que
são aceitas por outros. Pode alguém crer que um Cristo que pregou o amor, viveu o amor (com
mulheres, estrangeiros, pecadores e marginais), que deu a sua vida na cruz para mostrar o amor
de Deus para com todos, pudesse excluir alguém da sua salvação? Poder-se-á crer em um Cristo
amável, que reconhece as necessidades humanas de amar e ser amado e de ter satisfação física,
iria requerer que milhares de homossexuais vivessem uma vida de celibato, negando sua
necessidade natural de intimidade, ou condenando-os?

A bíblia está baseada no amor de Cristo. Jesus morreu pelos nossos pecados, não pela nossa
sexualidade. Jesus nos libertou para uma nova vida de amor em Deus. Nem o amor heterossexual
bem como o homossexual são pecados por si só. O ato sexual torna-se pecado quando explora ou
abusa de outra pessoa, abandonando os caminhos do amor. A relação entre dois homens ou duas
mulheres pode ser uma relação de amor tanto quanto a relação entre um homem e uma mulher.
Cristo morreu pelos pecados de ambos os indivíduos heterossexuais e homossexuais. Portanto,
gays e lésbicas podem livremente viver na graça de Jesus Cristo e ainda ter sua identidade e
autenticidade de expressão sexual.

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Informação nova rejeita velhas idéias
Traduzido do Inglês e adaptado pelo pastor Marcos Gladstone do site www.mccChurch.org.
Revisão ortográfica: Diácono Daniel. ICM Rio de Janeiro.

Desde o ano 1968, quando foi fundada a Igreja Comunitária Metropolitana, emergindo de uma
forte comunidade homossexual cristã em conjunto com a conclusão de novos estudos científicos
sobre a homossexualidade, forçaram as igrejas cristãs a reexaminarem a questão da
homossexualidade. Dia após dia um número maior de escolas bíblicas e teológicas reconhecem
que as escrituras sagradas não condenam o amor decorrente de relacionamentos homossexuais.
E, ainda, que gays e lésbicas devem ser aceitos como eles são nas igrejas cristãs, devendo o
relacionamento homossexual ser celebrado e afirmado.

A bíblia atravessou mais de mil anos recontando a história do relacionamento de Deus com os
hebreus e os povos cristãos. Foi escrita em muitas línguas, abraçando muitas formas literárias, e
sendo reflexo de muitas culturas diferentes da nossa. Estes são os pontos chaves para se entender
a bíblia e seu contexto. Como é evidente existem vastas diferenças entre as várias denominações
cristãs e todas usam a mesma bíblia. Muitas dessas diferenças até levam alguns cristãos a
proclamarem que outros cristãos não são realmente cristãos. A interpretação bíblica e teológica
difere de igreja para igreja.

A interpretação bíblica e teológica também muda de tempo em tempo. Há aproximadamente 150


anos nos Estados Unidos da América, alguns cristãos ensinavam que existiam duas castas de
ordem moral: negros e brancos. Os brancos ensinavam serem superiores aos negros, e ainda que
os negros deviam ser submissos e escravos sendo esta uma instituição ordena por Deus. O Clero
que não suportou a tal idéia tendo-a como odiosa reclamou pela autoridade da bíblia. O conflito
dos lideres escravos em cima dessa divisão deu nascimento a uma das maiores denominações
cristãs nos Estados Unidos. E atualmente as mesmas denominações que pregavam a segregação,
hoje não suportam a escravidão. A Bíblia mudou? A resposta é não, as interpretações bíblicas que
mudaram.

Qual tipo de influência nos direciona a modos novos de entender as escrituras? Novas
conclusões científicas, mudanças sociais e experiências pessoais são capazes de nos levar a um
novo modo de interpretação bíblica e desenvolvimento da nossa fé. É notório que a consciência
científica de orientação homossexual atual não existia até o século dezenove.

A maior parte das igrejas cristãs, inclusive a Igreja Comunitária Metropolitana, acredita que a
bíblia foi divinamente inspirada e é a fonte de autoridade para a fé cristã. Portanto, o que a Bíblia
ensina com alguma subjetividade, incluindo a sexualidade, é de grande significância. O
problema é que certas atitudes direcionadas de líderes sobre pormenores retirados de um outro
contexto se tornam determinantes em relação a verdade bíblica, sendo então lidas como a
declaração bíblica.

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Sodoma e outros textos utilizados no antigo testamento contra os
gays.
Traduzido do Inglês e adaptado pelo pastor Marcos Gladstone do site www.mccChurch.org.
Revisado pelo Diácono Daniel. ICM Rio de Janeiro.

Existem pelo menos duas coisas importantes para se ter em mente ao ler a Bíblia:

Primeiro: deve sempre ser considerado o seu contexto, ou seja, para se entender qualquer escrito
(seja uma carta, um discurso, ou mesmo uma profecia) é necessário se entender o cenário. Pense,
por exemplo, sobre quem está se falando, a quem é endereçado, por que foi escrita e como era a
cultura na época.

Os contextos cultural e social dos tempos bíblicos eram bem diversos do contexto da atualidade.
Vejamos como exemplo, quando Deus ordena "crescei e multiplicai", lembre-se que, dentre
outras coisas, isso foi endereçado para Israel, uma pequena nação que vivia no deserto cercada
de muitos inimigos. A necessidade de o povo de Israel se "multiplicarem" era para a própria
sobrevivência.

Segundo: a Bíblia começou com uma tradição oral e, posteriormente, foi transcrita em línguas
antigas, primeiramente, o hebraico no Velho Testamento e o grego no Novo Testamento, durante
vários séculos. Ela foi copiada e recopilada nas línguas originais e depois traduzida em outras
línguas. E não é difícil de se concluir que para qualquer pessoa que fala, ou lê, mais de uma
língua sabe que tradução requer interpretação e por muitas vezes julgamento pessoal, e, ainda
que com as melhores das intenções, tradutores e copistas são hábeis de cometer erros.

Como é notório, a escritura Hebraica conta uma história emocionante de maneira épica através
dos seus muitos livros e escritos. Foi a Escritura que Jesus conheceu e estudou. Para os cristãos,
continua a servir como o princípio da história da fé.

O Velho Testamento, também, contém algumas citações que são constantemente utilizadas
contra gays. Qual foi o pecado de Sodoma em Gênesis 19:1-28? Essa passagem do Antigo
Testamento é freqüentemente usada como "prova bíblica" de que Deus se desagrada com os
homossexuais. Para muitas pessoas essas cidades foram destruídas porque os habitantes
cometeram o "pecado do homossexualismo". A sugestão de que Sodoma e Gomorra foram
destruídas por causa da homossexualidade é uma má interpretação da escritura.

A propósito o profeta Ezequiel, em um livro igualmente inspirado como os outros da Bíblia,


conta que Deus estava desgostoso com Sodoma por outra razão (Ezequiel 16:49-50) “Eis que
esta foi a iniqüidade de Sodoma, tua irmã: Soberba, fartura de pão, e próspera ociosidade teve
ela e suas filhas; mas nunca fortaleceu a mão do pobre e do necessitado. Também elas se
ensoberbeceram, e fizeram abominação diante de mim; pelo que, ao ver isso, as tirei do seu
lugar”.

Em todas as outras citações da bíblia (e existem muitas) o condenado "pecado de Sodoma" são
coisas como o orgulho e a inospitalidade. A cidade de Sodoma transgrediu a lei da hospitalidade,
lei que era religiosamente observada em sua cultura. O uso da expressão "traze esses homens a
nós, para que os conheçamos" (Gênesis 19:5) é a base da maioria das interpretação erradas. O
verbo hebreu yadha (conhecer) utilizado aqui é encontrado 943 vezes no Velho Testamento e
somente em dez casos significa relação sexual (sempre se referindo a relações heterossexuais).
Mas mesmo que os homens de Sodoma tenham realmente tentado um ataque sexual aos anjos, a
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passagem serviria como uma clara condenação do abuso sexual e ao estupro (certamente uma
forma estremada de inospitalidade). O abuso sexual e o estupro, tanto homossexual quanto
heterossexual, é pecado em qualquer circunstancia.

Outra questão sempre em voga e um refrão costumeiro dos que rejeitam aos homossexuais é que
"Deus criou Adão e Eva". Gênesis 1 e 2 são interpretados para condenação da
homossexualidade porque não foi mencionada no texto. Esse argumento do silêncio é difícil de
ser sustentar pela seguinte tese: Primeiro: Eva foi criada não apenas para reprodução sexual, mas
também para fazer companhia Gênesis 2:18. O companheirismo é certamente a base da maioria
das relações amorosas, tanto homossexuais quanto heterossexuais. E, também, porque o relato da
criação e as primeiras histórias do Gênesis são uma explicação, não uma prescrição. Tomando
essas histórias de forma literal como modo de agir nos conduziria a outras conclusões
desastrosas que implicaria na possibilidade de irmãos poderem se casar com irmãs ou até a de
filhos se casarem com mães ou pais com filhas. Afinal, como poderiam os filhos de Adão e Eva
terem-se multiplicado?

Outros textos do Antigo Testamento são seletivamente utilizados para mostrar que a Bíblia
condena a homossexualidade. Duas citações são encontradas no livro de Levítico (18:22 e
20:13). Na verdade qualquer um que cite essas passagens como proibição, deveria ler o capítulo
inteiro ou todo o Livro de Levítico. A lei do Livro de Levítico condena comer carne de porco,
lagosta, camarão, ostras, carne mal passada; o relacionamento no período menstrual, não
cruzamento de raças de gados, e todo um elenco de outras leis, incluindo uma lei para matar
todas as pessoas que cometam adultério! Por que uma lei deve ser cumprida e outra não?

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A lei do amor
Traduzido do Inglês e adaptado pelo pastor Marcos Gladstone do site www.mccChurch.org.
Revisado pelo Diácono Daniel. ICM Rio de Janeiro.

Qual é a mensagem fundamental da Bíblia e do Evangelho de Jesus? Como cristãos, nós


acreditamos que a escritura hebraica é a revelação divinamente inspirada dos mandamentos de
Deus para com o seu povo escolhido e um relevante estudo da história hebraica. Acima de tudo,
é parte contínua de uma história e promessa de redenção. Adicionalmente, como Cristãos, nossa
lei é a de Cristo e essa lei é a lei do amor. Seu fundamento é o mandamento "ame a Deus e o
próximo como a si mesmo".

Nem Jesus, nem Paulo, nem ninguém mais do Novo Testamento diz que os Cristãos estão presos
às regras éticas da lei Mosaica. Paulo ensinou claramente que os Cristãos não estão mais sob a
lei do Velho Testamento (Gálatas 3:23-25). Ensinou também que o fim da lei é Cristo (Romanos
10:4) e que seu cumprimento é o amor (Romanos 13:8-10 e Gálatas 5: 14). Jesus
verdadeiramente lidou com a sexualidade humana de uma maneira aberta e com aceitação. Por
um lado ele afirmou as virtudes do casamento, mas também declarou que o casamento não é para
todos (Mateus 19:3-12). Mais longe, ainda, a Bíblia não possui registro de palavra falada por
Jesus condenando a homossexualidade.

No novo testamento existem três expressões freqüentemente citadas para “mostrar” o "pecado da
homossexualidade". Existem várias traduções inglesas da Bíblia e cada uma delas utiliza
palavras diferentes para traduzir trechos do grego antigo. Portanto algumas palavras dependem
de qual tradução se está usando. Duas palavras gregas são utilizadas por Paulo em duas
passagens similares. São elas malakos e arsenokoitai. Essas palavras são utilizadas em I
Coríntios 6:9 e em I Timóteo 1:10. Traduzido ao pé da letra, malakos significava "suavidade" (e
não efeminado!) e arsenokoitai significava "leito-masculino".

Nenhuma das palavras significa "homossexual" no grego falado na época de Paulo. Infelizmente,
os estudiosos da Bíblia não concordam sobre o que essas palavras realmente significavam no
contexto dessas duas passagens ou para as pessoas para as quais Paulo escreveu. Há várias
palavras gregas para "atividades do mesmo sexo" ou "homossexuais", mas Paulo não as
empregou. De alguma maneira tradutores tem juntado vários significados homossexuais para
estas duas palavras.

Note as seguintes versões do trecho de I Coríntios 6:9 (I Timóteo 1:10 é muito similar).

A tradução King James fala em "efeminados", a New Internacional diz "ofensores


homossexuais", a Revised Standard diz "pervertidos sexuais" e a tradução brasileira de João
Ferreira de Almeida optou por "sodomitas".

Qual versão é mais próxima do texto original já que as palavras empregadas na época não
significavam "homossexual"? É estranho que alguns pastores confiantemente condenem gays,
lésbicas etc., quando estudiosos e diferentes traduções da bíblia nem mesmo concordam sobre o
que algumas palavras de fato significam!

A terceira passagem do Novo Testamento freqüentemente citada é Romanos 1: 26-27, que diz:
"Pelo que Deus os abandonou às paixões infames. Por que até as suas mulheres mudaram o uso
natural, no contrário à natureza. Semelhantemente, também os homens, deixando o uso natural
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da mulher, inflamaram-se em sua sensualidade uns para com os outros, homem com homem,
cometendo torpeza, e recebendo em si mesmos a penalidade devida ao seu erro."

Essa passagem condena realmente pessoas que são "naturalmente" ou "constitucionalmente"


homossexuais? Ela diz especificamente que heterossexuais não devem tentar tornar-se
homossexuais. Ela também poderia ser entendida como querendo dizer que gays e lésbicas não
devem tentar tornar-se heterossexuais. Ou seja, para o heterossexual é natural ter relações com
pessoas do sexo oposto; e para o homossexual é natural ter relações com pessoas do mesmo
sexo.

John McNeill, um estudioso católico, diz que existe ampla evidência de que os autores bíblicos
tinham em mente que "perversão" era submeter-se à atividade homossexual aqueles que eram,
por natureza, heterossexuais. Contudo, os autores desconheciam a noção de homossexualidade
bem como a de heterossexualidade. Na verdade, o significado de "natureza" que eles possuíam
era outro.

Paulo declara, por exemplo, que cabelos cumpridos não é natural para homens em I Coríntios
11:14, pois acreditava que a "natureza" refletia características esperadas ou normas culturais.
Não tem nada a ver com a crença científica universal moderna ou biológica denominada "leis da
natureza".

Como Norman Pittenger, um teólogo Anglicano, declara; “O homem ou mulher que tem desejos
sexuais guiados de forma inevitável em direção ao mesmo gênero, atuando na expressão física
homossexual, deve de fato glorificar a Deus e abrir a si para o trabalho do amor divino na
questão humano.”

"Eu sei e estou certo no Senhor Jesus, que nenhuma coisa é de si mesmo imunda. Mas se alguém
a tem por imunda, então para esse é imunda." (Romanos 14:14).

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Um evangelho inclusivo e sem impedimento
Traduzido do inglês e adaptado pelo pastor Marcos Gladstone do site www.mccChurch.org.
Revisado pelo Diácono Daniel. ICM Rio de Janeiro.

O livro de Atos é o nascimento da igreja primitiva, como tentavam pregar e viver um evangelho
sem impedimento (Atos 28:31). Hoje, existe um grande despertar das comunidades
homossexuais, que ainda precisam ter acesso a um evangelho sem impedimento. Duas histórias
cruciais são para o evangelho centro de semelhança; Pedro e Cornélio (Atos 10) e Filipe e o
Eunuco Etíope (Atos 8). Ambas passagens têm suas origens na profecia de Isaias 56. Isaías
proclama um dia futuro quando os gentios e os eunucos serão incluídos entre o povo de Deus, e
os seus sacrifícios serão aceitáveis. A tradução grega da palavra hebraica para “aceitável” em
Isaías 56:7, também aparece em Atos 10:35.

Na História de Pedro e Cornélio, o centurião romano (um gentio), a Pedro é dada uma revelação
divina de Deus “Na verdade reconheço que Deus não faz acepção de pessoas mas que lhe é
aceitável aquele que, em qualquer nação, o teme e pratica o que é justo.” A palavra “nação”é de
fato a palavra grega ethnos de onde deriva nossa palavra etnia. O termo refere-se a raça, cultura
ou povo. Desta maneira Pedro aprendeu que entre cada raça, cultura ou povo aqueles que
confiam em Deus e fazem o que é certo são aptos para o batismo.

A comunidade homossexual é somente um lobby de comportamentos homossexuais ou uma


etnia? Certamente, existem pessoas heterossexuais que se atraem pelo sexo homossexual, e
pessoas homossexuais que nunca tiveram qualquer relação sexual. O gay é um tipo de
comportamento ou é um tipo de pessoa, por qual a atração homoerótica é uma característica?
Uma etnia pode ser definida por costume histórico, vocabulário, cultura, instituições (escolas,
livrarias, clubes, igrejas, sinagogas, organizações sociais, negócios) heróis, líderes políticos,
conhecimento, valores, e a habilidade de reconhecimento de cada um ainda quando submerso
numa cultura dominante. Se estas constituições são uma etnia, o povo homossexual está incluído
na “nação” usada em Atos 10. Que evidência da etnia homossexual existe na bíblia? Isto é, um
romance complexo feito mais difícil por milhares de anos de preconceito heterossexualista na
história secular e na erudição bíblica.

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Lendo a bíblia com novos olhos
Traduzido do inglês e adaptado pelo pastor Marcos Gladstone do site www.mccChurch.org.
Revisado pelo Diácono Daniel. ICM Rio de Janeiro.

Os gays geralmente temem a Bíblia, por não estarem familiarizados com seu contexto, pensam
que a Bíblia só tem más notícias para os mesmos. Na verdade, a Bíblia foi escrita num contexto
patriarcal, culturalmente heterossexualista. Não pense desta maneira e tenha certeza de que
mensagem do amor incondicional de Deus em Cristo é, o poder para a salvação de homossexuais
e heterossexuais.

Uma leitura corajosa da bíblia pode oferecer nova vida aos homossexuais, suas famílias e
amigos. Cada vez mais cresce um consenso entre respeitáveis teólogos do mundo inteiro sobre o
entendimento de que a Bíblia não condena a homossexualidade. Cristãos contemporâneos têm se
focado em provar que a Bíblia não condena a homossexualidade. Está no tempo de irmos além
dessa posição. Não é suficiente que a Bíblia simplesmente não condene a homossexualidade. Os
gays e lésbicas devem ser capazes de dizer que, “sim, está é nossa história, também!”

Abrindo as portas do velho “armário”


A crítica da teologia da liberação e do feminismo bíblico tem mostrado que a Bíblia dá ordem
para autorizar todas as pessoas o dever de lê-la com novos olhos do ponto de vista das pessoas
oprimidas. Quando nós lemos as histórias bíblicas através da experiência de hoje, nós podemos
sair alegres com a nova relevância. O que acontecerá se assumirmos que os gays e lésbicas
sempre estiveram na Bíblia. Histórias semelhantes as nossas seguiram Moisés e Mirian no Êxodo
e andaram com Jesus no mar da Galiléia. Os Gays estão em todos os lugares, e sempre
estiveram, ainda que fechados para sua sexualidade.

É tempo de liberar corajosamente alguns personagens ou histórias gays, lésbicas, ou bissexuais


do antigo “armário” da bíblia. Séculos de silêncio em comentários bíblicos e livros de referência
precisam ser quebrados para alcançar a verdade bíblica sobre a sexualidade. Existem na Bíblia
referências ou histórias sobre gays e lésbicas consistentes com as que os historiadores e
antropologistas sabem sobre a sexualidade durante os tempos bíblicos? A resposta é, sim.
Algumas histórias são incontroversas. Outras são convincentemente gays e lésbicas. E existem
outras histórias curiosamente sugestivas de relacionamentos do mesmo sexo. Todas estas podem
autorizar os homossexuais a se regozijarem abraçando a bíblia.

Deus abençoa os estéreis

Um bom lugar para se começar é com a conceituação bíblica de imortalidade. O antigo


testamento não é muito claro sobre um conceito consistente de vida após a morte. O primeiro
modo que se poderia alcançar a imortalidade era através de seus herdeiros. O pior fato que
poderia acometer alguém era ser cortado do seu próprio povo. Isso poderia se dar pelo exílio em
certos crimes, pela execução em outros crimes, ou pela morte sem deixar algum filho.
Prosperidade e ter muitos filhos eram vistos como dois sinais do favor de Deus. (Salmo 127:3-5;
salmo 128:3-6).

Melhor que filhos e filhas

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Neste contexto, mulheres estéreis eram consideradas malditas. Uma mulher digna era
conceituada pela sua habilidade de dar filhos ao seu marido. A bíblia é repleta de histórias de que
desesperadamente oravam para Deus abrir suas trompas (Salmo 113:9; Gênesis 30:1; I Samuel
1:10). A esterilidade tornou-se metáfora usada pelos profetas para descrever a comovente
condição de Israel quando se sentia abandonado ou amaldiçoado por Deus. Isaías 54 começa
com o relance comovente desta metáfora. A mensagem profética de Isaías então revoga a
maldição da esterilidade e Israel se torna uma mulher estéril com muitos filhos. Dois capítulos
depois, Isaías usa o termo “árvore seca” para significado dos Eunucos. É também associado ao
termo isolado para eunucos. O termo eunuco em Isaías 56 é possivelmente um termo genérico
para incluir homens e mulheres não tiveram filhos.

A referência principal na Lei que pode ser fonte de exclusão dos eunucos do templo é
Deuteronômio 23:1. Levíticos 21:17 diz que “nenhum que tiver qualquer defeito poderá se
chegar para oferecer pão a seu Deus” isto também exclui eunucos na antiga religião pagã que
eram sacerdotes do templo, e também exclui crianças nascidas de uniões incestuosas. Ultimando,
Isaías proclama um pacto com promessa aos eunucos e estéreis uma posição melhor do que ter
filhos e filhas, isto é, um nome eterno que nunca se apagará.

Alguns nasceram eunucos

Quem foram os eunucos dos tempos bíblicos? A palavra eunuco parece se referir a homens
castrados (normalmente para servir a realeza feminina em segurança). Entretanto, existem
referências de eunucos como oficias da corte que não eram necessariamente eunucos
fisicamente. Eunucos referidos em Gênesis, Isaías, Jeremias e Daniel, como também no novo
testamento não eram todos eles homens castrados. Eunuco é uma palavra mais genérica que pôde
bem ter incluído os estéreis, gays da corte de oficiais estrangeiros, magos e sacerdotes, bem
como homens castrados. Homens castrados eram freqüentemente, funcionalmente, se não
constitucionalmente, homossexuais.

Casamento não é para todos

Jesus fala sobre três tipos de eunucos: “Porque há eunucos que nasceram assim; e há eunucos
que pelos homens foram feitos tais; e outros há que a si mesmos se fizeram eunucos por causa do
reino dos céus. Quem pode aceitar isso, aceite-o.” (Mateus 19:12)

Pode se assumir que eunucos “que pelos homens foram feitos tais” são aqueles que foram
castrados. Aqueles que “a si mesmos se fizeram eunucos” são os celibatários voluntários.
Entretanto, e aqueles que “nasceram” eunucos? Jesus deixa claro que casamento não é para
todos. Este é um importante comentário feito por Jesus, que reconhece outros estilos de vida
além do casamento heterossexual, aplicados aos homossexuais.

Existem duas histórias de eunucos negros, ambos oficiais da corte real, exemplificando a ação
redentora de Deus. Em Jeremias 38, um eunuco etíope salva a vida de Jeremias. Jeremias em
troca tráz uma mensagem de Deus para o Rei que descreve como Jerusalém será salva.

Outro eunuco etíope, em Atos 8, é batizado pelo Apóstolo Filipe. O eunuco estava lendo Isaías
53 (muito perto de Isaías 54 e 56) a passagem profética do messias que descreve o destino
sofredor daquele que foi cortado da terra dos viventes. O eunuco recebeu a mensagem de que

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aqueles que tinham sido cortados seriam incluídos. Daí, então a sua pergunta? “O que impede
que eu seja batizado?” Filipe respondeu “nada”.

Jesus escolhe uma nova família

Jesus Cristo é o cumprimento de Isaías 53, foi cortado de seu povo por dois modos: ele foi
executado como criminoso e morreu sem deixar filhos. Ele foi funcionalmente, não fisicamente,
eunuco. A morte e a ressurreição de Jesus redefiniu vida eterna, desassociando a necessidade de
produzir filhos.

Certa vez, quando confrontado por sua mãe biológica e seus irmãos, Jesus apontou seus
discípulos como uma nova família, dizendo: Aquele que faz a vontade de Deus este é meu irmão
irmã e mãe.” (Marcos 3:31).

Jesus viveu um estilo de vida alternativo

A Relação de Jesus nos evangelhos difere grandemente dos chamados núcleos familiares
contemporâneos. Jesus amou Lázaro, Marta e Maria. O que atraiu Jesus para esse grupo de
família não tradicional de um irmão solteiro vivendo com duas irmãs solteiras? Duas irmãs
solteiras e um irmão também solteiro era uma família adulta que Jesus escolheu. Nós
presumimos que eles eram celibatários heterossexuais? E se Marta e Maria não fossem irmãs
mais chamavam uma a outra de irmã como muitos casais de lésbicas através da história?

De fato, na Bíblia não se conhece quase nada do ideal pós reformação de monogamia, vida
romântica do casamento heterossexual. O retrato de casamento bíblico está em termos de
prosperidade e transações de negócios, poligamia, extensão de famílias, grupos tribais,
casamentos levianos e outros estilos de vida. O preconceito anti-casamento no novo testamento e
a ênfase negativa do sexo das primeiras teologias são bem conhecidas pelos historiadores e
estudantes da sexualidade humana.

A nova comunidade cristã em Atos inclui viúvas sem filhos, ex-prostitutas, pários sociais,
celibatários, pessoas casadas, eunucos, negros, judeus e gentis. Aqueles excluídos previamente
foram agora totalmente incluídos na promessa de Isaías 56: “A minha casa será chamada casa de
oração para todos os povos.”

Relacionamentos de mesmo sexo na bíblia?

O Livro de Rute é uma história romântica, mas não entre Rute e Boaz. Noemi é, de fato,
característica central e Rute a sua redentora. O relacionamento de Boaz com Rute, está distante
de ser romântico, não passou de uma questão de dever familiar e propriedade. Esta história
contém a mais comovente promessa de fidelidade num relacionamento entre duas pessoas em
toda a Bíblia: “Respondeu, porém, Rute: Não me instes a que te abandone e deixe de seguir-te.
Porque aonde quer que tu fores, irei eu; e onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo
será o meu povo, o teu Deus será o meu Deus.” (Rute 1:16)

Ainda que usadas em casamentos heterossexuais este voto é entre duas mulheres. Quando seu
marido morreu na batalha, Rute fez este voto a Noemi, sua sogra. Rute casou com Boaz, um
parente perto e redimiu o lugar de Noemi em sua própria família, também suportando um filho
para Noemi. Rute e Noemi tiveram um relacionamento lésbico? Não existe meios para sabermos,

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mas está claro que duas mulheres tiveram uma vida longa, passional, relação com
comprometimento celebrado nas escrituras

União num pacto de amor, David e Jônatas

Outra história, a de Davi e Jônatas, ocorreu num tempo quando amantes masculinos eram
comuns e considerados nobre. Este trágico triângulo passional, ciumento, intrigante e político
entre Saul, Jônatas e Davi, lidera um dos mais expressivos relacionamentos de amor entre
pessoas do mesmo sexo na bíblia: “Angustiado estou por ti, meu irmão Jônatas; muito querido
me eras! Maravilhoso me era o teu amor, ultrapassando o amor de mulheres. (II Samuel 1:26).

É clara a beleza masculina de Davi (I Samuel 16:12). Nesta história de amor e lealdade e
marcada pelo romance (I Samuel 18:1-5), encontros secretos (I Samuel 20:1-23;35-42) lágrimas
e beijos (I Samuel 20:41), recusa a comer (I Samuel 20:32-34), e o explícito pacto de amor que
se manteve até após a morte de Jônatas (I Samuel 20:12-17;42). Não se pode ler esse
acontecimento sem discernimento de que Jônatas foi o amor da vida de Davi. Séculos de
interpretações homofóbicas bíblica os manteve no armário por muito tempo.

Questões Importantes

Isto é tudo que há? Algumas profecias sobre estéreis e eunucos e dois relacionamentos entre
pessoas de mesmo sexo? Não existe mais e, os estudiosos precisam explorar mais possibilidades:
• Os eunucos na história de José (Gênesis 39 e 45), e no Livro de Ester, eram também gays,
residindo nas cortes reais, e ajudando os líderes de Deus?
• Na parábola da mulher que perdeu a uma das dez drácmas (Lucas 15). São os homossexuais
a drácma achada em nossos dias? Os gays e lésbicas são estimados em 10% da população?
• A petição do Centurião a Jesus para cura do seu servo que era querido para o mesmo (Lucas
7). A palavra Grega em Mateus 8 é semelhante ao significado de “rapaz escravo”, que
comumente descrevia relacionamento homossexual naqueles tempos. Por que Jesus louvou a
fé daquele homem e não condenou seu modo de viver?

Que diferença isto faz?

Que diferença isso faz para os gays e lésbicas se verem na Bíblia? Isso os ajuda a saber que as
pessoas da Bíblia foram também como eles, não falsamente assumindo que todos eles foram
heterossexuais. Nestas referências para homossexuais, não existe condenação e nenhuma
referência para interpretações homofóbicas da História de Sodoma ou da Lei de Levítico. Isto
convida as comunidades homossexuais a lerem a Bíblia sem medo tomarem posse da mensagem
da salvação para as suas vidas.

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Resumo e conclusão

Uma abordagem crítico histórica da bíblia onde se tenta ler a Bíblia no seu contexto histórico e
cultural mostrará que a bíblia não condena a homossexualidade. Com esse tipo de abordagem
entende-se a Bíblia e o que os seus autores humanos queriam dizer no seu tempo e a sua maneira.
Entendida por essa abordagem a Bíblia não abordava nossas visão e perguntas sobre ética sexual.
A Bíblia não condena sexo gay como nós o vemos nos dias de hoje.

O pecado de Sodoma foi o pecado da inospitalidade, não homossexualidade. O livro de Judas


condenou o sexo com anjos, não sexo ente dois homens. Nenhum texto bíblico refere-se a sexo
lésbico. Na versão bíblica do Rei James as referência a sodomitas em Deuteronômio e em Reis 1
e 2 são erros de tradução. Dos ensinamentos positivos da Bíblia sobre heterossexualidade, não
seguem nenhuma conclusão válida sobre homossexualidade. Figuras bíblicas como Jônatas e
Davi, Rute e Noemi e Daniel podiam estar envolvidas em relacionamentos homogenitais(*)
como parte de um plano de Deus.

O próprio Jesus não disse nada que falasse de homossexualidade, nem mesmo ao se deparar face
a face com um homem que tinha um relacionamento gay.

Somente cinco textos na Bíblia certamente expressam opiniões sobre sexo entre homens,
Levítico 18:22 e 20:13 , Romanos 1:27 e 1 Coríntios 6:9 e 1 Timóteo 1:10 . Todos esses textos
abordam somente três aspectos:

Primeiro, o Levítico proíbe homogenialidade como uma violação da velha aversão judaica a
mistura de espécies, uma confusão dos papéis idealizados de que homens penetram e mulheres
são penetradas. A preocupação sobre sexo entre homens é impureza – uma ofensa contra a
religião Judaica, não representa uma violação da natureza sexual.

Segundo, a Carta aos Romanos pressupõe o ensinamento das Leis Judaicas no Levítico, e
Romanos menciona que sexo entre homens é uma instância de impureza. Entretanto Romanos
menciona isso precisamente para chamar a atenção que assuntos de impureza não tem
importância para Cristo.

Finalmente, no obscuro termo arsenokoitai, se foi mencionado para referir-se atos sexual entre
homens 1 Coríntios e 1 Timóteo condenam abusos associados a atividades homogenitais no
Primeiro Século – que seriam, exploração e abuso.

Onde conclui-se que a Bíblia não se posiciona sobre a moralidade dos atos homogenitais como
tal nem na moralidade de relacionamentos gays e lésbicos como entendemos nos dias de hoje.
De fato , a mais longa abordagem ao tema em Romanos sugere que esses atos não têm nenhuma
significância ética em si mesmos. Entretanto se levados em consideração o contexto decadente
do Primeiro Século do Império Romano 1Coríntios e 1Timóteo podem sugerir o seguinte
ensinamento: formas abusivas de sexo entre homens e entre homens e mulheres devem ser
evitadas.

Entretanto apesar de a Bíblia não fazer nenhuma condenação mais veemente aos atos
homogenitais e muito menos à homossexualidade, isto está longe de querer insinuar que para
gays e lésbicas tudo é válido. Se formos nos guiar pela Bíblia como orientação e inspiração, gays
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e lésbicas irão certamente se nortear pelos ensinamentos morais e religiosos da cultura Judaico –
Cristã: Orar, reverenciar a Deus, respeitar os outros, ser gentil e amável , perdoar e ser piedoso ,
ser honesto e justo. Trabalhar pela paz e harmonia. Valorizar a verdade. Praticar o bem e evitar o
mal. Ao fazerem isso estarão seguindo os caminhos de Deus. Fazer isso é amar a Deus com toda
sua alma e coração. Fazer isso é ser um verdadeiro discípulo de Cristo.

Ao se nortearem pela Bíblia – gays e lésbicas terão que se submeter a esses severos padrões de
moral e esses padrões aplicam-se também às relações sexuais e íntimas.

Isso é tudo que pode ser dito sobre os ensinamentos bíblicos sobre homossexualidade. Se alguns
insistem em descobrir se sexo gay ou lésbico é bom ou mau e se atos homogenitais por si são
errados, eles terão que procurar em outras fontes por uma resposta , não na Bíblia. A Bíblia
nunca aborda essas questões. Mais que isso a Bíblia parece deliberadamente não muito
preocupada com isso.

(*) – homogenitais – esse termo é usado porque naquela época não se entendia
homossexualidade como entendemos hoje em dia. Esse termo se referia ao fato de dois homens
praticarem sexo somente pelo sexo – não em um relacionamento afetivo e íntimo.

Página 26
HOMOSSEXUALIDADE E A BÍBLIA
(Apostila I)
Original de Bible and Homossexuality do site www.freeingthespirit.com autora Rev. Yvette
Dube, tradução livre de José Luiz V. Silva, Revisão Ortográfica Diac. Daniel.

Introdução
Nestas páginas vamos tentar rever todas as passagens bíblicas relevantes que são conhecidas por
supostamente condenarem a homossexualidade e o homossexualismo. Nós tentaremos identificar
as bases históricas da homofobia. Vamos dar uma rápida olhada nos problemas encontrados pelos
pesquisadores ao interpretar o que os autores originais quiseram nos dizer a respeito de Deus e
dos seus desígnios e desejos para o homossexualismo. Começaremos por perguntar e responder
algumas questões.

A Bíblia condena a homossexualidade? Se você cresceu na tradição Judaico-Cristã, é bastante


provável que você tenha aprendido que a resposta para esta questão seja sim. Entretanto nós
vamos juntos, explorar a Bíblia e descobrir que não só há nenhum tipo de condenação à
homossexualidade; como é conhecida nos dias atuais, mas também iremos descobrir que a Bíblia
contém muitas passagens que são afirmações positivas de amor, compaixão e heroísmo em
relação aos homossexuais.

Como surgiu a idéia de condenação da homossexualidade? Philo, que foi um importante


pesquisador do Judaísmo, e que viveu entre 20 AC ate 50 DC teve uma grande influência na
interpretação bíblica. Em relação à sexualidade ele ensinou que uma das funções primárias de
todo homem era a procriação e que toda e qualquer expressão sexual que não produzisse
descendência legítima era “antinatural”. Em um contexto onde a violência de vizinhos contra
vizinhos era muito comum e onde o tamanho de sua família (principalmente os filhos e suas
famílias) garantiria proteção, onde a única segurança e amparo dispensados aos idosos
dependeriam de seus filhos e netos, é extremamente fácil de se perceber a importância de se ter
uma abundante descendência.

Se a condenação à Homossexualidade é uma idéia da Antiguidade, porque muitas Igrejas ainda a


ensinam hoje em dia? Tradição! Tradição foi definida como a homenagem que se presta aos
mortos. Baseando seus ensinamentos nos ensinamentos de Philo e de outros, a Igreja tem
mantido as suas portas fechadas aos homossexuais durante a maior parte dos últimos dois mil
anos. Pior ainda: a história está repleta de relatos de atos lastimáveis e tortura perpetrados contra
homossexuais, sem mencionar as execuções. Os pesquisadores heterossexuais não tiveram razão
para pesquisar o que a Bíblia diz a respeito da homossexualidade e dos homossexuais. Caso
pesquisadores homossexuais tivessem pesquisado este assunto, teriam certamente sido
perseguidos e seriam eles mesmos vitima de perseguição e execução. Não se começou nenhuma
pesquisa séria a este respeito antes do século XX.

É possível que alguém se pergunte se uma das razões pelas quais a Igreja Católica tem mantido
sua postura tendenciosa, parcial e preconceituosa contra os homossexuais, ao longo dos séculos,
seria para evitar ser rotulada como uma Igreja “homossexual”, uma vez que não é permitido aos
padres e às madres o casamento.

Quer dizer que a Igreja intencionalmente omitiu informações por que estas iam contra às
tradições? Sim, os Pesquisadores têm até um nome para isto: Ciclo Hermenêutico. De uma
maneira simplificada vejamos como funciona: Hermenêutica, em primeiro lugar, é a prática da
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interpretação bíblica. A interpretação de escrituras é sempre necessária porque nem tudo o que
um escritor pensa ou experimenta pode ser interpretado literalmente ou no popular “ao pé da
letra”. Além disto, palavras podem ter mais de um significado, e em caso de interpretação de
escrituras em que foram utilizadas línguas da Antiguidade, dificuldades adicionais certamente
surgem.

A Enciclopédia Bíblica Padronizada Internacional (Vol. 2, pp. 864) declara, "O Intérprete tem
sempre que conjeturar sobre o significado de um determinado meio de comunicação que ele
deseja dominar... deve tentar vários significados diferentes possíveis que determinadas palavras
ou frases cruciais podem assumir...até que haja coerência entre estes termos crucias e a idéia
geral do texto.." Este processo pode levar dias, semanas, meses ou mesmo anos, desde o seu
início até a sua conclusão.. O Ciclo Hermenêutico ocorre quando ...”A mente do Intérprete está
tão satisfeita e encantada com toda a ”evidência” e “coerência” que a sua própria
interpretação consegue retirar do texto, que uma interpretação diferente do mesmo material
facilmente desperta uma reação marcada pela ira e pela cólera, ainda que esta interpretação
diferente também apresente “coerência” e muitas “evidências” que suportem tal interpretação.

Em outras palavras: Eu trabalhei muito para entender isto, para conceber esta idéia, e buscar
evidências que a suportem. Se você tem uma interpretação diferente, eu não quero nem saber,
não quero ouvi-la. Claro que os Pesquisadores resguardam-se quanto à esta prática lamentável,
mas em se tratando de uma assunto tão “ameaçador” , tão intimidante e delicado como a
homossexualidade, não é muito difícil de se perceber porque esse preconceito ainda persiste nos
dias atuais.

Onde começamos? Antes que possamos iniciar um estudo detalhado sobre o que a Bíblia
realmente diz ou não à respeito da Homossexualidade, temos que nos deparar com alguns pontos
enfrentados por qualquer um que queira desenvolver qualquer tipo de pesquisa séria com base
nas Escrituras. Temos que trazer a Bíblia para uma perspectiva mais próxima, tirá-la de dentro da
redoma que alguns insistem am colocá-la. Temos que nos debruçar sobre tópicos como
“infalibilidade Bíblica”, “contextualização” e “inspiração divina”.

A Infalível Palavra das Escrituras

A infalível Palavra de Deus é uma expressão muitas vezes usada para descrever a Bíblia. Até
alguns anos atrás havia um adesivo de pára-choque de carro que dizia: Deus disse isto, creia
nisto e se vire com isto. Deplorável adesivo. Mas na verdade conhecer o que Deus disse e o que
ele quer ou quis dizer com isto são duas histórias diferentes. Já que não temos os manuscritos
originais, na verdade ninguém pode ter certeza absoluta do que realmente eles continham e então
ninguém pode ter certeza absoluta do que Deus quis dizer. Para se certificar disto, simplesmente
vá a uma livraria e você vai encontrar várias versões da Bíblia, com diferentes traduções. Cada
uma destas traduções é o resultado incansável de inúmeros Pesquisadores trabalhando por anos a
fio, tentando determinar o que Deus realmente quis dizer. O que nós temos, na verdade, é a
interpretação deles do que eles pensam que Deus realmente quis dizer.

Existem vários problemas inerentes à tentativa de se traduzir precisamente a Bíblia.Os


manuscritos mais antigos que se conhece foram escritos em Hebreu e na língua antiga Caldeu.
No Hebreu Antigo não se escreviam as vogais. Alguém teve que determinar que vogais estavam
nas palavras, de acordo com o contexto do que estava escrito. Se você quer saber o quão difícil é
perceber tudo o que está escrito sem o uso de vogais, tente simplesmente voltar dois parágrafos,
retire as vogais, e veja se você pode entender perfeitamente o que está escrito. Vamos tentar com
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uma frase: mn snr d s dstn. Se você conseguiu ler: O Homem é Senhor de seu destino, você está
de parabéns. Então você já está pronto para o próximo passo. Tome as Escrituras Hebraicas,
também conhecidas como o Antigo Testamento, retire todas as vogais, e veja o que você
consegue ler e entender. Use uma versão da Bíblia que não seja uma versão “na Linguagem de
Hoje”, a qual já é por si mesma uma tradução um pouco distante do Português que falamos
correntemente, o que já representa por si só um desafio ao entendimento perfeito.

Contextualização

A regra de ouro da Hermenêutica é que qualquer passagem bíblica deve ser vista e mantida
dentro de seu próprio contexto. Durante algumas partes da pesquisa bíblica temos presenciado
intérpretes pinçando idéias e conceitos similares de várias partes diferentes da Bíblia, e
combinando-os pra que formem um pensamento ou visão mais completos e /ou complexos sobre
um determinado assunto. Esta prática têm um inestimável valor para se ter uma visão geral ou
entender melhor um determinado aspecto de uma dada posição, entretanto essa prática apresenta
o risco de se combinar dois diferentes conceitos num só, ainda que similares, a fim de um
suposto melhor entendimento ou para servir de sustentação de teses bíblicas.

Aqui tomamos como exemplo um notório exemplo de como se pode tirar passagens bíblicas de
seu contexto: Mateus 27:5 “...retirou-se e foi se enforcar”. Lucas 10:37 nos fala que Jesus disse:
...Vai, e faze da mesma maneira”.Na medida em que todos concordamos que a Bíblia em nenhum
lugar encoraja a prática do suicídio, concordamos então com a importância de se manter as
passagens dentro de seu próprio contexto.

Manter as Escrituras dentro de seu contexto significa também levar em consideração a época e a
cultura das pessoas a quem o autor estava se dirigindo, especialmente em se tratando de práticas
religiosas. Alem disto devemos também observar a cultura, língua e época da tradução em
particular que estejamos examinando. Muitas pessoas crêem na tradução João Ferreira de
Almeida, por exemplo, como sua fonte bíblica. Muitas pessoas até crêem que esta era a Bíblia
que Jesus trazia consigo. É preciso que se entenda que muitas variações existem e que podem dar
origem a interpretações as mais variadas possíveis.

Inspiração Divina

A maioria, se não a sua totalidade, dos seguidores da Bíblia irão prontamente concordar que a
Bíblia é inspirada divinamente. O que isto quer dizer? Pode ser surpreendente para você
descobrir que existem pelo menos duas linhas de pensamento sobre o significado desta
expressão. A linha de inspiração verbal acredita que o Espírito Santo ditou cada palavra das
Escrituras, e os autores atuaram meramente como secretários, ou como digitadores, usando um
vocabulário mais atual. A linha de pensamento conhecida como inspiração plena acredita que o
Espírito Santo imbuiu os autores com os conceitos a serem apresentados, mas os escritores
usaram suas próprias palavras ao transpor os conceitos à forma escrita. É importante
ressaltarmos que nem os melhores Pesquisadores conseguiram ainda encontrar uma posição clara
sobre a participação (em termos de profundidade, de participação efetiva) do Espírito em todo o
conteúdo das Escrituras.

Você pode estar se perguntando agora: Se isto é verdade, como eu posso saber se o Espírito teve
mesmo alguma participação nas Escrituras? Como eu posso saber o que é verdade e o que não é?
Como eu posso saber que tudo o que está na Bíblia representa a vontade de Deus? Com todas
estas questões você pode estar pensando que estamos sugerindo que você descarte a Bíblia.
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Nenhuma conclusão poderia estar mais distante da verdade. Você se pergunta se Deus não
poderia prever que todos estes problemas poderiam surgir por ter escolhido esta maneira de
transmitir a sua palavra? Bem, na verdade acreditamos que pretendia que a Bíblia fosse escrita
da maneira que foi. Nós, seres humanos adoramos mistérios, não é mesmo? E a Bíblia nos
oferece todos os mistérios, de todos os tempos. Entendemos também que Deus pretendia que não
houvesse uma única interpretação das escrituras. Cremos que Deus queria que houvesse espaço
para várias diferentes interpretações, vários diferentes tipos de entendimento, muitas maneiras
diferentes de se olhar as Escrituras, sempre guiadas pelo Espírito Santo. Da mesma forma que
cremos que Deus nos aceita e ama a todos nós, com todas as nossas diferenças. Cremos que no
coração de Deus exista espaço para todas as maneiras que possamos encontrar para nos trazer
mais próximos de Deus.

Sabemos que a Bíblia representa muita coisa para muitas pessoas, entretanto precisamos nos
lembrar uma coisa: a Bíblia não é Deus! Não existem quatro pessoas na Trindade, apenas três.
Cremos que muitas pessoas não conseguem perceber este fato.

Em linha com nossa definição de inspiração divina, vemos a Bíblia como um instrumento que o
Espírito Santo usa para se comunicar diretamente e pessoalmente com cada um de nós, na
medida que permitimo-lo que o faça. Durante a última ceia, Jesus explicou aos seus discípulos
sobre a vinda do Espírito Santo e disse: “Mas o Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará
em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho
dito...mas quando vier o Espírito da verdade, ele vos guiará em toda a verdade.” (João 14:26,
16:13a). Para nós, divina inspiração é o que acontece quando abrimos nossas Bíblias para ler, e
abrimos os nossos corações para sermos guiados pelo Espírito Santo para ser guiado “em toda a
verdade” para a edificação de minha vida. Nós, cristãos, gostamos de falar que temos um
relacionamento pessoal com Deus. Isso resulta num crescimento espiritual que observamos
quando abrimos nosso coração ao Espírito Santo. Esse crescimento é a maior evidência dessa
relação pessoal com Deus; essa inspiração divina.

Próximo estudo: Gênesis 19, Sodoma e Gomorra. Leia também Juízes 19

APLICAÇÃO DO ESTUDO

1. Você acredita que a Bíblia condena a homossexualidade?


2. Você acredita que o que você aprendeu enquanto criança ainda afeta a sua vida
atualmente?
3. Você está disposto e desejoso de confrontar seus paradigmas?

Então vamos fazer isto.

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HOMOSSEXUALIDADE E A BÍBLIA
(Apostila II)
Original de Bible and Homossexuality do site www.freeingthespirit.com autora Rev. Yvette
Dube, tradução livre de José Luiz V. Silva, Revisão Ortográfica Diac. Daniel.

SODOMA E GOMORRA
Gênesis 19

Pergunte a qualquer pessoa onde podemos encontrar na Bíblia a condenação da


homossexualidade, e sem dúvida a primeira resposta será a história de Sodoma e Gomorra.

No começo da história, lemos que o sobrinho de Abraão, Ló, que mora em Sodoma encontrava-
se sentado nos portões da cidade quando chegaram dois anjos, disfarçados de homens. Ló os
saudou, convidando-os a passarem a noite na sua casa. Não havia Hiltons, nem Sheratons, nem
sequer uma pequena pousada naquela época, portanto os viajantes tinham que depender da
gentileza e boa-vontade dos residentes para acomodação. "Obrigado," disseram eles, mas, vamos
pernoitar na praça, muito obrigado. Não me parece uma boa idéia, pensou Ló, e insistiu tanto
com os estrangeiros que estes não puderam negar e concordaram em ir pousar na casa de Ló.
Como um homem generoso Ló ofereceu comida e eles, após cearem preparavam-se para deitar.

Aparentemente a notícia da chegada dos homens espalhou-se pela cidade como rastilho de
pólvora, pois logo todos os homens da cidade se encontravam na porta de Ló, clamando pela
presença dos homens. No versículo 5 lemos: “...Traze-os fora a nós, para que os conheçamos”
(yadtha, ou yadha). Em algumas outras traduções lemos “...Traze-os para fora a fim de que
possamos ter relações sexuais com eles” (yadtha, ou yadha).

Ló sai de casa para tentar acalmar as pessoas da cidade. “Meus irmãos, rogo-vos que não
procedais tão perversamente; eis aqui, tenho duas filhas que ainda não conheceram varão; eu vo-
las trarei para fora, e lhes fareis como bem vos parecer: somente nada façais a estes homens,
porquanto entraram debaixo da sombra do meu telhado. Eles, porém, disseram: Sai daí. Disseram
mais: Esse indivíduo, como estrangeiro veio aqui habitar, e quer se arvorar em juiz! Agora te
faremos mais mal a ti do que a eles. E arremessaram-se sobre o homem, isto é, sobre Ló, e
aproximavam-se para arrombar a porta. Aqueles homens (os anjos), porém, estendendo as mãos,
fizeram Ló entrar na casa, e fecharam a porta; e feriram de cegueira os que estavam do lado de
fora, tanto pequenos como grandes, de maneira que cansaram de procurar a porta”.

Com o amanhecer os estrangeiros conduziram Ló, sua esposa, e suas duas filhas para fora da
cidade. Então disseram os homens a Ló: “Tens mais alguém aqui? Teu genro, e teus filhos, e tuas
filhas, e todos quantos tens na cidade, tira-os para fora deste lugar. Corram, não parem e não
olhem para trás!" E Deus mandou uma chuva de enxofre e fogo desde os céus, sobre as cidades
de Sodoma e Gomorra e as destruiu.

Essa é a história resumida da destruição de Sodoma e Gomorra. Seria uma história sobre a
homossexualidade? Será que Deus condenou os sodomitas por serem homossexuais? Teria Deus
decidido destruir as cidades de Sodoma e Gomorra e todos os seus habitantes por causa deste
único incidente de comportamento inapropriado? Antes de começarmos a examinar essa história,
cremos que é importante ressaltar que apesar do que está escrito na primeira frase acima, a
grande maioria das instituições religiosas não considera mais a história relatada, como tendo
alguma relação com a homossexualidade em si, exceto talvez alguns mais radicais ou
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fundamentalistas. Existem demasiadas evidências que provam o contrário, de fontes variadas.
Vamos examiná-las.

Ló era relativamente um recém chegado em Sodoma. Gênesis 13 nos diz que Abraão e seu
sobrinho Ló tinham residido juntos por um breve tempo, mas seus respectivos séqüitos tornaram-
se tão grandes que a terra na qual eles estiveram a viajar já não conseguia mais sustentá-los,
então eles decidiram seguir caminhos separados. Ló e sua família decidiram viajar em direção a
Sodoma. Aparentemente eles não estiveram vivendo na cidade desde há muito tempo antes da
chegada dos estrangeiros (anjos).

Parece ser da natureza das pessoas o fato de serem suspiciosas a respeito de recém-chegados.
Isto era verdade principalmente em relação àqueles dias quando as cidades eram muitas vezes
invadidas por bandos nômades de vândalos saqueadores. Ló pode ter estado lá o tempo suficiente
para ter vencido a desconfiança e ser aceito, porém quando ele convidou mais dois estrangeiros
para a sua casa, essa ação chamou imediatamente a atenção da comunidade.

É possível que, temendo uma ameaça à cidade, os homens decidiram reunir-se em tumulto na
porta de Ló, a fim de descobrirem (yadtha) quem eram tais homens e quais eram as suas
intenções? Será que os sodomitas suspeitaram que aqueles homens poderiam na verdade ser
parte de uma missão de reconhecimento enviada para infiltrar-se na cidade, a fim de descobrirem
suas vulnerabilidades e relatá-las para um eventual exército aguardando do lado de fora para
sitiá-la? Pode ser que ao reunirem-se de forma tumultuada na porta de Ló, os homens estivessem
gritando: “Quem são esses homens? Traga-os para fora a fim de que possamos descobrir o que
exatamente eles pretendem?”

Será que Deus decidiu destruir as cidades por causa do que os sodomitas disseram e fizeram
como nos relata o capítulo 19? Não! Se verificarmos no versículo 13 do capítulo13 podemos
perceber que os habitantes de Sodoma eram maus e perniciosos, e grandes pecadores contra
Deus.

Deus manifesta sua intenção no capítulo 18. Nessa passagem lemos que três homens abordam
Abraão, enquanto ele descansava em frente à sua tenda. As escrituras identificam esses três
homens como sendo o Senhor e mais dois anjos; apesar de que Abraão os reconhece como três
homens. Ele então lhes demonstra sua hospitalidade e após terem ceado dizem a Abraão que
Sara, sua esposa teria um filho no próximo ano. Sara, que estava às escondidas ouvindo a
conversa começou a rir consigo mesma, diante do absurdo que seria o fato dela engravidar sendo
já idosa como era. Quando o Senhor indaga Sara por que esta ria-se, ela nega que tivesse rido,
mas O Senhor não aceita sua negativa e afirma que ela de fato havia rido. Agora Abraão
finalmente entende com quem ele está falando.

Então Deus diz a Abraão que por causa da maldade, Sodoma e Gomorra estavam em risco de
serem destruídas. Deus enviou os dois anjos para determinarem a extensão desta maldade. Na
mesma hora Abraão lembrou-se de Ló e sua família, começando a barganhar com Deus, visando
salvá-los. "Destruirás também os justo com o ímpio?" Abraão pergunta. "Se porventura houver
cinqüenta justos na cidade?" "Não." "E se tiverem quarenta justos, ainda assim destruirias a
cidade?" "Não." "Trinta?" "Não." "Vinte?" "Não." "Dez?" "Não." Deus não destruiria a cidade
se fosse possível encontrar dez pessoas retas de coração. Entretanto como nos diz o versículo 4
do capítulo 19, todos os homens da cidade estavam batendo à porta de Ló, selando o destino da
cidade. Mas qual era o pecado deles? Era a homossexualidade? Ou era outra coisa?

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Precisamos analisar esta palavra yadtha, a qual é traduzida como conhecer em algumas versões e
fazer sexo com, em algumas outras traduções. Existem muitas palavras em Hebreu que são
traduzidas como conhecer. Nas Escrituras a palavra ‘yadtha’ significa ter completo e extensivo
conhecimento de algo ou de alguém, e inclui também ter conhecimento sexual. Mas, das 943
vezes em que essa palavra é usada nos escritos hebraicos (Antigo Testamento), somente dez
vezes ela refere-se a relações sexuais. Isto quer dizer que existem 933 vezes em que a palavra é
usada para referir-se a outras coisas que não signifiquem relações sexuais.

O que mais desejavam os homens que cercaram a casa de Ló, que não fosse saber as intenções
dos estrangeiros? É fácil perceber que, se eles estivessem achando que os estrangeiros fossem na
verdade espiões infiltrados, eles quisessem dominá-los, subjugá-los (e aqui entra um pouco de
nossa experiência pessoal, nos anos em que estivemos trabalhando no Continente Africano.
Tivemos a oportunidade de presenciar uma situação semelhante, quando uma multidão de
pessoas simplesmente trucidou completamente dois homens, porque foram acusados de estarem
passando por rádio informações à guerrilha, na cidade de Malange, que estava sendo
bombardeada. Foi absolutamente impossível para as autoridades constituídas conseguirem
controlar a população, apesar de que nunca se produziu prova de que os homens estivessem
realmente passando informações estratégicas)1. Como então eles os dominariam e subjugariam?
Uma prática comum no Oriente Médio, naquela época, em caso de alguém ser derrotado e feito
prisioneiro em uma batalha, era o intercurso sexual anal forçado. Como uma maneira de
humilhar seus prisioneiros os vencedores os violentavam.

Está claro que Ló imaginou que os homens da cidade estavam inclinados à violência sexual, uma
vez que ele decidiu oferecer suas duas filhas virgens no lugar dos homens. Apesar de que
poderíamos achar a oferta de Ló algo repugnante nos dias atuais, nos tempos de Ló a importância
da Lei da Hospitalidade e proteção de hóspedes superava a importância do amor e da proteção à
família. Na verdade, podemos concluir sem receio de enganos que o comportamento condenável
dos sodomitas foi o desrespeito ao seu próprio Código de Hospitalidade em relação aos
estrangeiros.

A Bíblia Anotada New Oxford afirma: “…a questão principal aqui é a hospitalidade aos
visitantes divinos. Nesta passagem a sacralidade da hospitalidade é ameaçada pelos homens da
cidade que queriam violentar (conhecer) os hóspedes. Apesar da implícita (e óbvia)
desaprovação ao abuso homossexual nesta passagem, o ponto principal desta passagem parece
ser a ameaça que os habitantes representam ao valor da hospitalidade. A hospitalidade é tão
valorizada neste contexto, a ponto de neutralizar a negatividade da atitude de Ló ao oferecer
suas filhas em lugar de seus hóspedes, o que hoje seria uma atitude impensável e repugnante à
qualquer leitor.”

Será que o código da hospitalidade era tão sério assim naquela época? Quando começamos a
pensar que viajantes que não tinham opção de acomodação, tinham que ficar sozinhos durante a
noite, em vielas e becos, ou ainda nas praças da cidade, ficando assim vulneráveis a ataques de
ladrões e salteadores; entendemos que uma amigável porta aberta poderia significar a diferença
entre vida e morte, então rapidamente percebemos a importância da boa-vontade de ser
hospitaleiro.

Será que a quebra do código da hospitalidade foi realmente a principal razão para a condenação
de Sodoma? Jesus achava que sim. Como nos mostra Mateus 10 também em Lucas 10, Jesus
envia seus discípulos e dá a eles autoridade para curar os enfermos, expulsar demônios e
1
Nota do tradutor JLVS
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proclamar as boas novas da salvação. Ele os ensina que quando chegassem a uma cidade
procurassem quem fôsse digno e pousasse na casa dessa pessoa. " E, se ninguém vos receber,
nem ouvir as vossas palavras, saindo daquela casa ou daquela cidade, sacudi o pó dos vossos
pés. Em verdade vos digo que, no dia do juízo, haverá menos rigor para a terra de Sodoma e
Gomorra do que para aquela cidade.

Aqui, percebemos que Cristo faz uma comparação entre a punição reservada à cidade que não
possui o dom da hospitalidade em relação aos seus discípulos, e àquela reservada à Sodoma e
Gomorra.

Existem outras evidências bíblicas que indicam que, o que os homens da cidade realmente
tencionavam eram mesmo a prática da violência sexual e do estupro? No livro de Juízes, capítulo
19, encontramos uma história semelhante a de Sodoma e Gomorra. Um homem viajando com
sua concubina chega até a cidade de Gibeá, e no verso 15 encontramos-lo sentado na praça da
cidade. Ao anoitecer vinha um velho do seu trabalho no campo, os encontra e os convida para
pousarem em sua casa. No começo do verso 22 lemos: Enquanto eles alegravam o seu coração,
eis que os homens daquela cidade, filhos de Belial, cercaram a casa, bateram à porta, e
disseram ao ancião, dono da casa: Traze cá para fora o homem que entrou em tua casa, para
que o conheçamos (yadtha’). Encontramos em algumas traduções: “Traze cá para fora o homem
que entrou em tua casa, para que tenhamos sexo com ele. (yadtha’)”.

Como na história de Sodoma e Gomorra, o velho oferece sua filha virgem à população, e o
homem oferece a sua concubina, mas os homens da cidade não estão interessados. Mas ainda
assim eles põem-na de fora, e ela foi estuprada e abusada toda a noite. Quando o dia amanhece
ela é liberada, e acaba por falecer à porta de casa.

A despeito do fato de a linguagem usada pela multidão nesta passagem ser a mesma usada na
passagem de Sodoma e Gomorra, ainda não tivemos conhecimento de nenhum pesquisador ou
comentarista sugerir que os homens de Gibeá eram homossexuais. Ressalte-se que enquanto os
Sodomitas simplesmente ameaçaram violá-los, os homens de Gibeá consumaram o fato,
chegando a causar a morte da concubina. Ainda assim, Deus não mandou imediatamente uma
chuva de enxofre e fogo sobre Gibeá como castigo pelo que os homens haviam dito. Se foi usada
a mesma linguagem, inclusive o mesmo verbo original no Hebraico (yadtha) em ambas as
histórias, por que somente os habitantes de Sodoma são considerados homossexuais? Por que
estes acabaram por estuprar a concubina, o que não se pode considerar como um comportamento
homossexual, que neste caso provavelmente não iriam querer ir além de “trocar receitas” com a
concubina? Talvez porque a história de Gibeá apresenta um detalhe adicional que não
encontramos na história de Sodoma. O homem, quando perguntado mais tarde pelos israelitas
sobre o que havia acontecido, responde (versículo 20:5): "E os cidadãos de Gibeá se levantaram
contra mim, e cercaram a casa de noite, e intentaram matar-me, e violentaram a minha
concubina, de maneira que morreu." Ele não parecia muito preocupado com sua própria ameaça
de estupro (?), do que com a intenção de matá-lo. Apesar de que Deus não fez chover enxofre e
fogo do céu sobre Gibeá, ao final do capítulo 20 lemos que todos foram mortos a fio de espada e
a cidade incendiada.

Existe qualquer outra relevante referência bíblica referente à razão que levou Deus a destruir
Sodoma e Gomorra? Sim. O grande profeta Ezequiel foi chamado por Deus para castigar
Jerusalém, que havia sido uma cidade canaanita e tornara-se judia. Deus zelava por essa cidade e
ela tornou-se próspera, mas então o poder subiu-lhe à cabeça. Voltou-se para a idolatria,
sacrifício de crianças, e estabeleceu más alianças com outras nações. Então Ezequiel foi

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chamado a repreendê-la e a comparou com “a sua irmã” Sodoma, “Eis que esta foi a iniqüidade
de Sodoma, tua irmã: Soberba, fartura de pão, e próspera ociosidade teve ela e suas filhas; mas
nunca fortaleceu a mão do pobre e do necessitado. Também elas se ensoberbeceram, e fizeram
abominação diante de mim; pelo que, ao ver isso, as tirei do seu lugar.” (Ezequiel 16:49, 50).

Agora temos pela palavra do grande profeta Ezequiel as razões pelas quais Deus destruiu
Sodoma e Gomorra. Nenhuma menção à homossexualidade, nenhuma vaga menção sequer. Os
sodomitas eram soberbos, glutões (gordos? Oh Deus, ajuda), egoístas. Não ajudavam aos mais
necessitados, julgavam-se melhores que os outros e cometiam abominações. Que ou quais seriam
tais abominações?

Na Concordância Bíblica de Strong encontramos que a palavra hebraica usada é towebah, ou


toebah, e define abominação da seguinte maneira: algo repulsivo, odioso, que causa fastio ou
seja uma repugnância, aversão; especialmente idolatria ou concretamente um ídolo. Então
Strong nos diz que o uso da palavra (toebah) está relacionado a descrever a abominação da
idolatria. Lembre-se que o primeiro Mandamento diz: ”Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei
do Egito, da escravidão. Não terás outros deuses diante de mim” (Êxodo 10:2-3).

Na concepção dos Hebreus esse mandamento é o primeiro e mais notável. Qualquer coisa
menor que a absoluta devoção a Javeh é considerada a pior atitude de uma pessoa; sendo ainda
considerada detestável, abominável.

Examinaremos as práticas idólatras quando chegarmos ao Levíticos.

Só há uma passagem na Bíblia que faz ligação entre atividade sexual com Sodoma e Gomorra e
sua destruição; no livro de Judas. Estudaremos esta passagem no próximo estudo.

Próximo estudo: Judas.

APLICAÇÃO DO ESTUDO

1. Como este estudo sobre Sodoma e Gomorra afeta seu entendimento do que a Bíblia tem a
dizer sobre a homossexualidade?
2. Este estudo foi capaz de mudar a opinião que voce tinha antes?
3. Foi completo? Respondeu todas as suas perguntas ou faltou algo?

Página 35
HOMOSSEXUALIDADE E A BÍBLIA
(Apostila III)
Original de Bible and Homossexuality do site www.freeingthespirit.com autora Rev. Yvette
Dube, tradução livre de José Luiz V. Silva, Revisão Ortográfica Diac. Daniel.

JUDAS
Decidimos estudar Judas agora, apesar de não estarmos ainda estudando o Novo Testamento
porque muito do que diz este livro tem relação com a história de Sodoma e Gomorra

A fim de facilitar nosso estudo, incluímos algumas diferentes traduções do livro de Judas.
Aconselhamos que usem também o maior número possível de diferentes versões, de maneira que
possamos ter uma idéia de como as diferenças entre uma língua arcaica e uma língua moderna
podem afetar o entendimento de algumas passagens em particular, e também a fim de que
possamos perceber como o uso de versões de linguagem atualizada e diferentes intérpretes
podem apresentar versões e visões diferentes a partir de um mesmo episódio.

Judas 7 – Versão Bíblia Eletrônica –Leandro Calçada


7 “...assim como Sodoma e Gomorra, e as cidades circunvizinhas, que, havendo-se prostituído
como aqueles anjos, e ido após outra carne, foram postas como exemplo, sofrendo a pena do
fogo eterno”.
Judas 7 – Versão Bíblia Apologética – JFA
7 “...como Sodoma e Gomorra, e as cidades circunvizinhas, que, havendo-se entregue à
fornicação como aqueles, e ido após outra carne, foram postas como exemplo, sofrendo a pena
do fogo eterno”.
Judas 7 – Versão Sociedade Bíblica do Brasil - JFA
7 “Assim como Sodoma e Gomorra, e as cidades circunvizinhas, que, havendo-se prostituído
como aqueles, seguindo após outra carne, são postas para exemplo do fogo eterno, sofrendo
punição”.

O livro de Judas é muito curto, com um capítulo apenas. Os pesquisadores não sabem com
certeza quem é o autor, mas ele se identifica como "servo de Jesus Cristo e irmão de Tiago."
Esta é na verdade a única passagem em toda a Bíblia onde é apresentada uma conexão entre
atividade sexual e Sodoma e Gomorra e sua condenação. No âmbito dessa conexão encontramos
ainda a afirmação de que não só as cidades foram destruídas, mas seus habitantes foram
aparentemente mandados pro inferno (a pena do fogo eterno). Mas qual foi pecado deles???
Bem, de acordo com Judas, e dependendo da tradução eles se deram à fornicação, e seguindo
atrás de uma “outra carne estranha” ou se deram à prostituição (imoralidade e perversão sexual).

Qual foi o pecado deles? De acordo com os ensinamentos de várias Igrejas Cristãs o pecado
deles era a homossexualidade. Será que foi? Uma versão diz que eles estavam seguindo após
outra carne2. Sabe-se que homossexuais na verdade não seguem “outra carne”, mas aqueles de
mesmo sexo. Então, pode se aplicar essa passagem a homossexuais? Não. Então a que ou a
quem essa passagem está se referindo?

Lembre-se da importância de mantermos as Escrituras dentro de seu contexto (Regra de Ouro da


Contextualização). Preste atenção nas construções gramaticais “Assim como” e “como”, com as
quais começam os versículos. Estas frases indicam uma comparação entre o que aconteceu em
Sodoma e Gomorra com o que havia acontecido antes. Voltemos ao versículo seis.
2
No original Inglês usa-se a palavra strange flesh, que se pode traduzir por carne estranha, diferente.
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Judas 6 – Versão Bíblia Eletrônica –Leandro Calçada
6 “...aos anjos que não guardaram o seu principado, mas deixaram a sua própria habitação, ele
os tem reservado em prisões eternas na escuridão para o juízo do grande dia”,
Judas 6 – Versão Bíblia Apologética – JFA
6 “E aos anjos que não guardaram o seu principado, mas deixaram a sua própria habitação,
reservou na escuridão e em prisões eternas até as juízo daquele grande dia”.
Judas 6 - Versão Sociedade Bíblica do Brasil - JFA
“e a anjos, os que não guardaram o seu estado original, mas abandonaram o seu próprio
domicílio, ele tem guardado sob trevas em algemas eternas para juízo do grande dia”.
Judas está comparando o que aconteceu em Sodoma e Gomorra com o que nós chamamos de
Anjos caídos. O que quer que tenham feito os anjos, foi algo similar ao que fizeram os habitantes
de Sodoma e Gomorra. O que será que fizeram? Encontraremos a resposta em Gênesis seis:
Gênesis 6: 1-2,4 – Versão Bíblia Eletrônica –Leandro Calçada
1 “Sucedeu que, quando os homens começaram a multiplicar-se sobre a terra, e lhes nasceram
filhas”,
2 “viram os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas; e tomaram para si
mulheres de todas as que escolheram”.
4 “Naqueles dias estavam os nefilins na terra, e também depois, quando os filhos de Deus
conheceram as filhas dos homens, as quais lhes deram filhos. Esses nefilins eram os valentes, os
homens de renome, que houve na antigüidade”.
Gênesis 6: 1-2,4 – Versão Bíblia Apologética – JFA
1 “E aconteceu que, como os homens começaram a se se multiplicar sobre a face da terra, e
lhes nasceram filhas”,
2 “viram os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas; e tomaram para si
mulheres de todas as que escolheram”.
4 “Havia naqueles dias gigantes na terra; e também depois, quando os filhos de Deus entraram
às filhas dos homens, e delas geraram filhos; estes eram os valentes que houve na antiguidade,
os homens de fama”
Gênesis 6: 1-2,4 – Versão Sociedade Bíblica do Brasil – JFA
1 “Como se foram multiplicando os homens na terra, e lhes nasceram filhas”,
2 “vendo os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas; e tomaram para si
mulheres, as que dentre todas mais lhes agradaram”.
4 “Ora, naquele tempo havia gigantes na terra; e também depois, quando os filhos de Deus
possuíram as filhas dos homens, as quais lhes deram filhos; estes foram valentes, varões de
renome, na antigüidade”.

Esses versículos são admitidamente muito controversos. Existem opiniões diversas entre os
pesquisadores sobre o que esses versículos querem dizer exatamente. Existem discordâncias
quanto a quem seriam os “filhos de Deus”. Alguns acreditam que seriam seres humanos
seguidores de Deus. Se esse argumento for verdade, por que haveria o autor de diferenciar entre
os filhos de Deus e as filhas do homem? Temos uma referência bíblica que nos indica que eles
eram seres da corte de Deus. Jô 1:6 nos diz “E num dia em que os filhos de Deus vieram
apresentar-se perante o Senhor, veio também Satanás entre eles”.

Então vemos que houve um tempo em que os anjos vieram à Terra e se sentiram atraídos pelas
mulheres. Eles casaram-se com elas e tiveram filhos. Então encontramos uma palavra peculiar
que é traduzida como gigante. Uma das versões que usamos nem sequer importou-se em traduzi-
la, mas simplesmente tomou as letras do Hebreu e a escreveu em Português (ou o que parecia
mais próximo de) Nefilim. Esta palavra é tão rara que ninguém sabe com certeza o que significa,

Página 37
mas tem algo a ver com ser estranho, esquisito, bizarro, grotesco, enorme, gigantesco. Apesar de
que seu sentido literal não é conhecido, parte de sua raiz é Naw-fal, o que significa cair ou caído.
Mas, qualquer que seja o significado, era algo que não agradava a Deus, porque resultou no
dilúvio.

Então Judas está nos dizendo que alguns anjos abandonaram seu lar celestial, e o que quer que
tenham feito, acabou por condená-los a serem acorrentados até o fim dos tempos. Gênesis 6:1-4
nos diz que aqueles anjos coabitaram com mulheres mortais (humanas) e tiveram filhos
grotescos, gigantescos. Qual foi o pecado daqueles anjos? Terem coabitado com um ser de uma
diferente ordem, de diferente espécie da sua.

Então Judas diz que, o que os sodomitas fizeram, foi o mesmo que os anjos fizeram, e como
estes, foram também punidos. Então qual foi a outra carne que os Sodomitas seguiram? Não foi
por serem pessoas do mesmo sexo, mas por serem anjos, seres de diferente espécie.

Adicionalmente ao que foi mencionado sobre os pecados de Sodoma e Gomorra, o primeiro


capítulo de Isaías indica que a razão pela qual Deus se retirou dessas cidades era porque suas
mãos estavam cheias de sangue (Isaias 1:15) e semelhantemente ao que escreveu Ezequiel, eles
eram injustos, não amparavam os oprimidos, os menos favorecidos, as viúvas e os órfãos.
(Isaías.1:17). Jeremias também lista uma série de irresponsabilidades e as atribui a Sodoma e
Gomorra.

Portanto nós podemos perceber que existiram várias razões para que Deus destruísse as cidades:
orgulho, imoralidade, falta de cuidado com os mais vulneráveis e necessitados naquela
sociedade, falta de hospitalidade e uma tentativa de abuso sexual de seres de diferentes espécies.
Nem uma única palavra sobre homossexualidade.

Para aqueles que ainda argumentam que, o que os homens de Sodoma queriam era sexo
homossexual, solicitamos que leiam Juízes 19, o que é um paralelo à história de Sodoma e
Gomorra. Naquela passagem vemos que quando a concubina foi lançada à multidão, ela foi
vítima de abuso sexual repetidamente até que morreu, da mesma maneira que teriam feito com o
homem, se o velho tivesse permitido que ele saísse da casa. Está óbvio que a intenção era
estuprar o homem e não amá-lo; devemos nos lembrar que o estupro e o abuso sexual tem
sempre a ver com violência, e não com sexo consentido, e definitivamente nada a ver com amor;
amor que acontece entre duas pessoas que por acaso são do mesmo sexo, nada mais.

Próximo estudo: Levítico

APLICAÇÃO DO ESTUDO

4. Você já ouviu falar ou havia pensado em anjos vivendo na terra, entre seres humanos? Ou
para você isso parece mais um filme de TV?
5. Este estudo foi capaz de muda-lo e ajudá-lo a compreender os porquês do dilúvio?
6. As coisas começaram a fazer sentido? Você já pode perceber que a história de Sodoma e
Gomorra não tem nada a ver com homossexualidade?

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HOMOSSEXUALIDADE E A BÍBLIA
(Apostila IV)
Original de Bible and Homossexuality do site www.freeingthespirit.com autora Rev. Yvette
Dube, tradução livre de José Luiz V. Silva, Revisão Ortográfica Diac. Daniel.

LEVÍTICO
Levítico 18:22 (JFA))
Com homem não te deitarás, como se fosse mulher, é abominação.
Levítico 20:13 (JFA)
“Quando também um homem se deitar com outro homem, como com mulher, ambos fizeram
abominação; certamente morrerão; o seu sangue será sobre eles”.

Algum tempo atrás circulava na Internet uma “carta-aberta” dirigida à locutora de um programa
de rádio conhecido por ser conservadora e homofóbica. Essa locutora usava essas passagens
bíblicas do livro de Levítico para apoiar a sua condenação à homossexualidade. A carta-aberta,
que surgiu em resposta às acusações, utiliza-se de passagens do mesmo livro do Levítico, e
estabelece questões como as que se seguem:

• Eu sei que quando eu queimo um bezerro no altar, como um sacrifício, o odor que se
desprende é cheiro suave e agradável ao Senhor. (Levítico 1:5-9) O problema são meus
vizinhos. Eles dizem que o odor não é nada agradável e ameaçam chamar a Saúde
Pública, que também não gosta do odor. Que devo fazer?
• Levítico 11:7 & 8 diz que ao tocar o cadáver de um porco me torna impuro. Poderei
praticar algum esporte com bola feita de pele de porco, caso use luvas?
• Levítico 11:12 diz que comer marisco é abominação. É uma abominação maior ou menor
do que a homossexualidade?
• Eu sei que não devo ter contacto com uma mulher durante o seu período menstrual
(Levítico 18:19). O problema é; como saber? Sempre que pergunto a maioria das
mulheres se sente ofendida.
• Levítico 19:19 me diz que não posso plantar tipos diferentes de sementes no mesmo
campo, e nem usar roupas feitas de dois tipos diferentes de material. Devo concluir que
serei condenado se tiver uma hortazinha no fundo do quintal com alguns vegetais e
temperos, ou se usar uma camisetinha básica, de algodão e poliéster.
• A maioria das pessoas que conheço corta o cabelo de vez em quando, apesar de que isso é
expressamente proibido em Levítico 19:27. Estaremos todos condenados?
• Levítico 21:16-20 declara que eu não posso me aproximar do altar de Deus se eu tiver um
defeito físico. Eu uso óculos. Será que Deus faz “vista-grossa” para este pequeno
detalhe?
• Levítico 25:44 declara que eu posso possuir escravos ou escravas desde que tenham sido
comprados em um dos países vizinhos. Um amigo meu insiste que essa regra se aplica a
Argentinos e Paraguaios mas não a Uruguaios. Poderia me orientar? Por que não me é
permitido possuir escravos uruguaios?

Parece muito claro a percepção de que é muito incoerente e até inconveniente tirar alguns versos
das Escrituras de seu contexto e tentar aplicá-los no mundo de hoje. Podemos também questionar
a validade de se aplicar algumas passagens da Bíblia a um determinado grupo de pessoas e
simplesmente ignorar o resto. Nos parece ridículo tentar aplicar nos dias de hoje as passagens do
Levítico 1:5-9, 11:7 & 8, 11:12, 18:19, 19:19, 19:27, 21:16-20, 25:44, isto para mencionar
apenas algumas passagens. Nesse caso o que justifica então os versos 18:22 ou 20:13? Enquanto
Página 39
não podemos simplesmente “jogar fora o bebê junto com a água da banheira”, nós podemos ter
os Dez Mandamentos como nosso referencial no Antigo Testamento, e os mandamentos de Jesus,
na era Cristã. Jesus nos disse que a Lei Hebraica e os ensinamentos dos Profetas poderiam ser
incorporados na Lei do Amor - amor a Deus, amor ao próximo, e amor-próprio (Amar a Deus
sobre todas as coisas e ao teu próximo como a ti mesmo). Obviamente relações incestuosas e
adúlteras, bem como molestar crianças viola a Lei do Amor, mas não o amor sincero e
compartilhado entre duas pessoas que, por acaso, são do mesmo sexo. Tão simples assim.

Mas por outro lado: Será tão simples assim??? Está bem claro na Bíblia: “um homem não se
deitará com outro homem como se fosse com uma mulher porque isto é uma abominação”.Se
isso não for uma condenação à homossexualidade o que é isto? E porque está lá então? Nós
queremos que este estudo seja completo, sem deixar áreas nebulosas, com dúvidas. Apesar de
que está claro, que não podemos pinçar umas passagens e aplicá-las nos dias de hoje, a pergunta
então é: quando e a quem esta passagem foi dirigida? Se é que foi, algum dia. Será que essa
passagem foi dirigida a algum grupo de homossexuais da Antiguidade? Para respondermos a tais
questões, precisamos observar esses versos dentro de seu contexto. Como veremos, sempre que
ocorre uma discussão sobre o significado de determinadas passagens da Bíblia, os pesquisadores
assumem diferentes abordagens para chegarem a um ponto de entendimento sobre o que eles
pensam que as Escrituras dizem. Tentaremos mostrar as várias percepções, de acordo com o
nosso entendimento delas.

Primeiramente devemos entender que naquela época as pessoas não tinham a concepção de
homossexualidade como nós temos hoje em dia. Tratava-se de uma sociedade patriarcal, gerida e
administrada pelos homens, na qual as mulheres eram consideradas propriedades dos homens.
Naquela época, sexo geralmente não tinha muito a ver com amor e muito menos com carinho.
Sexo era meio de procriação e, claro, de prazer (sobretudo para os homens), mas o sexo também
era sinal de dominação. Após as batalhas, era comum que os vitoriosos praticassem sexo forçado
com os derrotados, a fim de humilhá-los. Proprietários de escravos poderiam normalmente
praticar sexo forçado com estes como uma atitude de dominação. Para um homem livre, deitar-se
com outro homem livre da mesma tribo ou comunidade, significaria uma dominação; seria
comparável a reduzi-lo ao “status” de uma mulher, isso o desonraria. Por isso era proibido, ou
expressamente desaconselhável.

A segunda coisa que precisamos estar atentos é, que durante o êxodo Moisés designou à tribo de
Levi a atribuição de atuar como sacerdotes para o povo de Israel (Êxodo 32:29), e o livro de
Levítico foi escrito como que “instruções” ou um “código de conduta” para os sacerdotes. De
acordo com o Manual Bíblico de Abbington, o livro do Levítico:

"…refere-se às atividades dos sacerdotes Levitas, que dirigiam o povo de Deus, durante os
cultos e cerimônias de adoração. Os capítulos 17 a 26 faziam parte de um documento
independente mais antigo chamado de Código de Santidade. Muitas das leis deste código e o
restante do Levítico são da antiguidade, alguns provavelmente tirados da prática Canaanita e
adaptados nesta nova circunstância. Este conjunto de leis e ritos serviu como modelo
ritualístico e sacerdotal no templo durante o pós-exílio.” (p. 101)

Os primeiros três versículos do Capítulo 18 nos diz: Falou mais o Senhor Deus a Moisés,
dizendo: “Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: Eu sou o Senhor vosso Deus. Não fareis
segundo as obras da terra do Egito, em que habitastes, nem fareis segundo as obras da terra de
Canaã, para a qual vos levo, nem andareis nos seus estatutos." Os versículos seis até dezoito
enumeram uma série de proibições a cerca de relações sexuais entre membros da família, e o
Página 40
versículo dezenove instrui os homens a não terem relações sexuais com mulheres durante o seu
período menstrual, enquanto que o versículo vinte proíbe relações sexuais com a mulher do
próximo.

Entretanto parece que há uma mudança de assunto a partir do versículo 21, mudando da
proibição de relações sexuais com parentes e próximos para a idolatria, incluindo os versículos
22 e 23, que diz o seguinte:

Levítico 18:21-23 (JFA)


21: E da tua descendência não darás nenhum para fazer passar pelo fogo perante Moloque; e
não profanarás o nome do Senhor teu Deus. Eu sou o Senhor.
22: Com homem não te deitarás, como se fosse mulher; abominação é;
23: Nem te deitará com um animal para te contaminares com ele, nem a mulher se porá perante
um animal, para ajuntar-se com ele, confusão é.
Levítico 18:21-23 (Versão Bíblia Eletrônica)
21: "Não oferecerás a Moloque nenhum dos teus filhos, fazendo-o passar pelo fogo; nem
profanarás o nome de teu Deus. Eu sou o “Senhor”.
22: “Não te deitarás com varão, como se fosse mulher; é abominação”.

23: Nem te deitarás com animal algum, contaminando-te com ele; nem a mulher se porá perante
um animal, para ajuntar-se com ele; é confusão “.

Quem era Moloque? Em Levítico, capítulo 20, versículos um a cinco lemos:

1 “Disse mais o Senhor a Moisés:


2 Também dirás aos filhos de Israel: Qualquer dos filhos de Israel, ou dos estrangeiros
peregrinos em Israel, que der de seus filhos a Moloque, certamente será morto; o povo da terra
o apedrejará.
3 Eu porei o meu rosto contra esse homem, e o extirparei do meio do seu povo; porquanto eu de
seus filhos a Moloque, assim contaminando o meu santuário e profanando o meu santo nome.
4 E, se o povo da terra de alguma maneira esconder os olhos para não ver esse homem, quando
der de seus filhos a Moloque, e não matar,
5 eu porei o meu rosto contra esse homem, e contra a sua família, e o extirparei do meio do seu
povo, bem como a todos os que forem após ele, prostituindo-se após Moloque".

Quem era Moloque? Moloque era o deus Amonita do fogo. Muito popular e muito colorido.
Seguidores de Moloque muitas vezes pintavam o seu corpo com chamas (Note que capítulo 19,
versículo 28, instrui aos israelitas não fazerem marcas no corpo). Muitos homens costumavam
fazer suas barbas desenhadas, de maneira que essas representassem chamas de fogo, (Capítulo
19, versículo 27 instrui os homens a não cortarem os cabelos ou suas barbas de maneira
arredondadas).

Moloque era um deus muito exigente, e uma de suas exigências era o sacrifício de crianças. A
fim de saciar e acalmar Moloque, uma criança tinha que, de tempos em tempos, ser queimada
até a morte. Era comum que deuses pagãos exigissem sacrifício humano. Mas a religião hebraica
era muito diferente. Deus chamou as pessoas para separá-las, para fazê-las diferentes de seus
vizinhos. Enquanto os deuses pagãos exigiam sacrifícios humanos, na religião hebraica era
exatamente o contrário: Deus seria sacrificado pelo homem (Isaías 53).

Página 41
Lembre-se que o primeiro mandamento, e de acordo com Jesus o maior deles, diz: Ouça ó
Israel, O senhor é o teu Deus, O Senhor é o teu único Deus! Se este é o maior mandamento
conseqüentemente o maior pecado é a idolatria. Não se deve desonrar Deus, então oferecer
sacrifícios para Moloque evocaria pena de morte. Apesar de que possa parecer triste e até mesmo
absurdo nos dias atuais, o pecado não era o sacrifício de crianças, mas a idolatria que era
considerada o verdadeiro mal, como vemos na última linha acima, aqueles que se prostituem
após Moloque.

Mantendo a temática na idolatria, em respeito ao versículo 22, note a instrução no versículo três,
de não fazer como os moradores de Canaã. Lembre-se que os Hebreus eram um povo nômade,
enquanto os Canaanitas eram um povo agrícola. A religião Canaanita gravitava em torno da
fertilidade da terra e das pessoas. A expressão desta fertilidade inserida na religião era
demonstrada através das visitas ao templo do (a/s) deus (a/s) e envolvimento em relações sexuais
(geralmente do mesmo sexo) com o sacerdote ou sacerdotisas disponíveis no templo. Então o
versículo 22 instrui os Hebreus a não se deitarem com um homem, como se fosse uma mulher
em um sentido ritualístico por causa de sua toebah–isto é sua abominação abominação–isto é sua
idolatria.

Da mesma maneira, o versículo 23 instrui as pessoas, e especialmente as mulheres a não se


envolverem em sexo com animais, porque isso era considerado uma forma de idolatria. A
Enciclopédia Bíblica Padronizada Internacional considera:

Estas proibições referentes às relações com animais podem ter sido formuladas com a finalidade
de distinguir os israelitas dos canaanitas, pois estes últimos eram considerados por alguns
estudiosos como praticantes costumeiros de práticas ritualísticas de cópula com animais. (Vol.
1, pp. 443)

Um outro ponto a se considerar é que JFA traduz como confusão a palavra hebréia tebel, que
significa mistura, mescla, antinatural, anormal. Como vemos no estudo de Judas/Sodoma, o
pecado envolve a mistura de espécies diferentes.

Na versão JFA, no Deuteronômio 23:17 encontramos o seguinte: Não haverá prostituta dentre as
filhas de Israel; nem haverá sodomitas dentre os filhos de Israel. Entretanto em algumas versões
mais modernas (Bíblia Eletrônica, por exemplo) encontramos a seguinte tradução: Não haverá
dentre as filhas de Israel quem se prostitua no serviço do templo, nem dentre os filhos de Israel
haverá quem o faça. O que causou tamanha mudança? Quando a palavra sodomita
(presumidamente significando homossexual, na visão de muitas igrejas), passou a significar
prostituto do templo ou do culto?

Bem, para responder a essa pergunta teremos que aguardar até a próxima apostila.

Próximo estudo: Deuteronômio

Página 42
HOMOSSEXUALIDADE E A BÍBLIA
(Apostila V)
Original de Bible and Homossexuality do site www.freeingthespirit.com autora Rev. Yvette
Dube, tradução livre de José Luiz V. Silva, Revisão Ortográfica Diac. Daniel.

DEUTERONÔMIO
Deuteronômio 23:17 (JFA)
Não haverá prostituta dentre as filhas de Israel; nem haverá sodomita dentre os filhos de Israel.
Deuteronômio 23:17 (Versão Bíblia Eletrônica)
Não haverá dentre as filhas de Israel quem se prostitua no serviço do templo, nem dentre os
filhos de Israel haverá quem o faça.

Em nosso estudo sobre o livro do Levítico aprendemos que a religião do povo agrícola de Canaã
gravitava em torno da fertilidade da terra e das pessoas, e que a expressão desta religiosidade
traduzia-se na ida aos templos dos (as) deuses (as) e manter relações sexuais (muitas vezes
relações entre pessoas do mesmo sexo) com os sacerdotes ou sacerdotisas do templo. Onde está a
evidência dessa atividade? Se isto é verdade porque essa informação não é mostrada nas
escrituras? Parece que a Bíblia associa estas passagens ao homossexualismo e não à idolatria.
Por que será?

Nas passagens acima, perceba que a versão JFA traduz Deuteronômio 23:17 proibindo a
prostituição por parte das filhas de Israel, ou a sodomia por parte dos filhos de Israel. A tradução
JFA deriva da versão King James, escrita em nos anos 1600. Uma versão mais recente, por
exemplo a da Bíblia. Eletrônica que usamos, derivada da versão (NIV), a qual foi produzida no
século XX traduz o mesmo versículo proibindo a prostituição no serviço do templo. O que
poderia ter causado a mudança do significado da palavra? Desde quando um sodomita (que
muitas igrejas insistem em identificar como homossexual) tornou-se um prostituto ou prostituta
do templo?

Devemos atentar para o fato de que apesar de serem mencionados na Bíblia, esta não relata a
história dos canaanitas, mas sim a história do povo hebreu e de sua relação com Deus. Em parte
alguma da Bíblia podemos encontrar relatos a respeito de como viviam os canaanitas nem de
suas práticas. Até o século XX, o conhecimento da cultura dos canaanitas estava limitado a três
principais fontes:

1. Artefatos produzidos por pesquisas arqueológicas.


2. Literatura de povos que viveram na mesma época, mas pouquíssima informação está
disponível, a partir desta fonte, sobre os costumes dos Canaanitas.
3. Escrituras Hebraicas.

Entretanto nenhum dessas fontes pôde disponibilizar informações sobre a filosofia, práticas e
crenças canaanitas.

Em 1928 um camponês sírio estava arando a sua terra quando a sua enxada partiu um pedaço de
terra que resultou na descoberta de um buraco enorme. Este buraco, mais tarde revelou-se como
sendo a cidade canaanita de Ugarit, que havia sido soterrada. Nesta cidade havia uma biblioteca
onde logramos encontrar informações sobre as práticas religiosas dos canaanitas que
conhecemos hoje. E não somente na biblioteca, mas nos lares também encontramos muitas

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informações sobre a religião canaanita. Só em uma casa encontramos mais de 80 textos sobre
práticas religiosas canaanitas.

Qualquer estudioso da Bíblia, mesmo aqueles com um interesse limitado já ouviram falar dos
“manuscritos do Mar Morto”, mas em comparação pouquíssimos ouviram falar das descobertas
de Ugarit. Entretanto se você entrar na Internet e fizer uma pesquisa com base na palavra
“Ugarit”, você descobrirá que existem mais de 8500 sites e artigos disponíveis. Os textos
encontrados em Ugarit foram escritos em seis línguas. Apenas uma parte relativamente pequena
da quantidade enorme de material encontrada foi traduzida até o presente, mas o material
traduzido tem causado um grande impacto no conhecimento da Bíblia, refletindo-se em
mudanças significativas nas traduções mais recentes. Muitas passagens obscuras e confusas têm
sido corrigidas, em alguns casos, e em outros tem sido clarificadas.

Na época em que a versão King James (da qual deriva a JFA) foi escrita, ninguém havia ainda
ouvido sobre prostituição nos templos. Por outro lado a versão NIV, escrita após a descoberta de
Ugarit, mostra no versículo acima apenas uma das mudanças ocasionadas pela descoberta de
Ugarit.

O Almanaque da Bíblia, edição 1980 declara:


Nas Religiões em que a fertilidade representa um importante papel, como aquelas encontradas
em Ugarit, uma grande ênfase é dada à reprodução da terra, às colheitas, e ao principal órgão
reprodutor feminino, o útero. Esta ênfase explica a importância dos intercursos sexuais. A
Bíblia e os textos canaanitas encontrados em Ugarit usam as palavras qadesh e qedesha, que
significam "o sagrado"–sendo a primeira masculina e a segunda feminina. Em Ugarit, estes
“sagrados” eram sacerdotes e sacerdotisas homossexuais que agiam como prostitutos (as).
Percebemos uma forte reação hebréia contra esta prostituição ritualística nas passagens do
Levítico 19:29., "Não contaminarás a tua filha, fazendo-a prostituir-se...” e em Deuteronômio
23:17, "Não haverá prostituta (qedesha) dentre as filhas de Israel, nem haverá sodomita
(qadesh) dentre os filhos de Israel." (pp 146)

Temos visto aqui a tradução moderna de Deuteronômio 23:18, a condenação não é a condenação
da homossexualidade (sodomia) mas a condenação da prostituição ritualística. Agora, quando
lembramos as palavras com as quais começa o capítulo 18 de Levítico, “…nem fareis segundo as
obras da terra de Canaã, para a qual vos levo, nem andareis nos os seus estatutos.”, e as
comparamos com a explicação acima, começa a ficar mais claro que, não apenas em
Deuteronômio 23:18, mas também Levítico 18:22 e 20:13 são veementes condenações à idolatria
e não à homossexualidade. Na verdade veremos que este assunto de prostituição no templo, com
fins ritualísticos, aparecerá novamente, quando estudarmos as passagens que são mais
conhecidas e usadas e que supostamente condenam a homossexualidade nas escrituras.

Esta é a resposta para a questão: Onde está a evidência desta atividade? Agora, vamos responder
a segunda questão: Se isto é verdade por que esta informação não é mostrada nas escrituras?;
Como vimos, quando comparamos algumas versões mais antigas com as mais modernas
encontramos as evidências. Entretanto salientamos que algumas versões modernas ainda usam o
termo homossexual ao invés de prostitutas (os) do templo. A fim de saber o que realmente os
escritores originais pretendiam dizer, é extremamente importante que se use uma boa
concordância bíblica e um dicionário bíblico, de maneira que se possa verificar o significado das
palavras na língua original em que foram escritas. Não é necessário conhecer a língua original
para se proceder a tal pesquisa, apesar de que isto significa que será necessário, na maioria das
vezes, ler mais de uma versão a fim de descobrir qual a palavra originalmente usada.
Página 44
Por que é que parece que estas passagens, da maneira que são mostradas na Bíblia, tem mais a
ver com a homossexualidade do que com a idolatria? Como já vimos, várias interpretações das
passagens alem de traduções de qualidade duvidosa nos levam a crer que essas passagens tratam
de homossexualidade. Devemos lembrar que as Escrituras devem ser lidas dentro de seu
contexto, e contexto não se refere apenas a manter as passagens em ordem cronológica nas
Escrituras, mas devem ser examinadas levando-se em consideração a época, a cultura e o povo
ao qual elas se dirigiam. Muitas vezes é necessário buscar fontes fora da Bíblia, e estar imbuídos
de boa-vontade para pesquisar de maneiras a conhecer e entender o verdadeiro significado das
passagens. Este é o propósito dos Estudos Bíblicos.

Se os textos encontrados em Ugarit nos mostram que as passagens referidas representam uma
condenação à prostituição ritualística ao invés de condenação à homossexualidade, por que
tantas igrejas ainda mantêm suas antigas visões condenatórias? Tradição é a homenagem que
prestamos aos mortos! É muito difícil convencer algumas pessoas a deixar suas idéias pré-
concebidas, pontos-de-vista e crenças que foram consolidados com o tempo. Além do mais,
foram utilizados anos de pesquisa e estudos, uma vez que algumas interpretações e conclusões
atingiram um certo nível de aceitação do que é, na visão deles, a verdade, a simples idéia de uma
interpretação diferente pode ser encarado como um desafio à fé que possuem. Ao invés de serem
capazes de adotar uma posição de compreensão e receptividade a um ponto-de-vista diferente;
costumeiramente eles sentem-se ameaçados em sua fé, e não raro reagem com ira e fecham-se
completamente às possibilidades de uma visão a partir de um ângulo diferente (Veja Círculo
hermenêutico na Apostila nr. 1 de nosso estudo Bíblia e Homossexualidade.) Uma nova idéia ou
interpretação pode provocar dúvidas sobre o que eles já aceitaram e muitos crêem que duvidar
pode ser contrário à fé.

Ainda assim consideramos que fé sem questionamentos não é fé. A fé cresce e consolida-se
através do questionamento, quando estamos dispostos a desafiar nossos questionamentos,
pesquisar e crer na orientação do Espírito Santo que nos "guiará em toda a verdade." (João
16:13). Lembre-se que quando Tomé expressou suas dúvidas sobre a ascensão de Cristo, Jesus
não o ridicularizou nem o condenou por suas dúvidas. Jesus abriu suas mãos e convidou a tocar
nas suas feridas (João 20:29). Jesus ofereceu a prova que Tomé necessitava. Pesquisadores e
estudantes da Bíblia que querem fazê-lo seriamente não devem temer a confrontação de seus
paradigmas espirituais. Creia que o Espírito santo esta aí para ajudá-lo. Sua fé aumentará!

Deuteronômio 23:18
Não trarás o salário da prostituta nem o aluguel do sodomita para a casa do Senhor teu Deus
por qualquer voto, porque uma e outra coisa são igualmente abomináveis ao Senhor teu Deus.

NOTA: algumas versões utilizam a palavra cão, ao invés de sodomita.

O vocábulo traduzido como sodomita ou cão, de acordo com algumas versões, na linguagem
original era keleb, o qual significa latir, ganir ou uivar ou ainda atacar; ou cão; e
conseqüentemente (por eufemismo) um praticante da prostituição masculina (Strongs #3611) A
questão entretanto é: de que tipo de prostituição estamos falando? Os pesquisadores apresentam
opiniões diferentes. Na série ”Estudos Bíblicos Diários” o autor do estudo do livro de
Deuteronômio, David F Payne, escreve somente isto a respeito desta passagem:

“Versículos 17-18: debruça-se sobre a prática de ritos religiosos, e proíbe a prática de


prostituição em nome de Javeh (a palavra traduzida como cão, conseqüentemente significa
praticantes de prostituição ritualística, muito comum na religião canaanita)”.
Página 45
Por outro lado A Nova Bíblia Anotada Oxford escreve sobre os versículos 17-18:

"Estes versículos pressupõem a inevitabilidade da prostituição, enquanto proíbe esta prática


aos Israelitas de maneira a preservar a santidade do templo e do Povo. (versículo 17)
Prostituição no serviço do templo (Hebraico "qedesha"), esta tradução admite crer na
existência de uma prostituição considerada “sagrada” em Israel e na região do antigo Oriente
Próximo, para a qual existe pouca evidência. È mais provável que o vocábulo "qedesha" seja
um eufemismo padrão para o termo prostituta/o, considerado grosseiro. (vs. 18). A mesma
alternação entre os mesmos termos aparece em Gen. 38:15,21. A palavra deve ser mais bem
traduzida como “separado”, algum posto a largo, separado da sociedade (versículo 18). A fim
de manter a santidade, a lei proíbe a contribuição ao Templo, com o produto da prostituição.

È interessante notar ainda que apesar de que Oxford aparentemente não leva em consideração as
informações produzidas a partir dos textos de Ugarit, e pressupõe que ambos os versículos
referem-se tão somente à prostituição normal é como conhecida, (ou seja aqueles não ligados à
prostituição ritualística, ou a serviço do templo); ainda assim em sua própria tradução dos
versículos usa a sentença prostituição à serviço do templo. Encontramos o mesmo paralelo de
palavras (prostituto/a e prostituto/a a serviço do templo) em Gen. 38:15, 21. É ainda mais
interessante notar que no comentário acima a palavra "qedesha" pode ser mais bem traduzida
como “separado, alguém que vive ao largo” o que comumente significa alguém separado para o
Serviço de Deus, para servir a Deus. Vale salientar que as duas escolas de pensamento tem
interpretações diferentes do significado destes versículos, e nenhum deles chegou a nenhuma
conclusão se o mesmo estaria relacionado à homossexualidade.

O objetivo da apresentação dessas duas linhas de pensamento conflitantes não foi absolutamente
de confundi-los, mas tão somente de demonstrar que até os maiores estudiosos da Bíblia,
professores, e instituições de ensino nem sempre concordam entre si à respeito do exato
significado das Escrituras, e atente para o fato de como o Círculo Hermenêutico pode influenciar
neste processo.

Minha interpretação pessoal dessas passagens resume-se assim: Israelitas não devem envolver-se
em prostituição no templo, porque essas são práticas idólatras (conseqüentemente abominação).
Próximo estudo: Deuteronômio 22:5

Página 46
HOMOSSEXUALIDADE E A BÍBLIA
(Apostila VI)
Original de Bible and Homossexuality do site www.freeingthespirit.com autora Rev. Yvette
Dube, tradução livre de José Luiz V. Silva, Revisão Ortográfica Diac. Daniel.

DEUTERONÔMIO
Deuteronômio 22:5 (JFA)
Não haverá traje de homem na mulher, e nem vestirá o homem roupa de mulher, porque,
qualquer que faz isto, abominação é ao Senhor teu Deus.

Essa é a única passagem em toda a Bíblia que trata do hábito de se usar roupas do sexo oposto
(conhecido em nossa cultura como travestismo, apesar de que para muitos este termo aplica-se
tão somente ao homem usa roupas femininas). A fim de padronização, salientamos que
utilizaremos o termo travestismo quando nos referirmos ao uso de roupas próprias de um sexo
por uma pessoa do outro sexo, independentemente de qual sexo estejamos nos referindo.

A Nova Bíblia Anotada Oxford afirma, "A proibição contra o travestismo procura sobretudo
estabelecer os limites de gênero. Uma similar preocupação com limites é evidente nos versículos
10-12. Nestes versículos lemos: Não lavrarás com junta de boi e jumento. Não te vestirás de
diversos estofos de lã e linho juntamente. Franjas porás nas quatro bordas da tua manta, com
que te cobrires.

Enquanto os versículos dez e onze parecem observar ao extremo o conceito de não misturar
“espécies diferentes”, o versículo doze nos mostra que na verdade o que as escrituras tentam nos
ensinar é o conceito de separação. Os Israelitas deveriam ser um povo separado, e distinto
daquele povo que habitava a terra para a qual eles mudaram-se.

Devemos também lembrar,que numa cultura basicamente patriarcal, para um homem fazer
qualquer coisa que pudesse ser considerada como feminina, seria uma degradação de sua
masculinidade, e por extensão degradação da masculinidade de um modo geral. A hierarquia
daquela sociedade, fundamentada no gênero (sexo) tinha uma base bíblica. E formou o SENHOR
DEUS o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito
alma vivente. (Gen. 2:7) Ao homem foi dado o fôlego do próprio Deus, portanto o homem era o
ser vivente mais aproximado de Deus. Mas o homem estava sozinho, e Deus entendeu que isto
não era bom. Deus então decide criar uma auxiliadora idônea. (Gen. 2:18, 20a) Nos versículos
21-22 lemos que Deus então causou um sono profundo no homem, retirou uma de suas costelas e
formou dela a mulher.

Interpretamos essa passagem como nos dizendo que, já que Deus soprou dentro do homem o seu
próprio fôlego de vida, o homem é portanto a criatura mais aproximada de Deus. A mulher,
entretanto, foi criada a partir do homem, estando a um degrau abaixo do homem, na proximidade
de Deus. Ainda mais, como a mulher foi criada com a finalidade de auxiliar o homem, isto era
interpretado como se ela fosse criada para ser uma escrava para o homem, novamente
demonstrando que ela estava a um degrau abaixo do homem. Por conseguinte, um homem que se
vestisse de mulher estaria se diminuindo, e por implicação estaria rebaixando todos os homens
ao nível das mulheres. Da mesma forma a mulher não deveria usar vestes masculinas, pois ao
fazê-lo ela estaria sendo elevada ao “status” de homem e causando descrédito e vergonha aos
homens.

Página 47
David Payne escreve na série “Estudos Bíblicos Diários” sobre Deuteronômio 22:5:

Existem razões para crermos que a Lei descrita no versículo cinco não esteja relacionada com a
aberração sexual (segundo palavras do autor) conhecida como travestismo, mas que seja um
repúdio a certas práticas pagãs daquela época. Portanto esta lei, hoje em dia, não seria mais do
que um guia de distinção, do que aquela descrita no versículo doze, a respeito das franjas das
bordas da manta a ser usada pelos Israelitas. Estas franjas, qualquer que seja a sua origem,
pretendiam lembrar a cada um dos Israelitas da sua obrigação de obedecer a Deus e à sua lei.
Com efeito, estas franjas fizeram os Israelitas distintos dos Canaanitas, na sua maneira de
vestis.

Existem evidências que indicam que os praticantes da prostituição no templo, especialmente os


homens, usavam roupas do sexo oposto. Se aceitarmos esta afirmação, podemos então concluir
que as instruções contrárias ao “travestismo” encontradas em Deuteronômio 22:5 na verdade nos
dizem que:

1. Os Israelitas devem ser imediatemente identificados como tal, ou seja eles não devem
agir nem vestir-se como os habitantes das terras para onde Deus os tem trazido.
2. Os Israelitas devem observar as separação de gênero, de maneira a não macular a imagem
masculina com a feminina (sociedade patriarcal, machista).
3. Os Israelitas não devem involver-se em práticas idólatras.

Aparentemente Jesus não estava muito incomodado com vestimentas. De fato, no seu Sermão da
Montanha, encontramos este ensinamento: "E quanto ao vestuário, por que andais solícitos?
Olhai os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham nem fiam; E eu vos digo que nem
mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer um deles. Pois se Deus assim
veste a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, não vos vestirá muito mais
a vós, homens de pouca fé?” (Mateus. 6:28-30) 3

SUMÁRIO DE PASSAGENS RELEVANTES NAS ESCRITURAS HEBRAICAS

Note bem que todos os livros das escrituras, os quais consistem em 24 livros na Bíblia Judia e 39
livros na Bíblia Protestante, (a Bíblia Católica tem livros e passagens adicionais)–de toda esta
literatura somente quatro passagens que são erroneamente interpretadas como condenatórias da
homossexualidade e uma que trata da questão do uso de roupas do sexo oposto. A história de
Sodoma e Gomorra não condena o homossexualismo em si, mas sim os repetidos atos de falta de
solidariedade em relação aos outros, que culminou com a tentativa de estupro dos visitantes
angelicais de Ló. As passagens citadas, nos livros de Levítico e Deuteronômio não são
condenações à homossexualidade em si, mas à prática de atividade sexual realizada durante
cultos aos ídolos. Essas condenações, em linha com o Primeiro Mandamento representam uma
condenação à IDOLATRIA. O termo sodomita aparece ainda em várias outras passagens da
Bíblia, mas em nenhuma delas este termo têm a conotação “homossexual”, que se tenta atribuir,
devendo na verdade ser substituído por prostitutos ritualísticos ou do templo.

3
Nota do Autor: Para que não seja acusado de tirar coisas de seu contexto; o autor entende que a
maioria das pessoas a quem Jesus estava se dirigindo, eram pessoas que viviam em condições de
pobreza extrema, e que lutavam com dificuldade para sobreviver; Jesus os dizia para que não se
preocupassem, mas que colocassem a fé em Deus, que supriria as necessidades deles.O autor tenta
mostrar que Deus, na verdade não mostra preocupação com o que as pessoas devem ou não vestir,
portanto por que se preocupa a sociedade?
Página 48
Por mais incrível que possa parecer para alguns, além de não haver palavras de condenação à
homossexualidade nas Escrituras, podemos ainda afirmar que existem várias passagens que
apresentam uma imagem positiva da homossexualidade. Veremo-nas mais adiante, na medida em
que prossegue o nosso estudo.

A PERSPECTIVA CRISTÃ

Todos aqueles cristãos que tentam aplicar a sua própria interpretação das Escrituras na sua
própria vida ou na vida de outrem estão, na verdade violando os ensinamento de Cristo. Paulo,
na sua carta aos Gálatas nos fala a respeito da Lei: "Todos quantos, pois, são das obras da lei
estão debaixo de maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanece em
todas as coisas escritas no Livro da Lei, para praticá-las. É evidente que, pela lei, ninguém é
justificado diante de Deus, porque o justo viverá pela fé” (3:10,11). Paulo continua a explicar:
“Mas, antes que viesse a fé, estávamos sob a tutela da lei e nela encerrados, para que essa fé
que, de futuro, haveria de se revelar. De maneira que a lei nos serviu de aio para nos conduzir a
Cristo, a fim de fôssemos justificados pela fé. Mas, antes, tendo vindo a fé, já não
permanecemos subordinados ao aio." (3:23-25).

Não interprete mal esse ensinamento. Paulo não está de maneira nenhuma tentando diminuir ou
depreciar a Lei Judaica. Ele mesmo era judeu e um fariseu. Na sua juventude ele era
extremamente zeloso em relação às tradições de seus pais (Lei), segundo o que ele nos revela em
Gálatas 1:14.. Mas a Lei foi designada para um período específico no mundo, o período prévio à
vinda do Messias.

Jesus nos explica em Mateus 5:17, "Não penseis que vim para revogar a Lei ou os Profetas; não
vim para revogar, vim para cumprir." Jesus, o Messias Judeu, cumpriu e complementou a Lei.
Em outras palavras, os seguidores de Jesus Cristo, os cristãos, não mais estão sob o jugo da Lei
Judaica mas sob a Graça de Deus. Paulo nos explica: "Não anulo a graça de Deus; pois, se a
justiça é mediante a lei, segue-se que Cristo morreu em vão!" (Gálatas 2:21)

Conseqüentemente, já que os cristãos estão vivendo sob a Graça e não mais submetidos à Lei,
não podem então querer que outros ou eles mesmos estejam ainda atados a esta mesma Lei. Os
que insistem em fazê-lo estão, como Paulo nos diz de forma tão eloqüente, sob maldição. Esses
condenam-se a si mesmos a estarem completamente inertes, de pés e mãos atados, pela própria
Lei.

Como já vimos anteriormente seria praticamente impossível cumprir a Lei na sua integridade. O
sacrifício de animais, bem como a queima destes holocaustos, por exemplo, não é mais permitida
ou legal nos dias atuais. No livro de Atos, no décimo capítulo encontramos uma pequena história
que demonstra que os requerimentos da Lei foram concluídos e não são mais aplicáveis. Pedro
tem uma visão na qual ele estava faminto, os céus se abriram e um grande lençol desceu dos céus
com toda a sorte de animais-permitidos e proibidos, e ouviu uma voz do céu que lhe disse:
"Levanta-te Pedro, mata e come. ‘De modo nenhum, Senhor.’ Pedro retrucou. ‘Porque jamais
comi coisa alguma comum e imunda.’ A voz respondeu: ‘Não considere impuro aquilo que Deus
purificou.’" Atos 10:13-15)

Mais ainda, em Hebreus 10:4 aprendemos que é impossível que o sangue de touros e de bodes
remova pecados, e continuamos a aprender no versículo dez que pela vontade de Deus temos
sido santificados mediante a oferta do corpo de Jesus Cristo de uma vez por todas. Então vemos

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que de acordo com ambos os livros (Atos e Hebreus) as práticas estipuladas pela Lei foram
complementadas pelo sacrifício de Jesus Cristo e já não se aplicam mais aos cristãos.

Cristãos, se a Lei já não mais se aplica, então é um GRANDE ERRO tentar aplicar qualquer
parte desta mesma Lei à vida de qualquer pessoa.! A única Lei que os Cristãos devem seguir é a
Lei do Amor, como ensinada por Jesus Cristo-que devemos amar a Deus sobre todas as coisas e
ao próximo como a nós mesmos.

Próximo estudo: Romanos 1

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HOMOSSEXUALIDADE E A BÍBLIA
(Apostila VII)
Original de Bible and Homossexuality do site www.freeingthespirit.com autora Rev. Yvette
Dube, tradução livre de José Luiz V. Silva, Revisão Ortográfica Diac. Daniel.

ROMANOS 1
Romanos 1:18-29

18 Pois do céu é revelada a ira de Deus contra toda a impiedade e injustiça dos homens que
detêm a verdade em injustiça. 19 Porquanto, o que de Deus se pode conhecer, neles se
manifesta, porque Deus lho manifestou. 20 Pois os seus atributos invisíveis, o seu eterno poder e
divindade, são claramente vistos desde a criação do mundo, sendo percebidos mediante as
coisas criadas, de modo que eles são inescusáveis; 21 porquanto, tendo conhecido a Deus,
contudo não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes nas suas especulações se
desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu. 22 Dizendo-se sábios, tornaram-se
estultos, 23 e mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem
corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis. 24 Por isso Deus os entregou, nas
concupiscências de seus corações, à imundícia, para serem os seus corpos desonrados entre si;
25 pois trocaram a verdade de Deus pela mentira, e adoraram e serviram à criatura antes que
ao Criador, que é bendito eternamente. Amém. 26 Pelo que Deus os entregou a paixões infames.
Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural no que é contrário à natureza; 27
semelhantemente, também os varões, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua
sensualidade uns para como os outros, varão com varão, cometendo torpeza e recebendo em si
mesmos a devida recompensa do seu erro. 28 E assim como eles rejeitaram o conhecimento de
Deus, Deus, por sua vez, os entregou a um sentimento depravado, para fazerem coisas que não
convêm;,…

Quando nos confrontamos com coisas que não entendemos completamente é natural que
fiquemos desconfiados e temerosos. Quando ouvimos pessoas expressando emoções de maneira
completamente contrárias ao que sentimos, e talvez nós podemos fazer uma auto-análise e pensar
“eu jamais poderia pensar desta maneira”. É normal que essa atitude provoque uma pausa para
pensar, para refletir. É normal que busquemos questionar no mais íntimo de nosso ser “será que
poderia pensar dessa mesma maneira?” Quando nosso Pastor, ou líder espiritual, ou rabino, sobe
em um púlpito e denuncia pensamentos, descreve emoções como pecaminosas, demoníacas,
depravadas, doentes; quando um homem de Deus faz alusão à Bíblia como prova da
pecaminosidade de alguém; bem, a quem recorrer? Como argumentar? A Bíblia diz isto, eu creio
nisto e ponto final.

Quando é dito que a Bíblia aprova e autoriza a escravidão, poucos contestaram esta teoria
durante séculos. Quando é dito que a mulher deve ser submissa ao homem porque está expresso
na Bíblia, somente as mulheres expressaram objeção, mas quem as ouviu? Bem, na verdade em
algumas partes do mundo, elas ainda não são ouvidas. Quando foi dito que feiticeiros devem ser
executados, muitas mulheres foram mortas, aliás muitas mulheres eram culpadas apenas pelo
crime de serem velhas, ou não serem simpáticas. Quem liga para isso? Quando foi dito que a
Bíblia diz que homossexuais devem ser mortos, eles foram atados em postes e queimados.
Através dos anos esses crimes foram todos perpetuados em nome de Deus, como interpretados
na Bíblia.

Página 51
Vivemos no século 21, e a maioria das pessoas já não acredita que a Bíblia justifique a
escravidão e promova a subserviência da mulher; e mulheres não são mais executadas por
feitiçaria, ao menos nas nações ocidentais. E quanto aos homossexuais??? Bem, na verdade
homossexuais ainda são perseguidos e executados, assim como minorias raciais que ainda são
perseguidos e executados também. Todos culpados pelo pecado de serem diferentes.

Em púlpitos ao redor do mundo, muitos ministros de Deus, ainda descrevem homossexuais como
maus, demoníacos, pecaminosos, depravados, doentes e loucos, e até fazem alusão à Bíblia como
prova de “sua” pecaminosidade. Uma das duas passagens bíblicas mais citadas que são usadas
como prova de que a Bíblia condena a homossexualidade é:

Romanos 1:26-27

“Pelo que Deus os entregou a paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso
natural no que é contrário à natureza; semelhantemente, também os varões, deixando o uso
natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para como os outros, varão com
varão, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a devida recompensa do seu erro.”

O que se segue, nos versículos 28 a 32 é uma verdadeira lista de todas as formas de mal e
depravação. Esses dois versículos acima, retirados de seu contexto, e seguidos dessa lista dos
horrores, certamente causam a impressão de que Deus considera os homossexuais, e a
homossexualidade particularmente como maléfica e depravada. É o que acontece quando alguém
ignora o contexto da passagem acima descrita.

Se levarmos em consideração o contexto, encontraremos um quadro completamente diferente do


que é aquilo que Deus realmente condena. Ao contextualizarmos vamos perceber que a linha de
raciocínio de Paulo inicia-se no versículo 18 e segue até o fim desse capítulo, como mostrado no
início deste estudo.

Algumas coisas desagradam a Deus, é verdade, mas Deus está a irar-se com aqueles que:

• omitem a verdade de Deus,


• não honram, não glorificam, nem são gratos e reconhecidos a Deus,
• substituem a verdade de Deus pela mentira, e
• adoram e servem aos ídolos ao invés do Criador.

Em uma palavra: idólatras.

A ira de Deus está direcionada àqueles que praticam idolatria em todas as suas formas. Note que
as três primeiras palavras do versículo 27, independentemente de que tradução se use, se refere a
algo que acontece anteriormente Pelo que…; por causa…; Por isso… Os versículos 26 e 27 não
são versículos auto-suficientes. Eles explicam quem provoca a ira de Deus, e o que causa o seu
comportamento anômalo. Idólatras provocam a ira de Deus, e o seu comportamento ao adorarem
os ídolos.

Onde anteriormente encontramos pessoas que envolveram-se em práticas sexuais entre pessoas
do mesmo como expressão de adoração ritualística de ídolos? Nas condenações contidas em
Levíticos e Deuteronômio. Na condenação expressa em relação à prostituição ritualística que
acontecia nos templos destinados aos ídolos.

Página 52
As três primeiras palavras do versículo 26 nos dizem que nas suas práticas idólatras as pessoas
envolviam-se em relações degradantes. As mulheres mudaram suas relações naturais por outras
contrárias à sua natureza. Apesar de que literalmente pode-se entender, essa passagem refere-se a
mulheres que envolveram-se em práticas sexuais com prostitutas do templo, essa passagem pode
também ser um referência à pratica de bestialidade, que era também uma prática idólatra comum,
naquela época. Assim como mulheres envolveram-se em relações bestiais como um ato de
adoração aos ídolos, homens também envolveram-se em relações com outros homens, como
forma de adoração idólatra.

Gostaria entretanto de chamar atenção para uma particularidade. O verbo “cometer” foi
traduzido a partir da palavra composta : kat-err-gotzumai. Enquanto que Err-gotzumai significa
trabalhando, desenvolvendo, implementando, isto é, é um verbo de ação, quando acrescenta-se
estas três letras, kat antes, é dada uma ênfase ao caráter da palavra, significando que trata-se de
um trabalho difícil de ser executado. O que Paulo nos diz, segundo algumas versões, é que um
tremendo esforço foi colocado no sentido de se alcançar o trabalho que nos é expresso por essa
palavra. Esses homens tiveram que fazer um grande esforço para praticarem sexo com outros
homens, mas eles o fizeram assim mesmo. Podemos então supor sem receios que Paulo estava se
referindo a homens cuja orientação sexual não fosse homossexual, para quem tais práticas seriam
naturais, mas para heterossexuais, para quem esse ato implicaria em grande esforço, mas que o
teriam feito de qualquer forma, como forma de adoração aos ídolos.

A Bíblia Anotada New Oxford diz a respeito dos versículos 27 e 28:

Enquanto que a Torah proíbe um homem "deitar-se com outro homem como com uma mulher"
(Lev. 18:22), autoridades judaicas contemporâneas de Paulo criticavam uma variedade de
comportamentos sexuais comuns no mundo pagão. Apesar de que hoje se emprega essa
expressão largamente como uma referência à homossexualidade, a linguagem que refere-se às
praticas contrárias à natureza era mais usada nos dias de Paulo, não para denotar a orientação da
atração sexual, mas a tolerância e prazer exagerados, sem medidas (lascívia), que cria-se
enfraquecesse o corpo (a recompensa de seu erro).

Concluímos o nosso estudo, por enquanto. Próximo estudo Romanos 1:26-27, (segunda parte)

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HOMOSSEXUALIDADE E A BÍBLIA
(Apostila VIII)
Original de Bible and Homossexuality do site www.freeingthespirit.com autora Rev. Yvette
Dube, tradução livre de José Luiz V. Silva, Revisão Ortográfica Diac. Daniel.

Romanos (parte 2)
Na apostila anterior tentamos demonstrar que as condenações de Paulo, nestes versículos,
estavam direcionadas às mesmas práticas pagãs que foram erroneamente identificadas como
homossexualidade nas escrituras hebraicas.

Romanos 2:1

1 Portanto, és inescusável, ó homem, qualquer que sejas, quando julgas, porque te condenas a ti
mesmo naquilo em que julgas a outro; pois tu que julgas, praticas o mesmo.

De que maneira esta passagem se relaciona à anterior? Bem, eu creio que Paulo está dizendo que
aqueles que julgam os outros estão usurpando uma prerrogativa de Deus. Somente Deus pode
julgar os homens. Não temos permissão para julgar uns aos outros. Quando julgamos aos outros,
ascendemos ao trono da (falsa) religiosidade, e esta atitude arrogante é equivalente à idolatria.
Quando o fazemos, nos colocamos acima dos demais semelhantes, com a suposição de que
temos o direito de ditar-lhes como devem viver. Nos tornamos deus em nossa própria opinião e
isso é IDOLATRIA.

Existem igrejas que, apesar de concordarem que os versículos 18 a 25 tratam da idolatria,


acreditam que os versículos 26 a 32 são condenações à homossexualidade, e que a "depravação"
da homossexualidade se manifesta nas condenações expressas nos versículos de 29 a 32. Está
claro que as pessoas que assim interpretam têm que ignorar o versículo 26, bem como os
versículos 28 e 2:1. Do contrário, o versículo 2:1 deveria estar dizendo que qualquer um que
julga os outros estaria envolvendo-se em um comportamento homossexual, o que não tem
sentido. Então Paulo estaria julgando os semelhantes e assim também igualando-se aos idólatras,
segundo a nossa explanação no primeiro parágrafo desta apostila.

Devemos ter como evidente nessas passagens do primeiro capítulo de Romanos do versículo 18
em diante uma crítica veemente contras os males da idolatria. A homossexualidade não é tratada
nessa passagem, mas sim as práticas sexuais, praticadas pelos prostituto(a)s do templo, que
envolviam-se em relações sexuais com pessoas do mesmo sexo, como parte dos rituais de
adoração de ídolos (rituais de fertilidade), e que já foram estudadas em apostilas anteriores.

Como foi demonstrado, a única maneira que uma pessoa pode usar esses versículos como
condenação à homossexualidade seria tirando-os de seu contexto, fazendo uma inconveniente,
inconsistente e deliberada mudança no significado intrínseco das palavras de Paulo, a fim de
acomodá-las numa visão homofóbica. Na minha opinião, meus amigos, fazer isso significa
mudar a verdade de Deus em mentira e honrar e servir à criatura...Amém.

Assim terminamos o estudo desta apostila. Próximo estudo: 1 Coríntios 6:9.

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HOMOSSEXUALIDADE E A BÍBLIA
(Apostila IX)
Original de Bible and Homossexuality do site www.freeingthespirit.com autora Rev. Yvette
Dube, tradução livre de José Luiz V. Silva, Revisão Ortográfica Diac. Daniel.

Romanos (Parte 3)

Costuma-se dizer que uma agenda é para aquelas épocas em que o Espírito Santo não se move.
Esta semana o Espírito fez-me saber que eu não terminei o que precisava ser dito sobre 1
Romanos 26-27.

Romanos 1:26-27 (VBJ)


Por isso Deus os entregou a paixões aviltantes: suas mulheres mudaram as relações naturais
por relações contra a natureza; igualmente os homens, deixando a relação natural com a
mulher, arderam em desejo uns para com os outros, praticando torpezas homens com homens e
recebendo em si mesmos a paga da sua aberração.

Romanos 1:26-27 (NVBI)


Por causa disto, Deus os entregou a vergonhosas paixões. Até suas mulheres trocaram relações
naturais pelas não naturais. Do mesmo modo os homens também abandonaram relações
naturais com mulheres e estavam inflamados pela paixão de um pelo outro. Homens
entregavam-se a atos indecentes com outros homens e recebiam em si mesmos a punição devida
por sua perversão .

Um dos principais argumentos contra a homossexualidade (ou à introdução da identidade de


gênero) tem sido: "não é natural". Um dos argumentos favoritos usado contra a
homossexualidade é "Deus criou Adão e Eva, não Adão e Ivo". Este é um não-argumento
porque, naturalmente, Deus criou Adão e Ivo, e Maria e Jorge, e Alice e Suzana – Deus fez cada
de nós, mas negar a validade de uma orientação porque esta não foi descrita no Jardim e é
conseqüentemente "não natural", é absurda, não obstante a poesia.

Os seres humanos são os mestres do "não natural", talvez começando com a primeira vez que
alguém tirou a pele de um animal e usou-a como roupa ou como abrigo. Dos carros que
dirigimos, aos televisores a que assistimos; dos computadores que usamos para permitir-nos a
comunicação através do mundo, ao despertador que nos acorda pela manhã; do último jantar
congelado da noite ao forno de microondas que usamos para aquecê-lo, cada aspecto de nossas
vidas celebra o "não natural" .Mesmo os Amish (ortodoxos) da Pensilvânia que se abstêm de
nossas modernas conveniências “não naturalmente” arreiam seus cavalos às carroças para
chegarem à cidade.

Mas o que Paulo quer dizer quando usa o termo? Na língua original, as palavras usadas aqui em
Romanos 1:26 eram para phusin, traduzido como contra a natureza, que muitos estudiosos
interpretaram como se referindo à homossexualidade. Entretanto, nós verificamos que Paulo usa
estas mesmas palavras em Romanos 11:24 para explicar aos gentios que embora estes não sejam
naturalmente parte dos escolhidos, Deus dá boas-vindas aos gentios e está disposto a enxertá-los
na árvore da família, e também disposto a enxertar de volta nessa mesma árvore da família
aqueles escolhidos que haviam se afastado: “Com efeito, se você (gentio) fosse cortado de uma
oliveira silvestre por natureza (phusin) e contra a natureza (para phusin) fosse enxertado na
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oliveira mansa (a árvore da família dos eleitos), com maior razão os ramos naturais (os
escolhidos que se afastaram) serão enxertados (de volta) na oliveira a que pertencem” (NVBI).

É totalmente evidente que o uso da frase aqui por Paulo não tem nada a ver com
homossexualidade, nem é uma crítica da imoralidade. Mas propriamente Paulo refere-se a
phusin (ou phusis) para designar àquilo que é inato à pessoa, ou a como nasceram. Nós
encontramos um exemplo deste uso em Gálatas 2:15. O que a VBJ diz é "Nós somos judeus de
nascimento e não pecadores da gentilidade”, traduzido por "Nós que somos judeus por
nascimento e não ´pecadores de gentios’", na NVBI.

Nós sabemos que Paulo usou o termo natureza para referir-se a diferentes coisas em diferentes
ocasiões. Além do que já mostramos, em 1 Coríntios 11:14 Paulo escreve, "A natureza mesma
das coisas não vos ensina que se um homem tem cabelos compridos, é desonroso para ele...?"
(NVBI). Não é verdade que a natureza induz o cabelo a crescer e ficar comprido? Não estaria
contra a natureza cortá-lo? Considere que Paulo era um homem educado, que, por suas próprias
palavras, excedeu a seus pares no conhecimento da lei judaica, dos costumes e das tradições.
Certamente conhecia o Sansão do livro dos Juízes. No capítulo 16:10 nós encontramos Sansão
dizendo a Dalila, "Nenhuma lâmina foi jamais usada em minha cabeça", disse-lhe ele, "porque
eu sou nazireu consagrado a Deus desde o nascimento. Se minha cabeça fosse raspada, minha
força deixar-me-ia, e tornar-me-ia tão fraco quanto qualquer outro homem" (NVBI). Quando o
cabelo de Sansão foi cortado, sua famosa e poderosa força deixou-o e não retornou até que seu
cabelo crescesse outra vez mais. Se os nazireus fossem pessoas consagradas para servir a Deus, o
que induziu o comentário de Paulo em 1 Coríntios? É possível que todos os homens aptos de
Coríntio eram solicitados a servir nas forças armadas (com cortes militares de cabelo) e que
aqueles cujos cabelos permaneceram não cortados esquivam-se de seus deveres? Neste exemplo
do uso da natureza, nós descobrimos que a conotação não era sobre moralidade, ou sobre o que é
inato, ou um acidente de nascimento, mas sim responsabilidade meramente cívica.

Em Efésios 2:3-4, Paulo escreve, referindo-se aos costumes mundanos: “Todos nós também
vivemos entre eles alguma vez, gratificando os desejos de nossa natureza pecadora e seguindo
seus desejos e pensamentos. Como os demais, nós éramos por natureza objetos da ira. Mas por
causa do grande amor de Deus por nós, Deus, que é rico em mercê, fez-nos vivos com Cristo
mesmo quando nós estávamos mortos em transgressões – pela graça que você foi salvo”
(NVBI). Aqui, Paulo demonstra que Deus nos levantou para estar acima da natureza; que nós
devemos transcender à natureza – que nós devemos andar no Espírito e não satisfazer a luxúria
da carne. Por um lado, parece que Paulo glorifica o conceito de ser “com a natureza, não contra
ela”, enquanto que por outro lado nos mandaria estar “acima da natureza”, e não em harmonia
com ela.

Como Paulo usa o termo natureza de diversas e diferentes maneiras nas epístolas, nenhum
estudioso pode saber com absoluta certeza o significado específico da palavra de Paulo nas
passagens destacadas acima. Entretanto, a evidência de Gálatas 2:15 certamente dá-nos espaço
para inferir que os atos referidos em Romanos 1:26-27 eram atos que não eram naturais às
pessoas que os praticavam. Isto é, heterossexuais que travaram atividade homossexual (para
facilitar a adoração de ídolos). Se nós estamos certos de que Paulo condena aqueles que se
engajam em atividade sexual que não é natural para eles, então não somente a condenação
aplicar-se-ia aos heterossexuais que se engajam em atividade homossexual, mas aplicar-se-ia
também aos homossexuais que se engajam em atividade heterossexual.

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Há igrejas que negam que a homossexualidade seja inata – uma orientação individual –,
acreditando e ensinando que é uma escolha de estilo de vida, ou "atividade" aprendida. Aqueles
que tomam essa posição fogem do senso comum e da decência. Negam a experiência da própria
vida do indivíduo – suas verdades pessoais sobre si mesmos. Negam a evidência científica que
sugere fortemente que a homossexualidade é um traço biologicamente determinado, não uma
escolha de estilo de vida. Negam a posição da Associação Psiquiátrica Americana que parou de
classificar a homossexualidade como uma doença em 1973. Escolhem acreditar que os
homossexuais são tão mentalmente desequilibrados ou depravados que deveriam mais
propriamente ser açoitados, torturados e assassinados do que desistir deste “comportamento
escolhido”. Defendem o ponto de vista de que a homossexualidade não é observada em nenhuma
espécie animal à exceção do ser humano. Essa afirmação é evidentemente incorreta. Pesquisas
mostraram que a atividade homossexual foi de fato demonstrada em animais, peixes e pássaros.

É importante anotar que a Enciclopédia Bíblica Padrão Internacional em seu artigo


Natural/Natureza (The International Standard Bible Encyclopedia) afirma:

“... a palavra natureza está contaminada por conceitos não bíblicos a partir do pensamento
grego em diante, especialmente conceitos carentes da confissão bíblica fundamental de Deus
como criador. A ambigüidade do termo (por quaisquer razões) admite um espectro de uso que
varia do abstrato e universal à subjetiva e sensata vida de uma pessoa.... O relacionamento
natural entre os sexos está estabelecido na ordem regular da natureza (Romanos 1:26). Os
pagãos são culpados pela violação desta physis (isto é, natureza)."

Novamente encontramos esta referência à idolatria como sendo o que é “contra a natureza”, e a
condenação indicada em Romanos 1:26-27.

Isto termina nosso estudo. Próximo estudo: 1 Coríntios 6:9

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HOMOSSEXUALIDADE E A BÍBLIA
(Apostila X)
Original de Bible and Homossexuality do site www.freeingthespirit.com autora Rev. Yvette
Dube, tradução livre de José Luiz V. Silva, Revisão Ortográfica Diac. Daniel.

Coríntios
1 Coríntios 6:9–10
Não sabeis que o ímpio não herdará o Reino de Deus? Não vos iludais. Nenhum destes herdará
o Reino de Deus: o imoral, os idólatras, os adúlteros, malakoi, arsenokoitai, os ladrões, o
ganancioso, os bêbados, os caluniadores nem os extorsionários herdarão o Reino de Deus.

Paulo apresenta ao leitor uma lista daqueles que ele declara que não herdarão o Reino de Deus. A
palavra no grego original parafraseada por ímpio é akidos e significa iníquo; por extensão, mau;
por implicação, traiçoeiro; especialmente bruto: iníquo, pecaminoso.

Há duas palavras que certamente chamarão sua atenção de imediato: malakoi e arsenokoitai.
Você não encontrará essas palavras em nenhuma tradução – você encontrará no entanto várias
palavras e frases. O que eu mostrei acima são as palavras na língua original. A verdade é,
ninguém sabe realmente com certeza que o as palavras significam, e, conseqüentemente, nem o
que Paulo quis dizer realmente.

Comparando as palavras em diferentes traduções, você notará grandes variações em como estas
palavras são definidas:

• Rei James: afeminados nem abusadores de si mesmos com a humanidade;


• Nova Rei James: homossexuais, nem sodomitas;
• Bíblia de Jerusalém: nem os depravados, nem as pessoas de costumes infames;
• Revisada Padrão (apenas uma palavra): homossexuais;
• Nova Internacional: prostitutos masculinos; nem ofensores homossexuais;
• Contemporânea Inglesa: comporta-se como um homossexual;
• Novo Testamento Inclusivo: prostitutas e pederastas;
• Oxford Comentada: prostitutos masculinos, sodomitas.

É muito interessante que a Bíblia Contemporânea Inglesa usa a frase comporta-se como um
homossexual. Se a censura é contra alguém que "comporta-se" como um homossexual, então os
escritores desta tradução acreditam que as palavras não se referem nem se aplicam aos
homossexuais, mas aos heterossexuais que se comportam (leia-se: engajam-se em
comportamento homossexual) como homossexuais. Podia isto novamente ser uma referência ao
templo de culto ou à prostituição em santuários?

Por que uma tão larga gama de diferenças entre as traduções? As palavras são extremamente
obscuras. Malakoi (ou malekos) aparece somente quatro vezes no Novo Testamento. Em três
vezes significa fino ou macio, como quando Jesus a usou para falar de João Batista em Mateus
11:8: "... Mas que fostes ver? Um homem vestido em roupas finas (malekos)? Mas os que vestem
roupas finas (malekos) vivem nos palácios dos reis" (VBJ). A outra vez onde a palavra aparece é
na versão de Lucas deste mesmo discurso (7:25).

Enquanto que no Dicionário Strongs de Grego do Novo Testamento (Strongs Greek Dictionary
of The New Testament) lemos como segue: malakos = macio (isto é, roupas finas);
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figurativamente, um afeminado, alguns dicionários gregos definem-na como significando
moralmente fraco. Martinho Lutero traduziu-a como fraco (em corpo, mente ou caráter).

No Dicionário Vine de Palavras do Novo Testamento (Vine’s Dictionary of New Testaments


Words), se você procurar pela palavra macia, o livro mostra: Veja Efeminado. Lá você encontrará
o original: malakos: macio, macio ao toque, fino, é usado como (a) roupa fina; (b)
metaforicamente, em um mau sentido, "efeminado", não simplesmente de um macho que
pratique formas de lascívia, mas das pessoas em geral que são culpadas de apego aos pecados
da carne, voluptuosos.

Observe a palavra afeminado(s) usada tanto na Bíblia de Jerusalém como indicado acima, bem
como no dicionário Strongs. Tom Horner, em seu livro Jônatas amou Davi (Jonathan Loved
David), identifica efeminados como: "... os homens extremamente efeminados que
transformaram a homossexualidade em uma profissão. Estes eram os efeminados – os prostitutos
homossexuais da Grécia antiga, os assim chamados ‘cães sagrados’ dos santuários canaanitas, e
os eunucos seguidores da deusa Cibele... Em algumas sociedades, tais como aquelas da antiga
Frigia, os efeminados foram olhados com honra e respeito; mas na sociedade hebraica, em todos
os períodos que conhecemos, não o eram". Outra vez encontramos a referência aos prostitutos de
santuários – aqueles que se engajavam no sexo de mesmo gênero para o culto de ídolos.

Horner continua: "Na Grécia clássica, também, homens efeminados geralmente eram
menosprezados. Por que? Porque representavam o oposto exato do tipo heróico ou nobre de
amor que era muito admirado da época do Hércules legendário, que era ligado eroticamente a
dois homens (e numerosas mulheres) do imperador Adriano. Este modelo heróico foi idealizado
como o mais nobre – e em alguns casos, romântico – tipo de amor. Em O Banquete, de Platão, é
elogiado como a máxima expressão do amor físico. E, pelo contrário, sair com um efeminado era
algo ordinário. Todo homem poderia fazê-lo; e em algumas sociedades quase todo homem o fez
uma vez ou outra. Além disso, como o patriarcado aumentou seu domínio nas sociedades
mediterrâneas orientais, o homem em que faltavam traços viris, como a fêmea a quem ele tão
proximamente se assemelhou, foi mais e mais estigmatizado". (Páginas 22, 23).

A segunda palavra usada na passagem destacada, arsenokoitai (arsenokoites) é ainda mais


obscura. Aparece somente duas vezes no Novo Testamento – aqui e em 1 Timóteo 1:10. Esta
palavra é tão obscura que o dicionário Vine nem tenta defini-la. Em vez de uma definição, o
dicionário dá as duas únicas passagens onde a palavra aparece. O dicionário Strongs usa: um
sodomita: abusador (que perverte) a si mesmo com a humanidade. Derivado de arsen = macho,
homem, e kemai = mentir de forma contumaz.

Rev. Robert Arthur, em seu livro Homossexualidade à Luz da Linguagem e Cultura Bíblicas
(Homosexuality in the Light of Biblical Language and Culture), falando de cultos pagãos,
escreve:

Era extremamente comum, portanto, encontrar deuses e deusas que recebiam presentes de
apreciação e de adoração de seus adeptos sob a forma de atos sexuais. Para facilitar o
oferecimento de tais presentes, homens e mulheres eram ligados (a templos) para receber estes
presentes e tornaram-se conhecidos como prostitutos do templo (tanto homossexuais como
heterossexuais). (...) A adoração da fertilidade deste tipo e expressões similares continuaram por
pelo menos nos primeiros 100 anos da era cristã, em lugares tais como o templo de Diana em
Éfeso. Na língua grega a palavra usada para os prostitutos do templo nestes lugares da adoração
pagã era arsenokoites. Não foi antes de por volta de 200-250 da era cristã que uma homofobia
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marcante (...) começou a rastejar na Teologia. Por esta época, a adoração cultual do sexo
começou a morrer e a palavra usada por Paulo para descrever os prostitutos do templo estava
começando a tornar-se obsoleta. É importante observar que (...) ao tempo de Cristo a palavra de
uso comum que significava ´homossexualidade´ era homophilia. (...) Esta palavra foi usada na
língua grega até bem depois da época da morte de Paulo. Mas esta palavra nunca foi usada nas
Escrituras.

Padre John McNeill, sacerdote jesuíta, em seu trabalho A igreja e o Homossexual (The Church
and the Homosexual), escreve que o uso da palavra, no segundo século, na Apologia de
Aristides, parece indicar que significa um corruptor obsessivo de meninos. Do mesmo modo, o
professor Robin Scroggs do Seminário Teológico de Chicago, em seu livro, Novo Testamento e
Homossexualidade (New Testament and Homosexuality), posiciona-se que ambas as palavras –
malekos e arsenokoites – referem-se aos parceiros ativos e passivos na prática grega da
pederastia, a qual não deve de modo algum ser confundida com homossexualidade. Pederastia é
a molestação de crianças, pura e simplesmente. Um relacionamento ‘pederástico’ existe entre um
amante (geralmente um homem maduro), e o amado, um garoto jovem o bastante para ainda ser
imberbe. O amante era sempre o parceiro ativo; o amado era solicitado a ser passivo. Nem todo
relacionamento era sexual em sua natureza, mas quase todos o eram. O amado não devia ser
sexualmente satisfeito – o que era prerrogativa exclusiva do amante apenas. Quando o amado
tornava-se velho o bastante para ter barba e por outro lado tornar-se mais viril, era trocado por
uma pessoa mais nova. A razão para isto era porque o ideal era um menino que se assemelhasse a
uma mulher. Os meninos deveriam depilar os pelos faciais, deixar seu cabelo crescer – alguns até
usavam maquiagem. O professor Scroggs sustenta que este menino era o malekos, e o adulto, o
arsenokoites, referidos nesta passagem da escritura sagrada.

Enquanto que a pederastia parece ser homossexual por natureza, a realidade é que as pessoas
engajadas nessa atividade eram, para a maioria das pessoas, heterossexuais. A pederastia era
considerada apropriada ao treinamento de um menino para a masculinidade. O relacionamento
não era permanente, durando somente o tempo em que o garoto mantinha sua aparência jovem.
Não havia nenhuma mutualidade – nenhuma satisfação ou prazer mútuo, e o garoto era
desumanizado – usado pelo amante como uma coisa, não como uma pessoa para amar e estimar.
Por outro lado, o amado recebia regularmente presentes do amante. O amado, por sua vez,
freqüentemente tornava-se o amado de diversos amantes – todos os mais lucrativos para ele –
tornando-se, finalmente, um prostituto masculino, por tanto tempo quanto sua beleza resistisse.

Pederastia, ainda que culturalmente aceita, era moralmente errada em muitos aspectos, como
demonstrado acima. Não pode de maneira alguma ser interpretada como uma descrição da
homossexualidade, que é o amor emocional, espiritual, romântico, e, sim, sexual, entre parceiros
mútuos do mesmo gênero.

A Nova Bíblia Comentada de Oxford, publicada em 2001 e considerada um dos comentários


mais autorizados de todas as bíblias, oferece a seguinte nota de rodapé para os versículos
destacados:

Os termos gregos traduzidos como prostitutos masculinos e sodomitas não se referem aos
"homossexuais", como em inapropriadas traduções mais velhas; "masturbador" e prostitutos
masculinos podem ser uma melhor tradução.Isto termina este nosso estudo.

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