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O legado dos megaeventos

As transformações proporcionadas pela Copa do Mundo de 2014 e – quem sabe – pelos Jogos Olímpicos
de 2016 podem ir além do âmbito esportivo

CELEBRAÇÃO
A cerimônia de encerramento dos Jogos Pan-Americanos, em 2007. Uma olimpíada teria impacto maior

Dentro de cinco anos, o Brasil terá uma dúzia de estádios recém-construídos ou completamente
renovados. Essa é a herança mais certa que a Copa do Mundo de 2014 deixará para os brasileiros. Isso,
em si, já será uma consequência positiva da realização de um megaevento, com a condição de que não
haja superfaturamento nas obras. Estádios confortáveis, de padrão europeu, onde assistir a uma partida
de futebol seja um programa agradável, e não uma aventura arriscada, aumentarão a arrecadação nas
bilheterias e tornarão menos frágeis as finanças dos clubes.

Mas os benefícios de sediar uma Copa do Mundo – e, se a candidatura carioca for vitoriosa, os Jogos
Olímpicos de 2016 – podem ir muito além disso. Uma preocupação crescente da Fifa, a federação
internacional de futebol, e do Comitê Olímpico Internacional, ao escolher as sedes de competições, é com
o “legado” social deixado pelo evento. No caso do futebol, isso se traduziria numa melhora na
infraestrutura do país. Mesmo um país rico como a Alemanha usou a Copa de 2006 como oportunidade
para turbinar seu sistema ferroviário, por exemplo. Para 2014, fala-se em um trem-bala entre São Paulo e
o Rio de Janeiro. É preciso, porém, encarar com certa cautela as ideias mais mirabolantes. O custo é de
US$ 11 bilhões, e o prazo até a Copa é relativamente curto. Antes do último grande evento esportivo
realizado no Brasil – os Jogos Pan-Americanos do Rio, em 2007 –, falou-se em estender o metrô carioca
até a Barra da Tijuca. A obra não saiu do papel.

US$ 11 bi
seria o custo da linha de trem-bala entre
São Paulo e o Rio, o maior projeto ligado à Copa

Para os Jogos do Rio, em 2016, as promessas de legado são outras: melhorias no sistema de transporte
urbano; a despoluição das lagoas da região da Barra; novos conjuntos residenciais em diferentes bairros;
e projetos sociais para combater a criminalidade nas favelas. Seriam legados locais, mas que poderiam
servir como exemplo para iniciativas semelhantes no resto do país. “Tudo o que foi concebido como
solução para os Jogos são coisas de que a cidade precisa e que serão antecipadas e aceleradas pelo
evento”, diz Leonardo Gryner, diretor de marketing e comunicação da campanha Rio 2016. Mesmo que a
cidade não seja agraciada com os Jogos – a decisão será tomada em outubro, em um congresso na
Dinamarca; Tóquio, Chicago e Madri são as rivais –, alguns dos projetos já saíram do papel, como uma
linha expressa de ônibus entre a Barra da Tijuca e a região de Deodoro; a revitalização da decadente zona
portuária carioca; e a criação de um centro olímpico de treinamento na antiga área do Autódromo de
Jacarepaguá. “Só o fato de se candidatar já traz benefícios”, diz Gryner.

O que a Copa e os Jogos Olímpicos podem trazer

Estádios novos, um centro para jovens atletas e melhorias urbanas


estão entre os possíveis benefícios

ESTÁDIOS NOVOS E REFORMADOS


A Copa do Mundo do Brasil, em 2014, terá 12 sedes , que deverão ser
anunciadas pela CBF na próxima semana. Algumas, como Salvador, erguerão
estádios do zero; outras, como o Rio de Janeiro, reformarão os já existentes

TREM- BALA RIO-SÃO PAULO


Trata-se do projeto mais vistoso relacionado à Copa. Custaria, porém, US$
11 bilhões e restam apenas cinco anos para a construção

REFORMAS URBANAS
As cidades-sede de partidas da Copa do Mundo prometem uma série de
melhorias. Será preciso fiscalizar o uso do dinheiro público para impedir
abusos. A revitalização de áreas degradadas do Rio de Janeiro, como a zona
portuária, é uma das promessas da candidatura olímpica brasileira

FORMAÇÃO DE NOVOS ATLETAS


O projeto de um Centro Olímpico de Treinamento , inspirado nos que
existem em potências esportivas como a Austrália, já está em andamento.
Ele aproveitaria parte das instalações construídas para o Pan de 2007 no
antigo autódromo de Jacarepaguá

Fonte: Revista Época.


http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI73909-15260,00-
O+LEGADO+DOS+MEGAEVENTOS.html Acessado em 03/06/2009

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