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OPINIãO
Há que repensar as políticas públicas à luz do novo paradigma civilizacional que está
subjacente ao conceito de desenvolvimento sustentável.
Em Portugal, a política energética oferece-nos um bom exemplo de como a intervenção do Estado pode
simultaneamente prejudicar o ambiente e as finanças públicas.
Continuar a compensar as renováveis pelos custos das externalidades geradas pelas fósseis e espalhar esse
encargo por todos os consumidores de energia prejudica a atractividade de estratégias de composição do
pacote energético com cada vez mais renováveis e gera uma opinião pública desfavorável a estas, embora
sejam estas as que podem garantir um maior benefício social. As renováveis também devem ser
pressionadas a tornarem-se cada vez mais competitivas. O que se consegue obrigando-as a ir ao mercado
vender a sua produção, mesmo que haja garantia de aquisição e algum prémio, como acontece em
Espanha, em vez de se estabelecer administrativamente um elevado preço-prémio, como se faz cá.
A futura estratégia energética da União Europeia tem que passar pela segurança do fornecimento, por uma
economia de baixo carbono e pela competitividade em termos energéticos (i.e., eficiência). Manter os
subsídios às fósseis prejudica todos estes objectivos, além de dar um sinal errado ao mercado,
perpetuando a atractividade dos investimentos nas fósseis. O que atrasa o desenvolvimento de tecnologias
e processos de apoio às renováveis e, consequentemente, atrasa a sua competitividade.
A folga financeira assim criada poderia não só melhorar as contas públicas mas também permitir um maior
investimento na rede de transporte, de modo a torná-la apta a receber cada vez maior quantidade da
energia intermitente das renováveis, e na manutenção de capacidade de reserva para acudir a problemas
de falhas nas renováveis.
http://www.jornaldenegocios.pt/imprimirNews_v2.php?id=462117 10-01-2011