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Lição 18

A ORAÇÃO DO PECADOR

Por Ray Comfort


Tradução: Fernando Guarany Jr.

“O Maior perigo do século XX serão a religião sem o Espírito Santo, o Cristianismo


sem Cristo, o perdão sem arrependimento, a salvação sem regeneração, a política sem
Deus, e o céu sem o inferno.”

William Booth

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Comentário de Kirk Cameron: Temos nos acostumado tanto com os métodos humanistas de
evangelismo e tradições da igreja que passamos a supor que nossas práticas são bíblicas, sem
averiguá-las. Está lição analisa profundamente a validade de uma tradição evangelística muito comum
e bem-intencionada.
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Perguntas e Objeções

“E se alguém disser: ‘Quebrei todos os Dez Mandamentos’?”

Não ache que, por alguém dizer isto, o indivíduo reconhece a gravidade de seu estado
pecaminoso diante de Deus. Ele pode dizer: “Realmente sou uma má pessoa!” Geralmente, esta é uma
maneira de tentar livrar-se da convicção do pecado. O Faraó admitiu ter pecado, mas seu
arrependimento era superficial. Diga-lhe assim: “Bem, vamos examinar os Dez Mandamentos um a
um para ver se os quebrou mesmo.” Enquanto o indivíduo estiver sendo confrontado pelo justo padrão
da Lei Moral de Deus, ore para que o Espírito Santo traga convicção do pecado.

Talvez agora você já se sinta razoavelmente à vontade para evangelizar usando a Lei para trazer o
conhecimento do pecado. Já sabe como apresentar a cruz e a necessidade de arrependimento para com
Deus e fé em Jesus – mas, e daí por diante? Será que isto basta para “fechar a venda” (como dizem os
evangelistas humanistas)? Ou será que deveríamos simplesmente deixar a pessoa nas mãos do fiel
Criador?

Talvez a resposta venha ao observarmos o mundo natural. Contanto que não haja complicações
quando uma criança está nascendo, tudo o que o médico precisa fazer é guiar a cabeça do bebê. O
mesmo se aplica espiritualmente. Quando alguém “nasce de Deus”, tudo o que precisaremos fazer é
guiar a cabeça do pecador nos certificando que a pessoa entenda o que estamos fazendo. Felipe fez
isto com o eunuco etíope quando perguntou: “Entendes o que estás lendo?” (Atos 8:30).

Na Parábola do Semeador, o verdadeiro convertido (o ouvinte de “bom solo”) é aquele que ouve
“e entende”. Este entendimento vem pela Lei (Romanos 7:7) nas mãos do Espírito Santo, que
“convencerá o mundo do pecado, da justiça e do julgamento (juízo)” (João 16:8). Se o pecador se
achar pronto para o Salvador, é porque foi atraído pelo Espírito Santo (João 6:44). É por isso que
devemos cuidar em deixar o Espírito Santo fazer Sua obra e não nos apressar aonde os anjos temem
entrar. Fazer a oração de arrependimento com alguém que não está genuinamente arrependido pode
deixá-lo com um bebê prematuro nas mãos. Portanto, ao invés de fazer a oração de arrependimento
por ele, é sábio que a própria pessoa ore.

Quando Natã confrontou Davi com o seu pecado, ele não fez a oração de arrependimento pelo
rei. Se alguém cometeu adultério, e sua esposa esteja disposta a recebê-lo de volta, será que seria você
que teria que escrever uma carta pedindo perdão a ela? Não; a tristeza pela traição de sua confiança
deve jorrar dos lábios do próprio marido. A esposa, por sua vez, não espera palavras eloqüentes, mas
simplesmente arrependimento de coração. A essência de seu pedido de desculpas deve ser algo assim:
“Por favor, me perdoe. Traí sua confiança. Estou muito arrependido.” O mesmo se aplica à oração de
arrependimento. Se a pessoa está genuinamente arrependida (há tristeza em seu coração e sua boca
pára de tentar justificar-se), ela mesma é quem deve orar; o importante não são as palavras que usa,
mas a presença de “tristeza para com Deus.”

Devemos dizer ao pecador que se arrependa, isto é, que confesse e abandone seus pecados. Isso
pode ser feito de maneira “sussurrada” e, em seguida, podemos orar por ele. Diga-lhe:
“Silenciosamente confesse seus pecados a Deus, pedindo-Lhe que o perdoe e, em seguida, coloque sua
confiança na salvação de Jesus da mesma maneira que colocaria em um pára-quedas. Você não
acreditaria nele simplesmente; você o vestiria – confiando-lhe sua vida. Após ter feito isso, vou orar
com você e lhe darei um material para ler que vai ajudá-lo.” Se a pessoa não estiver certa do que deve
dizer, talvez a oração de arrependimento de Davi (Salmo 51) possa ser usada como modelo, mas as
próprias palavras do pecador são mais desejáveis.
Se estudarmos o ministério de Charles Spurgeon, descobriremos que ele convidava homens e
mulheres para virem a Cristo, não à frente ou púlpito. Veja como ele convidava os pecadores a Cristo:

Antes de saírem deste lugar, suspire uma honesta oração a Deus, dizendo: “Deus, tende
misericórdia de mim, pois sou um pecador. Senhor, preciso ser salvo. Salva-me. Clamo
pelo Teu nome... Senhor, sou culpado e mereço a Tua ira. Senhor, não sou capaz de salvar
a mim mesmo. Senhor, gostaria de ter um novo coração e um espírito correto, mas o que
posso fazer? Senhor, nada posso fazer, vem e faz uma obra em mim para que eu faça a Tua
vontade”.

“Só Tu tens o poder, bem sei.


Para um miserável como eu salvar;
Aonde ou a quem poderia ir?
Se tentasse de Ti fugir?”

“Mas, agora, do fundo de minha alma clamo pelo Teu nome. Tremendo e crendo, me lanço
sobre Ti, ó Senhor. Confio no sangue e justiça de Teu querido Filho... Senhor, salva-me
hoje à noite, por causa de Jesus.”
“Vão para casa confiando em Jesus. ‘Eu gostaria de ir à sala de acompanhamento para
tirar minhas dúvidas,’ alguém pode dizer. Eu poderia querer dizer assim: ‘Podem ir à sala
de acompanhamento’, mas não queremos nos dobrar à superstição popular. Tememos que
nestas salas as pessoas se enchem de uma confiança fictícia. Pouquíssimos dos convertidos
em ‘salas de acompanhamento’ se dão bem. Vão direto a Deus de uma vez, onde quer que
estejam. Lancem-se sobre Cristo, de uma vez, antes mesmo de se mover um centímetro de
onde estão!”
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Perguntas
1. Como podemos “guiar a cabeça” em um nascimento espiritual?
2. Por que é importante entendermos isso?
3. De onde vem tal entendimento?
4. Por que as palavras do pecador não são importantes?
5. A igreja onde você congrega convida os pecadores ao altar, ou a Jesus?
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O Pregador
Zé Repetição: Sei que sou um pecador, mas confesso meus pecados a Deus toda noite. Peço-lhe
desculpas e digo que não pecarei novamente. O problema é que repito o pecado [logo no outro dia].
Cristão: Se você estivesse diante de um juiz em um tribunal com uma multa de $ 50.000,00 reais a
pagar, ele o deixaria ir embora só porque você diz que sente muito e que não cometerá o crime
novamente?
Zé Repetição: Não, não deixaria. Ainda teria que pagar a multa.
Cristão: Isso mesmo. Além disso, você deveria mesmo sentir muito por quebrar a lei, e claro que não
deveria cometer o crime novamente. Entretanto, se alguém entrasse em cena e pagasse a multa de R$
50.000,00, então você ficaria livre das exigências da lei. Deus não perdoará um pecador com base no
fato de ele estar arrependido. É claro que deveríamos nos arrepender do pecado – temos uma
consciência que nos diz que adultério, estupro, luxúria, assassinato, ódio, mentira, roubo, etc., são
atitudes erradas. E claro que não devemos orar novamente. Deus, entretanto, nos liberará das
exigências divinas da justiça eterna se a multa for paga. Dois mil anos atrás, Jesus Cristo morreu na
cruz para pagar por nossos pecados. Suas palavras na Cruz foram: “Está consumado!” Em outras
palavras, a dívida foi integralmente paga. Todos os que se arrependerem e Nele confiarem receberão o
perdão dos pecados. Seu processo é encerrado por causa da morte sofrida de Jesus. Isso faz sentido
para você?”
Zé Repetição: Faz, faz sim.
Cristão: Percebe como apenas sentir tristeza pelo pecado – e até mesmo arrependimento – não é
suficiente para salvá-lo do inferno? Você deve confiar no Salvador. Se você nascer de novo, Deus o
dará um novo coração com novos desejos, de maneira que você não continuará a repetir os pecados
que cometia antes de sua conversão.
Penas para Flechas
Há muitos anos tivemos em nossa casa uma aranha teimosa que insistia em fazer teias em todo
canto. Não importava quantas vezes nós a expulsássemos, suas teias sempre apareciam na manhã
seguinte. Certo dia, convoquei um de meus filhos para ajudar-me na missão. Pegamos uma pequena
vareta e inseticida. Pedi para meu filho bater na teia gentilmente enquanto eu imitava o som de uma
mosca desesperada. A faminta aranha saiu de seu esconderijo e acabei com ela usando o inseticida.
Existe uma teimosa teia de pecado que continuamente infesta a humanidade. É a teia da
violência, da corrupção, estupro, ganância, guerras, roubo, etc. Vivemos tentando expulsá-la por meios
políticos. Ainda assim, estes crimes resistem, e poucas pessoas parecem conseguir identificar a causa
raiz do problema – que continua escondida.
Precisamos usar a vareta da Lei de Deus para gentilmente cutucar o coração humano.
Repentinamente, a causa do pecado aparece. É aí que o pecado pode ser morto pelo poder do
Evangelho. É a Lei de Deus que revela o coração humano como desesperadamente perverso, e é o
Evangelho que nos livra do poder do pecado. Em Cristo nascemos de novo (João 3:3) e nos tornamos
novas criaturas.
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Palavras de Conforto
Entrei confiantemente no avião, seguido por minha filha e sua amiga. Como viajante
experiente, tomei a liderança. Eu não apenas era um exemplo de viajante em ação para minha filha e
sua amiga, Rebekah, mas era também o exemplo máximo em acessórios de viagem modernos. Antes
mesmo da moda de andar com malas pretas de rodinhas ter surgido, eu já possuía uma grande mala
azul de rodinhas. A única diferença é que a minha não era tão brilhosa como as do pessoal da equipe
de vôo. Eu não a puxava por um cabo de metal ajustável, mas por uma alça de um metro e vinte de
comprimento.
Entretanto, neste dia, fiquei surpreso em como foi rápido para minha família e amigos fazerem
de conta que nem me conheciam, meramente porque a mala engatou no braço de um dos assentos
perto da entrada do avião, rasgou-se, e mesmo assim, eu despercebidamente a continuei arrastando até
o meio da aeronave.
Um pouco antes disso, eles já haviam feito de conta que não me conheciam, simplesmente
porque uma de minhas bolsas havia caído quando subia numa escada rolante, indo em direção às
pessoas que vinham atrás de mim que, assustadas, tiveram que se desviar dela rapidamente.

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Versículo para Memorização


“Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o
trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia.”

João 6:44

Últimas Palavras
O Capitão John Lee, que foi executado por falsificação, rejeitou a Deus durante toda a sua vida, mas
na hora de sua morte ansiava pela certeza e esperança da fé:

“Deixo ao mundo esta triste lembrança: não importa o quanto alguém possa ser
favorecido por qualificações pessoais ou distinguido por dons intelectuais, sua genialidade
será inútil, e suas habilidades lhe servirão muito pouco, a não ser que sejam
acompanhados pela religião e assistidos pela virtude. Ó, como gostaria de poder possuir
mesmo o mais simples lugar no céu, e ser capaz de caminhar calmamente agora para um
cantinho dele.”
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Tradução: Fernando Guarany Jr.


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