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trabalho de sociologia 2º bim 2009 EM escrito em terça 12 maio 2009 03:00
Sociedades como estas que estamos considerando não têm as nossas razões para trabalhar ―
se é que entre elas se encontre algo parecido com o que faz o burocrata na repartição ou o
operário na fábrica,
comandados pelos administradores, pela linha de montagem, pelo relógio de ponto, pelo
salário no fim do mês. "Trabalham" para viver, para prover às festas, para presentear. Mas
nunca mais que o estritamente necessário: a labuta não é um valor em si, não é algo que tem
preço, que se oferece num mercado; não se opõe ao lazer, dele não se separando
cronologicamente ("hora de trabalhar, trabalhar"); não acontece em lugar especial, nem se
desvincula das demais atividades sociais (parentesco, magia, religião, política, educação...).
Sempre que se pareçam com o que chamamos "trabalho", tais atividades são imediatamente
detestadas. Aliás, no fundo, no fundo, não o são também entre nós?
[...]
1. Após a leitura do texto, procure responder às questões que o próprio autor formula.
2. Troque idéias com seus colegas: como seria a vida de vocês sem os equipamentos
eletrônicos que existem hoje?
Os enlatados
Existem várias versões sobre o início do enlatamento das conservas. Algumas dizem
que foi o próprio Appert que deu início ao uso das latas de ferro estanhadas para envasar
as conservas. Mas a própria Associação Internacional Nicolas Appert afirma que
embora na Inglaterra já se utilizassem embalagens metálicas, é apenas a partir de 1814
que Appert vai se dedicar a desenvolver esse tipo de embalagem.
Assim sendo, ficamos com a outra versão que diz que, no mesmo ano em que Appert
publicou o seu livro, 1810, Peter ou Pierre Durand (também discute-se se era inglês ou
francês) recebeu uma patente do Rei George III pela idéia de preservar comida em
"garrafas ou outros vasilhames de vidro, potes ou recipientes de estanho, ou outros
materiais adequados".
Em 1811, Durand vendeu sua patente à firma londrina Dorkin, Hall and Gamble, de
John Hall e Bryan Dorkin. Estes, achando o vidro muito frágil e a cortiça muito porosa,
depois de muitos testes, inauguraram, em 1813, a primeira fábrica de conservas do
mundo a usar recipientes de chapas de ferro estanhadas, atendendo a uma solicitação da
marinha e do exército britânicos. Nasciam as conservas em lata, marco fundamental de
toda a história da conservação de alimentos.
As primeiras latas de comida só chegaram ao consumidor civil europeu em 1830.
Incluíam tomates, ervilhas e sardinhas, mas suas vendas eram lentas, principalmente
pelo preço elevado, pela disponibilidade da comida fresca nas cidades (ainda
relativamente perto das zonas rurais) e pela dificuldade de abertura da lata, que requeria
o uso de martelo e talhadeira. O alto preço das latas era atribuído à baixa demanda de
mercado e ao método artesanal de fabricação e envasamento
Em 1821, a William Underwood Company, de Boston inicia a produção comercial das
conservas enlatadas nos Estados Unidos. Mas, por muito tempo, este tipo de alimento
foi visto com desconfiança, só começando mesmo a ser consumido com a guerra civil
(1861-1865).
Em 1825, o inglês Thomas Kansett substitui os vidros de boca larga tampados com
cortiça por latas de folhas de flandres (um subproduto do alumínio), depois de
conseguir, do próprio presidente americano James Monroe, a patente dessas embalagens
naquele país . Até esta data, as latas eram produzidas a partir de chapas de ferro
estanhadas e não de aço, material utilizado até os dias de hoje.
O americano Gail Borden foi um pioneiro no enlatamento de alimentos. Em 1856,
produziu, com sucesso, o leite condensado em lata e lhe foi concedida uma patente do
processo. Em 1857, abriu em Nova Iorque uma fábrica do seu produto. A demanda para
o leite condensado foi pequena no início, mas durante a guerra civil americana (1861-
1865) passou a ser consumido em larga escala.
A guerra civil contribuiu significativamente para a popularização dos alimentos
enlatados de uma forma geral. O exército teve que ser alimentado e o governo fez
contratos com diversas empresas de conservas para fornecer o alimento. No final da
guerra, estes soldados retornaram para casa cheios de elogios para os alimentos seguros,
portáteis, e armazenáveis. Sob circunstâncias difíceis, os povos aprenderam que os
alimentos enlatados, tais como o leite condensado, podem ser saborosos e nutritivos. A
invenção de abridores de lata práticos, no fim século 19, tornou-as mais fáceis de abrir e
mais convenientes para consumidores.
Em 1868, primeiramente nos Estados Unidos e depois na Europa, as latas feitas a mão
foram substituídas pelas feitas a máquina. A nova tecnologia tornou possível o
surgimento de empresas gigantes de carnes enlatadas, como P. D. Armour. O produto,
entretanto, era embalado em grandes e desajeitadas latas vermelhas e não era muito
apetitoso.
O aumento da demanda levou, naturalmente, ao aperfeiçoamento dos processos de
fabricação das latas, do enlatamento e das conservas, e desde 1810, o método de Appert
vem sendo aperfeiçoado em múltiplos aspectos, ainda que o princípio permaneça
essencialmente o mesmo. Hoje, há máquinas específicas para o preparo e envase de
cada tipo de enlatado e conserva, cada um com seus distintos processos e diferentes
tempos de cocção, segundo os microorganismos que devem ser eliminados.realizando
uma produção em larga escala. As conservas, sobretudo os enlatados, são encontrados
em toda parte, proporcionando aos seus consumidores alimentos seguros, saudáveis e de
qualidade.
The History of Can Making Can Central .Com Association Internationale Nicolas
Appert - MealTime.Org
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Prof. Almir Henrique da Costa Filho - mestre em História Política e Social pela
UERJ, professor de Antropologia da Nutrição e Ética e Legislação Profissional do
curso de Gastronomia e Culinária, Instituto Politécnico/Universidade Estácio de Sá e
professor de várias disciplinas de outros cursos de graduação da Estácio.
Profª Maria Clara Pecorelli - mestre em História Social pela UFRJ, professora de
Antropologia da Nutrição e Ética e Legislação Profissional do curso de Gastronomia
e Culinária, Instituto Politécnico/Universidade Estácio de Sá e professora de História
da FAETEC, Fundação de Apoio à Escola Técnica do Estado do Rio de Janeiro.
Dizem que os dois pilares mais importantes da identidade cultural de um povo são
a língua e a culinária. João Ubaldo Ribeiro1, por exemplo, afirmou certa vez que a
adoção cada vez mais indiscriminada de palavras do universo norte-americano
nesses trópicos auriverdes está minando nossa cultura, mas - graças a Deus - por
enquanto ainda não havíamos começado a macaquear o hábito do peru assado no
Dia de Ação de Graças2. Quando isso acontecesse, aí sim seria o fim da nossa
singularidade como povo. O que ele não atinou foi para o seguinte: nessa nossa
vida cada vez mais fast, a exemplo do cotidiano dos irmãos do norte, já há menos
lugares para uma refeição prazerosa, dando-se um espaço crescentemente maior
para o fast-food e para as medidas do nosso contorno físico. Claro, estamos falando
do aumento de peso do brasileiro médio, já aparecendo significativamente nas
estatísticas, mais uma importação nefasta do american way of life.
Mas, se é para valorizarmos a nossa cultura alimentar, não podemos deixar de citar
Luís da Câmara Cascudo, autor de uma vastíssima obra em torno dos costumes,
usos e práticas do mundo brasileiro, de hoje e de ontem, não só sobre questões de
comida. É ele a maior referência quando se fala em estudos da alimentação no
Brasil, mais ainda quanto ao enfoque histórico. Para fazermos um breve relato
sobre a feijoada, o prato mais "típico" da culinária pátria3, e sua verdadeira história,
vamos recorrer ao artigo escrito no ano passado por Rodrigo Elias 4, pesquisador da
Universidade Federal Fluminense, que dá conta do recado com base principalmente
no trabalho pioneiro do nosso folclorista maior, além de outros estudiosos. Segue,
então, um resumo do texto, para que tenha acesso a ele uma grande maioria de
interessados que deixaram escapar esse tesouro:
No séc. XIX, todos os viajantes que aqui vieram descreveram a importância central
do feijão nos hábitos alimentares dos brasileiros, ricos ou pobres (para estes, quase
sempre iguaria única). Vários deles destacavam a forma como o prato era servido,
acompanhado de toucinho. Debret5 descreveu o jantar da família de um humilde
comerciante dos tempos de D. João VI: "se compõe apenas de um miserável
pedaço de carne-seca, de três a quatro polegadas quadradas e somente meio dedo
de espessura; cozinham-no a grande água com um punhado de feijões-pretos, cuja
farinha cinzenta, muito substancial, tem a vantagem de não fermentar no
estômago".
Porém, nem só de feijão viviam os homens. Os índios tinham uma dieta variada, os
escravos também comiam mandioca e frutas, apesar da base do feijão. Havia entre
os habitantes da colônia, por outro lado, tabus alimentares que NÃO permitiam
uma mistura completa do feijão e das carnes com outros legumes. Pergunta Elias:
Como poderiam fazer nossa conhecida feijoada?
Para Câmara Cascudo o feijão preto de todo dia, com carne, água e sal, é apenas
feijão. "Há distância entre feijoada e feijão. Aquela subentende o cortejo de carnes,
legumes, hortaliças." Essa combinação só ocorre no séc. XIX, e bem longe das
senzalas. Em artigo escrito num jornal de Pernambuco, em março de 1840, o padre
Miguel Gama condenava a "feijoada assassina", escandalizado pelo fato de que era
muito apreciada por homens sedentários e senhoras delicadas da cidade.
É importante lembrar que as partes salgadas do porco, como orelha, pés e rabo,
nunca foram restos. Eram apreciados na Europa, enquanto o alimento básico nas
senzalas era uma mistura de feijão com farinha. Uma das referências mais antigas
que se conhece é a feijoada em restaurantes, está no Diário de Pernambuco de 7
de agosto de 1833, no qual o Hotel Théatre, do Recife, informa que às quintas-
feiras seria servida "feijoada à brasileira". No Rio de Janeiro, a menção à feijoada
servida em restaurante aparece pela primeira vez no Jornal do Commercio de 5 de
janeiro de 1849.
O historiador Rodrigo Elias cita ainda em seu artigo outros exemplos de degustação
da feijoada por indivíduos de extração nobre. Destaca que o livro O Cozinheiro
Imperial, de 1840, assinado por R.C.M., traz receitas para cabeça e pé de porco,
além de outras carnes - com a indicação de que sejam servidas a "altas
personalidades". Um cronista brasileiro da segunda metade do séc. XIX, França
Júnior, dizia que feijoada não era o prato em si, mas o nome de uma comemoração
entre amigos, a "patuscada", na qual comiam todo aquele feijão.
Na casa de pasto junto ao botequim da Fama do Café com Leite tem-se determinado
que haverá em todas as semanas, sendo ás terças e quintas-feiras, a bella feijoada, a
pedido de muitos freguezes. Na mesma casa continua-se a dar almoços, jantares e cêas
para fóra, com o maior asseio possível, e todos os dias há variedade na comida. À noite
há bom peixe para a cêa.
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