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PESQUISA DOS EDUCADORES E

FORMAÇÃO DOCENTE VOLTADA


PARA A TRANSFORMAÇÃO SOCIAL

KENNETH M. ZEICHNER
Departamento de Currículo e Ensino da Universidade do Estado de Wisconsin – EUA
zeichner@facstaff.wisc.edu

JÚLIO EMÍLIO DINIZ-PEREIRA


Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais
juliodiniz@fae.ufmg.br

RESUMO

Este artigo procura desafiar algo que se tornou comum nos últimos anos: a glorificação acrítica
da pesquisa-ação. Defende-se a idéia de que essa forma de investigação seja desenvolvida de
maneira bastante séria e que sejam reforçados os laços do movimento de pesquisa-ação
com as lutas mais amplas por justiça social, econômica e política. Argumenta-se que o movi-
mento pode contribuir para o processo de transformação social em termos da sua capacida-
de de melhorar a formação profissional; do potencial controle que esses profissionais passam
a exercer sobre o conhecimento que norteia o seu trabalho; da influência da pesquisa-ação
sobre mudanças institucionais nos lugares em que esses profissionais trabalham; e, finalmen-
te, da contribuição da pesquisa-ação para que as sociedades tornem-se mais democráticas e
mais decentes para todos.
FORMAÇÃO DE PROFESSORES – PESQUISA EDUCACIONAL – MUDANÇA SOCIAL –
PESQUISA-AÇÃO

ABSTRACT

TEACHER RESEARCH AND TEACHER EDUCATION FOR SOCIAL TRANSFORMATION.


This paper seeks to challenge the uncritical glorification of action research that has become
common in recent years. It argues that we need to take action research much more seriously
than is the case with its uncritical glorification. Thus, it defends the idea of linking the action
research movement to the struggle for greater social, economic, and political justice. This
paper discusses that the action research movement can contribute to the process of social
transformation in terms of its ability to promote individual practitioner development; in terms

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of its potential effects on the control of the knowledge that informs the work of these
practitioners; in terms of its influence on institutional change in the immediate settings in
which these practitioners work; and finally, in terms of the impact of action research on the
making of more democratic and decent societies.
TEACHER EDUCATION – EDUCATIONAL RESEARCH – SOCIAL CHANGE – ACTION
RESEARCH

Embora um número crescente de pessoas perceba a cada dia o enor-


me potencial da pesquisa-ação e participe cada vez mais de comunidades que
desenvolvem esse tipo de investigação, este artigo procura desafiar algo que
se tornou comum nos últimos anos: a glorificação acrítica da pesquisa-ação.
Há aqueles que vêem a pesquisa-ação e o seu potencial para fomentar
o trabalho dos profissionais como um fim em si mesmo, sem qualquer cone-
xão com objetivos e lutas mais amplas na sociedade. Assume-se freqüentemente
que os educadores, ao desenvolverem pesquisas sobre suas próprias práticas
e, conseqüentemente, ao tornarem-se “mais reflexivos”, necessariamente trans-
formar-se-ão em melhores profissionais e que o conhecimento produzido por
meio de suas investigações será necessariamente de grande importância, in-
dependentemente de sua natureza e qualidade. Essa visão ignora o fato de que
maior autonomia e poder exercidos pelos educadores podem ajudar em alguns
casos a solidificar e justificar práticas que são prejudiciais aos estudantes e à
população de maneira geral. Isso acontece quando, por exemplo, os educa-
dores adotam uma noção de profissionalismo que na verdade os afasta daqueles
a quem estão servindo e de suas comunidades (Zeichner, 1991).
Essa glorificação acrítica do conhecimento gerado pela pesquisa-ação
desrespeita a contribuição genuína que ela pode trazer para a melhoria da prá-
tica profissional e para o bem comum. Neste artigo, defendemos a idéia de que
devemos tratar a pesquisa-ação de uma maneira muito mais séria do que acon-
tece nesses casos e reforçar os laços do movimento de pesquisa-ação com as
lutas mais amplas por justiça social, econômica e política em todo o mundo.
Discutiremos, então, neste texto, o modo pelo qual o movimento da
pesquisa-ação, que continua a se expandir internacionalmente (Hollingsworth,
1997; McTaggart, 1997; Diniz-Pereira, Zeichner, 2002), pode contribuir para
o processo de transformação social. Argumentamos que isso pode ocorrer de
várias maneiras, tais como: 1. melhorar a formação profissional e, por conse-
guinte, propiciar serviços sociais (educação, saúde etc.) de melhor qualidade;
2. potencializar o controle que esses profissionais passam a exercer sobre o

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conhecimento ou a teoria que orienta os seus trabalhos; 3. influenciar as mu-


danças institucionais nos locais de trabalho desses profissionais (escolas, hos-
pitais, agências de serviço social etc.); 4. contribuir para que as sociedades tor-
nem-se mais democráticas e mais decentes para todos (ou seja, sua ligação com
temas de reprodução ou de transformação social).
Adotamos neste artigo o termo “pesquisa-ação” com um significado bas-
tante amplo: uma pesquisa sistemática feita por profissionais sobre as suas pró-
prias práticas. Tem havido muita discussão na literatura especializada sobre o
que é e o que não é a “verdadeira” pesquisa-ação; sobre os elementos da es-
piral de pesquisa-ação; sobre se ela deve ser colaborativa ou não; se deve ou
não envolver facilitadores e avaliadores externos e assim por diante (ver, por
exemplo, Elliot, 1991; Kemmis, McTaggart, 1988; McKernan, 1991; McNiff,
1988). Apesar de a discussão ser bastante informativa em termos acadêmicos,
ela é essencialmente irrelevante para muitos daqueles que estão realmente
envolvidos com a pesquisa-ação. Na opinião de Somekh:

Essa proliferação teórica sobre o que constitui pesquisa-ação serve para afastá-
la da realidade das escolas e das salas de aula. O que isso tem a ver com profes-
sores ocupados para quem a validade de suas pesquisas baseia-se na capacida-
de que elas têm de responder as questões práticas sobre ensino e aprendiza-
gem? (1989, p.5)

Existem diferentes culturas de pesquisa-ação e parece que uma enorme


quantidade de tempo e energia é gasta para se discutir quem são os “verda-
deiros” comprometidos com a pesquisa-ação e quem são os impostores.
Ainda que se reconheçam ganhos por parte do movimento, devemos
olhar para ele como algo bastante dinâmico e heterogêneo. Cochran-Smith e
Lytle (1998, 1999) alertam para o fato de que a pesquisa-ação tem sido im-
plementada de maneiras muito distintas, refletindo diferentes compromissos
políticos e ideológicos e diversas concepções sobre o aprendizado dos profes-
sores e dos estudantes.

OS GANHOS DO MOVIMENTO DE PESQUISA-AÇÃO

Nas décadas de 1980 e 1990, os termos pesquisa-ação, prática reflexi-


va e profissional reflexivo tornaram-se slogans para reformas educacionais ao

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redor do mundo. Por um lado, o movimento de pesquisa-ação significou um


reconhecimento de que os profissionais produzem teorias que os ajudam a to-
mar decisões no contexto prático. Por outro lado, esse movimento internacional
também pode ser entendido como uma reação contra a visão dos profissio-
nais como meros técnicos que apenas fazem o que outros, fora da esfera da
prática, desejam que eles façam e como uma rejeição às reformas “de cima para
baixo” que concebem os profissionais apenas como participantes passivos.
Embora haja o risco de que esses sentimentos possam levar a uma re-
jeição passional do conhecimento gerado na universidade (e pensamos que esse
seria um erro tão grande quanto a rejeição do conhecimento profissional), não
podemos confiar apenas no conhecimento gerado na universidade para a for-
mação profissional e melhoria institucional. Há muito o que aprender das teo-
rias geradas na universidade, mas esse discurso externo deve ser de alguma
forma integrado a um processo de pesquisa que é desenvolvido a partir da
prática. Acreditamos que a participação dos profissionais e, mais especificamen-
te, dos educadores, em projetos de pesquisa-ação, ou seja, o envolvimento
direto deles com o processo de produção sistemática de um saber extrema-
mente relevante e essencial para suas práticas, pode transformá-los também
em “consumidores” mais críticos do conhecimento educacional gerado nas
universidades. Isso pode acontecer porque esses sujeitos passariam a com-
preender melhor como tal conhecimento é produzido nos meios acadêmicos.
Da perspectiva do profissional isso significa que o processo de compreen-
são e melhoria de seu trabalho deve começar pela reflexão de sua própria
experiência. Os slogans “reflexão” e “pesquisa-ação” também significam o re-
conhecimento de que o processo de aprendizagem de como se tornar um
professor, um enfermeiro, um assistente social, continua por toda a carreira
desses profissionais; um reconhecimento de que independentemente do que
fazemos e de quão bem o fazemos em nossos programas de formação profis-
sional, podemos no máximo formar profissionais para iniciarem suas práticas.
Existe um compromisso de formadores de educadores e de formadores de
outros profissionais de auxiliar futuros profissionais e iniciantes a internalizarem,
durante sua formação inicial e nos primeiros anos de sua prática profissional, a
disposição e a habilidade para investigar seu trabalho e de se aperfeiçoarem com
o passar do tempo. Um compromisso de ajudar os profissionais a serem res-
ponsáveis por sua própria formação profissional.

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PESQUISA-AÇÃO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL

Passamos a discutir nesta seção se a pesquisa-ação tem realmente fomen-


tado o desenvolvimento profissional. Apesar dos argumentos apresentados nas
discussões acadêmicas da metade do século passado de que os professores
seriam incapazes de desenvolver pesquisas ou de que esse tipo de atividade
roubaria deles um tempo precioso a ser dedicado aos estudantes (veja, por
exemplo, Hodgkinson, 1957), as evidências indicam fortemente que a pesqui-
sa-ação tem sim auxiliado a formação de diferentes profissionais.
Desde as experiências pioneiras de John Eliott na Inglaterra, tem-se de-
fendido a idéia da pesquisa dos educadores como uma das formas disponíveis
e, talvez, uma das mais eficientes para a formação profissional. Geralmente se
argumenta que os professores tornar-se-ão melhores naquilo que fazem por
meio da condução de investigações sobre suas próprias práticas e que a quali-
dade da aprendizagem de seus alunos será melhor. Também se tem argumen-
tado que a pesquisa dos educadores estimulará mudanças positivas na cultura
e na produtividade das escolas, além de poder aumentar o status da profissão
de magistério na sociedade.
Nos Estados Unidos infelizmente ainda predominam programas de for-
mação profissional e de melhoria das escolas que ignoram o conhecimento e
o saber dos professores e que se baseiam, essencialmente, na distribuição de
pacotes e kits educacionais ou ainda em soluções para os problemas das esco-
las que geralmente não têm o menor respaldo empírico, e envolvem grandes
custos para estas. A venda de soluções educacionais continua sendo um gran-
de e rentável negócio nos EUA.
No Brasil, desde a implantação das reformas neoliberais em meados dos
anos 80, a educação tem sido crescentemente, e de maneira similar ao que
acontece nos Estados Unidos, concebida como um grande e promissor negó-
cio. Há também muitas pessoas e instituições ganhando muito dinheiro com a
venda de kits educacionais – muitas vezes rotulados como “construtivistas” ou
o que estiver mais em moda no momento. A formação docente concentra-se
em cursos de preparação inicial, geralmente baseados em modelos da racio-
nalidade técnica e, quando existentes, os programas de formação continuada
são normalmente centrados em cursos teóricos e de curta duração (ver Diniz-
Pereira, 1999; 2002).

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A literatura em educação é repleta de análises de experiências educa-


cionais – programas de formação profissional que utilizam a pesquisa-ação – e
de depoimentos pessoais de como os professores sentem que suas práticas de
sala de aula, e em alguns casos de como suas vidas profissionais, têm sido trans-
formadas por meio da pesquisa-ação.
Zeichner (2003), por exemplo, ao analisar quatro programas de pesqui-
sa-ação desenvolvidos por professores do ensino fundamental dos Estados
Unidos, conclui que, sob certas circunstâncias 1 , a pesquisa dos professores
parece promover aprendizagens específicas de professores e de alunos que
muitos docentes consideram válidas e transformadoras. A experiência de se
envolver em pesquisas do tipo “auto-estudo” (self-study research) ajuda ainda
os professores a se tornarem mais confiantes em suas habilidades de ensinar,
mais ativos e independentes ao lidarem com situações difíceis que surgem
durante as aulas, assim como mais seguros ao adquirirem hábitos e habilida-
des de pesquisa que utilizam para analisar mais a fundo suas estratégias de
ensino. A pesquisa dos professores parece também desenvolver neles moti-
vação e entusiasmo em relação ao ensino, além de revalidar a importância de
seu trabalho. Há ainda evidências da relação entre a pesquisa-ação e melhorias
no aprendizado, comportamento e atitude dos estudantes. Os professores
envolvidos na pesquisa de suas próprias práticas parecem ainda adotar mode-
los de ensino mais centrados nos alunos e se convecem da importância de ouvir,
observar e procurar entender os alunos. Finalmente, os estudos de Zeichner
levam-no a acreditar no poder da pesquisa dos professores para promover
melhorias mais amplas nas escolas e nos sistemas de ensino do qual fazem parte.

1. O autor assinala que certos contextos em que a pesquisa dos educadores se desenvolve
podem fazer bastante diferença. Ele cita, por exemplo, como essencial o fato de os educado-
res-pesquisadores terem controle sobre diferentes aspectos do processo de pesquisa, in-
cluindo a definição do foco de investigação, da coleta de dados e das estratégias de análise.
Além disso, parece fundamental criar uma cultura de pesquisa que respeite as vozes dos
educadores e o conhecimento que eles trazem para essa experiência de investigação. Outra
condição importante para o sucesso da pesquisa-ação é o estabelecimento de um grupo de
educadores-pesquisadores e de facilitadores externos trabalhando em ambiente seguro e
colaborativo por um período de tempo substancial. Por fim, parece dispensável dizer que as
condições estruturais são muitas vezes imprescindíveis: recursos fornecidos aos educadores
para desenvolverem suas pesquisas (isto é, redução de carga horária didática, materiais de
leitura e acesso a bibliotecas, apoio para publicação e apresentação de trabalhos) e oportuni-
dades oferecidas aos educadores para encontrarem com os colegas de trabalho e discutirem
com eles suas pesquisas.

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As análises de depoimentos pessoais sobre como os professores inves-


tigadores de suas próprias práticas se sentem e avaliam sua participação em
projetos de pesquisa-ação, afirmam que: a pesquisa-ação tem auxiliado no
aumento da confiança e da auto-estima desses profissionais (Webb, 1990;
Dadds, 1995; Loucks-Horsley et al., 1998); tem-lhes ajudado a diminuir as
distâncias entre as aspirações e as realizações na profissão (Elliot, Adelman,
1973; Elliot, 1980); tem sido um importante instrumento para os professores
entenderem de maneira mais profunda e crítica a sua própria prática e para
reverem suas teorias pessoais de ensino (Kemmis, 1985), tornando-os além
de mais abertos e receptivos para novas idéias (Oja, Smulyan, 1989), mais in-
dependentes em relação à autoridade externa (Holly, 1990). Finalmente, a
pesquisa-ação tem ajudado os professores a internalizarem a disposição para
estudar as suas práticas de ensino (Day, 1984), alterando os discursos e as
práticas desses profissionais, antes mais voltados aos “alunos problemáticos”,
para uma ênfase nos sucessos dos alunos e suas potencialidades (Atwell, 1987).
Tais evidências levaram Grundy e Kemmis a concluir:

Os depoimentos de primeira mão dos professores e estudantes que estão en-


volvidos nesses projetos revelam que a pesquisa-ação tem freqüentemente sido
a principal e mais importante experiência nas suas formações profissionais e
pessoais e ainda que essa é uma experiência única em termos de transforma-
ção da prática. Em resumo, existe muita evidência na literatura especializada e
nos depoimentos das pessoas que justifica a defesa da pesquisa-ação para a
melhoria da formação profissional. (1988, p.331)

Em gral, os professores que têm alguma experiência de pesquisa-ação


concluem que está participando de algo que realmente lhes interessa; algo que
é realmente válido e relevante para eles.
Se esse sentimento de recompensa pessoal é acompanhado de uma
melhoria da qualidade em termos de ensino e aprendizado, é um assunto mais
complexo. Por um lado, alguns afirmam que a melhoria do ensino está asso-
ciada ao fato de os professores investigarem a sua própria prática, mas que isso
obviamente demanda tempo (veja, por exemplo, a experiência do “Ford
Teaching Project” na Inglaterra; Elliot e Adelman, 1973; e as experiências esta-
dunidenses de pesquisa-ação educacional relatadas por Cochran-Smith e Lytle,
1992).

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Há também evidências e relatos de que professores têm usado a pes-


quisa-ação para implementar de maneira mais eficiente práticas behavioristas
de controle da sala de aula e outros modelos de ensino que não são nada pa-
recidos com os descritos. Como afirma Ellwood (1992), a pesquisa-ação pode
em alguns casos dar maior legitimidade a práticas educacionais que reforçam e
fomentam iniqüidades sociais.
Em suma, é possível dizer que a pesquisa-ação está, sem sombra de
dúvida, satisfazendo professores e ajudando-os a fazer o que desejam fazer de
maneira melhor. Todavia, o que eles querem fazer é algo bastante diversifica-
do que compreende desde práticas behavioristas, passando por práticas “cons-
trutivistas” (ou, em alguns casos, “neobehavioristas”) até práticas mais críticas
e politicamente orientadas. Para que as mudanças ocorridas nas práticas dos
professores por meio da pesquisa-ação possam ser consideradas “melhorias”,
temos de analisar os méritos daquilo que se produz e se tais mudanças são
válidas no contexto educacional de uma sociedade democrática.
Dessa maneira, apesar de todos os ganhos que o movimento dos edu-
cadores-pesquisadores tem tido nos últimos anos, uma grande quantidade de
alunos não tem compartilhado das compensações geradas pelos esforços de
melhoria da escola e da formação docente. E eles continuarão a não compar-
tilhar esses benefícios até que exista uma preocupação mais explícita com a
distribuição mais equânime dos resultados dessa melhoria.

PESQUISA-AÇÃO E CONTROLE DO CONHECIMENTO

Outra área em que o movimento de pesquisa-ação pode ser potencial-


mente catalisador de mudanças e em que ele tem dado uma contribuição sig-
nificativa para a implementação é a do controle do conhecimento educacional
que informa o trabalho dos profissionais.
Uma das características da pesquisa-ação educacional defendida por
Lawrence Stenhouse, na Inglaterra na década de 70, era que, ao se fazer pú-
blica a pesquisa dos educadores, outros profissionais poderiam beneficiar-se
dela; formadores de professores e pesquisadores nas universidades também
poderiam incorporar o conhecimento produzido por meio da pesquisa-ação
em cursos voltados para futuros professores ou para professores em treina-
mento; e, finalmente, gestores também poderiam usar tal conhecimento para
desenvolver políticas educacionais (veja, por exemplo, Stenhouse, 1975).

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Pesquisa dos educadores...

Apesar de assistirmos a um crescimento contínuo das comunidades de


pesquisa-ação por todo o mundo e mais especificamente das comunidades de
educadores-pesquisadores e de suas publicações, ainda constatamos uma dis-
criminação generalizada em relação ao tipo de conhecimento gerado pelos
professores no âmbito da pesquisa educacional.
Apesar de os “guardiões” da pesquisa básica em educação terem se
mostrado mais tolerantes com a pesquisa-ação, quando a questão é definir do
que trata a “verdadeira” pesquisa educacional, a pesquisa-ação parece não ter
relevância. Por exemplo, a maioria das universidades, que oferecem cursos de
doutorado nos EUA, provavelmente não aceitaria um projeto de pesquisa-ação
como tese. Existem também grupos de interesse específico na American
Educational Research Association – Aera –, sobre pesquisa-ação e pesquisa dos
professores, mas o status desses grupos e a sua importância na organização do
encontro anual dessa associação é claramente marginal.
No Brasil, apesar de haver iniciativas de parcerias entre universidades e
Secretarias de Educação para o desenvolvimento de programas de formação
continuada que incluam a realização de pesquisas por parte dos professores,
as condições de trabalho da maioria dos educadores são tão precárias que às
vezes pode parecer piada de mau gosto falar em pesquisa desenvolvida por
professores na escola. Com raríssimas exceções, a pesquisa educacional bra-
sileira está, sem dúvida alguma, concentrada nas universidades. Por meio des-
ses e de uma série de outros exemplos, é possível afirmar que a pesquisa-ação
não tem conseguido alterar as relações de poder entre acadêmicos e profis-
sionais quando a questão é definir o que realmente conta como pesquisa edu-
cacional.
Em publicação anterior, Zeichner (1995) defende a necessidade de su-
plantarmos a divisão entre a pesquisa dos educadores e a pesquisa acadêmica
em educação. O autor sugere três estratégias principais para romper com essa
separação: por meio do envolvimento dos profissionais das escolas em discus-
sões sobre o significado e a importância das investigações desenvolvidas nas
universidades e demais instiuições de pesquisa; por intermédio do desenvolvi-
mento de projetos de pesquisa em colaboração com os professores nas esco-
las em que velhos modelos hierárquicos são realmente superados; e, finalmen-
te, por meio do apoio a projetos de pesquisa-ação desenvolvidos pelos
educadores, levando muito a sério o conhecimento produzido nesse proces-
so. Zeichner lamenta o isolamento entre os professores nas escolas e os acadê-

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micos nas universidades e reafirma a necessidade da construção de alianças


entre eles para a melhoria da educação e, mais especificamente, do ensino, e
para a transformação social.

PESQUISA-AÇÃO E TRANSFORMAÇÃO SOCIAL

A terceira área na qual a pesquisa-ação educacional pode potencialmente


ter um impacto transformador é a escola como instituição. Temos sido teste-
munhas da falta de sucesso da maioria, senão de todos os projetos que ten-
tam mudar a escola “de cima para baixo”, ignorando o conhecimento daque-
les que nela trabalham. A pesquisa-ação tem o potencial de contribuir
fundamentalmente para o refazer da escola como instituição, melhorando suas
relações com a comunidade e promovendo uma educação de alta qualidade
para todas as crianças, jovens e adultos. Por isso, defendemos a legitimidade e
a importância de os professores e os formadores de professores controlarem
suas próprias práticas em vez de os políticos, os profissionais de gestão esco-
lar e educacional e os administradores externos fazerem isso.
Além da interferência, muitas vezes indesejada, desses sujeitos nas vidas
e práticas dos educadores, tem sido bastante comum nos últimos anos criticar
professores por suas visões muito estreitas sobre pesquisa-ação, por
enfatizarem a compensação pessoal em detrimento da reconstrução social.
Lawn (1989), Holly (1987), Nixon (1987) e Kemmis (1992) entre outros afir-
mam que a ênfase de professores-pesquisadores sobre a pesquisa-ação de sala
de aula ignora as condições estruturais que moldam tais ações dentro do am-
biente formal de ensino. A pesquisa-ação, que se assume ter o potencial para
modificar as estruturas mais profundas da educação escolar, é criticada justa-
mente por falhar em promover mudanças nas instituições escolares. Stephen
Kemmis, por exemplo, conclui que:

A pesquisa-ação educacional tem sido capturada e domesticada em pesquisas


de sala de aula individualistas, as quais falham em estabelecer pontes com for-
ças políticas por reformas educacionais democráticas. (1985, p.51)

Um dos discursos subjacentes a esses argumentos é que existem coisas


maiores e mais importantes acontecendo para além do limitado mundo da sala
de aula e que todos podem vê-las; que se deve parar de desperdiçar o tempo

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com questões triviais, como tentar melhorar o aprendizado dos estudantes. E


se alguém quer realmente melhorar o aprendizado dos seus estudantes, que
lute para mudar a instituição escolar, e as condições serão criadas para fazer
essas melhorias possíveis.
Ainda que existam muitos méritos no argumento de se concentrar no
contexto social e institucional em que a prática de ensino acontece, preocupa-
nos a representação negativa que é freqüentemente associada aos professo-
res que decidem manter as suas atenções na pesquisa de sala de aula. A maio-
ria dos professores-pesquisadores continuará vinculada a investigações em salas
de aula ou em grupos de salas de aula sem, necessariamente, se preocupar
tanto com a instituição escolar ou a estrutura do trabalho docente. Pensamos
que para incentivar ou apoiar a pesquisa-ação educacional ou escolar não é pre-
ciso atacar a pesquisa em sala de aula. Pensamos ainda que é bastante possí-
vel, dentro dos diferentes modelos de pesquisa-ação em sala de aula, estabe-
lecer ligações com forças políticas que lutam por reformas democráticas como
as sugeridas por Stephen Kemmis. Os professores não necessariamente pre-
cisam deixar a sala de aula para conectar as suas pesquisas com a luta por igual-
dade educacional e justiça social.
Se é verdade que o movimento de pesquisa-ação compartilha muitos dos
compromissos políticos com aqueles que se identificam com a ciência social
crítica em termos das lutas contra o status quo, essa associação com os teóri-
cos críticos nas universidades pode excluir muitos nas comunidades de pesquisa-
ação, por criar uma percepção de que “crítico” é algo que está longe e acima
do mundo dos profissionais, em nível “macro”, e as lutas em que os profissio-
nais estão cotidianamente envolvidos no nível “micro” são, de alguma forma,
pouco relevantes para uma dimensão mais ampla.
Há vários exemplos de situações em que grupos de professores desen-
volvem projetos de pesquisa-ação em suas salas de aula cujos resultados aju-
dam a promover mudanças no nível institucional, tais como mudanças nas re-
lações de poder da escola. Além disso, é possível afirmar que professores, ao
desenvolverem suas investigações sobre temas relacionados especificamente
à sala de aula, naturalmente levam em consideração o contexto institucional
em que a sala de aula está localizada. Esses exemplos são pequenas vitórias que
acontecem freqüentemente em comunidades de pesquisa-ação.
Allison Kelly (1985), referindo-se ao contexto britânico, lembra que es-
sas pequenas vitórias podem ajudar professores a romper com o determinis-

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mo que diz: “As forças estruturais são muito maiores do que eu; não há nada
que eu possa fazer” e, assim, evitar a desilusão que geralmente vem por não
ter mudado o mundo todo de uma única vez. A pesquisa-ação pode ser uma
ponte importante para os esforços mais amplos de reconstrução social. Deve-
ríamos ser capazes de reconhecer a importância de cada pequena conquista
ao longo desse caminho.
Assim, defendemos a idéia de que essas separações entre técnico e crí-
tico, micro e macro são, na verdade, falsas dicotomias e de que a noção de
“crítico” está na realidade incrustada no técnico e no mundo “micro” dos pro-
fissionais. Cada tema da sala de aula tem uma dimensão crítica. Indivíduos ou
pequenos grupos de profissionais, tais como professores, podem não ser ca-
pazes de mudar estruturas sociais injustas por meio de pesquisas na sala de aula,
mas esses professores podem ser bastante importantes e fazer a diferença em
termos de como afetam a vida de seus estudantes. Embora seja verdade o fato
de que apenas alguns professores e outros profissionais estão envolvidos em
esforços que objetivam mais diretamente a transformação institucional e a ação
nas comunidades, não deveríamos criticar os professores que se dedicam “ape-
nas” aos limites de suas salas de aula. Como dissemos anteriormente, muitos
professores continuarão preocupados com as suas salas de aula independen-
temente de o quanto são criticados por teóricos críticos nas universidades por
fazerem “apenas” isso.
A realidade é que o político e o crítico estão em nossas salas de aula e
em outros locais de trabalho, e as escolhas que fazemos diariamente em nos-
sos ambientes de trabalho revelam nossos compromissos morais em relação
à continuidade ou transformação social. Não podemos ser neutros. Conquanto
não ignoraremos os esforços para mudar as estruturas para além da sala de aula,
essa é um importante lugar para o que tem sido chamado de pesquisa-ação
socialmente crítica ou uma pesquisa-ação que está conectada com a luta mais
ampla por igualdade educacional e justiça social.

PESQUISA-AÇÃO E LUTA POR JUSTIÇA SOCIAL

Embora a pesquisa-ação tenha o potencial de fazer parte da construção


de um mundo mais justo, não é sempre que se tem explorado esse potencial.
Temos visto, por exemplo, no contexto da globalização hegemônica e da pro-
liferação de políticas neoliberais ao redor do mundo, o crescimento das desi-

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Pesquisa dos educadores...

gualdades entre ricos e pobres em muitos países. Ainda que existam expecta-
tivas para associar a pesquisa-ação com a mitigação desses sofrimentos e in-
justiças dentro e para além da escola, e mesmo considerando as origens do
movimento de pesquisa-ação antes da metade do século XX nos Estados
Unidos – vinculadas ao combate a preconceitos de raça e classe e ao trabalho
ativo nas comunidades (Nofke, 1989; Altrichter, Gstettiner, 1997) –, freqüen-
temente não há, hoje, uma preocupação explícita com essas questões de igual-
dade educacional e de justiça social nas comunidades de pesquisa-ação.
Algumas pessoas criticam os apelos para que os pesquisadores de suas
práticas intervenham no processo social, econômico e político em que estão
inseridos. Pensamos, ao contrário, que seria um grande erro imaginar que
poderíamos, de algum modo, ser participantes neutros em relação aos temas
de reprodução ou de mudança social. Educadores de sociedades que se
autodenominam democráticas têm a obrigação moral de intervir para que aque-
les com quem trabalham possam viver mais plenamente os valores inerentes
à democracia.
No contexto da globalização hegemônica e da proliferação de políticas
neoliberais ao redor do mundo, temos testemunhado o crescimento do fosso
que separa os ricos dos pobres. Raça, gênero, classe social, religião e opção
sexual continuam a ser fatores importantes que na maioria das vezes determi-
nam o acesso à educação de alta qualidade, assim como o acesso à boa mora-
dia, à assistência médica de qualidade e a empregos que remunerem decente-
mente. Esses fatores continuam a influenciar um conjunto de outros problemas
sociais, tais como a fome e a subnutrição, o abuso contra crianças, a gravidez
indesejada na adolescência, crimes, violência e drogas.
Obviamente não estamos sugerindo que esses e outros problemas te-
nham sido causados pela “ineficiência” da escola pública, argumento emprega-
do com freqüência na retórica de muitos políticos e gestores educacionais. As
escolas públicas não causam tais problemas, e a sua reforma por si só também
não poderá resolvê-los. O que sugerimos é que precisamos desempenhar um
papel politicamente consciente em qualquer esfera que se escolha trabalhar,
que examinemos as implicações sociais e políticas das nossas ações e, finalmen-
te, que atuemos de modo a promover os valores democráticos.
Para aqueles que estão envolvidos em projetos de pesquisa-ação isso
significa que toda e qualquer pesquisa-ação deve considerar, em algum ponto
do desenvolvimento da investigação, as implicações sociais e políticas de suas

Cadernos de Pesquisa, v. 35, n. 125, maio/ago. 2005 75


Kenneth M. Zeichner e Júlio Emílio Diniz-Pereira

práticas. Também significa que é preciso haver preocupação pública entre os


pesquisadores quanto ao que se pode fazer como educadores e como seres
humanos para minimizar a dor e o sofrimento dos que estão ao redor.
Gaby Weiner (1989) analisa, por exemplo, dois segmentos distintos do
movimento de pesquisa dos educadores no Reino Unido: o que ela chama de
“movimento dominante” e de “movimento de gênero”. Segundo essa autora,
as pesquisadoras feministas colocaram mais ênfase sobre os resultados da pes-
quisa-ação e se comprometeram com o estabelecimento da justiça social na
formação profissional. Os dois grupos de investigadores, de acordo com
Weiner, estavam preocupados com a emancipação e a maior autonomia dos
professores, com a criação de condições em que os professores, e não os aca-
dêmicos e pesquisadores externos, pudessem desenvolver uma teoria educa-
cional enraizada em suas práticas de sala de aula; todavia, apenas as pesquisa-
doras feministas procuraram explicitamente conectar os seus esforços com
questões de eqüidade e justiça social. A autora expressou ao final de seu arti-
go a esperança de que no futuro a pesquisa dos educadores pudesse abranger
o duplo objetivo de melhoria do autoconhecimento (self-knowledge) e de pro-
moção da justiça social.
Pensamos que Weiler estava correta quando defendeu em seu artigo, no
final dos anos 80, a idéia da pesquisa-ação voltada tanto para a compensação
pessoal quanto para a reconstrução social. Se por um lado sabemos da exis-
tência de professores que têm atuado sobre as implicações sociais e políticas
de suas práticas quando desenvolvem projetos de pesquisa-ação em suas es-
colas e salas de aula, por outro, existem vários exemplos de professores ou
de grupos de professores que têm associado suas pesquisas ao duplo objetivo
de compensação pessoal e reconstrução social.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Gostaríamos de concluir chamando a atenção da comunidade interna-


cional de profissionais envolvidos em pesquisa-ação para que conectemos
nossas investigações ou nossos trabalhos como facilitadores de pesquisa-ação
com o duplo objetivo de compensação pessoal e reconstrução social. Do con-
trário, corremos o risco de reforçarmos uma segmentação que atualmente já
nos divide.

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Pesquisa dos educadores...

Por um lado, temos a glorificação da compensação pessoal como um fim


em si mesma e que nega a responsabilidade social. Por outro lado, existem
aqueles que defendem mais vigorosamente a exploração das implicações so-
ciais e políticas da pesquisa-ação de sala de aula e que esta deveria ser desen-
volvida de maneira a enfatizar a investigação nas escolas e nas comunidades ao
seu redor, para confrontar as políticas e estruturas institucionais. Defende-se
ainda um tipo de pesquisa-ação que diretamente desafie os “guardiões” do que
é considerado a “verdadeira” pesquisa educacional. Claro que essas ênfases
devem ser apoiadas, mas não em detrimento da pesquisa-ação de sala de aula
e tão pouco da negação da importância do conhecimento acadêmico.
Embora sejamos comprometidos com os valores e os princípios associ-
ados à pesquisa-ação (ou seja, democratizar o processo de pesquisa e amplifi-
car a voz dos profissionais na definição do curso de políticas que afetam o seu
trabalho cotidiano), estamos também empenhados em associar pesquisa-ação
a temas mais amplos como, por exemplo, o de tornar as sociedades mais hu-
manas e solidárias. Enfatizamos, desse modo, a necessidade da pesquisa-ação
ir além da retórica de se “dar voz aos profissionais” para a definição e melhoria
de seu próprio trabalho. Mesmo concordando que o fato de se “dar voz aos
profissionais” também seja algo importante, sabemos que isso não é suficiente.
Precisamos também reforçar nossos laços com os movimentos sociais
de massa que trabalham para a promoção da justiça social, econômica e polí-
tica no planeta. Embora a pesquisa-ação possa contribuir apenas com uma
pequena parte dessas lutas, ela é parte importante. Assim, como pertencen-
tes a uma comunidade de pesquisa-ação, precisamos ter a consciência pública
e social mais ampla, explicitando nossos compromissos com as lutas por um
mundo em que todos tenham acesso a vidas dignas e decentes.

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Recebido em: janeiro 2005


Aprovado para publicação em: fevereiro 2005

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