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Não é intuito deste artigo esgotar todo o polêmico assunto alusivo à

maioridade penal no Brasil, e sim levantar alguns pontos importantes e


incidentes na atual situação carcerária brasileira e suas consequências com a
possível redução da maioridade penal.

O sistema carcerário de nosso país notoriamente encontra-se em crise,


pra não dizer, em muitos lugares, falidos. Teoricamente, as penas restritivas de
liberdade impostas para aqueles que descumprem preceitos legais, têm como
objetivo reconduzir social e moralmente a pessoa para a sociedade, dando a
ela uma nova chance de se redimir do que cometeu e se inserir novamente no
meio social.

Diretamente confrontando com tal teoria, temos a realidade do sistema


carcerário brasileiro. Ao invés de ‘reformar’ o preso e este sair socialmente
correto, as prisões nacionais estão mais para concentrações e campos de
treinamento mental de criminosos. Não raro é o fato de alguma pessoa detida
por algum crime considerado leve, como por exemplo furto de objeto de baixo
valor ou sem valor pecuniário algum, cumprida sua pena privativa de
liberdade, em meio a Homicidas, estupradores, sequestradores e muitos
outros, ao ser reconduzida para liberdade venha a praticar crimes graves como
os inerentes às pessoas acima citadas. O sujeito entra por um furto leve e
acaba saindo um homicida, terrorista, etc.

Não há atualmente a possibilidade de segmentação de presos de acordo


com o delito que cometeu por uma simples questão: Não há espaço para
suportar todos que estão encarcerados. Há uma superlotação no sistema.
Lugares projetados para receber duzentas pessoas, estão ‘comportando’
seiscentas. O sistema (in)opera em déficit.

Uma infinidade de pessoas com penas vencidas ainda continuam presas,


abarrotando ainda mais os presídios e cadeias. O sistema possuí uma grande
introdução de pessoas e uma pequena vazão. Não obstante disso ainda temos
que ressaltar a qualidade de (sub)vida a que estão sujeitados a grande maioria
daqueles que estão reclusos. A simples superlotação já gera a ínfima
qualidade de vida, e atrelados a isso temos o desenvolvimento e transmissão
de doenças, altos índices de violência e homicídios, dentre outros.

Externamente aos aludidos problemas internos do sistema brasileiro de


carceragem, muitos exigem a redução da maioridade penal no país para
dezesseis anos. Se as prisões e penitenciárias de todo o país, que já estão
abarrotadas de pessoas, receberem também, após uma redução da idade
penal, todos aqueles condenados a partir dos dezesseis anos, certamente irá
alavancar um grande fluxo humano e criminológico, certamente então em
muitos locais estará instaurado o verdadeiro caos.

É Importante destacar que para a redução da maioridade penal neste


país, se faz necessário uma política séria e abrangente de mega ampliação do
sistema carcerário, possibilitando assim melhores condições para aqueles que
já estão encarcerados, respeitando todos os princípios humanos, e também
sair do déficit relacionado a vagas no sistema prisional, e estar preparado para
uma nova realidade. Em consequência a sociedade estará mais segura.

Uma política eficaz capaz de sanar efetivamente esta ferida social e


assim tutelar direitos líquido e certos intrínsecos à toda pessoa natural,
somente será tangível através de uma operação de reconstituição do sistema
carcerário. Não podemos mensurar tal reconstituição em um pequeno lapso
temporal, reconstituição esta que afetaria tão somente o sistema prisional
físico, os prédios públicos em si.

Necessário se faz uma cooperação conjunta entre os poderes, buscando


por meio da interação consensual e legal, uma renovação do sistema
carcerário nacional sob uma ótica tetrapartida tendo como pressupostos as
seguintes facetas: agilidade processual (não falo de um processo sumário,
mais sim um processo rápido, onde haja o equilíbrio da exauriência a cerca dos
fatos e a sumariedade nos atos da jurisdição), agilidade de execução, respeito
aos direitos humanos e uma boa estrutura física para abrigar e comportar
humanamente tais pessoas.

Em síntese, temos um sistema carcerário a beira do caos. Pessoas


coexistem desumanamente com doenças, violência e desrespeito à dignidade
da pessoa humana. A redução da maioridade penal para dezesseis anos (não
venho aqui saudá-la ou repudiá-la, mas analisar fatos), caso nada seja feito
anteriormente à sua aprovação pelo Congresso Nacional a fim de amenizar
seus efeitos, melhor atenuar suas consequências e procurar melhor realocar os
então criminosos da nova faixa etária, o Brasil terá seríssimos problemas com
seus sistema prisional, não que já não tenha, mais será ainda pior. Um sistema
cheio, recebendo mais pessoas a cada hora, minuto, e também uma nova faixa
etária de condenados que irão certamente serem de alguma forma,
encarcerados.

Estaríamos presenciando a existência de uma mega-lotada senzala


social?

Texto sem revisão ortográfica;


por Eliel Matias da Rosa

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