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LAVRAS
MINAS GERAIS - BRASIL
2010
ADILSON RIBEIRO DE ARAÚJO
Orientador
Prof. Dr.Renato Luiz Grisi Macedo
LAVRAS
MINAS GERAIS – BRASIL
2010
ADILSON RIBEIRO DE ARAÚJO
LAVRAS
MINAS GERAIS – BRASIL
2010
AGRADECIMENTOS
RESUMO .........................................................................................................i
1 APRESENTAÇÃO ...................................................................................... 1
2 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 3
REFERÊNCIAS ............................................................................................ 71
RESUMO
i
1 APRESENTAÇÃO
1
No terceiro Capítulo discoremos sobre a importância de Educação
Ambiental especialmente na escola. Falamos sobre a definição da EA,
descrevemos suas características, objetivos, finalidades, importância e como
trabalhar esta questão nas escolas dando ênfase à prática da interdisciplinaridade
conforme proposta dos parâmetros Curriculares Nacionais.
No quatro Capítulo falamos da ECO-92 e da Agenda 21 e suas
finalidade e a importância de sua aplicabilidade em todos os contextos mundiais.
2
2 INTRODUÇÃO
3
futuro para que haja uma sensibilização do homem no que diz respeito à
melhoria de vida tanto para si quanto para a biodiversidade e para o meio no
qual está inserido proporcionando assim a aplicabilidade da sustentabilidade
nessa sociedade.
Neste sentido, é preocupante a forma como recursos naturais e culturais
do nosso país vêm sendo tratados. Poucos produtores e lavradores conhecem ou
valorizam esse conhecimento do meio ambiente do qual eles fazem parte. Muitas
vezes, para utilizar de certos recursos naturais, destroem outros de suma
importância para o equilíbrio ecológico, como tem sido no desmatamento
seguido de queimada para lavouras e pastagem, mecanismo este que além de
empobrecer o solo mata seus nutrientes deixando-o infértil, a extração de
minério que satisfaz somente um pequeno grupo e deixa para traz solos rios e
lençóis freáticos contaminados por produtos químicos deixando as pessoas que
habitam naquela região a mercê da miséria enquanto suas riquezas vão para
outras cidades e até mesmo são exportados para outros países.
Este quadro gera sérios problemas decorrentes da inexistência de uma
articulação sistemática de fiscalização, legislação e implantação de programas
direcionados especificamente à questão ambiental. É necessária uma política
ambiental adequada e que seja valorizada por parte de todos. Porém, esses
descasos levam as pessoas a abandonarem as áreas já devastadas e se apropriam
de novas áreas dando continuidade à degradação da biodiversidade.
Portanto, o ciclo de destruição da natureza continua de forma acelerada
e, além de causar desgaste na saúde que já não consegue controlar as doenças
por parte desse desequilíbrio em massa. Essas ações são definitivas para a
degradação do meio e a medida que este modelo de desenvolvimento evolui,
sistemas inteiros de vida vegetal e animal perdem seu equilíbrio. Infelizmente a
riqueza permanece concentrada na mão de poucos, com isso há um aumento
significativo da fome, miséria, injustiça social, violência e a baixa qualidade de
4
vida de parte da população. Estes fatores que estão relacionados ao modelo
civilizatório de desenvolvimento por parte dos governantes e autoridades dos
países. Necessitamos rapidamente trabalhar com a educação ambiental e
entendemos que o melhor lugar é a escola. Só assim teremos a efetivação do
desenvolvimento sustentável na nossa humanidade para que nossos recursos
naturais sejam preservando para presente e futuras gerações.
5
3 O PROCESSO HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
6
• No tocante dos anos de 10.000 a.C. Dá-se o desenvolvimento do
sistema agrícola na região da Mesopotânia1 e especialmente a leste
do Mar Mediterrâneo onde se concentram os primeiros aglomerados
de civilizações.
• A 4.000 a. C. Inicia as aldeias agrícolas nos vales dos rios Eufrates e
Tigre dos antigos povos babilônicos.
• Em 2.000 a.C. no planeta Terra há uma população de
aproximadamente 27 milhões de seres humanos e já certas atividades
produtivas no mundo, mas, são atividades que não provocam danos
nem capazes de mudanças na natureza.
• No ano 0 que marca a chegada de Cristo, a população em trono do
mundo chega aos 100 milhões de pessoas.
• No ano de 1492 as Caravelas (Pinta, Nina e Santa Maria)2 com
colonizadores europeus aborta no novo mundo até então
desconhecido por esses povos. Iniciando a colonização da América
que assim ficou conhecida e depois batizada em homenagem ao
navegador Américo Vespúcio, onde existia cerca de 5 milhões de
povos nativos que viviam em harmonia com a natureza.
• Logo depois, em 1500 dá-se a chegada dos conquistadores europeus,
agora na América do Sul especificamente no Brasil nome dado pela
exuberância do vegetal conhecido popularmente como pau-brasil. A
assim se inicia o processo de exploração desse recurso vegetal,
provocando uma viravolta nos povos locais.
1
A Mesopotâmia — nome grego que significa "entre rios" (meso - pótamos) - é uma
região de interesse histórico e geográfico mundial. Uma região de origem localizada
no Oriente Médio, delimitado entre os vales dos rios Tigre e Eufrates.
2
As três caravelas utilizadas na conquista da América em 1492.
7
• Iniciada a colonização do Brasil, em 1542, uma Carta Régia do
Brasil3, cria normas disciplinares para a extração de madeira e
proporciona punições para os abusos no corte nessa atividade.
• No século XVIII Galileu é forçado pela Igreja Católica a abjurar a
teoria heliocêntrica, bem como nesse mesmo século a Inglaterra é
acometida com uma epidemia conhecida como peste bubônica4 que
devastou um terço da população.
• Em 1822 José Bonifácio de Andrada e Silva empreende sua luta
contra a repressão portuguesa nos movimentos de Independência do
Brasil. Ele foi também uns dos primeiros naturalistas do país. No
decorrer do século XIX a população do planeta Terra atinge os seus
primeiros bilhões de habitantes. No ano de 1827 uma Carta de Lei de
Outubro, do império, determinou poderes aos juízes de paz das
províncias para a fiscalização das florestas, esta lei proibia o
desmatamento no Brasil.
• O Imperador D. Pedro II cria a Lei 601, fazendo assim a proibição
da exploração florestal em terras que fosse descobertas e
determinando às províncias poderes na aplicação. A lei é ignorada e
se verifica uma grande área devastada de florestas na atividade de
monocultura do café que a mesma era para abastecer a Europa.
Ainda no século XIX Charles Darwin, lança o livro A Origem das
Espécies, mostrando que todos os seres vivos do planeta Terra são
produtos do ambiente, passando por processo de seleção natural.
Mesmo com tudo isso, permitiu que acontecessem no final do século
3
Carta Régia do Brasil – É o rompimento do pacto colonial, com a transferência da
Corte, o Brasil praticamente deixou de ser colônia.
4
Peste negra é a designação por que ficou conhecida, durante a Idade Média, a,
pandemia que assolou a Europa durante o século XIV e dizimou entre 25 e 75 milhões
de pessoas.
8
a publicação da obra do americano George Perkim Marsh um livro
com a denominação de Man and nature: or pbysical geograpby as
modifreid by buman action (O homem e a natureza), umas das
primeiras obras escrita com detalhes sobre agressão da humanidade
sobre a utilização dos recursos naturais. O biólogo alemão Ernst
Haeckel (1834-1919), edita um vocábulo “ecológico” um conceito
sobre estudos das relações de diversas espécies com seu meio
ambiente (hábit). Com a ideia de Marsh (1864), cria-se nos EUA o
primeiro parque nacional do mundo (Yellowstone National Park), já
no Brasil a Princesa Isabel autoriza o funcionamento de uma
empresa privada especializada na extração de madeira,
principalmente na extração do pau-brasil.
• O início do século XX marca um período de surgimento da
Educação Ambiental, o Giffrerd Pinchet começa a usar a palavra
“conservação”, bem como o presidente norte-americano Theodore
Roosevelt promove a conferência para governador com uma
temática voltada para a conservação da natureza. Em 1920 o pau-
brasil já é considerado extinto pelo presidente do país, Epitácio
Pessoa que também observa que o Brasil era um rico país na fauna e
flora e era o único que não possuía um código florestal para a
proteção dessa biodiversidade.
• Na década de 1920 o mundo já havia passado por grandes
revoluções principalmente industriais. Em 1923 o empresário
industrial Henry Ford promulga o conceito de produção em massa
(linha de montagem)5, em suas fábricas de automóveis. Esse
processo conhecido como fordismo e incentivava os empregados a
5
A linha de montagem foi fundada por Henry Ford inicialmente para a fabricação dos
automóveis Ford no ano de 1913.
9
comprar um desses veículos produzidos fator que, infelizmente,
inicia o consumismo no mundo, provocando assim a escassez dos
recursos naturais.
• Na década de 1930 o livro An Introducion to Regional Surveying
(Uma introdução a estudos regionais) de C.C. Fagg e G.E. Hitchings,
contribui para o desenvolvimento da educação ambiental na escola.
• Como já havia sido destacado pelo presidente Epitácio Pessoa que o
Brasil era o único país que não possuía um Código Florestal em
1931 o Decreto 23.973 vira lei e é criada a primeira unidade de
conservação, o Parque Nacional do Itatiaia. Algum tempo em 10 de
janeiro de 1939 o Decreto 1.035/39, cria o Parque Nacional do
Iguaçu que por incrível que pareça é o único Parque Nacional
realmente legalizado no país.
• Com o surgimento da escola institucionaliza a educação formal e os
movimentos ambientalistas em princípio nos EUA dão origem a
vários programas e reformas de várias disciplinas veiculando
conhecimento das várias ciências. Observava-se que a interligação
de todas as ciências iria permitir uma visão completa do
funcionamento do planeta, a interação do homem com ele
aconteceria de forma mais garantida. Com isso o presidente Jânio
Quadros aprova projeto para o pau-brasil declarando-o “árvore-
símbolo e o Ipê a flor-símbolo nacional do país”. Ainda neste
período o jornalista Rachel Carson, lança o livro Silen Spring
(Primavera Silenciosa). Porém, nas décadas de 50 e 60, surgem
problemas ambientais reais e urgentes, que assumem proporções
alarmantes e assim a ética ambiental toma nova forma com a
Conferência sobre educação realizada em College of Education,
Leichester, Grã-Bretanha em abril de 1968 com participação de
10
vários especialistas que se reuniram para criar o Clube de Roma uma
forma de levar ao conhecimento da humanidade a atual crise
ambiental no mundo e proporcionar medidas que solucionem esse
problema.
11
como pretexto os impactos ambientais, como maneira de barrar a capacidade de
competição entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos ou em
desenvolvimento.
Por fim, foi um evento político ambiental internacional decisivo para o
aumento da consciência de como gerenciar o meio ambiente e também chamar
atenção da humanidade para os problemas ambientais causados pelo crescimento
econômico e populacional.
12
constituírem o aspecto mais relevante que afeta o bem-estar dos povos e o
desenvolvimento do mundo inteiro.
3 - O homem carece constantemente de somar experiências para
prosseguir descobrindo, inventando, criando, progredindo. Em nossos dias sua
capacidade de transformar o mundo que o cerca se usada de modo adequado,
pode dar a todos os povos os benefícios do desenvolvimento e o ensejo de
aprimorar a qualidade da vida. Aplicada errada ou inconsideradamente, tal
faculdade pode causar danos incalculáveis aos seres humanos e ao seu meio
ambiente. Aí estão, à nossa volta, os males crescentes produzidos pelo homem
em diferentes regiões da Terra: perigosos índices de poluição na água, no ar, na
terra e nos seres vivos; distúrbios grandes e indesejáveis no equilíbrio ecológico
da biosfera; destruição e exaustão de recursos insubstituíveis; e enormes
deficiências, prejudiciais à saúde física, mental e social do homem, no meio
ambiente criado pelo homem, especialmente no seu ambiente de vida e de
trabalho.
4 - Nos países em desenvolvimento, os problemas ambientais são
causados, na maioria, pelo subdesenvolvimento. Milhões de pessoas continuam
vivendo muito abaixo dos níveis mínimos necessários a uma existência humana
decente, sem alimentação e vestuário adequados, abrigo e educação, saúde e
saneamento. Por conseguinte, tais países devem dirigir seus esforços para o
desenvolvimento, cônscios de suas prioridades e tendo em mente a premência de
proteger e melhorar o meio ambiente. Com idêntico objetivo, os países
industrializados, onde os problemas ambientais estão geralmente ligados à
industrialização e ao desenvolvimento tecnológico, devem esforçar-se para
reduzir a distância que os separa dos países em desenvolvimento.
5 - O crescimento natural da população suscita a toda hora problemas na
preservação do meio ambiente, mas políticas e medidas adequadas podem
resolver tais problemas. De tudo o que há no mundo, a associação humana é o
13
que existe de mais preciosa. É ela que impulsiona o progresso social e cria a
riqueza, desenvolve a Ciência e a Tecnologia e, através de seu trabalho árduo,
continuamente transforma o meio ambiente. Com o progresso social e os
avanços da produção, da Ciência e da Tecnologia, a capacidade do homem para
melhorar o meio ambiente aumenta dia a dia.
6 - Atingiu-se um ponto da História em que devemos moldar nossas
ações no mundo inteiro com a maior prudência, em atenção às suas
consequências ambientais. Pela ignorância ou indiferença podemos causar danos
maciços e irreversíveis ao ambiente terrestre de que dependem nossa vida e
nosso bem-estar. Com mais conhecimento e ponderação nas ações, poderemos
conseguir para nós e para a posteridade uma vida melhor em ambiente mais
adequado às necessidades e esperanças do homem. São amplas as perspectivas
para a melhoria da qualidade ambiental e das condições de vida. O que
precisamos é de entusiasmo, acompanhado de calma mental, e de trabalho
intenso, mas ordenado. Para chegar à liberdade no mundo da Natureza, o homem
deve usar seu conhecimento para, com ela colaborando, criar um mundo melhor.
Tornou-se imperativo para a humanidade defender e melhorar o meio ambiente,
tanto para as gerações atuais como para as futuras, objetivo que se deve procurar
atingir em harmonia com os fins estabelecidos e fundamentais da paz e do
desenvolvimento econômico e social em todo o mundo.
7 - A consecução deste objetivo ambiental requererá a aceitação de
responsabilidade por parte de cidadãos e comunidades, de empresas e
instituições, em equitativa partilha de esforços comuns. Indivíduos e
organizações, somando seus valores e seus atos, darão forma ao ambiente do
mundo futuro. Aos governos locais e nacionais caberá o ônus maior pelas
políticas e ações ambientais da mais ampla envergadura dentro de suas
respectivas jurisdições. Também a cooperação internacional se torna necessária
para obter os recursos que ajudarão os países em desenvolvimento no
14
desempenho de suas atribuições. Um número crescente de problemas, devido a
sua amplitude regional ou global ou ainda por afetarem campos internacionais
comuns, exigirá ampla cooperação de nações e organizações internacionais
visando ao interesse comum. A Conferência concita Governos e povos a se
empenharem num esforço comum para preservar e melhorar o meio ambiente,
em beneficio de todos os povos e das gerações futuras.
6
UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura.
7
Pluralismo é, num sentido amplo, o reconhecimento da diversidade.
15
desenvolvimento, através, dentre outros mecanismos, da reforma dos processos e
sistemas educacionais. Segundo a Carta de Belgrado, organizada pela Unesco é
os que:
8
Tbilisi - Capital da República da Geórgia.
9
Educação Formal - São formas de ensino regular da educação, oferecida pelos
sistemas formais de ensino em escolas, faculdades, universidades e outras
instituições, que geralmente se constitui numa ""escada"" contínua de ensino em
tempo integral para crianças e jovens, tendo início, em geral, na idade de cinco, seis
ou sete anos e continuando até os 20 ou 25.
10
Educação Não-Formal – São atividades ou programas organizados fora do sistema
regular de ensino, com objetivos educacionais bem definidos.
16
a educação deveria, simultaneamente, preocupar-se com a conscientização, a
transmissão de informação, o desenvolvimento de hábitos e a promoção de
valores, bem como estabelecer critérios e orientações para a solução dos
problemas, sendo assim organizar estratégias internacionais para ações no
campo da educação e formação ambiental.
17
2) Conhecimento: ajudar grupos sociais e indivíduos a ganhar uma
variedade de experiências e adquirir uma compreensão básica do
ambiente e problemas conexos;
3) Atitudes: ajudar grupos sociais e indivíduos a adquirir um conjunto
de valores e sentimentos de preocupação pelo ambiente e motivação
para ativamente participarem na melhoria da proteção do ambiente;
4) Habilidades: ajudar grupos sociais e indivíduos a adquirir
habilidades para identificar e resolver problemas ambientais;
5) Participação: providenciar para grupos sociais e indivíduos a
oportunidade de ser ativamente envolvido em trabalhos para solução
de problemas ambientais.
18
4) Examinar as questões ambientais maiores a partir dos pontos de vista
locais, nacionais, regionais, e internacionais, para que os estudantes
recebam informações sobre as condições ambientais em outras áreas
geográficas;
5) Focar em questões ambientais potenciais e atuais sem descontar na
perspectiva histórica;
6) Promover o valor e a necessidade da cooperação, local, nacional e
internacional, na prevenção e solução de problemas ambientais;
7) Explicitamente considerar os aspectos ambientais em planos para o
desenvolvimento e crescimento;
8) Capacitar estudantes a terem um papel no planejamento de suas
experiências de aprendizagem e providenciar-lhes oportunidade de
tomar decisões e aceitar suas consequências;
9) Relacionar, para todas as idades, sensibilidade ambiental,
conhecimentos, habilidades de solução de problemas e valores, mas
com especial ênfase em sensibilidade ambiental para os aprendizes
da comunidade em tenra11 idade;
10) Ajudar aprendizes a descobrirem sintomas e causas reais de
problemas ambientais;
11) Enfatizar a complexidade dos problemas ambientais, e a necessidade
de se desenvolver consciência crítica e habilidades de solução de
problemas;
12) - Utilizar diversos ambientes de aprendizagem e uma ampla coleção
de métodos educacionais, para que se possa ensinar, aprender sobre,
e aprender do ambiente, com a devida atenção em atividades práticas
e experiências originais.
11
Tenra - escoteiro novato, inexperiente, que em campo dá mostras de não se saber
desenrascar nem de trabalhar em equipa.
19
Importa mencionar ainda os seguintes acontecimentos mundiais que
contribuíram para a discussão da importância e das políticas de educação
ambiental: "Encontro Regional de Educação Ambiental para América Latina"
em San José, Costa Rica (1979); "Seminário Regional Europeu sobre Educação
Ambiental para Europa e América do Norte", onde se destacou a importância de
intercâmbio de informações e experiências (1980); "Seminário Regional sobre
Educação Ambiental nos Estados Árabes", em Manama, Bahrein (1980); “O
Seminário sobre a Energia e a EA” em Monte Carlo, Mônaco, Europa (1981).
O Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) decreta a Resolução
001/86 para implementação da Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) (1986);
O Ministério de Educação (MEC) com o seu Plenário do Conselho Federal de
Educação aprovam por unanimidade o parecer 226/87 que propõe a inclusão da
EA dentro dos conteúdos curriculares das escolas de 1º e 2º graus em (1987); em
1988, especialistas da América Latina, a convite do governo venezuelano, com o
apoio do Orpal/Pnuma12, reúnem-se em Caracas para discutir sobre a Gestão
Ambiental na América Latina, e, a partir daí, elaborando a Declaração de
Caracas. Em fevereiro de 1989 a Lei 7335 cria o Ibama, com a finalidade de
formular coordenar e executar a política nacional do meio ambiente. Nota-se que
os anos de 1970 e 1980 foram ávidos por discussões regionalizadas em educação
ambiental e o desenrolar da política ambiental no Brasil e no mundo.
12
Seminário Latino-Americano de Educação Ambiental em Buenos Aires/Argentina –
PNUMA e UNESCO em 1988.
20
4 A LEGISLAÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL E
SUSTENTABILIDADE
21
socioeconômico e o cultural, sob o enfoque da sustentabilidade”. Este princípio
está amarrado nos Parâmetros Curriculares Nacionais para o uso da educação
ambiental em vários níveis do ensino básico.
No ano de 1997, foram divulgados os novos Parâmetros Curriculares
Nacionais – PCN, desenvolvidos pelo MEC com o objetivo de fornecer
orientação para os professores. A proposta é que eles sejam utilizados como
“instrumento de apoio às discussões pedagógicas na escola, na elaboração de
projetos educativos, no planejamento de aulas e na reflexão sobre a prática
educativa e na análise do material didático”. Os PCNs enfatizam a
interdisciplinaridade e o desenvolvimento da cidadania entre os educandos, o
documento estabelece alguns temas especiais a ser ou discutidos pelo conjunto
das disciplinas da escola, não constituindo-se em disciplinas específicas. São os
chamados temas transversais que são: ética, saúde, meio ambiente, orientação
sexual e pluralidade cultural.
Portanto os PCNs tem a preocupação de relacionar a educação com a
vida cotidiana dos alunos, seu meio, sua comunidade, uma ideia inovadora que
vem ganhando força nas últimas décadas principalmente nas décadas de 60 e 70
com o crescimento dos movimentos ambientalistas os quais passaram a adotar
de forma explicita a expressão “Educação Ambiental” para garantir iniciativas
de universidades, escolas, instituições governamentais e não governamentais
com o intuito de conscientizar diversos setores da sociedade para as questões
voltadas ao meio ambiente. Uma grande iniciativa se deu através da constituição
de 1988 quando a educação ambiental se tornou exigência a ser garantida pelo
governo federal, estaduais e municipais (artigo 225, & 1º VI)13, entretanto,
qualquer política nacional, regional ou local deve levar em consideração essa
diversidade riquíssima que compõe esse mosaico natural e deve investir nela e
13
Artigo 225, & 1º VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a
conscientização pública para a preservação do meio ambiente.
22
não degradá-la ou descaracterizar sua beleza. Diante desses fatores a grande
tarefa da escola é proporcionar ambiente saudável e coerente possibilitando que
os seus alunos trabalhem o meio ambiente em sua complexibilidade e totalidade
e que a escola possa contribuir de fato para a formação da sua identidade como
cidadão consciente de suas possibilidades com o meio ambiente capazes de
exercer atividades de proteção e melhoria em relação às alterações na natureza.
Ou seja, devemos levar o educando a compreender a importância de
recomposição dos elementos necessários a continuidade das espécies no planeta.
É preciso rever os conteúdos para encontrar um objeto de convergência
entre as disciplinas fator que, consequentemente, implica na
interdisciplinaridade.
14
Lei 6938/81 - Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente.
15
Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
23
Na década de 70 ocorria no país as primeiras experiências pioneiras da
educação ambiental, sempre reservada aos aspectos ecológicos, já na década de
80 a educação ambiental passou por um período de reestruturação, redefinições,
expansão e consolidação. O Conselho Federal de Educação indicou que a
temática ambiental possuía caráter multidisciplinar, fator que implica na
dissolução das matérias já elaboradas pelos conselhos estaduais da educação.
Neste sentido foi possível observarem a inserção da relevância política como
estratégia no desenvolvimento da educação ambiental. Nota-se a proliferação de
associações ambientalistas e de outras formas de organização civis, buscando
ampliação da educação ambiental nos tipos formal e não formal.
24
A dimensão ambiental deve ser incluída em todos os currículos de
formação dos professores. Os professores em atividade deverão receber
formação complementar com isso a lei que institui a “Política Nacional de
Educação Ambiental”, determina os princípios básicos da educação ambiental.
Nos seguintes artigos 16 a 19 da Lei 9795/99:
16
SISNAMA – Sistema Nacional de Meio Ambiente.
17
Economicidade - Dimensão do desempenho de uma entidade pública ou privada,
relativa à minimização dos custos dos recursos utilizados na consecução de uma
atividade, sem comprometimento dos padrões de qualidade.
25
4.2 Fundamentação e legislação para a Sustentabilidade ou
Desenvolvimento Sustentável
26
Bruntland, que o termo passou a ser conhecido mundialmente. De acordo com
este documento o “desenvolvimento sustentável é aquele que atende às
necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações
futuras atenderem a suas próprias necessidades” (World Commission on
Environment and Development, 1987).
A Agenda 21, documento operacional da Conferência das Nações
Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento - ECO 92 realizada no Rio de
Janeiro, define desenvolvimento sustentável como sendo “um desenvolvimento
com vistas a uma ordem econômica internacional mais justa, incorporando as
mais recentes preocupações ambientais, sociais, culturais e econômicas”.
Esse conceito tornou-se um dos mais utilizados em trabalhos de
pesquisas relacionadas ao meio ambiente, como na educação ambiental, em
planos de manejo, entre outros. Também é muitas vezes utilizado em slogans de
grandes empresas que arrumaram uma forma fácil de arrebanhar mais clientes
colocando em suas propagandas árvores crescendo no meio de campos
desnudos. Enfim, só colocando dinheiro no meio para esse pessoal olhar para a
Natureza mesmo.
De acordo com a Lei 9.985/2000 que regulamenta o artigo 225 da
Constituição Federal e institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação
da Natureza, o uso sustentado nada mais é que: “exploração do ambiente de
maneira a garantir a perenidade dos recursos ambientais renováveis e dos
processos ecológicos, mantendo a biodiversidade e os demais atributos
ecológicos, de forma socialmente justa e economicamente viável”.
O Brasil com sua gente, história, cultura, território e recursos naturais,
vem sendo uma vitrine para o mundo. Tudo o que aqui acontece marca a história
do ambiente, da legislação e da sustentabilidade.
O meio ambiente objeto de intensa exposição nos meios de comunicação
tem sido apresentado como um cenário de desafios para a humanidade. O
27
aproveitamento das riquezas deste país vem montar uma cena de alta
complexidade, posto que envolva o ar, a água, o solo e sub-solo, a
biodiversidade, o clima, a cobertura vegetal, a paisagem, a produção de papel e
celulose, de energia e o comportamento humano, entre outros. Neste contexto
temos que considerar:
• A legislação ao estabelecer limites, (direitos, obrigações e
penalidades) fortalece o princípio da sustentabilidade.
• Um cenário de circunscrição18 de ação antrópica19, tem desejado
intenso debate de forças representativas no jogo democrático e mais
recentemente no âmbito da Constituição Federal de 1988 que insere
um capítulo ao meio ambiente e estabelece a responsabilidade de
todos no trato da questão ambiental em nosso Brasil.
• O atual modelo que permite ao Estado adotar a sua política
ambiental e ou florestal já estava definido na Constituição de 1934,
muito embora quase pouca aplicabilidade teve pelas unidades
federadas em face da escassez de recursos financeiros. Assim, a
Constituição de 1988 retoma a ordem constitucional de 52 anos atrás
neste quesito de divisão de poderes.
• A sustentabilidade que se conhece quer preservar os valores sócios
culturais e recursos naturais, visando qualidade de vida e
perenidade20 das matérias primas bem como o lucro. O esforço é
significativo e as melhores práticas à luz deste princípio da
sustentabilidade ainda requerem acompanhamento e busca de novos
paradigmas.
18
Circunscrição – O ato ou efeito de circunscrever; divisão administrativa, militar,
eleitoral ou eclesiástica de um território.
19
Antrópica - Ação, o ato ou o resultado da atuação humana sobre a natureza.
20
Perenidade - qualidade daquilo que é perene ² Perene - que dura por um tempo
indefinidamente longo.
28
• A sustentabilidade de um empreendimento apresenta as faces, social,
ecológica, econômica, espacial, político institucional e cultural, que
requer uma comunhão de propósitos da própria corporação, do
governo e da sociedade.
• Sustentabilidade social: ancorada no princípio da equidade na
distribuição de renda e de bens, no princípio da igualdade de direitos
a dignidade humana e no princípio de solidariedade dos laços
sociais.
• Sustentabilidade ecológica: ancorada no princípio da solidariedade
com o planeta e suas riquezas e com a biosfera que o envolve.
• Sustentabilidade econômica: avaliada a partir da sustentabilidade
social propiciada pela organização da vida material.
• Sustentabilidade espacial: norteada pelo alcance de uma
equanimidade21 nas relações inter-regionais e na distribuição
populacional entre o rural/urbano e o urbano.
• Sustentabilidade político-institucional: que representa um pré-
requisito para a continuidade de qualquer curso de ação ao longo
prazo.
• Sustentabilidade cultural: modulada pelo respeito à afirmação do
local, do regional e do nacional, no contexto da padronização
imposta pela globalização.
29
condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses de segurança
nacional e à proteção da dignidade humana”. Segundo (Afonso, 2006), para
conseguir este objetivo, a lei estabeleceu vários instrumentos:
• O estabelecimento de padrões de qualidade ambiental;
• O zoneamento ambiental;
• A avaliação de impactos ambientais;
• O licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente
poluidoras;
• Os incentivos à proteção e instalação de equipamentos, além de
criação ou absorção de tecnologia voltada para a melhoria da
qualidade ambiental;
• A criação de espaços territoriais especialmente protegidos tais como
áreas de proteção ambiental, de relevante interesse ecológico e
reservas extrativistas, tanto pelo Poder Público Federal, quanto
Estadual ou Municipal;
• O sistema nacional de informações sobre o meio ambiente;
• O cadastro técnico federal de atividades e instrumentos de defesa
ambiental;
• As penalidades disciplinares ou compensatórias ao não-cumprimento
das medidas necessárias à conservação do ambiente natural ou à
recuperação de áreas degradadas;
• A instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser
divulgado anualmente pelo Ibama;
• A garantia da prestação de informações relativas ao meio ambiente,
obrigando-se o Poder Público a produzir as informações ainda
inexistentes;
• O cadastro técnico federal de atividades potencialmente poluidoras
e/ ou utilizadoras dos recursos naturais.
30
A Política Nacional do Meio Ambiente também instituiu o Sistema
Nacional do Meio Ambiente (Sisnama) para estruturar os órgãos públicos
responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade ambiental. O Sisnama é
constituído por um órgão superior (Conselho de Governo); um órgão consultivo
e deliberativo (Conselho Nacional do Meio Ambiente – Conama), responsável
pela proposição de diretrizes e formulação de normas e padrões ambientais
federais; um órgão central (Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da
República) e um executor (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos
Naturais Renováveis - Ibama); além de órgãos setoriais, seccionais e locais,
responsáveis por programas e projetos específicos ou de caráter local.
Em 1992, a Secretaria Federal do Meio Ambiente e o Ibama foram
agrupados no Ministério do Meio Ambiente, agora responsável pela execução e
fiscalização da política ambiental no país. Além do Artigo 225 já citado
anteriormente, a Legislação Brasileira apresenta também alguns artigos que
garantam a sua aplicabilidade do meio ambiente que é para todos de modo que
as futuras gerações também sejam beneficiadas com os recursos naturais.
Conforme estabelecido no:
31
degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto
ambiental, a que se dará publicidade;
V - controlar a produção, a comercialização e o emprego
de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco
para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis
de ensino e a conscientização pública para a preservação
do meio ambiente;
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei,
as práticas que coloquem em risco sua função ecológica,
provoquem a extinção de espécies ou submetam os
animais a crueldade.
§ 2º - Aquele que explorar recursos minerais fica
obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de
acordo com solução técnica exigida pelo órgão público
competente, na forma da lei.
§ 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao
meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou
jurídicas, a sanções penais e administrativas,
independentemente da obrigação de reparar os danos
causados.
§ 4º - A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica,
a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona
Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-
á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a
preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso
dos recursos naturais.
§ 5º - São indisponíveis as terras devolutas ou
arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias,
necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.
§ 6º - As usinas que operem com reator nuclear deverão
ter sua localização definida em lei federal, sem o que não
poderão ser instaladas.
32
Vejamos o teor dos artigos abaixo:
Artigo 184 – trata da desapropriação por interesse social.
O artigo 186 – considera a preservação ambiental como função social da
propriedade.
O artigo 188 – estabelece critérios para a propriedade rural cumprir com
a função social.
O artigo 23 estabelece que a preservação do meio ambiente é
competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios e ainda estabelece como atribuições destes segmentos em cada um
dos incisos.
33
§ 1º - No âmbito da legislação concorrente, a
competência da União limitar-se-á a estabelecer normas
gerais.
§ 2º - A competência da União para legislar sobre
normas gerais não exclui a competência suplementar dos
Estados.
§ 3º - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os
Estados exercerão a competência legislativa plena, para
atender a suas peculiaridades.
§ 4º - A superveniência de lei federal sobre normas
gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for
contrário a Lei Constitucional.
34
5 FUNDAMENTOS BÁSICOS PARA A EDUCAÇÃO AMBIENTAL
22
Educação Ambiental
35
Entretanto, se o exercício da cidadania exige que tenhamos um
comportamento indissociável23 do meio ambiente e de sua preservação porque
os homens continuam desmatando as florestas? Porque a fauna segue sendo
sacrificada e os recursos hídricos sendo a cada dia mais poluído? Pois bem, fala-
se tanto de cidadania, mas cremos que muitos não sabem o que é realmente ser
um cidadão.
Salienta-se que muitos não têm exercido o papel de cidadãos, devido ao
sistema capitalista que, por sua vez, através do processo de globalização, tem
caracterizado a perda da identidade, ou seja, as pessoas não têm cultura de
preservação e isso independente do lugar em que vive, sendo este preservado ou
não.
Nas últimas décadas houve grande crescimento do conhecimento
humano, promovendo amplo desenvolvimento das ciências e da tecnologia. Do
mesmo modo ocorrem mudanças nos valores e modos de vida da humanidade
com o surgimento do processo industrial e o crescimento das cidades, e isto que
provocou o aumento do uso de recursos naturais na produção de resíduos24.
Esses fatos geraram profundas mudanças na cultura da sociedade, afetando
principalmente a percepção do ambiente pelos seres humanos, que passaram a
vê-lo como objeto único e exclusivo para atender suas vontades, sem nenhuma
preocupação em estabelecer limites e critérios ao seu consumo.
Vale salientar que a aplicabilidade da EA nessa sociedade tão egoísta e
consumista não é fácil, entretanto todos desejam morar em lugar com melhor
infra-estrutura, mais pacífico, fraterno e ambientalmente correto. Porém, nem
sempre encontramos pessoas dispostas a abraçar a causa ambiental, é preferível
reclamar que a obrigação é dos sistemas e dos governantes do que colocar a mão
23
Indissociável - Contrário de dissociável; aquilo que não pode ser separado. Uma visão
que é indissociável e quando se tenta tangenciar a questão semântica o resultado
costuma ser desastroso.
24
Lixo – resíduos sólidos
36
na massa e fazer sua parte como cidadão que tem deveres e direitos a serem
postos em ação.
Este quadro, não demorou trazer as consequências dessa cultura
moderna desenfreada: surgem os problemas ambientais que por sinal afetam
diretamente ou indiretamente a qualidade de vida. Por esse motivo fica claro que
há uma crise de relações entre a humanidade e o meio ambiente.
Toda essa preocupação fez com que surgissem movimentos
ambientalistas, exigindo soluções e mudanças. Na década de 1960, com os
movimentos culturais e sociais, surge também o movimento ecológico que trazia
em uma de suas propostas a propagação da educação ambiental como principal
ferramenta das mudanças entre o homem e a natureza. Enfim essa educação
surge como resposta à preocupação da sociedade com o futuro do planeta Terra
e a continuidade da vida.
A principal proposta é a superação da dicotomia25 entre sociedade e
natureza, oportunizando mudanças de atitude ecológica das pessoas. Um dos
fundamentos é a visão socioambiental, que contemple o meio ambiente como
um espaço de relações, no campo de interações culturais, sociais e ambientais.
Segundo Encarnação (2007) no que se refere à Educação Ambiental:
25
Dicotomia - Método de classificação em que cada uma das divisões e subdivisões não
contém mais de dois termos.
37
entre o homem e seu meio. Co-evolução é a ideia de que a evolução é fruto das
interações entre a natureza e as diferentes espécies, e a humanidade também faz
parte desse processo.
O processo educativo proposto pela Educação Ambiental objetiva à
formação de sujeitos capazes de compreender o mundo e agir nele de forma
crítica - consciente. Sua meta é a formação de sujeitos ecológicos. Segundo
Carvalho uma educação que garanta a sua aplicabilidade é um desafio para a
humanidade presente de modo que possa promover qualidade de vida e recursos
naturais para o futuro.
38
social renomeia-se a Educação Socioambiental, propondo as seguintes
características:
• Dinâmico Integrativo: é um processo dinâmico permanente no
quais os indivíduos e a comunidade toma consciência de seu meio
ambiente e adquirem o conhecimento, os valores, as habilidades, as
experiências e a determinação que os tornam aptos a agir –
individual e coletivamente – e resolver problemas ambientais.
• Transformadora: com a criação de uma nova visão das relações do
Homem com o seu meio e a adoção de novas posturas individuais e
coletivas em relação ao ambiente, a aquisição de conhecimentos,
competências habilidades que são capazes de induzir a mudança de
atitudes voltada para um mudo sustentável.
• Participativa: atua na sensibilização e conscientização do cidadão,
estimulando a participação individual nos processos coletivos.
• Abrangente: extrapola as atividades internas da escola tradicional;
deve ser oferecida continuamente em todas as fases do ensino
formal, envolvendo ainda a família e a coletividade. A eficácia virá,
na medida em que sua abrangência vai atingindo a totalidade dos
grupos sociais.
• Globalizadora: capaz de considerar o ambiente em seus múltiplos
aspectos e atuar com visão ampla de alcance local, regional e global.
• Permanente: uma vez alcançada, a mudança de atitude tem um
caráter permanente, pois a evolução do senso crítico e a
compreensão da complexidade dos aspectos que envolvem as
questões ambientais se dão de modo crescente e contínuo, não se
justificando sua interrupção.
39
• Contextualizadora: deve atuar diretamente na realidade de cada
comunidade, sem perder de vista a sua dimensão planetária.
(“Pensar globalmente e agir localmente”).
Princípios
Apresentaremos neste tópico, os princípios que foram compilados pelos
participantes do Fórum Global, evento que ocorreu durante a Conferência da
ONU26 sobre Desenvolvimento e Meio Ambiente, no Rio de Janeiro, em 1992
(Rio-92). Os princípios da Educação Para Sociedades Sustentáveis e
Responsabilidade Global estabelecem que:
1. A educação é um direito de todos; somos todos aprendizes e
educadores.
2. A educação ambiental deve ter como base o pensamento crítico e
inovador, em qualquer tempo ou lugar, em seus modos formal, não formal e
informal, promovendo a transformação e a construção da sociedade.
26
ONU – Organização das Nações Unidas
40
3. A educação ambiental é individual e coletiva. Tem o propósito de
formar cidadãos com consciência local e planetária, que respeitem a
autodeterminação dos povos e a soberania das nações.
4. A educação ambiental não é neutra, mas ideológica. É um ato político,
baseado em valores para a transformação social.
5. A educação ambiental deve envolver uma perspectiva holística,
enfocando a relação entre o ser humano, a natureza e o universo de forma
interdisciplinar.
6. A educação ambiental deve estimular a solidariedade, a igualdade e o
respeito aos direitos humanos, valendo-se de estratégias democráticas e
interação entre as culturas.
7. A educação ambiental deve tratar as questões globais críticas, suas
causas e interrelações em uma perspectiva sistêmica, em seu contexto social e
histórico. Aspectos primordiais relacionados ao desenvolvimento e ao meio
ambiente, tais como população, saúde, paz, direitos humanos, democracia, fome,
degradação da flora e fauna, devem ser abordados dessa maneira.
8. A educação ambiental deve facilitar a cooperação mútua e equitativa
nos processos de decisão, em todos os níveis e etapas.
9. A educação ambiental deve recuperar, reconhecer, respeitar, refletir e
utilizar a história indígena e culturas locais, assim como promover a diversidade
cultural, linguística e ecológica. Isto implica uma revisão da história dos povos
nativos para modificar os enfoques etnocêntricos27, até de estimular a educação
bilíngue.
10. A educação ambiental deve estimular e potencializar o poder das
diversas populações, promover oportunidades para as mudanças democráticas de
27
Define uma cultura como a melhor, a certa, tendo uma visão preconceituosa e
egocêntrica.
41
base que estimulem os setores populares da sociedade. Isto implica que as
comunidades devem retomar a condução de seus próprios destinos.
11. A educação ambiental valoriza as diferentes formas de
conhecimento. Este é diversificado, acumulado e produzido socialmente, não
devendo ser patenteado ou monopolizado.
12. A educação ambiental deve ser planejada para capacitar as pessoas a
trabalharem conflitos de maneira justa e humana.
13. A educação ambiental deve promover a cooperação e o diálogo entre
indivíduos e instituições, com a finalidade de criar novos modos de vida,
baseados em atender às necessidades básicas de todos, sem distinções étnicas,
físicas, de gênero, idade, religião, classe ou mentais.
14. A educação ambiental requer a democratização dos meios de
comunicação de massa e seu comprometimento com os interesses de todos os
setores da sociedade. A comunicação é um direito inalienável e os meios de
comunicação de massa devem ser transformados em um canal privilegiado de
educação, não somente disseminando informações em bases igualitárias, mas
também promovendo intercâmbio de experiências, métodos e valores.
15. A educação ambiental deve integrar conhecimentos, aptidões,
valores, atitudes e ações. Deve converter cada oportunidade em experiências
educativas de sociedades sustentáveis.
16. A educação ambiental deve ajudar a desenvolver uma consciência
ética sobre todas as formas de vida com as quais compartilhamos este planeta,
respeitar seus ciclos vitais e impor limites à exploração dessas formas de vida
pelos seres humanos.
42
Objetivos
43
Finalidades
44
liberdade está nas relações que mantemos conosco e com
o outro, pois pressupõe a certeza de que somos seres que
nos formamos coletivamente. Temos responsabilidades
para com os demais, nos constituímos na relação “eu-
outro” (nós) e compartilhamos o mesmo planeta. Um
processo educativo que se afirme como emancipatório,
as relações se pautam por igualdade, pelo respeito à
diversidade, pela participação e autogestão. A prática
emancipatória se define pela ação e construção dialógica
com o outro, em que este outro se coloca e, de fato, está
em condições igualitárias de conhecer, falar, se
posicionar, decidir, desejar.
45
da dimensão ambiental de forma interdisciplinar nos currículos das diversas
disciplinas e das atividades escolares.
A fundamentação teórico/prática dos projetos ocorrerá por intermédio do
estudo de temas geradores que englobam palestras, oficinas e saídas a campo.
Esse processo oferece subsídios aos professores para atuarem de maneira a
englobar toda a comunidade escolar e do bairro na coleta de dados para resgatar
a história da área para, enfim, conhecer seu meio e levantar os problemas
ambientais.
Os conteúdos trabalhados serão necessários para o entendimento dos
problemas e, a partir da coleta de dados se procederá, à elaboração de pequenos
projetos de intervenção.
Considerando a Educação Ambiental um processo contínuo e cíclico, o
método utilizado pelo Programa de Educação Ambiental para desenvolver os
projetos e os cursos de capacitação de professores conjugam os princípios gerais
básicos da Educação Ambiental (Smith, apud Sato, 1995).
46
múltiplas e complexas relações como já dito. Isso envolve aspectos ecológicos
psicológicos, legais, políticos, sociais, econômicos, científicos, culturais e éticos.
O Estado deve garantir a democratização e fortalecimento de uma consciência
crítica sobre a problemática socioambiental, o incentivo à participação
individual e coletiva, permanentemente e deve ser responsável pela preservação
e equilíbrio do meio ambiente como um valor inseparável do exercício da
cidadania e que deve estar inserida nos currículos escolares.
47
ciência ambiental, vem promovendo uma nova transversalidade de
conhecimentos, um novo modo de pensar, pesquisar e elaborar saberes, que por
sua vez permite relacionar esse conhecimento teórico com a prática.
Entretanto o que temos visto na realidade é um contexto de
fragmentação dos saberes, do conhecimento descontextualizado que não
possibilita uma visão da integração dos fatores sociais, econômicos, culturais e
políticos que envolvem a questão ambiental, a falta de valores éticos como a
cooperação, a responsabilidade sobre a qualidade das relações humanas e do
ambiente que devemos deixar para as gerações futuras. Enfim, a ciência tem
legitimado o modelo de desenvolvimento vigente.
Portanto esse novo paradigma deve incorporar-se à ciência, para
promover a construção de novos valores, os quais possam conduzir a uma nova
perspectiva de desenvolvimento: o desenvolvimento que leve a sustentabilidade,
cujo conceito surge como alternativa de enfrentamento da crise sócio ambiental,
tendo em vista que a considera em sua totalidade e complexidade. Propõe a
reconstrução de valores, de responsabilidades éticas que promovam a justiça
social, a democracia, a cidadania, a preservação da biodiversidade, diminuição
da pobreza, enfim, que promova condições que garantam à humanidade viver
com dignidade e que assegure condições de sobrevivência às gerações futuras.
Para Gadotti (2000) a sustentabilidade está inserida na economia e educação:
48
Isto nos mostra que o ensino da educação ambiental apresenta essa
grande dificuldade, mas continua sendo um desafio. O referido ensino tem
avançado no sentido de que diferentes áreas do conhecimento tem despertado
para a construção de projetos coletivos que ao serem levados às comunidades,
permitem uma discussão mais ampla das questões tratadas. O meio ambiente
tem se destacado como eixo articulador em vários desses projetos.
Percebemos que a Educação Ambiental embora se depare com as
incertezas produzidas por um longo processo histórico de construção cultural e
científica, se apresenta como um instrumento muito importante para a
consolidação de um estilo de desenvolvimento que seja realmente sustentável,
democrático, com igualdade de oportunidades, respeito à diversidade biológica e
cultural.
28
[...] citadas novas proposições restringem a possibilidade da previsão, para o ser
humano, dos efeitos desse incessante “aperfeiçoamento” das descobertas científicas.
Sendo assim, a especificidade do planeta Terra, no cosmos, nos alerta para o acerto da
“nova aliança” de que fala (VASCONCELOS apud PRIGOGINE e STENGERS,
1984)
49
econômico e social de cada sociedade. Deve basear-se em diálogo que forma
uma tripla cidadania conforme as gerações e culturas, podendo ser de âmbito
local, regional, nacional e internacional. Segundo Encarnação (2007) que o:
50
Essa pedagogia dialógica29 tem por fim a possibilidade de desenvolver
um papel político, exercício fundamental para enfrentar os desafios e conflitos e
não formar alunos para ser conta dos iluminados, mas que possam ser
verdadeiros cidadãos e resolver não só os seus problemas pessoais, mas também
as dificuldades que a comunidades enfrentam em seu entorno.
Isto faz com que não haja uma educação elitista, que corta todos os
princípios de defendidos pela pedagogia dialógica. Impende que a educação seja
boa somente para algumas partes da sociedade, mas que se comprometa em
trazer soluções para os problemas sócio-ambientais, tanto para os pobres, como
os mais abastados da sociedade capitalista.
O desafio dessa educação ambiental é sair da simplicidade e do
conservadorismo que trata somente da biologia, geografia ou outras disciplinas
afins. Através dela nos responsabilizamos com a política que consiste
obrigatoriamente em resolver ou trazer alternativas que amenizam os problemas
ambientais e sociais da humanidade.
29
O diálogo é um instrumento fundamental na teoria e na prática freirianas. Para Paulo Freire, sem
ele, o processo de humanização não pode ocorrer, porque os homens e mulheres só se
completam na busca permanente da plenitude – nunca alcançada – e essa busca é sempre
dialógica, em dois níveis: diálogo entre seres em processo comungado de conscientização e
diálogo deste coletivo com o mundo. (RAMÃO, 2002).
51
6 SUBSÍDIOS À EDUCAÇÃO AMBIENTAL E À SUSTENTABILIDADE
52
Em dezembro de 1997 tentaram realizar a Conferência
30
Intergovernamental de Educação Ambiental em Thessaloniki que por sua vez
não foi possível, pois diversos países realizaram as suas próprias conferências
nacionais, coincidindo com a mesma.
Portanto todas as posições vêm sendo ampliadas e difundidas nas
reuniões e isto tem permitido ver que não é suficiente para incorporar as
variáveis ambientais como uma única aprendizagem de área de conhecimento ou
disciplina escolar, por que isso impossibilita o tratamento de forma integral dos
conteúdos.
As conferências de Moscou e Thessaloniki de educação ambiental foram
fundamentais para fortalecer a Conferência de Tbilisi, adaptando-o às novas
problemáticas, mediante o fomento da investigação e a aplicação de modelos
eficazes de educação, formação e informação em matéria de meio ambiente; da
conscientização generalizada das causas e efeitos dos problemas ambientais; do
reconhecimento da necessidade de adotar um enfoque integrado para resolver os
problemas ambientais; da formação em diferentes níveis, dos recursos humanos
necessários para uma gestão racional do meio ambiente, com a perspectiva de
um desenvolvimento sustentável em nível, regional, nacional e mundial.
30
Tessalônica, Grécia em 1998 – um documento final da conferência que “Educação
para um futuro sustentável”, uma visão transdisciplinar para ações compartilhas.
DIAS (2004).
53
resulta um extenso documento à procura de soluções para um dilema cada dia
mais preocupante: crescimento econômico versus defesa do planeta, economia
mundial e proteção dos recursos naturais.
O relatório denominado “O Nosso Futuro Comum” teve como objetivo
facilitar os diagnósticos e resultou em numerosos documentos de alerta, um
deles o estudo sobre “Os Limites do Crescimento” que a partir da década de
1970 vem pedindo atenção para a crescente degradação do meio ambiente,
provocando esgotamento dos recursos naturais, contaminações por agrotóxicos,
poluições atmosféricas, aumento dos grandes centros urbanos, e grandes
ameaças do futuro da Humanidade, pois boa parte não tem caído em si sobre a
problemática ambiental no mundo.
Elaborado pela Comissão Mundial sobre Ambiente e Desenvolvimento
da ONU, que foi presidida pela a ex-primeira-ministra da Noruega que por vez,
teve um longo trabalho, somente após três anos fica pronto o famoso relatório.
Esse relatório vai definitivamente consagrar o conceito de desenvolvimento
sustentável, propondo uma síntese operativa entre o desenvolvimento econômico
e a defesa da biodiversidade se estendendo por um campo mais holístico dos
problemas social e combate à pobreza com as cooperações internacionais de
práticas menos devastadoras para o ambiente.
O documento define o desenvolvimento sustentável como o
desenvolvimento que “satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a
capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades” o que
enfatiza a ideia de que deve assegurar para as gerações, ao longo do tempo, uma
nova forma de organizar a sociedade humana e de gerir os recursos do planeta
que não são ilimitados e que nós dependemos do mesmo.
O Relatório conhecido de Brundtland aponta ainda recomendações à
diminuição do crescimento populacional para assim garantir recursos básicos
como água, energia, alimento entre outros por muito tempo. Isso só acontece
54
com a preservação da biodiversidade e dos ecossistemas. Alguns atos são
diminuir o consumo de energia, desenvolver tecnologias energéticas renováveis,
aumentar a produção industrial de países não industrializados por tecnologias
limpas, controlar a urbanização desordenada e atender a necessidades básicas de
saúde, educação, saneamento e habitação da sociedade.
É necessário ter consciência de que não mais é possível pensar num
crescimento exponencial da economia sem contabilizar o efeito e causa desse
crescimento em termos de ambiente e de esgotamento de recursos naturais, sem
a constatação dos enormes desequilíbrios gerados, em termos de desigualdade na
distribuição da riqueza e de degradação do Planeta Terra.
O Relatório completa mais 20 anos de sua publicação com várias críticas
no seu processo e gerou desdobramentos práticos e, assim como outros
documentos importantes como a Declaração da Rio 9231, Tratado de Kyoto e
outras conferências mundiais em prol das causas ambientais não foram
suficientes para salvar o planeta. Sabemos que a consciência ambiental tem
crescido em toda a parte bem como as preocupações dos cidadãos e da
comunidade internacional acerca da crescente destruição da natureza, tudo por
uma falsa noção de progresso dos países dominantes.
Apesar disso, com o relatório, muito se conseguiu colocar em prática
quanto ao conceito de desenvolvimento sustentável. Isto levou a um marco na
história da consciência e da ação mundial em defesa da Terra e faz parte de um
combate cotidiano do desfecho sempre incerto, por um mundo melhor, mais
limpo e mais justo, à altura de uma relação inteligente e durável entre Homem e
Natureza.
31
Conferências que aconteceu no Rio de Janeiro em 1992.
55
6.3 Conferência da ECO-92
32
Organização Não-Gorvenamental.
56
Em decorrência da Rio 92. Segundo a declaração da conferência:
57
dos Estados para a conservação e proteção dos ecossistemas terrestre; qualidade
e vida e políticas de redução do crescimento demográfico; fortalecimento e
capacitação dos conhecimentos técnico-científicos; assegurar a participação de
todos os cidadãos e principalmente das mulheres e jovens que é de papel vital
para o gerenciamento do meio ambiente, bem como utilizar o conhecimentos das
práticas tradicionais indígenas para manter e desenvolver a sustentabilidade.
Finalmente, o 27º princípio propõe que “Os Estados e os povos irão cooperar de
boa fé e imbuídos de um espírito de parceria para a realização dos princípios
consubstanciados nesta Declaração, e para o desenvolvimento progressivo do
direito internacional no campo do desenvolvimento sustentável”.
Também foi lançado um importante plano – a Agenda 21, em alguns
casos estabelecido com sucesso, nessa mesma Conferência foi criada a
Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. Com essa
convenção os países desenvolvidos e em desenvolvimento se comprometeram a
modificar o seu modelo de produção para reduzir os impactos ambientais e
mitigar as mudanças climáticas, ou seja, a partir do evento que contou com
representantes de vários países, foram firmados acordos para a melhoria de vida
no planeta.
58
Desenvolvimento (CNUMAD), em 1992, no Rio de Janeiro que também ficou
conhecida como Eco-92.
O documento se constituiu num modelo para reafirmar e satisfazer as
necessidades presentes sem comprometer os recursos necessários à satisfação
das gerações futuras, buscando um novo padrão de desenvolvimento para
conciliar método de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica e
acima de tudo, a melhoria da qualidade de vida de toda a sociedade.
A Agenda 21 vem para apresentar um plano de ação para um
desenvolvimento sustentável em todos os países. De acordo com as propostas
dessa agenda, deve-se proporcionar a colaboração apropriada principalmente das
organizações não governamentais, para promover todo o tipo de programas de
educação de jovens e adultos, de forma a incentivar uma educação permanente
sobre meio ambiente e desenvolvimento, visando os problemas ambientais
locais.
Portanto a proposta da efetivação da Agenda 21 é, na verdade, um
programa de ação, baseado num documento de 40 capítulos, que abrange a
tentativa de realizar e promover mudanças ambientais em escala mundial.
Temos inúmeros desafios na implantação da Agenda 21 principalmente no
âmbito local e que consistem em um planejamento voltado para a ação
compartilhada, na construção de propostas pactuadas voltadas para a elaboração
de uma visão de futuro entre os diferentes atores; conduzir o processo de forma
contínua e sustentável; descentralização e controle social e incorporação de uma
visão multidisciplinar em todas as etapas do processo para garantir que governo
e sociedade utilizem o instrumento de planejamento estratégico participativo de
todos e assim visando à construção de cenários de co-responsabilidade para
subsídios à elaboração e construção de políticas públicas sustentáveis na
orientação harmônica do desenvolvimento econômico, justiça social juntamente
com o equilíbrio ambiental.
59
A Agenda 21 foi também resultado de cinco outros acordos: a
Declaração do Rio, a Declaração de Princípios sobre o Uso das Florestas, o
Convênio sobre a Diversidade Biológica e a Convenção sobre Mudanças
Climáticas. A referida agenda passou pela aprovação dos países e tem a função
de servir como base para que todos os países elaborem e implementem sua
própria Agenda 21 Nacional, compromisso, esse, assumido por todos os
signatários da Rio-92 como exemplo o Brasil que só consolidou a sua Agenda,
em 2002.
60
As primeiras definições de sustentabilidade surgem em virtude de buscar
solucionar os problemas provocados pela exploração descontrolada do homem
sobre os recursos naturais e nas últimas décadas, a gravidade das explorações
predatórias na natureza tem provocado grandes catástrofes naturais.
Devemos lembrar que, ao abordar o conceito de sustentabilidade, não
podemos nos esquecer da interdisciplinaridade que nos leva a ligação entre as
várias áreas do conhecimento humano.
A sustentabilidade ambiental responde diretamente pela preservação e
conservação do ambiente, de forma que o desenvolvimento não agrida o meio
ambiente. O desenvolvimento atual vem gerando enormes impactos ambientais.
Para que a sustentabilidade em si se aplique, há a necessidade de que
conhecimentos fragmentados sejam integrados. Na sustentabilidade, os aspectos
ambientais devem ser tão relevantes quanto os aspectos técnicos e econômicos,
bem como os aspectos de estética e conforto.
Segundo (PEDRINI apud SANTOS, 2001) quando se trabalha a
sustentabilidade, existem grandes desafios a ser enfrentados e que dizem
respeito à forma de entender e pensar o desenvolvimento nas diversas
dimensões: global, nacional, regional e local. Dessa forma os conceitos
utilizados para definir esse processo do desenvolvimento sustentável e seus
princípios, estão embasados na formulação de (PEDRINI apud IGNACY
SACHS, 1993) que conceitua sustentabilidade a partir das seguintes dimensões:
a) Sustentabilidade social – baseada nos princípios de uma justa
distribuição de renda e bens, direitos iguais à dignidade humana e solidariedade
social.
b) Sustentabilidade cultural – deve-se basear no respeito ao local,
regional e nacional em contraponto à padronização imposta pela globalização,
podendo se dar a partir do respeito aos diferentes modos de vida.
61
c) Sustentabilidade ecológica – baseada no princípio da solidariedade
com o planeta e seus recursos e com a biosfera do seu entorno.
d) Sustentabilidade ambiental – baseada no respeito e no realce da
capacidade de autodepuração dos ecossistemas naturais.
e) Sustentabilidade territorial – baseada na superação das disparidades
inter-regionais, a busca de estratégias para o desenvolvimento ambiental seguro
nas áreas ecologicamente frágeis, eliminar a inclinação dos investimentos
públicos nas áreas urbanas em detrimento da rural e a melhoria do ambiente
urbano.
f) Sustentabilidade econômica – deve estar ancorada na avaliação da
sustentabilidade do social analisada no seu contexto organizativo da vida
material.
g) Sustentabilidade política (nacional) – baseada na democracia
definida em termos de apropriação universal dos direitos humanos,
desenvolvimento da capacidade do Estado para implementar o projeto nacional,
em parceria com todos os empreendedores. Nível razoável de coesão social.
h) Sustentabilidade política (internacional) – baseada na “eficácia do
sistema de prevenção de guerras da ONU, na garantia da paz e na promoção da
cooperação internacional, um pacote de Norte-Sul de co-desenvolvimento,
baseado no princípio de igualdade”.
62
6.5.1 Qual a finalidade e importância da Agenda 21
63
Sustentável da ONU avaliou os 05 anos da ECO 92 e reforçou a importância de
se levarem, a ação prática as recomendações e propostas da Agenda 21 que tem
como requisitos básicos para que uma comunidade alcance uma boa qualidade
de vida.
33
O Conservacionismo é um movimento político, social e científico que tem como
objetivo a proteção dos recursos naturais do planeta, incluindo espécies animais e
vegetais, assim como o seu habitat para o futuro.
64
que só pode ser desenvolvida mediante parcerias e vínculos com diferentes
setores da sociedade e acreditamos que a escola é o espaço público privilegiado
para esse aprendizado do diálogo, da negociação democrática e construção de
consensos que sejam de caráter includente e solidário.
A Agenda 21 na educação tem a possibilidades de intermediar proposta
para divulgar, ampliar, discutir e refletir sobre a elaboração de ferramentas
educacionais junto à própria população através da escola, ao promover a sua
participação na construção da Agenda 21 Escolar com a temática voltada para a
Sustentabilidade dos recursos naturais sendo de jeito que as configurações
políticas, sociais, geográficas, econômicas, culturais e vocações próprias dessas
regiões, observando a semelhança histórico-cultural e na composição de seu
patrimônio natural e paisagístico. Na elaboração da Agenda 21 na educação é
um processo que envolve as comunidades escolares e seu entorno, consideradas
as características e realidades de cada região, numa proposta que parte do
diagnóstico coletivo dos problemas socioambientais de cada bairro envolvido
nos diferentes municípios, sensibilização para a ação e avaliação contínua dos
impactos do processo, com a mediação da unidade escolar e o estabelecimento
de parcerias para a busca conjunta de soluções: segmento escolar, famílias,
Associação de Pais e Professores, comerciantes, comércios locais, igrejas, Ongs,
Secretaria de Saúde, Ibama, Sema, Secretaria Municipal de Meio Ambiente,
associações de Bairro, etc.
Para esse trabalho que pretende tal amplitude de conscientização só pode
realizar-se mediante uma proposta significativa de educação para a
sustentabilidade, que utilize a escola como interlocutor privilegiado para esse
trabalho, com sua enorme capacidade de sensibilização, conscientização e
mobilização das populações locais.
Por fim no momento da elaboração da Agenda 21 Escolar centrada na
gestão participativa e tendo como base o território de limite de municípios,
65
representa um movimento que envolve as bases das comunidades, tendo a escola
como mobilizadora e aglutinadora de ações e projetos coletivos. Concretiza um
importante exercício de diagnosticar coletivamente os problemas ambientais no
cotidiano e sua relação com as atividades humanas e a qualidade de vida, tendo
como eixo central a reflexão sobre a importância para a recuperação e
preservação de áreas degradadas, ampliando a visão holística e sistêmica que
deve orientar a gestão civil e pública dos recursos ambientais.
34
Uma interação da educação a natureza (homem X natureza) que a humanidade seja
capaz de manter um equilíbrio dinâmico com a terra e os recursos naturais.
66
ela reger o meio. Para tanto, a educação das atuais e próximas gerações para a
compreensão dos paradigmas que mantém o ciclo da vida será imprescindível
para a sobrevivência das empecíeis.
Educar para sustentabilidade significa ensinar ecologia profunda em
uma maneira sistêmica e multidisciplinar. Significa conhecer não só
metabolismo natural, estudar os impactos das ações antrópicas no meio
ambiente, mas também o metabolismo social com a natureza, as repercussões
dos impactos dos ecossistemas nas próprias relações sociais, redesenhando as
estruturas de classe e poder.
O grande desafio que se coloca é responder à questão: Como vamos
viver à luz do fato de que estamos todos entrelaçados em uma única e
indivisível35 comunidade de vida altamente ameaçada pela enorme proporção
que assumimos e por nossa absoluta falta de cuidado?
A prática da Educação para Sustentabilidade deve objetivar e ser
perpassada pela intencionalidade de promoção e pelo incentivo ao
desenvolvimento de conhecimentos, valores, atitudes, comportamentos e
habilidades que contribuam para a sobrevivência - a nossa e de todas as espécies
e sistemas naturais do planeta-, e para a emancipação humana.
Educar para uma vida sustentável é promover o entendimento de como
os ecossistemas sustentam a vida e assim obter o conhecimento e o
comprometimento necessários para desenhar comunidades humanas
sustentáveis. Segundo Ramos (2008), deve estar:
35
Ser indivisível, significa não ser dividido, não ser partilhado, senão deixa de ser
indivíduo. Deste modo, cada um (indivíduo), constrói sua identidade.
67
6.6 Desenvolvimento Sustentável – perspectiva histórica, seus complexos e
desafios
68
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
69
Acreditamos que ato de esse educar para o ambiente exige um
verdadeiro compromisso e está muito mais integrado ao sistema de produção.
Esta é uma maneira correta de enfocar um meio engendrado e condicionado a
toda essa dinâmica do espaço produtivo.
Por fim, o trabalho propõe saídas relacionadas aos problemas da
sociedade contemporânea, por reconhecer a importância fundamental na
aplicabilidade dessa educação na mudança de atitudes da comunidade, visando
converter essa sociedade em sustentável na produção e utilização dos recursos
que a natureza lhes oferece, para que haja um gerenciamento correto desses
recursos e garanta que todas as presentes e futuras gerações possam beneficiar-
se dos mesmos por longo tempo no planeta terra.
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REFERÊNCIAS
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Ambiente e Desenvolvimento (Rio/92). Capítulo 36. Rio de Janeiro. 1992.
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