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ORIGEM DA LÍNGUA INGLESA

Diferentes grupos celtas invadiram e colonizaram a Irlanda e a Bretanha durante um


longo período surgindo, assim, o celta falado na Irlanda e Espanha, porém com a invasão
romana em 55 e 54 a.C. novas mudanças acontecem na língua, pois após três séculos e meio de
presença romana na região não é estranho que ocorra uma profunda influência nas estruturas
econômica, política e social das tribos celtas que habitavam a Grã-Bretanha. Nesse contexto,
algumas palavras e expressões passaram a ser usadas para muitos dos novos conceitos, como
diz Baugh, “where the Romans lived and ruled there Romans ways were found" 1 (1981, p. 45).
Por volta de 410 a.C. as legiões romanas abandonam a região e os habitantes celtas ficam a
mercê de inimigos. Necessitando de proteção, os celtas recorrem às tribos germânicas (Jutes,
Saxons e Frisians), mas estas se aproveitam da oportunidade e se estabelecem nas áreas mais
férteis do sudeste da Grã-Bretanha, destruindo vilas e massacrando a população local.
Modificando, também, hábitos, costumes e tradições, refletindo seu domínio, principalmente no
aspecto lingüístico, haja vista que quando comunidades diferentes se misturam durante um
longo espaço de tempo a tendência é se estabelecer o que os sociolingüísticos denominam de
conflito lingüísticos.  Nesse circular, o dominador impõe suas regras, seus valores, porque, de
acordo com Michel Foucault (1999), toda classe que aspira à dominação deve conquistar
primeiro o poder político, para depois apresentar seu interesse como interesse geral. E, sabemos
que isso é somente possível através da língua.

Dessa maneira, os diversos dialetos germânicos falados pelos Anglo-Saxões é que


vão dar origem ao Inglês. Podemos, a partir desse evento, dividir a História da Língua Inglesa
em três grandes períodos: Old English, Middle e Modern English. Vale ressaltar que essa
divisão está, convencionalmente, ligada aos aspectos históricos lingüísticos e não a marcos
históricos, denominados documentos/monumentos por Foucault (2002).

2. Old English

Por volta do século V em diante, as terras da Inglaterra foram invadidas por tribos
germânicas – Anglo-Saxões e Jutes. O dialeto anglo-saxão incorpora-se aos demais em uma
espécie de domínio e o vocabulário inglês vai sendo grandemente influenciado ao longo do
tempo. Com a introdução do cristianismo ocorreu a primeira onda de palavras do latim e do
grego para a língua inglesa. Mais tarde fora influenciada pelos invasores escandinavos que
falavam o Old Norse, que, provavelmente, assemelhava-se ao dialeto falado pelos povos anglo-
saxões. Vários desenvolvimentos internos dentro do Old English reduziram o papel de
inflexões por algum tempo e o contato com o Old Norse acelerou esse processo, especialmente
nos dialetos falados no norte daquela região. O período Old English terminou com a invasão
dos Normandos, quando a língua foi influenciada por um número maior de falantes que usavam
o Norman dialect. Essa conquista foi de tamanha relevância, pois novas palavras incorporaram-
se à língua falada pelas pessoas comuns, isto é, por servos e escravos. Mais tarde, muitos dos
novos termos passaram a ser usados na corte e no militarismo adquirindo, portanto, um elevado
status social.

O Old English não era uma língua uniforme, pois era preservada por inscrições
runics nas traduções bíblicas complexas e fragmentos diversos. Em geral, a diferença entre o
Old e o Modern English está na forma escrita, na pronúncia, no vocabulário e na gramática. De
acordo com Baugh (1981), qualquer pessoa que não tenha uma especialização voltada ao Old
English é incapaz de compreender qualquer texto da época. Por exemplo, a palavra stãn
corresponde a stone no inglês atual. No entanto, a maior diferença entre esses dois períodos
está na gramática, especificamente, no campo sintático e no campo analítico. Esse período 
finda com a batalha de Hastings, em 1066, onde o rei William – o conquistador – derrotou o
exército dos anglos – saxões e impôs suas leis seu sistema de governo e sua língua – a francesa.
A partir desse evento se estabelece o segundo o período – o Middle English.

3. Middle English
Quando pensamos no Middle English nos vêm à mente imagens de castelos com
altas torres, rodeadas por uma grande muralha, isso porque os castelos são características do
sistema social normando conhecido como feudalismo. Entretanto, o elemento mais importante
desse período foi, sem dúvida, a presença e influência da língua francesa no inglês. Essa
verdadeira transfusão de cultura franco-normanda na nação anglo-saxônica, que durou três
séculos, resultou principalmente, num aporte considerável de vocabulário – nada mais. Isso
demonstra que, por mais forte que possa ser a influência de uma língua sobre outra, essa
influência, normalmente, não vai além de um enriquecimento de vocabulário, dificilmente
afetando a pronúncia ou estrutura gramatical.

O passar dos séculos e as disputas que acabaram ocorrendo entre os normandos das
ilhas britânicas e os habitantes do continente, provocam o surgimento de um sentimento
nacionalista e, pelo final do século XV, o inglês já havia prevalecido. Até mesmo como
linguagem escrita, o inglês já havia substituído o francês e o latim como língua oficial para
documentos. Muito vocabulário novo foi incorporado com a introdução de novos conceitos
administrativos, políticos e sociais, para os quais não havia equivalentes em inglês. Em alguns
casos, entretanto, já existiam palavras de origem germânica, as quais, ou acabaram
desaparecendo, ou passaram a coexistir com as equivalentes de origem francesa, em principio
como sinônimos, mas com o tempo adquirindo conotações diferentes. Podemos demonstrar tal
asserção, com palavras como: answer – respond, shut – close, kingly – royal, help – aid, folk –
people, look – search etc… Além da influência do francês sobre seu vocabulário, o Middle
English se caracterizou, também, pela gradual perda de declinações, pela neutralização e perda
de vogais atônicas em final de palavra e pelo início da Great Vowel Shift, que se caracteriza
pela acentuada mudança na pronúncia das vogais do inglês, inclusive os ditongos sofreram
alterações e certas consoantes deixaram de ser pronunciadas. Esse período traz uma onda de
inovações no inglês, que foi denominada Modern English.

4. Modern English

O Modern English se estende do século XVI à atualidade. Na primeira parte desse


período aconteceu uma revolução complexa da fonologia do inglês. Enquanto o Middle English
se caracterizou por uma acentuada diversidade de dialetos, o Modern English representa um
período de padronização e unificação da língua, porém sem uma pronúncia única ou uniforme,
pois os sons variam de lugar para lugar e de grupo social para grupo social. Essas mudanças
continuaram durante o período representado numa típica fonologia do inglês moderno. Mas, se
as mudanças ocorridas na pronúncia não foram acompanhadas de reformas ortográficas, isso
revela-se em um caráter conservador da cultura inglesa.

Outro ponto significativo é o uso da acentuação com o advento da imprensa com


influência direta do Latim e Grego. Mais tarde, em contato com outras culturas e dialetos, a
língua inglesa se desenvolve em muitas áreas onde os ingleses haviam colonizado, fazendo,
assim, pequenas mas interessantes contribuições para o vocabulário do inglês, como por
exemplo, os nomes dos dias da semana no inglês moderno que vieram dos nomes dos principais
deuses anglo-saxões: Thursday (dia de Thor – o deus do trovão), Friday (dia de Frey – deusa da
fertilidade). Esse nome vem da palavra escandinava Frigedaeg, conforme a revista Aquarius,
1995; e Sunday (o dia do deus sol) e assim sucessivamente. Como registra a História, os
caldeus e os egípcios, muitos séculos antes de Cristo, já dividiam a semana em sete dias. Os
antigos romanos, no tempo do imperador Augusto (63 a. C. – d.C. 14), usavam o termo
“settimana” para designar a semana com sete dias. 

É significativo observar que o Modern English se inicia com a Renascença, período


de reformas, descobertas, exploração etc. Nesse período, os pensadores e artistas, voltaram aos
Clássicos e com eles muitas palavras latinas e gregas foram adotadas e muitos desses termos
“inkhorn” sobrevivem ainda nos dias atuais.

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