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Complexos e Geometria

IME/ITA

3/27/2011
http://dadosdedeus.blogspot.com
Marcos Valle (IME)
2 Dados de Deus – Complexos e Geometria

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...................................................................................................03

2 REVISÃO...........................................................................................................03

3 FORMA TRIGONOMÉTRICA E INTERPRETAÇÃO GEOMÉTRICA................04

4 EXEMPLOS.......................................................................................................05

5 EXERCÍCIOS (NÍVEL 1)....................................................................................07

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................09
3 Dados de Deus – Complexos e Geometria

1 INTRODUÇÃO

Os números complexos surgiram por volta do século XVI, com o estudo de


equações do 3º grau por Cardano e de Tartaglia. Este havia descoberto1 uma
fórmula para calcular as raízes de uma equação do tipo , a
saber:

Cardano, após muito insistir, conseguiu que Tartaglia lhe passasse a fórmula,
com a condição de não divulgá-la, o que não ocorreu. O resultado foi a
publicação do método no Ars Magna de Cardano, em 1545 (e uma grande
inimizade entre os dois matemáticos).

Mas um problema inquietante era que, aplicando-se a fórmula acima, chegava-


se a raízes quadradas de números negativos (algo desconhecido e incoerente
para a época) ainda que a equação possuisse todos seus zeros reais. Como
exemplo, tome . Era sabido que 4, e eram
raízes, no entanto ao utilizar a fórmula conclui-se que:

O problema perdurou até a publicação do L'Algebra parte maggiore


dell'Arithmetica em 1572 por Rafael Bombelli. O engenheiro teve a idéia de

supor que os números e deveriam ser da


forma a e , respectivamente. De fato, consegui provar que a =
2 e b = 1.

No século XVIII, de Moivre e Euler começaram a formalizar a estutura algébrica


dessa nova classe de números e surgiu então a notação . Ainda no
mesmo século os complexos (que somente receberam essa denominação no
século XIX) passaram a ter uma interpretação geométrica, com o plano de
Argand-Gauss e, para coroar a importância dessa nova ferramenta, Gauss
provou que os números complexos são necessários e suficientes para a
álgebra, com o Teorema Fundamental da Álgebra.

1
Scipione del Ferro também havia encontrado um método de resolução de equações desse tipo.
4 Dados de Deus – Complexos e Geometria

Os números complexos são hoje utilizados nos mais diversos campos da


ciência, como eletromagnetismo, circuitos elétricos, física quântica, teoria do
caos e, é claro, na geometria.

Nesta primeira apostila você encontra uma breve revisão de conceitos básicos,
a interpretação geométrica dos complexos, bem como alguns teoremas
fundamentais que podem ser a diferença entre entrar ou não no IME ou no ITA.

2 REVISÃO

Os números complexos são da forma , em que .


Denotamos por a parte real de z e a parte imaginária.

Confira agora algumas propriedades para e

IGUALDADE:

ADIÇÃO:

MULTIPLICAÇÃO:

CONJUGAÇÃO: , ,

DIVISÃO:

POTÊNCIAS DE i: Seja . .

PRODUTO COM CONJUGADO:

3 FORMA TRIGONOMÉTRICA2 E INTERPRETAÇÃO GEOMÉTRICA

2
Utilizando a expansão de Taylor, prova-se que .
5 Dados de Deus – Complexos e Geometria

Fig. 01

O plano complexo (também conhecido como plano de Argand-Gauss) é gerado


por dois eixos ortogonais, sendo as abscissas números reais e as ordenadas
os imaginários. Desta forma, todo número complexo pode ser representado de
uma forma trigonométrica (ou polar), conforme ilustra a Fig. 01.

Note ainda que o ponto z pode ser interpretado como uma das extremidades
do vetor que o liga à origem. Dizemos que o ponto z é o afixo do complexo e
Oz (que a partir de agora chamaremos apenas de z) o vetor associado ao
afixo.

Podemos escrever:

O ângulo é chamado de argumento e é chamado de módulo de z.

Sejam e . Confira 2 propriedades interessantes dessa


notação:

MULTIPLICAÇÃO:

DIVISÃO:

Repare agora que multiplicar um complexo por é o mesmo que somar ao


seu argumento, i.e. rotacioná-lo de um ângulo no sentido anti-horário

4 EXEMPLOS
6 Dados de Deus – Complexos e Geometria

A seguir apresentaremos 3 exemplos de exercícios envolvendo números


complexos e geometria.

Exemplo 1 Mostre que os pontos médios de um quadrilátero qualquer formam


um paralelogramo.

Fig. 02

Devemos provar que e .

Verifique que: , , ,

Logo:

Exemplo 2 Prove que as diagonais de um losango são perpendiculares.


7 Dados de Deus – Complexos e Geometria

Fig. 03

As diagonais de um losango podem ser escritas como:

Para que sejam perpendiculares (i.e. rotacionadas de 90º) devemos ter

Note que

Mas . Logo:

Assim:

Exemplo 3 (Teorema de Napoleão) Dado um triângulo qualquer, constroem-se


triângulos equiláteros externamente a cada um de seus lados. Os centros dos
novos triângulos também formam um triângulo equilátero.
8 Dados de Deus – Complexos e Geometria

Tome a origem sobre um dos vértices, conforme ilustra a Fig. 03. Temos que:

+b

Como são baricentros:

Com isso concluímos que

5 EXERCÍCIOS (NÍVEL 1)

Prove os teoremas abaixo:

1-)

2-)
9 Dados de Deus – Complexos e Geometria

3-)

4-)

5-) Considere um círculo de raio unitário:

1. Para uma corda , temos


2. Se c pertence à corda , então
3. A intersecção entre as tangentes em a e b é o ponto
4. O pé da perpendicular de um ponto arbitrário c à corda é

5. A intersecção entre as cordas é o ponto

6-) Os pontos a,b,c,d pertencem a uma circunferência se e somente se

7-) Os triângulos são similares e de mesma orientação se e somente


se

8-) A área de um triângulo é

9-) O ponto c divide um segmento na razão se e somente se

10-) O ponto t é baricentro de um triângulo abc se e somente se

11-) Para o ortocentro h e o circuncentro o do triângulo abc, temos

12-) Para um triângulo positivamente orientado abc, as seguintes condições


são equivalentes:

1. Abc é equilátero
2. |a - b| = |b - c| = |c - a|
3. a² + b² + c² = ab + bc + ca
4. (b - a)/(c - b) = (c - b)/(a - b)
5. (z - a)-1 + (z - b)-1 + (z - c)-1 = 0, em que z = (a + b + c)/3
6. (a + eb + e²c)(a + ec + e²b) = 0, em que e = cos(2p/3) + i.sin(2p/3)
10 Dados de Deus – Complexos e Geometria

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Hahn, Liang-shin Complex Numbers and Geometry, The Mathematical


Association of America, 1994

Andreescu, Titu Complex Numbers From A to … Z, Birkhäuser, 1956

http://www.wildstrom.com/susan/COMPLEXNUMBERSPROP.pdf

http://www.ias.ac.in/resonance/January2008/p35-53.pdf

http://www.imomath.com/tekstkut/cnum_mr.pdf

http://pt.wikipedia.org/wiki/N%C3%BAmero_complexo

http://www.ime.usp.br/~martha/caem/complexos.pdf

http://fatosmatematicos.blogspot.com/2009/09/historia-das-equacoes-
algebricas-parte.html

Em breve a segunda parte da apostila com questões nível IME resolvidas!

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