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A arquitetura colonial no Brasil é a arquitetura realizada durante o período de 1530, com a

chegada de Martin Affonso de Sousa ao Brasil até o ano de 1822, ano da sua independência.

A importância do legado arquitetonico colonial no Brasil é atestado pelos conjuntos e


monumentos desta origem que foram declarados Patrimonio Mundial pela Unesco.

São eles: centros históricos de Salvador, Ouro Preto, Olinda, Diamantina, São Luis do
Maranhão, Goiás Velho, o Santuário de Bom Jesus de Matosinhos em Congonhas do Campo e
as ruínas das Missões Jesuíticas Guarani em São Miguel das Missões.

Entretanto, nessa época, a monotonia da cidade era caracterizada pela falta de recuos,
calçadas , jardins nas residências e jardins públicos. As casas eram construídas de forma
uniforme e as plantas mantinham sempre o mesmo desenho. Eram construídas sobre o
alinhamento das vias publicas e sobre os limites laterais dos terrenos. Os lotes eram com
testada de 10m e com grande profundidade.

Não havia meio termo, as casas eram urbanas ou rurais. A produção e o uso da arquitetura e
dos núcleos urbanos coloniais, baseavam-se no trabalho escravo.

Detalhe curioso sobre a arquitetura colonial são as alcovas, cômodos sem ventilação, situados
no centro das habitações, utilizados como dormitório, despensa ou capela.

As casas térreas eram mais pobres. As técnicas construtivas eram primitiva nas casas mais
simples. As paredes eram feitas de pau-a-pique, adobe ou taipa de pilão.

Nas casas mais importantes eram utilizados materiais como a pedra e cal. A cobertura era feita
com telha de barro em duas águas. Uma água caía para a rua e a outra para o quintal.

Os pisos das edificações eram diferenciados conforme a classe social. Nos sobrados eram
assoalhos e nas casas térreas eram de chão batido. As residências de famílias de burgueses
eram decoradas com azulejos nas paredes, usualmente nos tons azuis e amarelos. Haviam
beirais de simalha e a telha em louça era utilizada por ricos moradores (v.foto).

As janelas eram feitas com caixilharias, muxarabis e postigos. As janelas do segundo


pavimento normalmente possuíam guarda-corpo ou balcões, a maioria com grades de ferro.
Eram comuns molduras em janelas e portas feitas em estuque e pintadas em azul, amarelo e
branco .

Os telhados na área urbana eram feitos de duas águas nos sobrados e casas térreas enquanto
as casas térreas construídas na zona rural eram feitas com 4 águas, com varanda em toda a
volta da residência , evitando-se assim o uso de calhas ou qualquer sistema de captação de
águas pluviais.

Os sobrados com dois pavimentos podiam ser comerciais, residenciais ou mistos, sendo o piso
superior com assoalho e o piso térreo com chão batido. Os pavimentos térreos dos sobrados
eram ocupados por lojas, escravos e animais.

Os sobrados típicos tinham faixas de madeira acompanhados por perfis de estuque, rebordo
perfilado, pseudo pilastras, sacada inteiriça com ornamento de ferro forjado.
Em algumas residências, as salas e lojas usufruíam das aberturas posicionadas na fachada
frontal e nos fundos da edificação ficavam os cômodos de permanência das mulheres e locais
de trabalho, que aproveitavam a abertura dos fundos.

As casas urbanas chegavam a ter até 6 pavimentos devido ao desnível do terreno.

No período colonial outra tipologia eram as chácaras que ficavam distantes das cidades. Eram
beneficiadas com fácil abastecimento de água devido à proximidade dos rios e nascentes.

Nesse período, a necessidade de se proteger o mundo da casa do ambiente da rua ocorre,


primeiramente, pelo afastamento das construções nas zonas rurais. Isoladas umas das outras,
as moradias dessa época não sofriam com olhares indiscretos dos vizinhos, mas é exatamente
esse isolamento que gerava a insegurança da casa e colocava a varanda, empregada para a
adequação climática da construção portuguesa em terras tropicais, como ambiente estratégico
para se observar o estranho que se aproximava.

A varanda dessas construções ganha logo a atribuição de posto de vigília, com o intuito de
resguardar a morada e, consequentemente, a família e principalmente a mulher que, dentro
de uma estrutura familiar mononuclear centrada no homem, único provedor da casa, vivia
isolada do convívio dos estranhos. Posto de vigília e filtro, pois dela se avistava como se
recebiam as pessoas estranhas, como escravos que não eram da casa, mas da senzala,
viajantes e comerciantes entre outros.

Naquela época, era muito comum a aparição de viajantes, tropeiros, que abasteciam os
moradores da região com mercadorias diversas e informações de outras localidades e a
varanda era o local onde essas pessoas eram recebidas e, até quando necessário, pernoitavam.
Mesmo quando havia o quarto de hóspedes, este se voltava para a varanda, não tendo ligação
com as alcovas, que era, normalmente, o local destinado à reclusão das mulheres, pois o
interior da habitação era um ambiente restrito da família , onde o estranho não adentrava.

Essa necessidade de proteger a casa e a intimidade do lar, nas construções do período colonial,
vai se refletir na tipologia das varandas que aparecem, muitas das vezes, não apenas na frente
das edificações, mas rodeando toda a moradia.

As casas térreas urbanas não apresentavam a varanda na frente da construção, mantendo


apenas a varanda voltada para o fundo do quintal que funcionava como sala de viver.
Naquela época, como o trabalho ocorria dentro do espaço da moradia, a frente da residência
era destinada ao comércio, o que já protegia a privacidade da casa, isolando o espaço íntimo
da família.

No entanto, as casas urbanas assobradadas ostentavam as varandas em suas fachadas, pois,


mesmo reservando muitas das vezes todo o pavimento térreo para o comércio, a intimidade
da casa era vulnerável nos pavimentos superiores, construídos na testada do terreno, sem
afastamento frontal.

Essas varandas, como as das construções rurais, desempenhavam a mesma função, vigília e
filtro. Mesmo não servindo de acesso à moradia, elas dificultavam a visão do interior da
residência para quem estava do lado de fora. Muitas das vezes, essa filtragem era feita com a
ajuda de elementos de vedação chamados de muxarabiês e gelosias, compostos com folhas de
veneziana e treliça . Eles favoreciam a circulação do ar e a entrada de alguma luz, assim como
permitiam ao morador ver o que ocorria fora de casa, mas não deixava de ser obstáculo para a
curiosidade de quem passasse.

Era posto de exposição, pois era da sacada ou do balcão dos sobrados que se assistia e se
participava das procissões, das festas religiosas, como também dos julgamentos públicos,das
condenações, dos enforcamentos enfim, dos acontecimentos que ocorriam na rua.

Muitas vezes os moradores participavam das festividades através de panos, bandeiras, flores,
velas, objetos que de alguma forma comunicavam a posição do morador da habitação em
relação ao que se passava no espaço público.

A rua dos núcleos urbanos, mesmo freqüentada pelos escravos, era local de encontro e de
festividades.

Uma vez que as famílias abastadas residiam na área rural durante a semana , as cidades
menores apresentavam aspectos desoladores pois a maioria das casas ficava fechada nesse
período, só sendo habitada nos domingos ou dia de festa.

Outra característica da época colonial era a inexistência de passeio publico. As ruas eram
recobertas com pedras do local e a topografia era vencida por escadas.

O urbanismo foi caracterizado pela adaptação do traçado das ruas, largos e muralhas. Devido à
topografia acidentada dos terrenos, edifícios importantes ficavam nesses pontos estratégicos
como conventos e igrejas. O urbanismo colonial trouxe a criação de praças junto a edifícios
religiosos.

No Rio de Janeiro foi construída talvez a maior obra de infraestrutura realizada no Brasil
Colonial: o Aqueduto Carioca, inaugurado definitivamente em 1750. O aqueduto trazia água do
rio ao centro da cidade, alimentando vários chafarizes.

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