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c Luís de Sousa, comerciante, casado com Maria Almeida, vende, em 5 de Abril de

2000, a sua moradia, sita em Penafiel, pela forma legalmente prescrita, a Joana da Silva,
doméstica e viúva. Joana não regista a sua aquisição, permanecendo o imóvel inscrito
no registo, em nome de Luís de Sousa. Em 25 de Janeiro de 2010, o Banco Millenium
intenta contra o Luís de Sousa um processo executivo, em que é penhorado este imóvel
sito em Penafiel, tendo a penhora sido registada. Joana da Silva que vivia na moradia há
cerca de 10 anos, desgostosa com o risco de perder a sua casa, deduz embargos de
terceiros, alegando que é proprietária da referida moradia e que o Banco tinha
conhecimento do negócio celebrado entre si e Luís de Sousa, devido a um pedido de
empréstimo formulado por Clara da Silva na mesma instituição bancária.
Resolva este conflito, à luz do conceito de terceiros para efeitos de registo, tendo em
conta a evolução das posições da jurisprudência nesta matéria.

cc Por escritura de 19 de Outubro de 1989, lavrada no Cartório Notarial de Ourém,


Nuno António Pereira da Silva e Efigénia Fernandes, casados, declararam doar a seus
filhos, então menores, Arnaldo, Isabel e Joana, o prédio misto composto de mato e uma
casa destinada a indústria de artigos religiosos, com a área de 100 m2, sito em Outeiro
Gordo, limite de Moita Redonda, freguesia de Fátima. O prédio não foi, contudo,
registado em nome dos donatários, na Conservatória do Registo Predial. Desde então, e
até aos dias de hoje, Arnaldo, Isabel e Joana utilizam este prédio à vista de todos, com a
convicção de que são os seus legítimos proprietários. No 4º Juízo do Tribunal Judicial
de S. João da Madeira correu termos execução ordinária, em que foi exequente EE e
executados Nuno António e Efigénia. Este prédio foi penhorado, em Dezembro de
2006, na acção executiva, tendo nela sido adquirido, por arrematação, por EE, em 5 de
Janeiro de 2009. Tal aquisição encontra-se registada, em nome de EE, desde 28 de
Janeiro de 2009.O mandatário de Arnaldo, Isabel e Joana esteve presente na venda
judicial e, tendo-se oposto à mesma, juntou escritura de doação de 19.10.89.
Na comarca de Ourém, Arnaldo, Isabel e Joana instauraram a presente acção
declarativa, em processo ordinário, contra EE, pedindo em síntese, que os réus sejam
condenados a reconhecerem que eles, autores, são os proprietários e possuidores de tal
prédio, que seja declarada nula a venda executiva e cancelado o registo feito a favor de
EE.
EE defende a sua posição, invocando a protecção concedida pela lei ao terceiro para
efeitos de registo. Tendo em conta as regras do registo e da posse, diga a quem pertence
o imóvel, fundamentando legal e doutrinalmente a sua resposta, referindo também a
posição da jurisprudência.
(Adaptação do caso decidido pelo acórdão do STJ, de 08-01-2009, in Base Jurídico-
Documental do Ministério da Justiça, ŠŠŠ  

ccc - Em Janeiro de 2007, A vende a B um imóvel, em virtude de ter sido ameaçado de


morte por parte de B. Em Janeiro de 2008, B troca o imóvel com C, recebendo um
veículo e uma quantia em dinheiro. Contudo, em Janeiro de 2009, B vende o mesmo
imóvel a D. Ambos os negócios foram celebrados por escritura pública. C e D
desconheciam, sem culpa, o vício do negócio entre A e B. D regista, em Janeiro de 2010
e C, em Janeiro de 2011.

c Em 2000, A vende a B, por escritura pública, um determinado imóvel. Este negócio
violava uma norma imperativa. Em 2002, B faz uma doação, por escritura pública, a C.
Em 2004, C vende, por escritura pública, o mesmo imóvel a D que ignora, sem culpa o
que se passou para trás e regista o seu direito, em 2005. Em 2006, D promove, com os
requisitos formais indispensáveis, uma constituição onerosa de usufruto em favor de E,
que nada sabia, mas não procedeu ao registo. Em 2007, D celebra com F um contrato de
compra e venda, através de escritura pública. Apesar de F ter conhecimento dos vícios
anteriores, regista imediatamente o seu direito.

Em Janeiro de 1998, A vende a B um prédio rústico, de sua propriedade, por escritura
pública. Em Janeiro de 1999, sabendo que B não registou, A efectua uma doação a C,
padecendo este negócio de um vício que determina a sua nulidade. C regista de
imediato. Em Janeiro de 2000, B consentiu, por negócio realizado com D, receber, no
dito imóvel, as àguas provenientes do prédio vizinho, encanadas a descoberto, que
estavam poluídas por resíduos industriais, dado ser essa a actividade a que o prédio de
D se destinava. Simultaneamente, B concede que D, aos fins-de-semana, utilize o dito
prédio rústico para a prática de tiro ao alvo a pratos. D não regista. Em Janeiro de 2001,
B vende o imóvel a E, livre de quaisquer ónus e encargos. E regista imediatamente.
Em Janeiro de 2002, C doa o mesmo prédio a F, que ignorava tudo quanto sucedera e
regista imediatamente.

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