LEITURA

TEXTO

22 de Agosto de 1993

Começo a compreender melhor a relação que a gente nova tem com os jogos de computador, e
como é fácil ficar prisioneiro do teclado e do que vai acontecendo no ecrã. Nos últimos dias, pouco
atraído pelo ensaio1, cheio de espinhos, que ainda vai no primeiro capítulo, dediquei-me a investigar
um pouco mais uma máquina (chamo máquina ao computador...) que até agora só me tinha servido
para escrever. E assim foi que me encontrei com os jogos incluídos no programa que nela foi
instalado. Um deles exige muito da perspicácia e da paciência do jogador, que tem de escapar (se
puder) de um campo de minas. O outro é o arquiconhecido solitaire. O campo de minas pede tempo
e reflexão, não é coisa para rambos aventureiros. Ficou para outra ocasião. Mergulhei no solitário
como quem regressa ao passado, pois há muitos anos já que o não jogava. Aqui acabaram-se as
cartas, não podemos baralhá-las, distribuí-las, gozar esteticamente com a sua ordenação em cores e
valores.O computador não tem meios, manipula não sei o quê nem como, é velocíssimo, em menos
de um segundo escolhe e apresenta as cartas. Com o esperto e ágil “rato”, vou retirando do baralho,
ao alto, à esquerda, as figuras de cartas que podem entrar, trocando posições, e, como no antigo jogo,
alterno os valores e as cores (neste meu computador tudo se passa entre o branco e o preto). Então,
mais ainda que com as reais e efectivas cartas, o computador apodera-se do jogador, desafia-o, e
quando o vence nunca se esquece de perguntar-lhe se quer continuar. A sua rapidez de execução
provoca e estimula a nossa própria rapidez.

José Saramago, Cadernos de Lanzarote, Diário I, Ed. Caminho, 1994

1
– Referência à obra de José Saramago Ensaio sobre a Cegueira

1 - Seleccione a resposta correcta:

-Por que razão decidiu Saramago investigar o seu computador?

Porque tinha perdido o interesse pelo livro que estava a escrever.

Porque não lhe apetecia ver televisão.

Porque tinha perdido o interesse pelo livro que estava a ler.

Nenhuma das anteriores.

2 – Considere a expressão: “cheio de espinhos” (linha 3)

Esta expressão indica:

Que o autor estava contrariado.

Que o ensaio tinha muitas dificuldades.

Que o ensaio estava mal feito.

Nenhuma das anteriores.

3 – “O campo de minas pede tempo e reflexão, não é coisa para rambos aventureiros” (linha 7-8)

Nesta frase, a utilização da palavra “rambos” remete para a ideia de:

Inteligência

Inconsciência.

Força

Aventura

4 – Este texto de Saramago demonstra:

A adesão do autor às novas tecnologias.

Uma desconfiança pelas novas tecnologias.

A aversão às novas tecnologias.

Nenhuma das anteriores.

5 – Indique um excerto onde se verifique a personificação da “máquina”.

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6 – Apresente a razão pela qual o autor se aventurou pelo mundo da informática.

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7 – Indique a atitude do autor demonstrada neste episódio.

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FUNCIONAMENTO DA LÍNGUA

1 – “Ficar prisioneiro do teclado” (Linha 2) significa:

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2 – Escreva um sinónimo de “meios” (Linha 11)
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3 – Identifique o sujeito da última frase do texto.

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4 – “que ainda vai no primeiro capítulo” (Linha 3)

Procure, no texto, o termo a que se refere a palavra que.

EXPRESSÃO ESCRITA

Cada pessoa tem uma relação diferente com os computadores. Numa composição cuidada,
com cerca de 100 palavras, explique de que forma usa a informática.

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BOM TRABALHO! 