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A Estrela Cadente

NARRADOR: Naquele dia andava toda a gente muito nervosa lá longe, no oriente. As
madrugadoras pombas mensageiras tinham cumprido a sua missão e já todo o mundo
conhecia a notícia: TINHA NASCIDO O MENINO JESUS. Suas Majestades, os Reis
Magos, têm de preparar-se para a longa caminhada.

BELCHIOR: Isto não pode ser! Que Loucura!

GASPAR: Assim será impossível chegar.

BALTASAR: Nunca conseguiremos!

( os Reis Magos dão voltas pela sala e levam as mão à cabeça.)

NARRADOR: A causa de todo aquele rebuliço era, nem mais


nem menos, o desaparecimento da estrela que tinha de guiar os Reis no seu longo
caminho.

BELCHIOR: Onde estará metida?

GASPAR: todo o mundo conhece a história, a estrela mostra-nos a direcção correcta.

BALTASAR: E agora, que podemos fazer?

NARRADOR: Como o problema era muito grave, todos os vizinhos e amigos dos Reis
Magos decidiram pôr mãos à obra e começar a procurar…

(Pastores, vizinhos) vão junto dos Reis e “ cochicham “ em voz baixa entre eles numa atitude de
nervosismo.)

VIZINHA 1: Ai, ai, mãe- mãe - mãe, mãezinha. O que vai ser da nossa tradição sem a
estrelinha?

VIZINHA 2: Nem quero pensar numa coisa dessas, está tudo arruinado. (começam as
duas vizinhas a chorar)

VIZINHA3: Oh mulheres, não vale a pena estarem para aí a chorar. Vamos é por-nos a
mexer e procurar a estrela por toda a parte.

PASTOR 1: Sim, sim. Mas onde poderá estar?

PASTOR 2: Os Reis sabem ler os mapas do céu… talvez a estrela esteja só a dormir.

BELCHIOR: Temos de fazer uma reunião e procurar uma solução.

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GASPAR: Sem a luz da estrela nunca encontraremos o caminho.

BALTASAR: Temos de chegar a tempo para dar os nossos presentes ao menino.

NARRADOR: Todos os habitantes do reino decidiram participar na reunião dos Reis


Magos para ajudar com as suas ideias.

(Numa roda todos sentados. Os Reis Magos caminham entre as personagens, com passo rápido e as
mãos nas ancas e na testa, numa atitude pensativa. Todos têm caras de preocupados. )

BELCHIOR: Em breve nos poremos a caminho. Se a estrela não aparecer, confiaremos


nos nossos poderes para nos orientarmos.

GASPAR: Mas talvez a estrela não tenha ouvido a boa notícia. Temos de esperar um
pouco mais.

BALTASAR: Certamente que receberemos algum sinal.

NARRADOR: Nesse momento, um grande resplendor ilumina o lugar.

(Os pastores, os vizinhos e os Reis Magos olham para o Céu com caras de espanto. Uma menina vestida
de estrela começa a aproximar-se deles.)

ESTRELA RAINHA: Venho contar-vos uma terrível notícia: eu, Rainha das Estrelas, tenho
um grave problema.

NARRADOR: A Rainha das Estrelas contou a todos os que ali estavam que na noite
anterior tinha realizado um concurso para encontrar a estrela que guiaria os Reis
Magos através do deserto.

(Neste momento aparece uma fila de estrelas e situa-se em frente dos Reis Magos)

ESTRELA BEBÉ: Aqui, aqui (saltitava a estrela bebé) olhem p’a mim. Eu já ” xou gande”,
também “quelo ajudá” ...

ESTRELA RAINHA: Claro que já és grande, minha querida, mas precisas de crescer um
pouco mais, para poderes guiar esta missão.

ESTRELAS GÉMEAS: (falam ao mesmo tempo) Majestade, eu é que devo cumprir a


importante missão. A minha beleza supera a das minhas companheiras.

ESTRELA GÉMEA1: Não, não…eu é que sou a mais bela, não me imites…

ESTRELA GÉMEA2: Não, sou eu…Eu sou a mais bela e devo ser a vencedora.

BELCHIOR: A vossa vaidade é o mais difícil de superar. Queremos ser guiados por uma
humilde estrela.

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ESTRELA DOIS: Majestades, por ser a maior de todas as estrelas do firmamento, serei
eu a escolhida.

ESTRELA INTELIGENTE: Que disparte! Suas Majestades não precisam de estrelas


grandes, mas sim de uma estrela inteligente. Ora bem, vamos cá ver…segundo a teoria
de Einstein (ajeita os óculos) e depois de muitas contas (mostra a calculadora) já sei as
coordenadas exactas e, por isso, sou eu quem vos deveria guiar.

GASPAR: A estrela que nos conduzir ao portal não deve ser a mais bela, nem a maior,
nem a mais inteligente. Apenas a melhor.

ESTRELA TRÊS: Majestades, tenho uma cauda brilhante que iluminará campos e
desertos até chegar ao Palácio Real.

BALTASAR: Mas que enganada estás! O menino não nasceu num Palácio, o menino
está numa manjedoura, em palhas deitado, e não deseja tesouros, nem brilho, só paz
entre os homens.

NARRADOR: De repente os Reis Magos fixaram-se numa pequena estrela que ainda
não tinha falado.

REIS MAGOS: Não tens nada para nos contar?

(A estrela baixa a cabeça em atitude de timidez)

ESTRELA TRAPALHONA: Majestades, eu não posso realizar este importante trabalho.


Eu sou apenas uma estrela cadente muito trapalhona. Ando sempre a correr de cá
para lá e a verdade é que caio muitas vezes. Nunca soube de um sítio onde pudesse
viver.

NARRADOR: Os Reis olharam para a rainha das estrelas e disseram:

REIS MAGOS: Desejamos que esta pequena estrela cadente nos guie no nosso caminho.
Não encontraremos outra melhor.

NARRADOR: Então, suas Majestades perguntaram à estrela se desejava acompanhá-


los. A estrela pensou que estava cansada de tanta trapalhada e que queria deixar de
vaguear pelo firmamento. Achou que seria realmente bom encontrar um sítio onde
viver.

(As outras estrelas retiram-se lentamente. Os Pastores e as vizinhas fazem uma fila atrás dos Reis
Magos e, à frente, a guiar toda a comitiva vai a pequena estrela, a mais humilde e de melhor coração.
Todos em fila lançam-se ao caminho, cantando um cântico de Natal.)

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NARRADOR: No caminho, os Reis Magos encontraram o velho sábio que por ser muito
invejoso e que por não poder ter um papel importante nesta história, aproximou-se
deles para os enganar:

VELHO SÁBIO: O quê? Vocês por aqui? Mas estão muito atrasados! Olhem que ainda
agora de lá vim e estão todos muito desiludidos por não terem recebido a vossa visita.
O melhor é que se apressem. Se forem nesta direcção chegam a Belém muito mais
depressa.

BELCHIOR: Muito obrigado, meu velho sábio, seguiremos o teu conselho e prometemos
cumprir a nossa missão.

NARRADOR: Todos seguiram a direcção indicada e andaram durante muito tempo,


mas mais uma vez a luz esplendorosa da Estrela Rainha surgiu:

ESTRELA RAINHA: Não confiem naquele velho sábio que mais não quer do que
enganar-vos para que não saiam deste deserto. Escolheram a estrela mais humilde e
de melhor coração e, por isso, devem segui-la.

NARRADOR: Quando se aproximavam do seu destino, viram os seus amigos chamados


Reis Magos do Futuro.

GASPAR DO FUTURO: Então, ainda usam essa miniatura de estrela?

BELCHIOR DO FUTURO: Nós cá usamos um mais recente, eficaz e equipado G.P.S.

BALTASAR DO FUTURO: Oh não! Levam ouro, incenso e mirra para oferecer ao Menino
Jesus? Nós levamos um telemóvel, uns ténis da Nike e uma P.S.P., que isto da
modernidade é que está a dar.

GASPAR: Meus amigos, se todos temos o mesmo objectivo podemos seguir todos
juntos e em paz. Querem vir connosco?

TODOS OS REIS DO FUTURO: Sim, claro que queremos.

TODOS: Viva!

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Texto adaptado pelos alunos do 4º ano

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