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Pré-Modernismo

Literatura de transição entre o


Realismo/Naturalismo e o
Modernismo.

1902 – Publicação de Os Sertões, de


Euclides da Cunha.

1922 – Semana de Arte Moderna.


Contexto Histórico
Na Europa:
• As novas invenções: automóvel, cinema,
telégrafo, lâmpada elétrica, telefone, avião;

• Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918);

• Vanguardas artísticas europeias.


Contexto Histórico
No Brasil (final do séc. XIX e início do XX):
• Vivia-se a Política “Café-com-Leite”;
• A Revolta de Canudos;
• A Revolta da Chibata;
• Movimentos grevistas;
• O cangaço;
• Vinda de imigrantes europeus;
• Marginalização dos antigos escravos;
• O burguês x o proletariado.
O Estilo
caráter conservador x caráter renovador

1 – espaço físico focalizado: o sertão, o


interior, o subúrbio;
2 – personagens: o sertanejo, o caipira, o
negro, o imigrante, a classe média;
3 – temática: problemas daquela realidade
brasileira.
Euclides da Cunha (1866 – 1909)
A Guerra de Canudos, retratada em sua
obra mais importante, Os Sertões.
Os Sertões (1902)
• Divisão da obra: A terra
O homem
A luta
• Comprometimento com a natureza, com o homem
e com a sociedade;
• Linguagem: espécie de “barroco científico”;
• Tom que oscila entre o agônico e o trágico;
• Livro de ciência e de paixão, de análise e de
protesto.
A terra
“A terra desnuda tendo contrapostas, em permanente conflito, as capacidades
emissiva e absorvente dos materiais que a formam, do mesmo passo armazena
os ardores das soalheiras e deles se esgota, de improviso”. (p. 27).
O homem
“O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo exaustivo dos
mestiços neurastênicos do litoral.
A sua aparência, entretanto, ao primeiro lance de vista, revela o contrário. Falta-
lhe a plástica impecável, o desempeno, a estrutura corretíssima das organizações
atléticas”. (p. 77).
A luta
“Dia a dia chegavam ao arraial singulares recém-vindos, absolutamente
desconhecidos. Vinham ‘debaixo do cangaço’: a capanga atestada de balas e o
polvarinho cheio; a garrucha de dois canos atravessada à cinta, de onde pendia a
parnaíba inseparável; à bandoleira, o clavinote de boca-de-sino. Nada mais.
Entravam pelo largo, sem que lhes indagassem a procedência, como se fossem
antigos conhecidos”. (p. 186).

CUNHA, Euclides da. Os Sertões. São Paulo: Nova Cultural, 2002.


Graça Aranha (1868 – 1931)
O drama do imigrante, especialmente o
alemão, assunto de Canaã.
Canaã (1902)

• Observação da vida local (Espírito Santo);


• Milkau x Lentz = “lei do amor” x “lei da força”;
• Canaã = a terra prometida;
• Cenas de violência;
• Mitos indígenas e europeus;
• Romance e documentário, prosa poética e prosa
doutrinal.
“Maria resistiu com fúria, debatendo-se nas mãos fortes do
homem; rolaram por terra confundidos, lutando, destruindo-
se, alucinados, doidos... O calor da mulher, já olvidado,
incendiava-o implacavelmente agora; e no combate ele a
estreitava com veemência, com ardor, beijando-a
febrilmente. Também ela se apertava com fúria a ele, num
acordar violento das suas entranhas [...] De um salto, Milkau
ergueu-se, e arrebatando a mulher do chão, avançou alegre
e infernal para o abismo... E logo estacou”. (p. 272).

ARANHA, Graça. Canaã. Rio de Janeiro: Briguiet, 1943.


Lima Barreto (1881 – 1922)
O nacionalismo ufanista em Triste Fim de
Policarpo Quaresma.
Triste Fim de Policarpo
Quaresma (1915)
• Retrata o mundo dos políticos, dos militares, ao qual
se opõem os oprimidos e suburbanos;
• Acontecimentos importantes da vida republicana;
• Temas: denúncia da hipocrisia, crítica à burocracia e
ao academicismo;
• Linguagem simples e clara;
•Desencontro entre “um” ideal e “o” real;
• Tom “quixotesco” em Policarpo.
“[...] Policarpo era patriota. Desde moço, aí pelos vinte anos, o amor
da Pátria tomou-o todo inteiro. Não fora o amor comum, palrador e
vazio; fora um sentimento sério, grave e absorvente. Nada de
ambições políticas ou administrativas; o que Quaresma pensou, ou
melhor: o que o patriotismo o fez pensar, foi num conhecimento inteiro
do Brasil, levando-o a meditações sobre os seus recursos, para
depois então apontar os remédios, as medidas progressivas, com
pleno conhecimento de causa.
Não se sabia bem onde nascera, mas não fora decerto em São
Paulo, nem no Rio Grande do Sul, nem no Pará. Errava quem
quisesse encontrar nele qualquer regionalismo; Quaresma era antes
de tudo brasileiro”. (p. 22).

BARRETO, Lima. Triste fim de Policarpo Quaresma. São Paulo: Ática, 1993.
Monteiro Lobato (1882 – 1948)
A situação do caipira paulista
em Cidades Mortas e Urupês.
Cidades Mortas (1919)
  • Espaço: cidadezinha chamada Itaoca;

• Retrata a miséria, a corrupção política e a


decadência da lavoura cafeeira;
• Personagem: o caipira subnutrido, ignorante
e desanimado;
• Linguagem coloquial e regionalista;
• Engajamento por mudanças na sociedade
brasileira.
“Chamava-se João Teodoro, só. O mais pacato e modesto dos
homens. Honestíssimo e lealíssimo, com um defeito apenas: não
dar o mínimo valor a si próprio. Para João Teodoro, a coisa de
menos importância no mundo era João Teodoro.
Nunca fora nada na vida, nem admitia a hipótese de vir a ser
alguma coisa. E por muito tempo não quis nem sequer o que todos
ali queriam: mudar-se para terra melhor.
Mas João Teodoro acompanhava com aperto de coração o
deperecimento visível de sua Itaoca”. (p. 185)

LOBATO, Monteiro. Cidades mortas. São Paulo: Brasiliense, 1965.


O Sítio do Pica-Pau Amarelo
• Ciclo de aventuras em torno de um mesmo ambiente e das mesmas
personagens
• Predomínio da fantasia;
• Junção do folclore brasileiro e europeu;
• Assuntos “adultos” para crianças;
• Não tem efeito moral, mas sim educativo;
• O sítio = metáfora do Brasil;
• Emília = espírito crítico de Lobato;
• Visconde de Sabugosa = o cientificismo;
• Tia Nastácia = sabedoria popular//preconceito?
Augusto dos Anjos (1884 – 1914)

Torna-se difícil classificar a sua obra em


uma ou outra tendência.
Eu (1912)

• Decomposição da matéria;
• O verme;
• Pessimismo;
• Instinto;
• Vocabulário científico;
• O Mal e o Nada.
Versos Íntimos
Vês?! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a ingratidão – esta pantera –
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!


O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!


O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,


Apedreja esta mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!

ANJOS, Augusto dos. Obras completas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. p. 280.

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