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RESUMO
O presente estudo tem a finalidade de avaliar o entendimento doutrinário acerca do que seja a
definição de floresta enquanto bem difuso protegido por lei e como o agente de polícia
ambiental deve entender o conceito quando de sua atuação em delitos contra este tipo
específico de flora alicerçado no Poder de Polícia Ambiental conferido no atual Estado
Democrático de Direito.3.
1. INTRODUÇÃO
1
Artigo escrito na aula da disciplina de Legislação de Flora, ministrada pelo Instrutor Cap QOEM Giovani Paim
Moresco, no Curso de Especialização em Policiamento Ambiental – CEPAM- 2010.
2
1º Ten QTPM. Oficial-Aluno do CEPAM 2010.
3
Sistema institucional, no qual cada um é submetido ao respeito do direito, do simples indivíduo até a potência
pública. O estado de direito é assim ligado ao respeito da hierarquia das normas, da separação dos poderes e dos
direitos fundamentais.
2
Federal e a Lei 9.605/98 – Lei dos Crimes Ambientais, a qual traz uma seção específica dos
crimes contra a flora. Quando ouvimos falar de florestas logo nos vem à mente uma imagem
de grandes árvores, com folhas verdejantes, tão próximas umas das outras que, nesta mesma
imagem mental, se vistas de cima, não seria possível enxergar o solo. A própria lei referida no
título do presente artigo não especifica, não define o que vem a ser uma floresta. Para o
policial da área ambiental que vá atender uma ocorrência tipificada como crime ambiental,
seja de menor potencial ofensivo ou de maior potencial, exemplo do Art. 41 da Lei 9.605/98,
"Provocar incêndio em mata ou floresta: pena – reclusão, de dois a quatro anos, e multa.
Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de detenção de seis meses a um ano, e multa",
como este servidor irá confeccionar seu relatório, como irá preencher o BO-COP4, o BO-TC5
(na Brigada Militar, regulados pela Nota de Instrução Operacional nº 025.1), ou qualquer que
seja a documentação operacional e fazer constar que esteve diante de um delito praticado
contra a flora e especificar que foi em uma floresta quando a própria lei não traz esta
definição? É o que procuraremos abordar a partir de agora.
- Floresta Amazônica (equatorial): vegetação densa por causa dos fatores climáticos
da região que é quente e úmido.
4
Boletim em que devem ser registrados os dados essenciais do fato, nas infrações penais de menor ou maior
potencial ofensivo, desde que ausentes os elementos do flagrante delito.
5
Diferencia-se do BO-COP em razão de estarem presentes todos os elementos do flagrante delito e o autor do
fato assuma o compromisso de comparecer ao Juizado Especial Criminal, na data estabelecida pelo policial, ou
quando for regularmente intimado.
6
CABRAL, Gabriela. Tipos de Vegetação. Disponível em: <http://www.brasilescola.com/brasil/os-tipos-
vegetacao.htm>. Acesso em: 12 ago. 2010.
3
Agora que temos uma noção da variedade da vegetação que recobre o solo brasileiro,
vamos verificar que destes tipos de vegetação, a floresta é que se sobressai, eis que, segundo o
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)7, as florestas enquanto tipo de vegetação
ocupam uma grande parte do solo brasileiro: “O Mapa de Vegetação do Brasil mostra que no
país ocorrem dois grandes conjuntos vegetacionais: um florestal, que ocupa mais de 60% do
território nacional, e outro campestre.” (grifo do autor). O mesmo Instituto também salienta as
formações florestais no que tange às suas constituições:
7
________IBGE. Mapa de Biomas e de Vegetação. Disponível em:
<http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=169>. Acesso em: 13 ago.
2010.
4
Temos até aqui o necessário para concluirmos, em parte, que o Brasil tem uma vasta
variedade de vegetação e entre estas, a predominância das florestas bem como, suas
respectivas constituições.
Nosso próximo passo, agora que já identificamos os tipos de florestas, será encontrar
a sua definição. De início acompanhemos o entendimento de Édis Milaré8, quanto ao que seja
floresta: “As florestas são vivas, e mais, constituem também elas sistemas de suporte à vida de
outras partes da biosfera. Interagem com o clima, particularmente os climas locais, ajudam a
direcionar a circulação dos ventos.” Ao que parece, em um primeiro momento, tal
entendimento não supre a nossa necessidade quanto a uma definição do que seja uma floresta.
Seguindo adiante, vemos que a Lei 4.771/65 que instituiu o Código Florestal, traz em
seu Art. 2º, por definição legal, o que consiste uma “floresta permanente” e no Art. 3º a
definição que é dada por ato do Poder Público. Desta forma temos uma definição legal do que
seria uma floresta de preservação permanente eis que está contida no Código Florestal o qual
informa que a floresta e a vegetação natural encontradas em determinadas áreas de
preservação permanente serão assim consideradas.
O que se percebe é que falta uma definição específica onde qualquer cidadão com o
mínimo de conhecimento acerca das letras (alfabetizado e com um nível mínimo de
conhecimentos gerais) pudesse interpretar e reportar, referir, informar o que constitui, do que
é formada uma floresta, isto sem termos vagos do tipo: “vegetação cerrada, constituída de
árvores de grande porte cobrindo grande extensão de terras” ou “denso conjunto de árvores
que cobrem vasta extensão de terra9”. Em que pese a definição estar contida, ser oriunda de
um conceituado dicionário como o Houaiss, penso que ainda não serve de parâmetro para uma
construção científica na esfera jurídica eis que carece de interpretação acerca do que seja, no
primeiro caso, “vegetação cerrada” ou “grande porte”.
Então neste vai e vem resultante da busca de um amparo doutrinário do que seja uma
floresta, de uma descrição que contemple ao menos a área jurídica porquanto temos que
positivar para a conseqüente persecução criminal, tanto quanto à Justiça Cível e à própria
Administração Pública encontramos autores que compactuam com o entendimento de que a
8
MILARÉ, Édis. Direito do ambiente: doutrina, prática, jurisprudência, glossário. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2000, p. 146.
9
Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa v1.0.5ª.
5
termo floresta é difícil de ser definido, que o vocábulo floresta tem recebido muitas definições
sem exatidão científica, sem precisão lingüística e totalmente equivocadas, conforme
entendimento de Ozorio Fonseca10:
Ainda compartilhando a percepção de que o termo floresta não está definido, Julis
Orácio Felipe11, diz que o Código Florestal não traz esta definição e tampouco outras normas
o fazem, deixando ao intérprete da lei a árdua tarefa, completa seu pensamento com a certeza
que a definição de floresta ainda carece de uma fixação de seu sentido literal:
Não resta então a menor dúvida que a definição de floresta, se não for
suplementada por legislação estadual nos termos da competência
concorrente, deve ser atualmente interpretada como qualquer tipo de floresta,
natural ou exótica, com uma ou mais espécies, e que quaisquer que sejam
elas, cumprem a função sócio-ambiental que se encaixa perfeitamente no
texto constitucional e legal em vigor, qual seja: a proteção ambiental.
10
FONSECA, Ozorio. Afinal o que é floresta?. Disponível em:
<http://portalamazonia.globo.com/pscript/artigos/artigo.php?idArtigo=1324>. Acesso em: 13 ago. 2010.
11
FELIPE, Julis Orácio. Floresta, uma definição atualizada . Jus Navigandi, Teresina, ano 7, n. 66, jun. 2003.
Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=4173>. Acesso em: 13 ago. 2010.
12
MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. São Paulo: Malheiros, 2000, p-303.
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4. CONCLUSÃO
13
No caso em comento, o Auto de Constatação é um dos documentos operacionais integrante de um rol de 17
documentos que compõem o Procedimento em Ocorrências Ambientais, conhecido como “POA”, que é utilizado
pelo efetivo integrante do Comando Ambiental da Brigada Militar.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FELIPE, Julis Orácio. Floresta, uma definição atualizada . Jus Navigandi, Teresina, ano 7, n.
66, jun. 2003. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=4173>. Acesso
em: 13 ago. 2010.
MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. São Paulo: Malheiros,
2000, p-303.
MILARÉ, Édis. Direito do ambiente: doutrina, prática, jurisprudência, glossário. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2000, p. 146.