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História e Geografia de Cabo Verde

1
História e Geografia de Cabo Verde

TÍTULO
Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde

AUTORES
Danilo Santos
Enoque Silveira

CAPA & DESIGN GRÁFICO


Moisés Santos

REVISÃO LINGUÍSTICA
Luís Pereira

COORDENAÇÃO GERAL
Adriana Mendonça - Diretora Nacional de Educação

EDITOR
Ministério da Educação

IMPRESSÃO & ACABAMENTO


Gráfica…

EDIÇÃO: 2017

PROPRIEDADE DO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO DE CABO VERDE


2
História e Geografia de Cabo Verde

Caderno Experimental

HISTÓRIA E GEOGRAFIA
DE CABO VERDE

5º Ano de escolaridade

Autores
DANILO SANTOS
ENOQUE SILVEIRA

2017
Ministério da Educação

3
História e Geografia de Cabo Verde

Índice
Conhece o teu Caderno Experimental.............................................................. 7
Minidicionário de Verbos...................................................................................9
Apresentação da Disciplina.............................................................................13
Ideias-síntese..................................................................................................16
Ficha de trabalho............................................................................................16

TEMA I – CABO VERDE: LOCALIZAÇÃO E MEIO NATURAL................... 19

Subtema 1: A localização do Arquipélago de Cabo Verde................................. 20


Subtema 2: Cabo Verde: Meio Natural............................................................... 36

TEMA II – O PASSADO DAS ILHAS DE CABO VERDE.................................. 55

Subtema 1: A descoberta das ilhas....................................................................57


Descoberta de Cabo Verde.............................................................................57
Contexto da descoberta/Expansão européia.................................................. 58
Pioneirismo Português....................................................................................59
Problemas sobre as descobertas....................................................................62
Ideias-síntese..................................................................................................63
Ficha de trabalho............................................................................................63

Subtema 2: A ocupação das ilhas......................................................................64


A ocupação das ilhas......................................................................................65
Povoamento....................................................................................................66
Atividades económicas das ilhas no início do povoamento............................ 71

4 Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde


História e Geografia de Cabo Verde

Povoamento das restantes ilhas.....................................................................76


Ideias-síntese..................................................................................................77
Ficha de trabalho............................................................................................77

Subtema 3: A Origem e evolução da Sociedade e da Cultura Cabo-verdiana... 79


Encontro de povos e de culturas e o nascimento de uma nova sociedade.... 80
Estrutura social...............................................................................................81
Ideias-síntese..................................................................................................83
Ficha de trabalho............................................................................................83

Subtema 4: O arquipélago de Cabo Verde nas rotas internacionais................. 84


4.1 Cabo Verde: ponto estratégico..................................................................85
4.3 A Igreja......................................................................................................86
4.3 A relação de proximidade entre as ilhas e a costa ocidental africana....... 87
Ideias-síntese..................................................................................................88
Ficha de trabalho............................................................................................88

Subtema 5: O abandono e a decadência das ilhas............................................ 90


5.1 Fatores da decadência..............................................................................91
5.2 Decadência da Ribeira Grande.................................................................91
Ideias-síntese..................................................................................................93
Ficha de trabalho............................................................................................93

Subtema 6: No Tempo do Porto Grande............................................................ 94


6.1. A Fundação do Mindelo e a construção do Porto Grande....................... 96
Ideias-síntese..................................................................................................98
Ficha de trabalho............................................................................................98

Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde 5


História e Geografia de Cabo Verde

Subtema 7: Conflitos e revoltas populares nas ilhas......................................... 99


7.1 Revolta de Ribeira Grande em 1811....................................................... 101
7.2 Revolta dos Engenhos no interior de Santiago em 1822........................ 101
7.3 Tentativa de Revolta de escravos na vila da Praia em 1835.................. 101
7.4 Revolta de Achada Falcão, no interior de Santiago, em 1840................ 102
7.5 Revolta da Casa Martins na ilha do Sal em 1847................................... 102
7.6 Revolta de Ribeirão Manuel, no interior de Santiago, (1910)................. 102
7.7 Revoltas em S. Vicente...........................................................................103
Ideias-síntese................................................................................................105
Ficha de trabalho..........................................................................................105

Subtema 8: Fim de uma sociedade escravocrata............................................ 106


8.1 O fim da escravatura...............................................................................107
8.2 As transformações sociais, culturais e económicas da 2ª metade do sécu-
lo XIX em Cabo Verde...................................................................................108
Ideias-síntese................................................................................................ 112
Ficha de trabalho.......................................................................................... 112

FONTES E BIBLIOGRAFIA.............................................................................. 115

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA........................................................................ 115

6 Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde


História e Geografia de Cabo Verde

Conhece o teu Caderno Experimental

O Caderno Experimental HGCV 5 foi concebido para te acompanhar passo a passo, na aquisi-
ção de conhecimentos e para conheceres as tuas origens!

E não te esqueças: deves evitar escrever no teu Caderno


Experimental! Este pode vir a ser utilizado nos próximos anos
letivos por outras crianças.

PARA COMEÇAR….

Na abertura de cada subtema

• Relaciona o título e a imagem ou


imagens que introduzem o subtema
• Lê as metas que terás de atingir
neste subtema.
• Diverte-te com uma curiosidade
relacionada com o tema que vais
estudar.

PARA APREENDER …

Nas páginas dos conteúdos

• Lê o título da página
• Lê com atenção o texto informativo. As
ideias principais estão a negrito e os
conceitos a cor.
• Vai observar os documentos, as figuras
e as fontes referidas no texto.
• Resolves no teu caderno diário as ativi-
dades do «Vou resolver». Não esqueças
do minidicionário de verbos da página
para entenderes o que é perguntado.

Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde 7


História e Geografia de Cabo Verde

PARA RELEMBRAR

Na síntese de cada subtema

• Relembra, por meio dos títulos, os assuntos abordados no


subtema.
• Lê, ponto por ponto, os conteúdos fundamentais que
aprendeste em cada subtema.
• Se não te lembrares de algum ponto, consulta de novo as
páginas de conteúdos

PARA AVALIAR

Na ficha final de cada subtema

• Lê com atenção as perguntas, que te são colocadas.


• Lê os documentos ou observa as figuras que têm informa-
ções importantes para as tuas respostas.
• Escreve as tuas respostas no caderno diário.
• Se tiveres dificuldades, consulta as páginas de conteúdos
e o minidicionário de verbos da página 9.

8 Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde


História e Geografia de Cabo Verde


P ARA COMPREENDER AS ATIVIDADES….

Um minidicionário de verbos

Atribui – diz o que lhe pertence


A
Aponta - indica as coisas pedidas

Completa – escreve o que falta


C Caracteriza - Diz como é

Define – Escreve o que significa, diz o que é


D Distingue – Diz as diferenças

E Enumera- Diz todas as coisas pedidas


Escolhe - seleciona a opção correta
Escreve - registra as coisas pedidas
Explica – Escreve as razões, torna claro um assunto, diz porquê

F Faz Corresponder – liga, pela forma indicada, dois ou mais elementos


entre si.

I Identifica – diz qual é


Indica - diz

J Justifica procura saber, diz porquê

L Localiza – Identifica o local geográfico ou a data

M Menciona – diz

O Observa – vê atentamente

Redige - escreve
R
Refere - diz na tua resposta
Relaciona - faz uma ligação e encontra elementos comuns entre duas
ou mais coisas.

9
História e Geografia de Cabo Verde

10
História e Geografia de Cabo Verde

Séc. XIX
I
Séc. XVII
Séc. XVII
Séc. XVI
Séc. XV

Tema 0

Apresentação / Introdução

História e Geografia
de Cabo Verde

11
História e Geografia de Cabo Verde

12 Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde


História e Geografia de Cabo Verde

Apresentação da Disciplina

C
aro (a) aluno (a), chegaste ao 2º
ciclo do Ensino Básico, uma nova
etapa da tua vida em que vais ter
novas disciplinas. Uma delas é a História
e Geografia de Cabo Verde (HGCV).

Nesta nova disciplina vais continuar a estudar o relevo, o transporte, a circulação de


pessoas e produtos entre as ilhas, mas também os espaços onde vive o povo cabo-
-verdiano, os seus usos, costumes, tradições e outras manifestações culturais que an-
tes falaste em Ciências Integradas. Neste novo ano continuarás a conhecer melhor
Cabo Verde.

História e Geografia de Cabo Verde é uma discipli-


na que estuda os acontecimentos do passado para História é uma ciência que
entendermos o presente do espaço cabo-verdiano, estudo os homens no tem-
mas também os fenómenos naturais e humanos po e no espaço.
que ocorrem neste mesmo espaço cabo-verdiano.
Geografia é uma ciência
É uma disciplina que estuda o espaço cabo-verdia- que estuda conjunto de fe-
no e o Homem que nele habita desde o povoamen- nómenos naturais e huma-
nos da superfície da Terra.
to até a atualidade.

Para fazer este estudo, recorremos a mapas, tex- Espaço área da superfície
terrestre estudada como
tos antigos, fotografias, imagens, dados esta-
uma unidade pela geografia.
tísticos, monumentos, relatos de pessoas ido-
sas e a observações diretas.

História e Geografia de Cabo Verde é uma disciplina


muito importante porque nos ajuda a compreender a
nossa realidade através do estudo do passado e do
meio onde vivemos.

O tempo em História é muito importante porque si-


tua os acontecimentos no passado e no presente.
Isso ajuda-nos a compreender a História.

Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde 13


História e Geografia de Cabo Verde

O nosso tempo está dividido em várias formas como: minuto,


hora, dia, mês, ano, década, século, milénio, etc.

Também temos Eras. O nascimento de Jesus Cristo marca o


início da nossa Era, chamada Era Cristã. Outros povos como
por exemplo os muçulmanos têm outro acontecimento que mar-
ca o início da Era. Para os cristãos, os acontecimentos estão
divididos em antes de Cristo (a.C.) e depois de Cristo (d.C.).

Século
Em história o mais utilizado é o século. Século é um período de 100 anos. Representa-se
em numeração romana.

Como se calcula?
Há uma forma simples de determinar o século de qualquer ano.

Exemplo 1:
Para determinar o século dos anos que terminam com 00, cortas apenas os dois últimos
dígitos e já tens o valor.
ano 600 = 6 (VI)
ano 1300 = 13 (XIII)

Para os anos que não terminam em 00, cortas os dois últimos dígitos e adicionas mais 1.

Exemplo 2:
ano 30 = 0+1 (I)
ano 607 = 6+1 (VII)
ano 1323 = 13+1 (XIV)
ano 1460 = 14+1 (XV)
ano 2017 = 20+1 (XXI)

14 Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde


História e Geografia de Cabo Verde

Barra Cronológica

É uma linha de tempo onde podemos marcar os principais acontecimentos da história.

to
en
m
s ci isto
a.C. Na e C
r a.C.
d Dias de
{
{
Séc. XV

1415

Conquista
de Ceuta
1460

Chegada às
ilhas de Cabo
Verde

Início do po-
voamento
Séc. XVI

1533

Elevação da
Ribeira Gran-
de a Cidade
Séc. XVII Séc. XVIII

1771

Transfe-
rência da
Capital
para a
Vila da
Praia
Séc. XIX

1850 1869

Abertura
do Porto
Grande

Fim da
Hoje

escra-
vatura
Figura 1. Barra Cronológica

Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde 15


História e Geografia de Cabo Verde

Prepara-te para a avaliação

História e Geografia de Cabo Verde é uma disciplina que estuda o Homem e o espaço
cabo-verdiano.
É uma disciplina muito importante que ajuda-nos a entender a nossa realidade.
O tempo é muito importante em história porque ajuda-nos a situar os acontecimentos do
passado.
Os acontecimentos importantes podem ser marcados na barra cronológica.


Verifica o que aprendeste

1. O que é História e Geografia de Cabo Verde?

2. Qual é a importância desta disciplina?

3. Indica três (3) fontes onde podes retirar as informações para a história e Geografia
de Cabo Verde.
_________________________________
_________________________________
_________________________________

4. Assinala com X opção correta:


O que marca o início da Era cristã é o:
- Nascimento do Profeta Maomé
- Nascimento de Jesus Cristo
- Nascimento de Buda

16 Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde


História e Geografia de Cabo Verde

5. Marca na barra cronologia os principais acontecimentos relacionados com a tua ilha.

Séc. XV Séc. XVI Séc. XVII Séc. XVIII Séc. XIX

6. O século é o período de 100 anos. Indica os séculos correspondentes aos anos abaixo
indicados.

a) 1000 ________
b) 1466 ________
c) 700 ________
d) 2007 ________
e) 70 ________

Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde 17


História e Geografia de Cabo Verde

18
História e Geografia de Cabo Verde

Tema I

Cabo Verde:
Localização e
Meio Natural
19
Tema 1 Cabo Verde: Localização e meio natural

Subtema 1 A Localização do Arquipélago de Cabo Verde

Cabo Verde no mundo.

Cabo Verde na África.

20 Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde


A Localização do Arquipélago de Cabo Verde

Vou aprender a…

META 1 Conhecer e utilizar mapas em Geografia e História.

Conhecer a localização de Cabo Verde no mundo e na


META 2 África.

Conhecer e compreender a composição do arquipélago


META 3
de Cabo Verde.

? Sabias que …

A
nossa música fala da história e da geografia de Cabo Verde. Neste
caso, deixamos ao abrir deste subtema a letra da melodia Cabo
Verde Terra Estimada

Cabo Verde terra estimada

Oi Cabo Verde terra estimada


Terra di paz, terra di gozo
Tudo quem djobêl pa se rêgos
El ca ta ba, el crê ficá
Ma s’el mandado el ta tchorá

Ês dez graozinho di terra


Qui Deus espaiá na meio di mar
El é di nos é ca tomado na guerra
É Cabo Verde terra querida
Tchora sodade daquês morena
Qu’el ta leva na pensamente

Tchorá recordação eterna


Di tempo ca tinha sofrimento Cesária Évora (1941 - 2011)
Tchora sodade daquês morena
Qu’el ta leva na pensamente Ela levou a música cabo-verdiana
Tchorá recordação eterna aos quatro cantos do mundo.
Di tempo ca tinha sofrimento

Autor Jorge Fernandes Monteiro


“Jotamonte”

Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde 21


Tema 1 Cabo Verde: Localização e meio natural

1.1. Os mapas em Geografia e em História META 1

As representações da Terra: globos e mapas

Chamamos Terra ao planeta onde vivemos. O nosso planeta tem a forma aproximadamente esférica e
ligeiramente achatada (aplanada) nos polos (figura 1) e pode ser representado através de globos, mapas,
fotografias aéreas e imagens de satélites.
O globo terrestre é a forma mais correta de repre-
sentar o nosso planeta (figura 2), pois é aquele que a
representa na sua forma mais fiel, isto é, a que menos
deforma a realidade. Contudo, esta forma de representa-
ção da Terra tem uma grande desvantagem, já que não
facilita a visualização de todos os lugares à superfície
terrestre de uma só vez.
O mapa é outra forma de representação da superfície ter-
Figura 1. A Terra restre (figura 3). Um planisfério é um mapa que represen-
vista do espaço.
ta todo o planeta (figura 3). O mapa é mais utilizado, por
ser de fácil transporte e permite visualizar os continentes e os oceanos de uma só vez.
A grande desvantagem desta forma de representação é que muda a forma e a dimensão dos lugares.

O globo terrestre é a representação esfé-


rica da Terra em formato reduzido e apre-
senta a disposição que os continentes e os
oceanos têm no nosso planeta.
Os mapas são representações da totalida-
de superfície terrestre ou de uma parte da
mesma, num plano
Planisfério é um tipo de mapa que repre-
senta todo o planeta.
Figura 3 Planisfério

Vou resolver

1. Como designamos o mapa que representa toda superfície terrestre.


2. Qual é a forma de representação da Terra que a representa mais fielmente. Justifica
a tua resposta.
3. A partir das figuras 2 e 3, refere as vantagens e as desvantagens de representar a
Terra num:
a) globo terrestre;
b) planisfério.

22 Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde


A Localização do Arquipélago de Cabo Verde

Os elementos do mapa

Quando observas o mapa, tens que ter em atenção os elementos principais que são: o título, a
orientação, a legenda, a escala e a fonte (figura 4).

Arquipélago de Cabo verde

O título – permite-
-nos saber o que
está representado
no mapa.

A Orientação – é
utilizada para nos
facilitar a localiza-
ção dos lugares.
No mapa aparece
uma seta com a di-
reção do norte. ou
a rosa dos ventos.

Fonte: ...

A legenda – diz-
-nos o significado A Fonte – diz-nos a ori-
dos sinais ou cores gem da informação re-
usados no mapa. presentada no mapa.

Escala - Indica-nos o número de vezes que a realidade foi reduzida para


caber no mapa.

Nos mapas podem aparecer dois tipos de escalas:

• A escala numérica
Por exemplo 1/5000000 significa que um centímetro no mapa corresponde a
5000000 centímetros na realidade;

• A escala gráfica
Por exemplo (o exemplo do mapa), diz-nos que um espaço no mapa igual a
este segmento de reta corresponde, na realidade, a 100 km. (1 cm no mapa,
equivale a 50 km na realidade).

Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde 23


Tema 1 Cabo Verde: Localização e meio natural

Rosa dos ventos: pontos cardeais e colaterais

Como vimos anteriormente, os mapas utilizam a rosa dos ventos (figura 5) como elemento de
orientação. Este elemento permite-nos localizar os lugares relativamente aos outros no mapa.
A rosa dos ventos é uma imagem que nos ajuda na orientação e na loca-
lização no espaço através da indicação dos pontos cardeais e dos pontos
colaterais (figura 5).
Os pontos cardeais (figura 5) são o Norte (N), o Sul (S), o Este (E) e o Oeste (O).
Os pontos colaterais (figura 5) são o Nordeste (NE), o Noroeste (NO), o
Sudeste (SE) e o Sudeste (SO).
O Este indica o lugar onde «nasce» o sol. É também chamado nascente,
levante ou oriente.
Figura 5. Rosa dos O Oeste indica o lugar onde «põe» o sol. É também chamado poente ou
Ventos. ocidente.

Outras formas de representar a Terra

Quando queremos representar e observar apenas parte da superfície terrestre (países, ilhas,
cidades, zonas e lu-
gares) recorremos as
fotografias aéreas (fi-
gura 6) e as imagens
de satélites (figura 7)
que são imagens mui-
to próximas da reali-
dade.

Figura 6. Fotografia aérea de parte Figura 7. Porto da Praia, ilha de


da cidade da Praia Santiago - imagem satélite

Vou resolver

1. Enumera os elementos que qualquer mapa deve ter.


2. Qual dos elementos nos informa sobre o número de vezes que a realidade foi reduzida no
mapa.
3. A partir da fig.5 e da leitura da página 10, responde:
a) Qual é a função da rosa-dos-ventos.
b) Como designam os pontos que constituem a rosa-dos-ventos.
c) Que designação tem o rumo que indica o nascer do sol.
d) Qual é o rumo oposto ao Norte.
4. Identifica as formas de representação da Terra que apresentam parte da superfície terreste.

24 Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde


A Localização do Arquipélago de Cabo Verde

Os elementos geométricos da esfera terrestre

A Terra é um planeta tão vasto e complexo em termos de reali-


dade e para ultrapassar essas dificuldades, os geógrafos criam
uma rede de linhas e pontos imaginários para facilitar a locali-
zação dos lugares nos globos terrestres e nos mapas.
Se olharmos para um globo terrestre ou um planisfério (figuras
8 e 9) verificaremos que existem dois limites: um mais a norte, o
polo norte, e outro no extremo inverso, o polo Sul (figura 8). Es-
tes dois polos são ligados por uma linha imaginária a que damos
o nome de eixo da Terra (figura 8).
O equador é uma outra linha imaginária que divide a Terra em
duas partes iguais (figuras 8 e 9). Cada uma das partes chama-
-se hemisfério (Norte e Sul), o que quer dizer, meias esferas. Figura 8. A Terra dividida pelo
A partir do equador podes traçar vários pa- equador e seu eixo
ralelos (figura 9) e os mais importantes são:
• o Trópico de Câncer; Hemisférios – é a designação dada a cada
metade da esfera terrestre que resulta da divi-
• o Trópico de Capricórnio; são pelo equador.
• o Círculo Polar Ártico; Paralelos são círculos paralelos ao equador.
• o Círculo Polar Antártico.

Figura 9. Linhas imaginárias da Terra

Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde 25


Tema 1 Cabo Verde: Localização e meio natural

Os meridianos são linhas que unem os polos e dividem a Terra na vertical (figura 9). Um dos
meridianos mais importantes é o meridiano de Greenwich (figura 9) que serve de referência
para calcular as distâncias de oeste para este e vice-versa.

Dizemos que estes pontos e linhas (Documento 1) são imaginários porque não existem na re-
alidade; foram traçados para facilitar a utilização dos mapas (polos, paralelos e meridianos) ou
delimitar as diferentes zonas terrestres (trópicos e círculos polares).

Documento 1: Os elementos geométricos do globo terrestre.

Vou resolver

1. Porque surgiu a necessidade de subdividir a superfície terrestre em linhas imaginárias?


2. Como se designam os hemisférios separados pelo equador?
3. Menciona os pontos ligados pelo eixo da Terra.
4. Identifica o hemisfério em que se situa Cabo Verde.
5. Além do equador, que outras linhas imaginárias dividem a superfície da Terra
6. Os trópicos de câncer e capricórnio são meridianos ou paralelos? Justifica.

26 Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde


A Localização do Arquipélago de Cabo Verde

Os oceanos e continentes: uma divisão desigual

Sabes que a Terra é constituída por continentes e oceanos (figura 10). Neste ano vais apreen-
der a localizar e saber mais de cada um deles com a ajuda do planisfério.

Fig.10 Planisfério com destaque para os continentes e oceanos.

A Terra é considerada um planeta azul, uma vez que, aproximada-


mente 70% da sua superfície é ocupada por água e os restantes Atlas é um livro que
30% representam os continentes (figura 11). reúne um conjunto de
Um continente é uma extensão de terra ou gelo, contínua da su- mapas de todas as
perfície terrestre, rodeada por um ou mais oceanos. Os seis conti- partes do mundo.
nentes são: a Ásia, a América, a África, a Antártida, a Europa e a Continente é uma
Oceânea. A maior é a Ásia (43 milhões de km2) e a mais pequena grande massa de ter-
ra rodeada de água.
é a Oceânia (figura 10).
Oceano massa de
Um oceano é uma grande extensão de água salgada que sepa- água que separa os
ra os continentes. Os cincos oceanos são: o oceano Pacífico, o continentes uns dos
oceano Atlântico, o oceano Índico, o oceano Glacial Ártico e o outros.
oceano Glacial Antártico (figura 10). O maior é o oceano Pacífico
e cobre uma área de 180 milhões de km2

Vou resolver

1. A que continente pertence Cabo Verde.


2. Diz que continentes apenas se localizam
no hemisfério sul.
2. Identifica os oceanos que banham cada
um dos continentes.
Fig.11 Comparação das superfícies totais dos
continentes e dos oceanos.

Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde 27


Tema 1 Cabo Verde: Localização e meio natural

1.2. Cabo Verde no mundo e na África META 2

A posição geográfica de Cabo Verde

A localização de Cabo Verde, o nome e os grupos de ilhas não é uma matéria nova para ti, uma
vez que, tinhas estudado em Ciências Integradas. Este ano vais continuar a falar mais deste
assunto.
Cabo Verde localiza-se no hemisfério norte, no Oceano Atlântico norte, entre a África e as Amé-
ricas. Ela situa-se em frente a costa ocidental de África (figura 12).
O nosso país pertence ao
continente africano e encon-
tra-se a uma distância apro-
ximada de 500 km ao oeste
do Cabo que tem o mesmo
nome e que fica situado no
Senegal (figura 13).

Um Cabo é uma ponta de


terra que avança mar aden-
tro.
A posição geográfica de
Cabo Verde foi muito impor- Fig.12 Planisfério com destaque para a localização de Cabo Verde
tante para o seu povoamento
e permitiu aos europeus terem um conhecimento melhor dos povos e das regiões da costa oci-
dental de África e facilitou a prática do comércio com estas regiões (figura 13).
É pelas razões anteriores e outras que estudarás no tema seguinte, que nos permite afirmar que
Cabo Verde se situa numa posição geográfica estratégica.

Vou resolver
1.A partir da fig. 12 faz a localização de Cabo Verde:
a) em relação à África;
b) no mundo.
2. Menciona dois países da costa ocidental africana
mais próximos de Cabo Verde.
3. Porquê que o nosso país recebeu o nome de
Cabo Verde?
4. Porque se afirma que Cabo Verde se situa numa
posição geográfica estratégica?
5. Observas as figuras 12 e 13 e diz qual deles têm
a escala que apresenta menos área da superfí-
Fig.13 Localização de Cabo Verde no conti- cie terrestre e mais pormenor.
nente africano

28 Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde


A Localização do Arquipélago de Cabo Verde

1.3. O Arquipélago de Cabo Verde META 3

Um arquipélago é um conjunto de ilhas que se


Ilhas e ilhéus Superfície (km2)
encontram próximas umas das outras.
Cabo verde é um arquipélago de origem vul- S. Antão 779
cânica porque as ilhas se formaram a partir da S. Vicente 227
acumulação de lavas resultantes de erupções
S. Luzia 35
vulcânicas submarinas que ocorreram ao lon-
go de fraturas na plataforma submarina próxi- Ilhéu Branco 3
ma da Costa Ocidental africana. A ilha do Fogo Ilhéu Raso 7
apresenta ainda vulcanismo ativo.
S. Nicolau 343
O arquipélago é constituído por dez ilhas e al-
guns ilhéus (figura 14). A área total Cabo Ver- Sal 216
de é de 4033 km2, sendo a ilha de Santiago Boa vista 620
com 991 km2 a maior de todas, e Santa Luzia
com 35 km2, a menor (quadro I). Maio 269
O arquipélago inclui para além das ilhas e Santiago 991
ilhéus as águas territoriais (espaço marítimo Fogo 476
exclusivo) que é superior a 600.000 km2.
Brava 64
O arquipélago encontra-se dividido em dois Ilhéu Grande 2
grupos: Ilhéu Luís Carneiro 0,22
Ilhéu de Cima 1,15
• Barlavento integra todas as ilhas do norte
e são: Santo Antão, São Vicente, Santa Lu- Quadro I – Comparação da dimensão das ilhas.
zia, São Nicolau, Boavista e Sal (figura 14).
No grupo de Barlavento encontram-se ainda os ilhéus dos Pássaros (São Vicente), ilhéu do
Boi (Santo Antão), os ilhéus Branco e Raso perto de Santa Luzia (figura 14), os ilhéus Balu-
arte, Sal Rei e Curral Velho na costa da ilha da Boa vista e Curral do Dado, Rabo de Junco,
Fragata e Chano no litoral da ilha do Sal.

• Sotavento ilhas do Sul e que são: Maio, Santiago, Fogo e Brava com os seus ilhéus Gran-
de, Luís Carneiro e de Cima (figura 14). Na ilha de Santiago em plena baia da Gamboa loca-
liza o ilhéu de Santa Maria.
É importante saberes que com os pontos cardeais podemos identificar os pontos extremos do
arquipélago.

Os pontos extremos (figura 14) do arquipélago são:


• Mais à norte – Ponta do sol (Santo Antão);
• Mais à sul – Ponta de Nho Martinho (Brava);
• Mais à este – Ilhéu Baluarte (Boavista);
• Mais à oeste – Ponta de Mangrade (Santo Antão).

Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde 29


Tema 1 Cabo Verde: Localização e meio natural

No Atlântico Norte, perto da Europa


e da África existem outros arquipé- Arquipélago conjunto de ilhas que têm uma localização
lagos (Madeira, Açores e Canarias) próxima entre si.
de origem vulcânica e que têm ani- Plataforma continental fundos submarinos na orla litoral dos
mais e plantas que também existem continentes cuja profundidade não ultrapassa os 200 m.
em Cabo Verde. Estes arquipélagos Ilha porção de terra cercada de água por todos os lados.
e Cabo Verde formam uma região Ilhéu ilha muito pequena que se mede em centenas de me-
natural designada de Macaronésia tros.
(figura15).

Fig.14 Arquipélago de Cabo Verde.

Fig.15 Localização de Cabo Verde na


Macaronésia.

Vou resolver

1. Define arquipélago.
2. Explica a afirmação: «Cabo Verde é um arquipélago vulcânico.»
3. Coloca por ordem crescente à superfície das ilhas de Barlavento.
4. Como designa o ponto extremo mais a sul do arquipélago.
5. Utiliza as direções da rosa dos ventos e identifica com ajuda do mapa da figura 14 a
ilha que se situa:
a) a nordeste de Cabo Verde;
b) a sul de Cabo Verde;
c) a noroeste de Cabo Verde;
d) a sudeste de Cabo Verde.

30 Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde


A Localização do Arquipélago de Cabo Verde

Prepara-te para a avaliação


EM SÍNTESE

A Terra pode ser representada através de:


• Um globo terrestre;
• Mapas (incluindo o planisfério);
• Fotografias áreas e imagens de satélites.

Para compreender melhor os mapas, existem alguns elementos fundamentais:


• Titulo;
• Legenda;
• Escala (numérica ou gráfica);
• Orientação (rosa dos ventos através dos pontos cardeais e colaterais);
• Fonte.

Para localizar um lugar a superfície da Terra utilizamos elementos geométricos da es-


fera terrestre:
• Eixo da Terra linha imaginária que atravessa o centro da Terra de um polo ao outro, em
torno da qual a Terra roda.
• Equador linha imaginária horizontal situada a igual distância do polo norte e do polo sul, que
divide o globo terrestre em duas metades iguais, designadas de hemisférios – o hemisfério
norte e o hemisfério sul.
• Meridianos linha imaginária vertical que passa pelos polos e divide a terra em duas partes
iguais. O meridiano mais importante é o de Greenwich.
• Paralelos linhas paralelas ao equador e as mais importantes são os trópicos e os círculos
polares.

A superfície da Terra é ocupada por continentes e oceanos:


• Seis continentes: Ásia, América, África, Antártida; Europa e Oceânia.
• Cinco oceanos: Pacífico, Atlântico, Índico, Glacial Antártico e Glacial Ártico.

Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde 31


Tema 1 Cabo Verde: Localização e meio natural

A Posição Geográfica de Cabo Verde


• No mundo, Cabo Verde localiza-se no hemisfério norte, no Oceano Atlântico norte, entre
a África e as Américas.
• Na África, Cabo Verde situa-se em frente a costa ocidental de África e a 500 km a oeste
do Senegal. Por isso, o nosso país tem esse nome em por causa do Cabo Verde no sene-
gal.
• O arquipélago de Cabo Verde permitiu o contato e o comércio com as regiões da costa
ocidental de África entre os europeus e os povos africanos.

O arquipélago de Cabo Verde:


• é constituído por dez ilhas e alguns ilhéus. A maior ilha é Santiago e a menor Santa
Luzia.
• é dividida em dois grupos:
- o de Barlavento (Santo Antão, São Vicente, Santa Luzia, São Nicolau, Sal, Boavista e
ilhéus);
- e o de Sotavento (Maio, Santiago, Fogo, Brava e Ilhéus).
• ocupa uma área emersa de 4033 km2 e um espaço marítimo exclusivo superior a
600000 km2.
• Os pontos extremos são a norte Ponta do Sol, a sul Ponta Nho Martinho, a este ilhéu
Baluarte e a oeste Ponta de Mangrade.

32 Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde


A Localização do Arquipélago de Cabo Verde


Verifica o que aprendeste

1. Como sabes, existem várias formas de representar a Terra.


1.1 Escreve, na coluna da direita, o número que corresponde a cada uma das formas de
representação da Terra.

1. Planisfério Representa toda a superfície terrestre num plano.

2. Globo Representa uma parte da superfície terrestre, num plano.

Representa toda a superfície terrestre em três dimensões, com


3. Mapa
uma forma esférica.

2. Diz qual das formas de representação da superfície terrestre se aproxima mais da sua verda-
deira forma. Justifica a resposta.
3. Indica os elementos que permitem interpretar o mapa.
4. Explica por que razão chamam à Terra «planeta azul».
5. Observa, atentamente, as seguintes figuras e responde às questões:

Fig. 1 Fig. 2

5.1 Completa a rosa dos ventos da figura 2, escrevendo no local correto os pontos cardeais
e colaterais.

5.2 Explica o significado da escala da figura 1.

5.3 Localiza Cabo Verde em relação a África.

Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde 33


Tema 1 Cabo Verde: Localização e meio natural

5.4 Faz a legenda do mapa da figura 1, completando o quadro que se segue.

Continentes Oceanos
A 1
B 2
C 3
D 4
E 5
F

5.5. Identifica o continente que se localiza:


a) A Norte de África
b) A Oeste de Africa
c) A Sul de África
5.6 Identifica o oceano que se situa a oeste de África e a este da América.

6. Observa a figura 3.

6.1 Atribui para cada letra da figura 3 o nome da linha imaginária que lhe corresponde.
6.2 Pinta os hemisférios com cores diferentes.
6.3 Em que hemisfério localiza o ponto B.
6.4 Completa colocando nos espaços em branco, os
seguintes conceitos: meridianos, eixo da terra., polo
norte, polo sul e equador

a) O ____________ toca a Terra em dois pontos, que


designamos de ______________ e ___________.

b) O ____________ divide a Terra em duas partes


diferentes.

c) Os _____________ são linhas que unem os po-


Fig. 3
los e dividem a Terra na vertical.

34 Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde


A Localização do Arquipélago de Cabo Verde

7. Consulta o mapa da figura 4 e responde:

Fig. 4

7.1 Como se formou o arquipélago de Cabo Verde


7.2 Identifica os pontos extremos do arquipélago de Cabo Verde: a norte, a sul, a este e a
oeste do arquipélago.
7.3 Indica a superfície do arquipélago de Cabo Verde.
7.4 A que distância aproximadamente do continente africano se situa Cabo Verde?
7.5 Qual é a área marítima do nosso arquipélago.
7.6. Que ilhas fazem parte do grupo de Sotavento.

Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde 35


Tema 1 Cabo Verde: Localização e meio natural

Subtema 2 Cabo Verde - Meio Natural

Imagem de satélite da ilha do Fogo

Mapa hipsométrico das ilhas de Cabo Verde

36 Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde


Cabo Verde - Meio Natural

Vou aprender a…

META 4 Conhecer e compreender o relevo das ilhas de Cabo Verde.

Compreender os elementos do clima.


META 5

Compreender a distribuição da precipitação nas ilhas de Cabo


META 6 Verde.

META 7 Compreender o clima de Cabo Verde.

Compreender os fatores que interferem no clima de Cabo


META 8
Verde.

META 9 Conhecer e compreender a vegetação natural de Cabo Verde.

? Sabias que …

O
s poetas do nosso país escreveram vários poemas dedicados
as ilhas de Cabo Verde. Entre eles destaca-se Jorge Barbosa
(1902/1971) com os livros Arquipélago e Ambiente.

Paisagem

Malditas
êstes anos de seca!
Mete dó
o silêncio triste
da terra abandonada
esmagada
sob o peso
do sol penetrante!

[…]
Árvores pasmadas
sequiosas
com restos ainda
dos ninhos que abrigaram,
deixaram rogativas silenciosas
no desolamento da paisagem! Jorge Barbosa (1902 - 1971)
[…]

Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde 37


Tema 1 Cabo Verde: Localização e meio natural

2.1. O relevo META 4

A palavra relevo não é novidade


para ti. Lembra-te de estudares
isso na disciplina de Ciências In-
tegradas.
Tal como a superfície da Terra, o
arquipélago de Cabo Verde não
apresenta as mesmas formas de
relevo, mas antes cada ilha apre-
senta a sua especificidade. Umas
são planas com pequenas eleva-
ções e noutras predominam gran-
Figura 1 Formas de Relevo des elevações interrompidas por
zonas mais aplanadas.
As ilhas por serem de origem vulcânica apresentam de uma maneira geral um relevo muito aci-
dentado. O relevo inicial do arquipélago foi modificado pela ação erosiva das chuvas, do vento
e da própria atividade humana.
O relevo são as formas que assume a superfície do nosso planeta (figura 1).

O relevo assume várias formas:

• Montanha é uma forma de relevo de maior altitude. A altitude é a distância medida na vertical
entre o nível médio da água do mar (0 metros) e o lugar e neste caso altitude positiva (figura 2).
Nas nossas ilhas as montanhas são chamadas de
Picos e possuem cimos estreitos e alongados. O
maior é o Pico do Fogo com 2829 metros e seguido Pontos Altitude
Ilhas
de Tope de Coroa 1979 metros (quadro I e figura culminantes (metro)
3). Na figura 2 os lugares B e C têm altitude negati- S. Antão Tope de Coroa 1979
va porque estão situados abaixo do nível médio do S. Vicente Monte Verde 725
mar (0 metros).
S. Luzia Topona 395
S. Nicolau Monte Gordo 1304
• Planalto é uma superfície de topo mais o me-
nos aplanado de altitude elevada. No nosso ar- Sal Monte Grande 406
quipélago designam-se de achadas. Boa vista Monte Estancia 387

• Planície é uma superfície extensa e plana de Maio Monte Penoso 436


baixa altitude. Este tipo de relevo é predominan- Santiago Pico de Antónia 1394
te nas ilhas orientais (Sal, Boa Vista e Maio) [fi- Fogo Pico do Fogo 2829
gura 3].
Brava Fontainhas 976
• Vale é um território de baixa altitude rodeado
por áreas mais elevadas. Podem ser vistas nas Quadro I – Pontos culminantes das ilhas

38 Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde


Cabo Verde - Meio Natural

ilhas de Santo Antão, São Nicolau e


Santiago e nas outras ilhas monta-
nhosas.
Para estudares melhor o relevo é impor-
tante viajares e observares diretamente
as montanhas (picos), as planices e os
vales pela tua ilha ou pelo nosso arqui-
pelago.Mas é também necessario sabe-
res estudar através de mapas de relevo
(figura 3). Nestes, cada cor representa
uma altitude diferente, o verde as pla-
nicies de baixa altitude, o amarelo, os
planaltos e montes de baixa altitude, a
laranja, os montes e planaltos de gran-
de altitude e o vermelho, algumas ser-
ras e as montanhas de grande altitude. Figura 2 Altitude.

Em síntese, no arquipélago
de Cabo Verde encontra-
mos contrastes de relevo,
bem evidentes entre as
ilhas:
• Nas ilhas orientas, tam-
bém chamadas de rasas
(Sal, Boa vista e Maio)
predominam terras planas
(planícies) que se esten-
dem até ao litoral e alguns
montes (figura 3).

Saber mais

Não confundas altitu-


Figura 3 Mapa hipsométrico do arquipélago de Cabo Verde.
de negativa com pro-
• As restantes ilhas são muito montanhosas (figura 3), é onde fundidade.
se localizam os planaltos, montes, picos e vales estreitos e pro- Altitude negativa diz
fundos por onde correm ribeiras de algum caudal na época da respeito a lugares si-
azágua (figuras.4A e 4 B). tuados abaixo do ní-
vel do mar.
Quando o caudal é forte provoca inundações e coloca as casas
Profundidade é a dis-
e à população em risco. Por isso, não deves atravessar a ribeira
tância entre a superfí-
quando corre muita água.
cie e o fundo do mar.

Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde 39


Tema 1 Cabo Verde: Localização e meio natural

Figuras 4 Ribeira com muito caudal (A) e casas construídas perto da ribeira (B) em São Nicolau.

As ilhas também apresentam diferenças quanto à costa. Nas ilhas orientais (Sal, Boa Vista e
Maio) o litoral é baixo, constituindo praias extensas de areia de cor clara ou arribas baixas –
costa baixa e arenosa (figura 5), enquanto que, nas restantes ilhas, predominam a costa alta
e rochosa, de arribas vigorosas com centenas de metros – costa alta e escarpada (figura 6).

Figura 5 Costa baixa e arenosa: Praia Santa Figura 6 Costa alta e escarpada: ilha de Santo
Maria, ilha do Sal. Antão

Vou resolver
Relevo é a variação da forma
1. Define mapa hipsométrico. e da altitude da superfície ter-
2. Enumera as principais formas de relevo que po- restre.
demos encontrar em Cabo Verde. Litoral é zona que se estende
3. Distingue altitude negativa de profundidade. ao longo da linha da costa.
4. Caracteriza o relevo da tua ilha. Costa corresponde a parte da
terra em contacto direto com
5. Identifica os dois pontos mais elevados do nos- o mar.
so arquipélago.
Arriba costa escarpada de pa-
6. Explica o que são arribas. redes quase verticais.

40 Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde


Cabo Verde - Meio Natural

2.2. Clima METAS 5 e 6


Medição dos elementos do clima
Os elementos do clima
Temperatura Precipitação Vento

Instrumentos de medição
No nosso dia a dia é vulgar
ouvirmos dizer que o dia
está quente ou fresco ou
ainda que está uma tempe-
ratura agradável. Também
se diz que chove muito ou
pouco ou está vento. Termómetro Pluviómetro Anemómetro
Instrumentos de medição

O estado do tempo é as
características que a atmos-
fera apresenta num determi-
nado lugar e num determi-
nado momento.
Ao longo do ano, no nosso
país nem sempre temos o Documento 1
mesmo estado do tempo.
Em Janeiro ou em Fevereiro o tempo é fresco ou muito fresco, as vezes o ar está carregado de
poeiras provenientes do deserto do Sara (bruma seca), mas em Julho ou Agosto ou ainda em
Setembro o tempo é muito quente e as vezes cai chuva fraca ou muito forte. Quer dizer que, ao
longo do ano temos diferentes estados do tempo.
Para caracterizamos o clima de Cabo Verde, temos de ter em conta os estados de tempo ao
longo dos anos.
Clima é a sucessão dos diferentes estados de tempo, num determinado lugar durante um longo
período de tempo (pelo menos 30 anos).
A temperatura, a precipitação e o vento são alguns dos elementos do clima (Documento 1).
Estes elementos são medidos da seguinte forma:
• A temperatura é registada através de um termómetro e medida em graus Celsius (ºc).
• A precipitação é medida através de um pluviómetro e expressa-se em milímetro por me-
tro quadrado (mm/m2). A precipitação cai
na forma líquida (a chuva) ou na forma sóli- Vou resolver
da (a neve e o granizo que é grãos de gelo).
• Por último, o vento é registado e medido 1. Define temperatura.
por um anemómetro, através da sua velo- 2. Define precipitação.
cidade em quilómetro por hora (km/h) e a 3. Qual é a diferença entre estado de tem-
direção po e clima.
4. Refere os principais elementos do clima

Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde 41


Tema 1 Cabo Verde: Localização e meio natural

As zonas climáticas

Figura 7: As zonas climáticas da Terra

O nosso planeta não tem o mesmo clima. Em função da situação


geográfica em cada hemisfério podemos identificar diferentes ti- Zona quente é uma das
pos de clima. Á medida que nos afastamos do equador, os climas zonas climáticas da
tornam-se mais frios, quando mais aproximamos do equador mais Terra. A sua área está
quentes são os climas (figura 7). compreendida entre os
trópicos de câncer e ca-
pricórnio.
As zonas climáticas da Terra (figura 7) são:

• Zona quente situada entre os trópicos de Câncer e de Capricórnio e mais próxima do equador;
• Zonas temperadas zona de transição entre os climas excessivamente quente e climas ex-
cessivamente frios e situadas entre os trópicos e os círculos polares.
• Zonas frias situadas à volta dos polos
Cabo Verde situa-se na zona quente (figura 7). Mas esta zona tem diferentes tipos de climas (fi-
guras 8 A) em função da quantidade de chuva caída e das temperaturas médias mensais.
A precipitação em Cabo Verde (Documento 2) é mais elevada nas áreas montanhosas e pou-

42 Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde


Cabo Verde - Meio Natural

Saber mais
Os climas quentes situam-se na zona quente
e caracterizam-se por temperaturas médias
mensais elevadas, que nunca são inferiores
a 18ºc e a precipitação diminui do equador
para os trópicos. Nas regiões situadas junto
ao equador as chuvas são abundantes.

Figuras 8A e 8B - Os climas do Continente africano e destaque para o clima tropical seco de Cabo Verde.

cas nas ilhas rasas do ar- Documento2: Distribuição da precipitação em Cabo Verde.
quipélago (Sal, Boa vista e
Maio) e no litoral das ilhas
de Santiago, Santo Antão,
São Nicolau, Fogo, Brava e
bem como na ilha de São Vi-
cente.

Meteorologia é a ciência
que estuda os diferentes
elementos do clima.
Atmosfera é camada de
ar que envolve o globo
terrestre.
Temperatura é grau de
frio ou de calor do ar da
atmosfera.
Precipitação é a quanti-
dade de água caem so-
bre a superfície terrestre
vinda da atmosfera. Precipitação anual (em milímetros)
Vento é o ar em movi-
mento.

Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde 43


Tema 1 Cabo Verde: Localização e meio natural

O clima de Cabo Verde: os fatores climáticos e as variações locais METAS 7 e 8

Figura 9 Cabo Verde e a sua situação zonal.

Como já vimos, Cabo Verde situa-se numa zona de temperaturas elevadas, mas no arquipélago
as chuvas são escassas e irregulares, por isso, o seu clima é tropical seco (figura 8 B). A situ-
XXX
ação zonal é o principal fator que influência o nosso clima (figura 9).
Cabo Verde está inserida na zona árida e semiárida do continente africano designado de Sahel
(figura 9).
O nosso clima apresenta duas estações diferentes:
Temperatura
Países Cidade
(ºC)
• Estacão seca e fresca de Novembro a Junho;
Cabo Verde Praia 25ºc
• Estação húmida e quente de Julho a outubro
Chade Ndjamena 28ºc

Mali Bamaco 28ºc A localização em pleno oceano atlântico consti-


Níger Niamey 29ºc tui um fator moderador das temperaturas, isto é, as
temperaturas são mais suaves em Cabo Verde, do
Quadro II – Temperatura em algumas que, nos outros países da zona do Sahel (quadro II).
cidades do Sahel.

Em síntese podemos dizer que:


• o clima de Cabo Verde é tropical seco, com temperaturas elevadas ao longo do ano e as
chuvas são escassas.
• os principais fatores que influenciam as caraterísticas do clima de Cabo Verde estão:
- Situação zonal pela pertença a zona do Sahel as chuvas são escassas e uma longa
estação seca;
- Localização oceânica contribui para amenização das temperaturas no arquipélago.

44 Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde


Cabo Verde - Meio Natural

Precipitação
Altitude Temperatura mé-
Locais Ilha Total Anual
(metros) dia anual (ºC)
(mm)
Atalaia Fogo 422 Sem dados 469
Cova Santo Antão 1116 23,7 1234
Mindelo São Vicente 10 23,9 234
Monte Gordo São Nicolau 1304 18,8 742
Praia Santiago 64 25,1 232
Santa Maria Sal 13 24.3* 253

Quadro III – A relação entre a altitude, a temperatura e a precipitação.

O relevo contribui para as diferenças a nível local, com o aumento da altitude, as temperatu-
ras são mais baixas e a quantidade de chuva mais elevadas (quadro III e figuras 10 A e 10 B).
Nas zonas de baixa altitude e no litoral, as temperaturas são mais elevadas e a chuva cai em
fraca quantidade (quadro III).

A B

Figuras 10 Mapa hipsométrico (A) e distribuição da precipitação (B) na ilha de São Nicolau.

Vou resolver

1. . Refere a zona climática da Terra em que está 3. Justifica a importância da localização oce-
situada Cabo Verde. ânica no clima de Cabo Verde.
2. Observa o documento 2: 4. Caracteriza o clima de Cabo Verde.
2.1 Localiza a localidade em que vives no mapa 5. Relaciona os níveis de precipitação com a
da tua ilha. altitude nas figuras 12 A e B.
2.2 Caracteriza a tua localidade quanto à tempe- 6. Explica o efeito da altitude na temperatu-
ratura e à precipitação média. ra.

Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde 45


Tema 1 Cabo Verde: Localização e meio natural

Como vimos anteriormente, Cabo Verde localiza-se na zona quente. As tempe-


raturas são elevadas ao longo do ano e isto contribui para o desenvolvimento de
vetores transmissores de certas doenças quando a população mantem recipien-
tes que acumulam água das chuvas, depósitos de água descobertos e outros
motivos similares (Documentos 3 e 4). Quanto isso acontece, temos as chamadas do-
enças tropicais, que não são mais do que doenças infeciosas (doenças causadas por vírus,
bactérias e parasitas) que ocorrem unicamente na região quente. No caso de Cabo Verde são
exemplos destas doenças: a dengue, a malaria ou paludismo e a zica (Documento 3 e 4).

Documento 2 – As doenças tropicais em Cabo Verde


Doenças
Como evitar Como se transmite Sintomas
tropicais
 Colocar rede de malha Febres e calafrios;
fina nas janelas, pulverizar Dores de cabeça, abdominais
Paludismo a casa ao fim do dia com e musculares;
inseticidas ou queima de Enjoos e vómitos
ervas aromáticas (losna) e Falta de apetite e mal-estar
usar repelentes nas partes
expostas do corpo (Docu- Febre repentina
mento 2); Dor de cabeça, muscular e ar-
 Eliminar os locais de re- Através de picadas de mos- ticular;
Dengue
produção de mosquitos quitos infectados com o pa- Manchas avermelhadas na
(poças de águas, mate- rasita (Documento 2). pele;
riais velhos que acumulam Sangramento na boca e nariz
água e vasilhas de plantas
(Documento 2); Dores de cabeça leve
Febre baixa
Zica  Manter sempre coberta e Dores leves nas articulações
lavar os depósitos de água Conjuntivite
(Documento 2). Manchas na pele e coceira

Como evitar o Paludismo Paludismo (malaria) doença transmitida aos gru-


pos humanos pela picada de uma certa espécie de
mosquito.
Dengue é uma doença tropical infeciosa causada
pelo vírus da dengue através da picada do mosquito.
Zica é uma doença causada por um vírus como o
mesmo nome e transmitido através da picada do
mosquito.

Como se transmite
Vou resolver
1. Define doenças tropicais.
2. Com base no documento 4 descreve os sin-
tomas do paludismo.
3. Menciona três formas de evitar as doenças
tropicais.
Documento 3: Doenças tropicais - Paludismo

46 Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde


Cabo Verde - Meio Natural

2.3 A vegetação META 9

Na zona quente, nos lugares onde chove muito


a vegetação é densa e luxuriante (figura 11). No
Sahel, bem como em Cabo Verde a vegetação
é escassa devido à falta de chuva (figura 12).
A vegetação natural é aquela que nasce es-
pontaneamente, nas diferentes regiões geográ-
ficas, sem intervenção dos grupos humanos.
Hoje é difícil dizermos se a vegetação de Cabo
Verde é a mesma aquando do seu povoamento
no século XV. É bem provável que a falta de
chuva, a seca, a criação de gado, a agricultura
e outras atividades praticadas pelos grupos hu- Figura 11 A ilha de São Tomé e a sua exube-
manos tenham contribuído para reduzir a maio- rante vegetação.
ria da vegetação autóctone do arquipélago.
A atual vegetação de Cabo verde é uma mistura de espécies vegetais autóctones constituída
por ervas e arvorezinhas e de espécies vegetais exótica composta por árvores importadas de
várias regiões do globo depois do povoamento.
Em Cabo Verde não existe floresta natural e as
que existem foram criadas pelos grupos huma-
nos. A maioria destas florestas são hoje parques
naturais que são áreas protegidas de paisagem
natural ou humanizada em que se verifica uma
integração harmoniosa da atividade humana.
O clima, a natureza do solo e o relevo interferem
e fazem variar de região para região a vegetação
natural.

Assim, em Cabo
Figura 12 A ilha de São Nicolau e a evidên-
Verde encontramos
cia da vegetação escassa no arquipélago. Vegetação natural é vege-
diferentes tipos de tação que cresce de forma
vegetação em fun- natural, numa determina-
ção do relevo e das áreas climáticas (Documento 3). da região, resultante do
tipo de solo e das condi-
• Nas áreas áridas e semiáridas localizadas no litoral e nas ções do clima.
terras de baixa altitude predominam as acácias (americana, es-
Espécies autóctones é for-
pinho preto e espinho branco), as plantas xerófilas (babosa e mada por espécies vege-
catos), a tamareira, o tarafe e a carqueja (planta espinhosa) tais originárias das nossas
[Documento 5 e 6]. Nestas áreas, a chuva é escassa. ilhas.
• Nas áreas sub-húmidas e húmidas localizadas nas terras Espécies exóticas é for-
mada por plantas que vie-
altas e montanhosas predominam o carrapato (sisal), o euca- ram de outras regiões fora
lipto, a grevilea, o dragoeiro e arbustos como a losna e língua de Cabo Verde.
de vaca. (Documento 5 e 6) Nestas áreas a chuva é abundante.

Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde 47


Tema 1 Cabo Verde: Localização e meio natural

Documento 4 - Áreas climáticas e as formações vegetais em Cabo Verde

Áreas
Árido Semiárido Sub-húmido Húmido
climáticas
Desde o litoral até Entre 150/200m a Entre 300/400 a 500/700m a
Altitude (m)
150/200m 300/400 m 500/700 m 100/1400m
Precipitação
Menos de 300 mm Entre 300 e 400 mm 400 a 600 mm Superior 600 mm
(mm)

Aspeto da
paisagem

Purgueira Zimbrão Eucalipto


Eucalipto
Vegetação Acácias Tamarindo Carrapato (sisal)
Grevilea
característica Cargueja Espinho preto Dragoeiro
Carrapato
Bombardeiro Purgueira Grevilea

Documento 5 – Vegetação das áreas climáticas

Acácia Purgueira Carqueja Tamarino

Babosa Tarafe Tamareira Zimbrão

Eucalipto Dragoeiro Grevilea Carrapato

48 Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde


Cabo Verde - Meio Natural

Nas ilhas mais montanhosas (Santo Antão, Santiago, São Nicolau e outros) verifica-se uma dife-
rença grande da vegetação do litoral e da vegetação das zonas altas. Nas partes mais altas das
ilhas montanhosas, a vegetação é quase sempre verde (figura 13 A) por causa das temperatu-
ras amenas, da precipitação relativamente elevada, da humidade e nebulosidade. Ao contrário,
no litoral das ilhas montanhosas a vegetação é escassa e existem algumas árvores (acácias,
espinheiras e outros) resistentes à seca (figura 13 B).

Figuras 13A e 13B - A diferença na vegetação entre a zona alta e o litoral na ilha de Santo Antão.

Como vimos anteriormente a vegetação das nossas ilhas foi diminuindo por causa das ativi-
dades praticadas pelos grupos humanos. Desde o século passado, as autoridades ligadas ao
ambiente fizeram muitas campanhas de reflorestação. A vegetação é muito importante porque
ela protege o solo do sol, das chuvas fortes, fornece alimentos aos animais e absorve o dióxido
de carbono através das folhas e liberta o oxigénio que precisamos para respirar.

Medidas de preservação da vegetação natural


• Manter os animais em peque- para os animais;
nos curais; • Promover campanhas para in-
• Evitar as queimadas na pre- formar as pessoas da impor-
Quando chove muito paração dos terrenos para a tância da vegetação;
nas zonas sem vege- sementeira; • Impedir a construção de hortas,
tação, a população • Apanha controlada de pastos casas e estradas nas zonas de
vegetação natural autóctones.
que mora nas encos-
tas das montanhas
ou no sopé dos mon-
Vou resolver
tes corre risco com o
desabamento de terra 1. Caracteriza atual vegetação de Cabo Verde.
e enxurrada (lama e 2. Identifica os principais fatores que contribuem para a existên-
água) e as suas vidas cia de diferentes tipos de vegetação.
e casas ficam em peri- 3. De acordo com a informação do quadro resumo (documento 5),
go. Por isso, devemos localiza a área climática em que se situa a tua escola.
manter estas áreas 4. Caracteriza a vegetação da tua localidade.
com vegetação ou vol- 5. Refere os principais agentes responsáveis pela alteração da
vegetação natural na atualidade.

Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde 49


Tema 1 Cabo Verde: Localização e meio natural

Prepara-te para a avaliação


EM SÍNTESE

O relevo
• O mapa hipsométrico representa o relevo de um território, através de cores.
• Relevo são as formas que assume a superfície do globo. As principais formas de relevo
são: montanha, planalto, planície e vale.
• Em Cabo Verde, o relevo apresenta grandes contrastes entre as ilhas orientais (Sal,
Boa vista e Maio) e as outras ilhas do arquipélago: nas primeiras predominam planícies
que se estendem até ao litoral e alguns montes e nas restantes ilhas (Santiago, Santo
Antão, São Vicente, São Nicolau, Fogo e Brava) encontramos as mais diversas formas de
relevo (montanhas designadas de picos, planaltos, montes e vales).
• Distinguimos em Cabo Verde dois tipos de costa: nas ilhas rasas (Sal, Boa vista e Maio)
costa baixa e arenosa (praias); nas restantes ilhas (Santiago, Santo Antão, São Vicente,
São Nicolau, Fogo e Brava) predominam a costa alta e escarpada (arribas).

O clima
• Os principais elementos que nos permitem caracterizar o clima e o estado de tempo são
temperatura e a precipitação.
• Em cada hemisfério podemos identificar diferentes tipos de clima.
• Cabo Verde localiza-se na zona quente e, por isso, tem um clima quente – tropical seco
(temperaturas altas e chuvas irregulares).
• Além da situação zonal existem outros fatores que influenciam o clima: localização oceânica.
• O relevo explica as diferenças locais de temperatura e precipitação nas ilhas montanhosas.

A vegetação
• Em Cabo Verde existem diferentes espécies vegetais, que variam de acordo com as áre-
as climáticas em que se localizam, mas também as características do solo e o relevo.
• A vegetação natural é a vegetação que cresce naturalmente num determinado lugar, sem
intervenção humana, resultante do clima e do solo.
• A vegetação atual é composta por espécies autóctones e exóticas.
• As áreas com vegetação exclusivamente natural em Cabo Verde são hoje muito reduzidas.
• No que respeita a vegetação, Cabo Verde divide-se em:
- Zona árida e semiárida - no litoral ou nas áreas de baixa altitude existem as acácias, as
plantas xerófilas (catos e babosa), as espinhosas (carqueja), tamareiras e outras.
- Zona húmida e sub-húmida – nas áreas mais altas ou montanhosas existem florestas
artificiais com eucalipto, pinheiros e outras espécies não arbóreas (árvores).

50 Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde


Cabo Verde - Meio Natural


Verifica o que aprendeste

1. Observa com atenção as figuras, que representam três formas de relevo já tuas conhecidas
e escreve o nome de cada uma das formas de relevo.

A
C
B

______________________ ______________________ ______________________

2. Define relevo.
3. Faz corresponder os elementos das duas colunas.

Coluna I Coluna II

Planície • Terreno plano de média ou grande altitude.


Montanha • Elevação natural de grande altitude.
Vale • Terreno plano de pouca altitude.
Planalto • Terreno de baixa altitude situado entre duas montanhas.
• Pequena elevação de cume mais ou menos arredondado.

4. Observa o mapa e responde:


1.1 Indica o que pretende mos-
trar o mapa que estás a ob-
servar.
1.2 Aponta o ponto mais alto de
Cabo Verde e a sua respetiva
altitude.
1.3 Menciona uma ilha plana do
arquipélago.

Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde 51


Tema 1 Cabo Verde: Localização e meio natural

6. Completa as frases, colocando nos espaços em branco, os seguintes conceitos: tempo e


clima.

a) O _______________ em Monte Gordo está muito fresco. A temperatura do ar é 15ºc e o


vento sopra a 60 km por hora.

b) O _______________ de Cabo Verde é tropical seco, com a chuva a cair predominante


nos meses quentes e os restantes meses do ano é seco e fresco .

5 Observa as figuras 1 e 2 e responde:

5.1 Como se designam os instrumentos representados nas figuras 1 e 2?

5.2 Para que serve cada um deles.


Fig. 1 Fig. 2

6 Observa, atentamente, a figura.

6.1 Faz a legenda da figura, assina-


lando as zonas climáticas do planeta Terra.

6.2 Identifica a zona climática em que


se situa Cabo Verde.

7 Observa o mapa e responde.

7.1 Dos fatores seguintes, escolhe o que mais


influencia o clima de Cabo Verde.

a) Relevo

b) Situação zonal

c) Localização oceânica

7.2 Caracteriza o clima de Cabo Verde.

7.3 Relaciona o clima de Cabo Verde com a sua localização oceânica.

52 Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde


Cabo Verde - Meio Natural

8 Completa o seguinte quadro de acordo com o relevo, a precipitação e a vegetação das áreas
climáticas de Cabo Verde.

Zonas áridas e no litoral Zonas subhúmidas e húmidas


Relevo
Precipitação
Vegetação

9 As frases seguintes estão erradas. Redige-as de forma a torna-las verdadeiras.

a. Em Cabo Verde a vegetação é abundante.

b. A temperatura contribui para a diferenciação da vegetação e precipitação nas ilhas mais


montanhosas.

c. Podemos atravessar as ribeiras quando ocorrem cheias com grande caudal.

d. Os mosquitos não se reproduzem nas poças de água das chuvas ou recipientes com
água descoberta.

e. Podemos construir casas nos sopés dos montes depois da desflorestação das encostas.

Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde 53


História e Geografia de Cabo Verde

54
História e Geografia de Cabo Verde

Tema II

O passado das
ilhas de Cabo
Verde
55
Tema 2 O passado das ilhas de Cabo Verde

56 Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde


Descoberta de Cabo Verde

Subtema 1 Descoberta de Cabo Verde

Vou aprender a…

META 10 Contextualizar a descoberta das ilhas de Cabo


Verde;

META 11 Compreender o pioneirismo português;

META 12 Identificar os problemas em torno da descoberta


das ilhas;

META 13 Identificar os descobridores e ilhas descobertas;

Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde 57


Tema 2 O passado das ilhas de Cabo Verde

Contexto da descoberta/Expansão europeia META 10


A história das ilhas de Cabo
Verde começa a partir do sé-
culo XV, com a chegada dos
portugueses ao arquipélago.

No século XV devido às difi-


culdades que assolavam a
Europa, os europeus saíram
em busca de melhores condi-
ções.

Na Europa havia muitos pro-


blemas:

- fomes

- peste (negra)

- guerras Caravela latina de Bartolomeu Dias no Cabo das Tormentas,


Comandante Sousa Machado, 1987
Os europeus tinham falta de:

- cereais – para a alimentação

- ouro – para fazer moedas que serviam para as trocas comerciais


- matérias-primas e mão-de-obra para a transformações

Estas viagens provocaram


importantes mudanças, tan-
to na Europa como no mun-
do (como quais os europeus
tiveram contacto).
Até ao século XV, os euro-
peus consideravam a Euro-
pa o centro do mundo. Ti-
nham algumas informações
do Norte de África e da Ásia.
Não conheciam o continente
americano, o árctico e o an-
tárctico.
Batalha de Aljubarrota, 1385, iluminura de Crónica de Froissart.

58 Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde


Descoberta de Cabo Verde

Com a expansão, passaram a conhecer novas terras,


novas culturas, desenvolveram novas técnicas e estabe-
leceram novas relações comerciais e novas estratégias.

Expansão Europeia - viagens feitas pelos euro-


peus, através do mar, para fora da Europa, entre
os séculos XV-XVII.

Potência: aquela que tinha poder e capacidade


para a realização.

Descoberta: conhecer novas terras, gentes, ani-


mais, plantas e mercadoria que até então não se
conheciam.
Mapa do mundo conhecido pelos
europeus antes da expansão

Vou resolver

1. Em que século os europeus saíram para a expansão?


2. Indica as razões que levaram os europeus a expansão.
3. Qual era o mundo conhecido pelos europeus antes da expansão?

Pioneirismo Português META 11

No século XIV, os problemas existiam um


pouco por toda a Europa. Mas Portugal foi o
primeiro reino a sair para expansão.
Os portugueses foram os primeiros a saírem,
porque reuniam um conjunto de condições
que os outros europeus não tinham ainda.

- Tinha uma longa costa marítima;


- Possuíam os instrumentos e meios de na-
vegação avançados como a: bússola, ba-
lestilha, o quadrante, a caravela, etc. Mapa da Península Ibérica

- Já tinham a prática de navegação e de comércio;


- Faziam o comércio com o norte de África;
- Faziam fretes entre o Mar Mediterrâneo e o norte da Europa.

Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde 59


Tema 2 O passado das ilhas de Cabo Verde

Bússola Quadrante Astrolábio Caravela portuguesa

Com estas condições, Portugal organizou a sua expansão marítima. Os portugueses começa-
ram a viajar para sul, fazendo conquistas, descobertas e viagens de reconhecimento.
Em 1415, conquistaram a Ceuta, uma cidade muito importante no norte de África (no atual Mar-
rocos).
Depois da conquista de Ceuta, fizeram viagens de reconhe- Viagens de reconhecimen-
cimento às ilhas da Madeira (em 1419) e dos Açores (1427). tos: porque antes já sabiam
da existência daquelas ilhas.

Mapa da Expansão Portuguesa no século XV

Um barco a cair da terra.

Continuaram as viagens para Sul (ainda muito próxima da costa), descobrindo a costa do con-
tinente africano. Tinham como objetivo ultrapassar o cabo de Boa Esperança.

60 Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde


Descoberta de Cabo Verde

No regresso de uma das viagens que fizeram, viram, por acaso, ilhas à frente do cabo Verde (no
atual Senegal). Por isso, estas ilhas ficaram conhecidas como ilhas de Cabo Verde.
Então podemos concluir que as ilhas de Cabo Verde foram descobertas quando os portugueses
exploravam a costa de África, no século XV.

Saber mais

Os europeus acreditavam que a


terra era plana e que se navega-
vam para muito longe podiam cair?
Também acreditavam que os ocea-
nos eram habitados por monstros
que engoliam a embarcação…
Ainda imaginavam seres que po-
diam habitar outras. Por isso ti-
nham medo.
Um barco a cair da terra.

Criaturas imaginadas pelos europeus antes da expansão

Criatura que vivia no mar e engolia os navios Criaturas que comiam as pessoas

Vou resolver

1. Indica as condições que permitiram aos portugueses saírem primeiro para a expansão?
2. Qual foi o acontecimento que marcou o início da expansão portuguesa?
3. Como é que os portugueses descobriram às ilhas de Cabo Verde?

Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde 61


Tema 2 O passado das ilhas de Cabo Verde

Problemas sobre as descobertas METAS 12 e 13

A data exata da chegada dos portugueses ao arquipélago Carta Régia – documento


de Cabo Verde ainda hoje não é totalmente esclarecida. assinado por um rei e que é
Crê-se que foi por volta de 1460. mandado para uma outra au-
toridade.
Vários navegadores afirmam ter avistado as ilhas em várias
datas diferentes:
- Diogo Afonso (1462)
- António da Noli (1460)
- Luís de Cadamosto (1456)
- Diogo Gomes (1460) O primeiro documento oficial
- Vicente Dias (1445) sobre Cabo verde que se
conhece é de 1460. Onde 5
De entre vários estes nomes, o rei de Portugal reco- ilhas são mencionadas jun-
nheceu que os primeiros a chegar às ilhas foram: tamente com as ilhas dos
arquipélagos dos Açores e
António da Noli (em 1460) e Diogo Afonso (em 1462)
da Madeira.
O documento é a Carta Ré-
Quadro dos descobridores reconhecidos e ilhas descobertas gia de 3 de DEZEMBRO
1460

António da Noli (em Diogo Afonso (em 1462) Doação régia (Carta de) das
1460) Grupo Oriental Grupo Ocidental seguintes ilhas, com tôdas
suas rendas, direitos e juris-
ilha de santiago ilha brava dição, tudo como houve em
sua vida o Infante D, Henri-
ilha de sam filipe (Fogo) ilha de sam nicolao (São Nicolau) que: Madeira, Pôrto Santo,
ilha das mayas (Maio) ilha de sam viçente (São Vicente) Deserta, S. Luís, S. Jorge,
S. Tomás, Santa Iria, Jesus
ilha de sam cristovam Cristo, Graciosa, S, Miguel,
ilha de santa luzia
(Boavista) Santa Maria, S. Jacobo, S.
ilha do sal ilha de santatonío (Santo Antão) Felipe, das Maias, S. Cristó-
vão e de Lana, ao Infante D.
ilha rasa e ilha branca (ilhéus Fernando.
branco e raso)

Vou resolver

1. Quais são os problemas relacionados com a desco-


berta das ilhas de Cabo Verde?
2. Indica os nomes dos navegadores envolvidos na
descoberta das ilhas de Cabo Verde?
3. Dentre eles, quais foram reconhecidos pelo Rei de
Portugal?
Alain Manesson Mallet, 1683.

62 Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde


Descoberta de Cabo Verde

Prepara-te para a avaliação


EM SÍNTESE

As ilhas de Cabo Verde foram descobertas no século XV, com a Expansão Marítima Europeia.
Antes da expansão, os europeus conheciam muito pouco as terras para além da Europa.
Portugal foi o primeiro reino da Europa a iniciar a expansão.
Os portugueses foram os primeiros a chegarem às ilhas de Cabo Verde, por volta de 1460.
Mas ainda continuam as dúvidas sobre que navegador chegou primeiro.


Verifica o que aprendeste

1. Enquadra a descoberta das ilhas de Cabo Verde.


2. Porque é que Portugal foi o primeiro a iniciar a Expansão no
século XIX?
3. A que se refere a figura 1?

Texto 1
“… Ao terceiro dia tivemos vista de terra, gritando todos terra, Fig. 1
terra, e muito nos admirámos porque não sabíamos de naque-
las paragens haver terra. Mandámos subir ao mastro dois ho-
mens, que descobriram duas grandes ilhas…;”
Excerto da obra Navegações de Luís de Cadamosto -1456.

4. Contextualiza o texto acima, texto 1.


5. Identifica no mapa o grupo das ilhas descober-
tas por António da Noli e ilhas descobertas por
Diogo Afonso.
6. Indica o nome dessas ilhas.

Arquipélago de Cabo Verde

Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde 63


Tema 2 O passado das ilhas de Cabo Verde

Subtema 2 A ocupação das ilhas

Vou aprender a…

META 14 Compreender o processo da ocupação das ilhas;

Explicar o povoamento das ilhas;


META 15

Identificar as principais atividades económicas


META 16 desenvolvidas nas ilhas;

64 Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde


A ocupação das ilhas

A ocupação das ilhas META 14


Infante: irmão mais novo do
As ilhas de Cabo Verde, depois de descobertas, passam a perten- rei.
cer ao rei de Portugal, D. Afonso V. Ele era o dono das terras de Donatário: aquele que re-
Portugal e de todas e ilhas e terras descobertas mandados por ele. cebeu as terras e passa a
Depois de descobertas as ilhas de Cabo Verde, o rei D. Afonso V ser dono delas.
entregou-as ao seu irmão, Infante D. Fernando. Ele tinha grandes Capitão-donatário: recebia
parte das terras do dona-
poderes sobre tudo que havia nas ilhas. Mandou fazer o povoa-
tário.
mento e explorar as ilhas. Quando as pessoas cometiam crimes, Rendeiros: recebiam terras
ele fazia a justiça e mandava castigar. Só não podia castigar com do Capitão-donatário para
a morte e cortar membros. explorar.
O Infante D. Fernando passa a ser donatário das ilhas. Mas como
ele tinha muitas terras, indicava outras pessoas para ajudá-lo a
governar. Estas pessoas são denominadas de capitães-donatários. As terras comandadas por
estes designavam-se de capitania-donataria.

REI

Donatário

Capitães - Donatários

Rendeiros / Colonos
António da Noli num selo Estátua de Diogo Afonso

A ilha de Santiago foi dividida em duas capitanias: Capitania do Sul e Capitania do Norte.
A Capitania do Sul, tinha sede em Ribeira Grande e foi entregue a Antonio da Noli. A Capitania
do Norte tinha sede em Alcatrazes e foi entregue a Diogo Afonso.
Os capitães-donatários comandavam as capitanias. Traziam pessoas para o povoamento e dis-
tribuíam as terras para as pessoas trabalharem – os rendeiros.

Vou resolver
Carta Régia de
19 de Setembro de 1462 1. Quem era o rei de Portugal na
altura em que descobriram as
Doação régia das 5 ilhas, nas partes de ilhas de Cabo Verde?
Guiné. achadas por António de Nola em vida
do Infante D. Henrique (S. Tiago, S. Felipe, 2. Quem foi o primeiro donatário
das ilhas de Cabo Verde?
das Maias, S. Cristóvão e do Sal), e de mais
7, achadas pelo donatário, «atraves do Cabo 3. A ilha de Santiago foi dividida
Verde» (Brava, S. Nicolau, S, Vicente, Rasa, em duas capitanias. Quais?
Branca, Santa Luzia e Santo António) ao In- 4. Quem comandava as duas capi-
fante D. Fernando, irmão do rei D. Afonso tanias de Santiago?

Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde 65


Tema 2 O passado das ilhas de Cabo Verde

Povoamento META 15

As ilhas de Cabo Verde foram encontradas desabitadas, com


pouca vegetação e animais. Por isso, para aproveitar das Povoamento das ilhas de
ilhas, era necessário fazer o povoamento. Cabo Verde: quer dizer a fixa-
ção de europeus e africanos
Para o povoamento, foi necessário trazer pessoas, plantas e (colonos), a partir do século
XV, no arquipélago.
animais.
Os documentos da época dizem que quando os navegadores
chegaram às ilhas:

“…não se encontrando nelas senão pom-


bos e aves de estranhas sortes, e grande
pescaria de peixe.”
Navegações de Luís de Cadamosto
-1456

“(...) Foram a uma e lançaram gente


fora para verem se havia povoação e
não acharam. Foram à segunda, não
acharam rasto de gente (...). As outras
caravelas viram as outras ilhas porém
nenhuma delas povoada, senão grande
multidão de aves e grande pescaria (...).”
Códice de Valentim Fernandes (1505-
1507
Georges Roberts, 1726.

Saber mais
“Neste mesmo tempo (...) se descobri-
ram as ilhas a que agora chamamos Alguns autores, a partir do século XVIII, achavam que a
de Cabo Verde (...) e do dia que par- ilha de Santiago já era habitada antes da chegada dos
tiram da cidade de Lisboa a dezasseis portugueses.
dias foram ter à ilha de maio à qual
“Esta ilha de Santiago se achou já habitada de muitos ho-
puseram este nome por a viram em tal
mens pretos, que por tradição se dizia terem procedido de
dia. E (...) descobriram as outras (...) um Rei Jalofo, que, por causa de uma sublevação, tinha
que por todas são dez, chamadas por fugido do seu país com toda sua família a buscar refúgio,
comum nome ilhas de Cabo Verde por em uma canoa, na costa do continente do mesmo Cabo
estarem ao poente dele por distância de Verde e que devido ao tempestade de vento leste […] fez
cem léguas.” aportar a canoa nesta Ilha…”

João de Barros, Décadas da Ásia, Notícia corográfica e cronológica do bispado de Cabo


1552 Verde [...], 1784.

66 Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde


A ocupação das ilhas

O povoamento começou em 1462 pela ilha de Santiago, mas com muitas dificuldades. Quatro
anos depois, a ilha ainda tinha poucas pessoas. Apenas algumas famílias dos capitães-donatá-
rios e alguns religiosos.

Dificuldades no povoamento
Para ocupar as ilhas de Cabo Verde, os portugueses tiveram
muitas dificuldades: Privilégio: vantagem em rela-
ção às outras pessoas. Sig-
- O arquipélago de Cabo Verde localizava-se muito longe do nifica que os moradores de
reino de Portugal; Santiago tinham vantagem
- O clima tropical das ilhas era pouco favorável aos europeus; que os não moradores não
tinham.
- A terra não era própria para o cultivo de plantas a que os
europeus estavam acostumados;
- Não havia muita riqueza nas ilhas que atraiam os europeus.
Por isso, as pessoas que vinham de Portugal para as ilhas queriam grandes recompensas.
Devido a essas dificuldades, as pessoas não queriam vir morar aqui nas ilhas. Em 1466, o rei
de Portugal deu alguns benefícios às pessoas que queriam morar na ilha de Santiago.
Todos os moradores da ilha de Santiago tinham a licença de fazer o comércio em toda a costa
ocidental de África, excepto em Arguim. Podiam fazer o comércio de todos os produtos, excepto
armas e ferramentas.

Carta Régia de 12 de Junho 1466 (ou Car-


ta dos Privilégios)

Dom affonso per graça de deus . Rey de purtu-


gall e […] a quantos esta carta virem fazemos
saber que o Infante dom fernando meu muito
amado e prezado Irmão nos enviou dizer como
havera quatro annos que ele começara a povoar
a sua ilha de santiago que é […] que por ser tam
alongada de nossos Reinos a gente nam quer ir
a ela viver senam com mui grandes liberdades e
franquezas e despesa sua. […] lhe outorgamos
que os ditos moradores da dita ilha que daqui por
diante pera sempre ajam e tenham liçença pera
cada vez que lhes prouver poderem ir com navios
e tratar e Resgatar em todo os, nosos tratos das
partes de guiné resalvando deste o noso trato de
arguim, […] liçença e lugar toda las mercadorias
que eles ditos moradores da dita Ilha tiverem e
quiserem levar salvo armas . e feramentas navios Rotas em que Cabo Verde estava en-
volvido nos séculos XV e XVI, Maria
e aparelhos deles […]
Emília Madeira Santos e Maria Manuel
Torrão, 1989.

Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde 67


Tema 2 O passado das ilhas de Cabo Verde

Mas esses benefícios dados pelo rei não fizeram aumentar a população nas ilhas. As pessoas
apenas vinham para as ilhas fazer o comércio e depois voltavam. A ilha de Santiago apenas
servia de escala, lugar de passagem em vez de residência.
Por outo lado, a ilha de Santiago, mais concretamente, a Ribeira Grande, tornou-se importante
placa giratória do comércio. Fazia ligação entre Costa de África e Europa e, mais tarde, Améri-
cas.
Com estes benefícios, vinham pessoas, principalmente com interesse no comércio, paravam nas
zonas próximas da costa, dos portos, agregando habitantes principalmente na Ribeira Grande.
Não era isso que o Rei queria, por isso escreveu uma nova carta régia em 1472, conhecida
como a “carta da limitação dos privilégios”. Pois esta carta proibia aos moradores de Santiago
de utilizar produtos não produzidos na ilha para fazer o comércio com a costa. Os moradores
de Santiago apenas podiam utilizar nas trocas com a costa africana: somente os produtos pro-
duzidos na ilha.

Carta régia de 1472 (ou carta de limitação dos privilégios)

[…] nem possam, isso mesmo, os ditos capitão e moradores da dita ilha para sempre outras
mercadorias mandar resgatar […] senão aquelas que eles de suas novidades e colheitas na dita
ilha houverem; […]

Até 1472, as actividades económicas da ilha de Santiago


eram sobretudo o comércio. Mas com a carta de 1472, para Escravos: pessoas sem li-
os moradores continuarem a praticar o comércio com a costa berdade, que pertence a uma
tinham de produzir os produtos para a troca na própria ilha. outra pessoa e faz a sua von-
tade.

Começaram então a pro- Tráfico de escravos: comér-


cio regular pessoas trans-
curar terras no interior da
formadas em escravos. Este
ilha para produção agrí- comércio é feito por meio de
cola e criação de gado. violência.
São os produtos da agri-
cultura e de criação de
gado mais os tirados da ilha
que vão utilizar nas trocas comerciais.

Para cultivar a terra, tomar contra do gado e retirar mais


alguns outros produtos era necessário muita mão de obra,
como os europeus não queriam vir, foram buscar os escra-
vos negros da costa africana.

Estes escravos negros não serviram apenas como traba-


lhadores, também foram povoadores e colonizadores das
ilhas. A partir desse período houve um grande tráfico de es-
Homens e mulheres de Cabo Ver-
de (AHU) cravos africanos para as ilhas.

68 Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde


A ocupação das ilhas

Saber mais
A escravatura e o tráfico de escravos não começaram no con-
tinente africano. A própria palavra “escravo” veio do latim “scla-
vus”, provido de “slavus”.
Quando os europeus chegaram à África, encontraram vários
tipos de dominação e dependência que banalizaram de escra-
vatura.
Com a chegada dos europeus, aumentou a escravatura e o trá-
fico de escravos que já existia por outras vias (transariano e no
Índico). Os europeus abriram uma nova rota (através do oceano
Atlântico).
Na rota atlântica, foram traficados mais africanos do que em
Habitantes de Cabo Verde
(AHU) outras rotas e em menos tempo.

Principais grupos que participaram no povoamento

No povoamento das ilhas de Cabo Verde, vieram dois grandes grupos: brancos europeus e
negros africanos.

Europeus
Da Europa, vieram comercian-
tes e pessoas ligadas à admi-
nistração.
Era um grupo formado por fei-
tores, provedores, contadores,
ouvidores, vedores da Fazenda,
padres e missionários.
Também vieram os degredados -
pessoas indivíduos que eram para
aqui mandados porque comete-
ram algum crime em Portugal.
No grupo dos europeus também
tinha os estrangeiros: genove-
ses, castelhanos, flamengos e
Ribeira Grande (AHN) seus descendentes.

Para o povoamento contribuíu ainda um outro grupo denomi-


nado de: tripulação e mercadores, que passavam pelas ilhas Estrangeiros: eram europeus
de demoravam alguns dias. de outras nacionalidades –
não portugueses. Mais tarde
Os “cristãos-novos”, fugindo das perseguições na Europa, passou-se a incluir os ame-
buscavam as ilhas de Cabo Verde como refúgio. ricanos, tanto do norte como
Do grupo dos europeus, a maioria era constituída pelos por- do sul.
tugueses, homens na sua maioria.

Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde 69


Tema 2 O passado das ilhas de Cabo Verde

Africanos

De África participaram negros escravos e alguns


homens livres.
Os africanos que foram trazidos para as ilhas eram
provenientes, na sua maioria, da costa da Guiné.
Os grupos predominantes desta região foram: Wolof,
Mandinga, Balanta, Papel, Bijagó, Felupe, Fula, etc.

Povoamento da ilha do Fogo

A seguir a Santiago
deu-se o povoamento Gravura de Baltazar Springer, 1650
da ilha do Fogo, nos
finais do século XV.
Com o aumento da população na ilha de Santiago, algumas pes-
soas começaram a buscar novas terras. Por isso, parte da popu-
lação da ilha de Santiago passou a habitar a ilha do Fogo, que
ficava mais perto.

Vou resolver

1. Quando se iniciou o povoamento das ilhas de Cabo Verde?


2. Qual foi a primeira ilha a ser povoada?
3. Quais foram as dificuldades que encontraram no povoamento?

70 Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde


A ocupação das ilhas

Atividades económicas das ilhas no início do povoamento META 16

A principal actividade económica dos pri-


meiros povoadores das ilhas de Cabo Ver-
de era o comércio. Mas colonização de
Cabo Verde também outro objectivo:

- Apoio à navegação
Para apoiar a navegação precisavam de
alguns produtos, chamados de refrescos.
Muitos deles deviam ser produzidos nas
ilhas. A maior produção começou a partir
de 1472.
A exploração económica das ilhas dependia
muito da situação ecológica. Por exemplo,
Engenho de destilação de cana-de-açucar. (AHU)
para a exploração agrícola, era necessário
água, terras férteis, clima favorável, etc.

Agricultura
Estas ilhas são estéreis porque são vizinhas do trópico de
Devido às condições das Câncer e têm muito pouco arvoredo por causa de nelas não
ilhas, não foi fácil tirar muito chover mais dos ditos três meses: são terras altas e fragosas
proveito da agricultura em e serão más de andar (…) os frutos não se dão nesta terra
Cabo Verde. senão de regadio…
Duarte Pacheco Pereira, Esmeraldo de Situ Orbis, (1505-1507)

Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde 71


Tema 2 O passado das ilhas de Cabo Verde

Uma das dificuldades em trazer os povoadores da Europa europeus foi precisamente:


- Produção de culturas de subsistência para a base alimentar dos europeus
 Cereais (trigo)

Ou produtos que davam lucros rapidamente


como:
 vinha
 pastel
 açúcar

Exemplos de terra semi-árida das ilhas

Apesar das dificuldades…


Introduziram a cana-de-açucar
(cana sacarina), logo no início
(séc. XV), pela ilha de Santiago,
depois em Santo Antão, Brava e
São Nicolau.
A cana-de-açucar era utilizada
para fazer aguardente (grogue),
mel e açúcar.

Cana-de-açucar Trapiche para triturar a cana

Cultura de Algodão

Nos finais do século XV e inícios do


XVI aproveitou-se a ilha do Fogo
para a plantação de algodão. Antes
já era cultivado em Santiago.

O algodão tornou-se num importan-


te produto para o comércio na costa
africana. Ao princípio era exportado
Algodão

72 Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde


A ocupação das ilhas

em bruto. Depois co-


meçaram a produzir
pano nas ilhas e utili-
zar o pano como moe-
da de troca no comér-
cio com a Costa.
Um dos tipos panos que eram produzidos nas ilhas.

“Aqui [Fogo] nasce muito algodão, e os algodões que são regados dão duas novidades no ano,
a saber: uma em Dezembro e Janeiro e outra, em Maio e Junho. E os outros que não são rega-
dos dão uma novidade no ano.”

Valentim Fernandes, Descrição da Costa de África (1508-1510)

Cultura de Milho
Foram introduzidos vários ti-
O milho foi um dos importantes produtos introduzidos nas pos de milho como por exem-
plo:
ilhas. - Sorghum (África)
O milho foi uma cultura importante, porque era a base ali- - Pennisetum (África)
mentar da mão-de-obra. Servia para alimentar os escravos - Zea Mays (América)
e mais tarde os cabo-verdianos adotaram nos seus pratos.

“[Em Santiago] a principal sementeira que fazem é de milho-ze-


burro e deste comem ordinariamente os crioulos e pretos e fazem
muita quantidade de xerém e cuscuz (…) vem muita farinha de
fora de que se amassa cada dia todo o pão que comem os portu-
gueses”

Baltasar Barreira, carta de 1 de Agosto de 1606


Um dos tipos de mi-
lho introduzido nas
ilhas
Criação de gado / A pecuária

Até meados do século XVI, só as ilhas de Santiago e Fogo é


que se encontravam habitadas. As restantes eram utilizadas
como “ilhas da criação”, principalmente gado caprino, nas ilhas
de Maio e Boa Vista.
Na ilha do Fogo criavam muitos cavalos que, tal como o pano
de algodão, eram utilizados como moeda de troca com a Costa
africana.
Do gado caprino e, mais tarde, do bovino, tiravam-se, para
Tipo do gado caprino intro-
duzido nas ilhas além da carne, a pele e o sebo.

Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde 73


Tema 2 O passado das ilhas de Cabo Verde

Atividades de exploração e de extração


Nas ilhas também existiam recursos, que era necessário recolher e transformar. Foi o caso da
urzela, dragoeiro, anil, Sal, etc.

Urzela

A exploração da urzela (Roccella Tinc-


toria) estava ligada à produção de pano
de algodão.
Era uma matéria-prima utilizada para
produzir um conjunto de cores utiliza-
das na tinturaria (nasce e cresce espon-
taneamente nos rochedos virados ao
mar). Urzela

Dragoeiro

O Dragoeiro (Dracaene drago) – tam-


bém é uma planta tintureira explorada
desde o início da colonização.
Encontrava-se em todas as ilhas, mas
era mais abundante nas ilhas de S. Ni-
colau e de Santo Antão.

Dragoeiro
Sal

O sal foi um outro produto muito explorado nas ilhas. A sua


produção estava ligada à pecuária. Isto é, na preparação da
pele e carne.
O interesse por esse produto aparece desde os primeiros
contactos com as ilhas.
As primeiras descrições das ilhas fazem referência ao muito e
bom sal nas ilhas do
Maio, Sal e Santiago.
Salina - Ilha do Sal
Maio foi a ilha que
mais forneceu o sal.
Tanto para utilizar nas Saber mais
ilhas para o tratamen-
O sal foi tão importante nas
to e conservação de ilhas, que em finais do século
carne como para ven- XVII, designaram as ilhas de
der ao exterior. Por Cabo Verde como ilhas do Sal.
Ilhas do Sal, Pierre Vander Aa, 1727. exemplo para Índia.

74 Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde


A ocupação das ilhas

Atividade comercial
A actividade comercial dependia muito da pro-
dução agrícola, criação de gado e transforma-
ção de produtos nas ilhas. Havia vários tipos de
comércio: comércio dentro do arquipélago, com
a costa da Guiné, com Portugal e Madeira e ain-
da com os estrangeiros.
Manilhas encontradas na baía da Cidade Velha
Saber mais
Lançados ou Tangomaos – eram pessoas A principal actividade económica dos primei-
(cristãos, judeus, mulatos, pretos forros e até ros povoadores das ilhas de Cabo Verde foi
estrangeiros) que viviam na costa à margem o comércio com a costa da Guiné.
da lei e serviam de intermediários no comér-
cio (principalmente das mercadorias que eram
O comércio das ilhas com a Costa incidia so-
proibidas).
bretudo no tráfico de escravos. Estes utiliza-
dos nas ilhas e para reexportação.

Exemplos de algumas mercadorias que eram trocadas

Da Europa De África Do Oriente

panos (vermelhos e ama- couros, - alguns produtos para o


relos) marfim comércio na costa de Áfri-
mantas cera, goma, âmbar (resi- ca, por exemplo: metais;
contas (brancas, azuis, na), - manilhas de cobre - ser-
verdes) em vidro perfume de almíscar e viam como moeda de tro-
âmbar ca;
anil,
madeira
escravos
ouro

Vou resolver

1. Quais foram as principais atividades económicas


praticadas nas ilhas?
2. Caracteriza a situação ecológica das ilhas aquando
o seu povoamento.
3. Quais foram as culturas introduzidas nas ilhas?
4. Que outros produtos eram explorados nas ilhas?
5. Com que outras regiões Cabo Verde fazia trocas co-
Contas encontradas na baía da Ci- merciais.
dade Velha

Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde 75


Tema 2 O passado das ilhas de Cabo Verde

Povoamento das restantes ilhas


Até ao século XVI, apenas Santiago e Fogo se encontravam
povoadas. As restantes ilhas estavam despovoadas. Foram
povoadas lentamente, de acordo com os recursos que cada
ilha tinha e excedente populacional das ilhas povoadas.
À medida que a população livre aumentava, vão ocupavam-
se as terras desabitadas.
A seguir a Santiago e ao Fogo foi a vez de Santo Antão e de
S. Nicolau, porque tinha melhores condições para as pes-
soas se fixarem. Tinham mais água doce, o que era muito
importante para a ocupação das terras.
Ainda no século XVII, Boavista, Maio e a Brava serviam de
campos para a prática de agricultura e criação de gado, so-
bretudo caprino. Igreja da Ribeira Grande, Ilha
Sal e S. Vicente permaneceram desertas até finais do sécu- de Santo Antão.
lo XVIII. Projectos e ações de ocupação efetivas só foram
concretizados nos meados do século XIX.
Houve algumas tentativas de povoar a ilha de Santa Luzia, mas sem sucesso.
Podemos concluir que o povoa-
mento das ilhas de Cabo Verde
teve início em 1462, na ilha de
Santiago e prolongou-se até
metade do século XIX. As últi-
mas a ser povoadas foram Sal
e de S. Vicente.

As ilhas que ainda não eram


povoadas eram frequentadas
por pessoas mas de forma
temporária ou sazonal. Es-
Aldeia de Fajã d’Água, Ilha Brava (imagem recente) (Rui Carita, 2004) tavam ou iam para as ilhas
para a prática de agricultura e
chacina de gados, de modo a
Vou resolver obterem da carne, da pele e
sebo.
1. Até que século prolongou o povoamento das
ilhas? Para isso, as pessoas paravam
2. Como eram utilizadas as ilhas que ainda não temporariamente nas ilhas.
eram povoadas? Não se podia dizer contudo
3. Quais foram as últimas ilhas a serem povoadas? que essa ilha era povoada.

76 Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde


A ocupação das ilhas

Prepara-te para a avaliação


EM SÍNTESE

As ilhas depois de descobertas foram doadas ao D. Fernando, pelo Rei D. Afonso V, que tornou
Donatário das mesmas.
As ilhas estavam desabitadas por isso procedeu-se ao seu povoamento. Iniciou-se em 1462
pela ilha de Santiago.
Durante o povoamento, houve muitas dificuldades porque as ilhas não tinham muitos recursos
e ficavam longe de Portugal.
No povoamento participaram povos da Europa e do continente africano.
Depois da ilha de Santiago, foi povoada a ilha do Fogo, porque ficava mais próxima. Mais tarde
as de S. Antão e S. Nicolau. Sal e S. Vicente foram as últimas a serem povoadas.
As ilhas não tinham grandes condições ecológicas, mas, com algum esforço, desenvolveram-se
actividades como a agricultura, a criação de gado, extração e estabeleceu-se o comércio a nível
internacional.


Verifica o que aprendeste

1. Como foram administradas as ilhas de Cabo Verde depois de descobertas?


2. Completa as frases seguintes:
2.1. As ilhas depois de descobertas, foram doadas ao _______________________.
2.2. As capitania-donatarias eram comandadas por ______________________.
2.3. Quando os portugueses chegaram ao arquipélago, encontraram as ilhas
_______________.
2.4. As pessoas que ocupavam as ilhas eram ________________.
2.5. ______________ foi a primeira ilha a ser povoada, a segunda foi a ______________.

3. Quais foram os principais constrangimentos na ocupação das ilhas?


4. A ilha do Fogo não apresentava melhores condições para a ocupação mas foi a segunda a
ser povoada. Porquê?
5. Indica as origens dos povoadores das ilhas de Cabo Verde.
6. Identifica os principais grupos que participaram no povoamento das ilhas de Cabo Verde.

Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde 77


Tema 2 O passado das ilhas de Cabo Verde

7. Ordena por ondem de povoamento as ilhas seguintes: Boa Vista, Sal, Santo Antão e S. Vi-
cente.
8. Indica as principais actividades económicas praticadas nas ilhas.
9. Presta atenção ao texto que se segue!

Texto 1
“do algodão, o qual produz muito bem, e depois de colhido com
ele obram castas de panos listrados de várias cores, que de-
pois expedem para a costa de África”
Valentim Fernandes, Descrição da Costa de África (1508-1510)

10. Qual era a importância do algodão para Cabo Verde?

11. A figura 1 está relacionada com que atividade?


12. Identifica os produtos de África utilizados no comércio.
13. Como eram aproveitadas as ilhas da Boa Vista e Maio an-
tes de serem povoadas?
14. A que se refere o texto 2?

Texto 2
““é assim chamada por uma grande salina ou marinha que
está no meio dela, donde há tanta abundância de sal que
todos os navios que chegassem podiam carregar”
Valentim Fernandes, Descrição da Costa de África (1508-1510)

15. Faz uma investigação e descobre como foi povoada a tua ilha.
16. Faz uma maquete com os produtos produzidos e explorados nas ilhas nos primeiros séculos
da ocupação.

78 Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde


A origem e evolução da Sociedade e da Cultura Cabo-verdiana

Subtema 3 A origem e evolução da Sociedade e da Cultura Cabo-verdiana

Vou aprender a…

META 17 1. Relacionar o encontro de povos e de culturas


com o nascimento da sociedade cabo-verdiana;

META 18 2. Conhecer e compreender a estrutura social


BRANCOS
em Cabo Verde (Sociedade escravocrata);
EUROPEUS

MESTÍÇOS

NEGROS AFRICANOS

Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde 79


Tema 2 O passado das ilhas de Cabo Verde

Encontro de povos e de culturas e o nascimento de uma nova sociedade META 17

A sociedade e a cultura cabo-verdianas, for-


maram-se a partir do encontro entre povos e
culturas vindos da Europa e da África.
Cada grupo que participou no povoamento
das ilhas trouxe a sua cultura.
Devido aos condicionalismos das ilhas, os
brancos europeus teve a necessidade de se
relacionar com os negros africanos.
No início do povoamento, os africanos eram
a maioria, mas quem manda era os euro-
peus. Da Europa vieram maioritariamente
homens, que se envolviam com mulheres ne- Habitantes das ilhas de Cabo Verde (AHU)
gras, escravas, dando origem aos mestiços.
A mestiçagem que foi continuando ao longo cabo-verdiana.
do tempo. São estes mestiços que depois de- Os cabo-verdianos e a sua cultura são, assim,
ram origem aos cabo-verdianos. Os mestiços resultados das interações dos povos da euro-
também adaptaram as culturas europeias e pa e de África, no arquipélago de Cabo Verde,
culturas africanas numa só cultura – a cultura começadas a partir de 1462.

“Os habitantes do Archipelago de Cabo Verde são com-


postos de princípios heterogéneos, d’uma fusão de di-
versas raças. Impossivel seria procurar na innumeraveis
tribus do continente Africano, quaes forneceram os pri-
meiros habitantes; foram muitas, vindo a escravaria que
originalmente povoou as ilhas, indistintamente de toda a
costa de Guiné fronteira ao archipelago. Cruzaram-se e
tornaram a enlaçar estas raças com os brancos e seus
pardos descendentes, ficando boa parte todavia ainda
da cor primitiva”.

José Carlos. C. de Chelmicki e Francisco A. de Varnhagen, 1841.


Habitantes das ilhas de Cabo Ver-
de (AHU)

Vou resolver
Cultura: maneira de ser e de
estar de um determinado gru- 1. Quando se iniciou a formação da sociedade cabo-
po de pessoas ou povos. -verdiana?
Sociedade: um conjunto de 2. Quais são os grupos que participaram nessa forma-
pessoas, unidas por laços de ção?
afinidades, costumes, etc. 3. Como se formaram a sociedade e a cultura cabo-ver-
dianas?

80 Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde


A origem e evolução da Sociedade e da Cultura Cabo-verdiana

Estrutura social META 18

Estrutura social tem a ver com a organização das pessoas nas ilhas.
Os habitantes nas ilhas de Cabo Verde estavam unidos por um conjunto de laços e de relações.

Todas pessoas dependiam uma das outras. Mas nem to-


das eram iguais. Havia diferentes grupos e pessoas dife-
rentes dentro de cada grupo. BRANCOS
EUROPEUS
No início do povoamento havia no arquipélago dois gran-
des grupos – brancos europeus e negros africanos.
Os brancos europeus eram em menor quantidade, mas NEGROS
estavam acima dos negros africanos. AFRICANOS

A partir da mistura (do cruzamento) destes dois grupos


BRANCOS apareceu mais um grupo, intermédio, os mestiços.
EUROPEUS
No final do século XVIII começaram a diminuir os es-
cravos nas ilhas, até o fim da escravatura em 1869. Os
MESTÍÇOS mestiços e os pretos forros aumentavam cada vez mais.
Os brancos eram, por sua vez, também cada vez menos.
Neste período, tanto os brancos como os mestiços uti-
lizavam os escravos para os seus serviços.
NEGROS AFRICANOS

BRANCOS
DO REINO
BRANCOS DA TERRA

MESTÍÇOS PRETOS FORROS


Nos séculos seguintes, o bran-
co em Cabo Verde não tinha a
ver com a com a cor da pele,
mas sim com o poder. ESCRAVOS
Por isso havia branco do rei-
no, aqueles que vinham de
Portugal e brancos da terra,
aqueles que nasceram nas Pretos Forros: eram escravos negros africanos que
ilhas e ganharam um estatuto tinham a carta de alforria.
de branco. Carta de alforria: documento que um senhor dava ao
seu escravo para provar que já era livre.

Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde 81


Tema 2 O passado das ilhas de Cabo Verde

Quanto aos números, o povoamento foi lento e por fases. Não há muitos dados sobre o nº de
habitantes até finais do século XVIII.
No recenseamento de 1807 - o arquipélago de Cabo Verde tinha 58 401 habitantes

No recenseamento de 1834, a população era de ilhas de Cabo Verde


55 833 habitantes. Sendo 51 854 eram habitantes
livres e 3 979 escravos. 1752 brancos
Nota-se que a população reduziu em relação ao 25 250 mulatos
censo de 1807, porque as ilhas tinham passado 27 290 pretos forros
pela grande fome de 1831-1833 que matou cerca 5 109 pretos escravos
de 30 000 habitantes.
J. C. C. de Chelmicki e F. A. de Varnhagen, 1841.
Em 1844 a população ultrapassava já os 70 mil ha-
bitantes.
ilha de S. Nicolau ilha do Fogo
7000 habitantes - pretos, mulatos e escravos Total: 13 150 habitantes
30 brancos 5 000 mulatos
6 000 forros
2 000 escravos
150 brancos

A ilha Brava tinha cerca de 4 000 habitantes, quase todos brancos, alguns europeus e muitos filhos
da Madeira ou descendentes deles.
Podemos concluir que a estrutura social em Cabo Verde era estratificada e hierarquizada. Porque
havia diferentes grupos e as pessoas eram classificadas com base nos direitos e condições sócio-
-económicas. O branco estava no topo e o escravo na base.
O grupo dominante era constituído por brancos. Tanto do reino como da terra.
Em termos numéricos era o grupo com menos pessoas. Constituído por maioria de europeus homens.
O grupo intermédio era constituído por mestiços, homens livres e forros.
Este grupo exercia grande pressão sobre o primeiro. Cada vez mais havia menos brancos nas ilhas
e então os mestiços queriam ocupar cargos importantes, ter melhores terras e tomar conta das ilhas.
O último grupo era constituído apenas por escravos, a principal mão de obra nas ilhas. Os outros
grupos tinham um grande poder sobre este.
Era um grupo sem direitos, destinados a servir os seus senhores. Foi-se diminuindo até à sua ex-
tinção em finais do século XIX.
Vou resolver
Saber mais
1. Caracteriza a estrutural social nos primeiros anos do
Os pretos livres, habitantes dos povoamento das ilhas?
interiores das ilhas de Santiago 2. Identifica o grupo dominante.
e Fogo eram vulgarmente cha- 3. Qual era o grupo mais numeroso?
mados de vadios. 4. Identifica o grupo formado depois do povoamento.

82 Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde


A origem e evolução da Sociedade e da Cultura Cabo-verdiana

Prepara-te para a avaliação


EM SÍNTESE

A partir do século XV, povos da Europa e de África encontraram-se no Arquipélago de Cabo


Verde. Deste encontro surgiu a sociedade e a cultura cabo-verdiana.
Do cruzamento entre brancos europeus e negros africanos, surgiram os mestiços.
A história de Cabo Verde começou com a desigualdade. Apesar dos europeus estarem em nú-
mero inferior aos africanos, eram eles quem mandavam.


Verifica o que aprendeste

1. Explica como nasceu a sociedade cabo-verdia-


na.
2. Esclarece como se formou a cultura cabo-ver-
diana.
3. Caracteriza a estrutura social em Cabo Verde
logo no início da ocupação das ilhas.

Figura 1. Cidade Velha __________________

4. Preenche, na Figura 2, os grupos so-


ciais que existiam em Cabo Verde no ______________________
século XVIII.

______________

Figura 2. Pirâmide social

Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde 83


Tema 2 O passado das ilhas de Cabo Verde

Subtema 4 O arquipélago de Cabo Verde nas rotas internacionais

Vou aprender a…

Compreender as ilhas de Cabo Verde como um


META 19
ponto estratégico;

META 20 Compreender a ascensão da Ribeira Grande;


Identificar o papel da Igreja para a sociedade
META 21 cabo-verdiana;
Compreender a relação de proximidade entre as
META 22
ilhas e a costa ocidental africana;

84 Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde


O arquipélago de Cabo Verde nas rotas internacionais

4.1 Cabo Verde: ponto estratégico META 19

Os portugueses ocuparam as ilhas de Cabo


Verde mais pela sua posição geográfica, em
frente à costa ocidental de África, do que
pelo seu valor económico, porque as ilhas
tinham poucos recursos.
A localização em frente à costa tinha gran-
des vantagens, porque servia de resguardo.
Ao mesmo tempo era suficientemente dis-
tante da costa, o que lhes permitia não se-
rem atacados pelos africanos por exemplo.
As ilhas serviam de apoio ou base do comér-
cio com a costa africana.
A ocupação das ilhas também era importan- António Carreira, Cabo Verde. Formação e extin-
te para os navegadores portugueses porque ção de uma sociedade escravocrata, 1460-1878
serviam como:
- ponto de escala Saber mais
- local de aprovisionamento
Alguns documentos da época referem que:
- estadia para as reparações e descanso Várias pessoas passaram pelas ilhas de Cabo
dos navegadores. Verde ao fazer outras viagens.
Cristóvão Colombo veio às ilhas de Cabo Ver-
de (num navio português) antes de viajar para
Ponto estratégico – servia de base o co- as Américas.
mércio que os portugueses queriam fazer Na viagem de Pedro Alvares Cabral à Índia,
com a costa africana e servia de apoio à passou ao largo de S. Nicolau a 22 de março
navegação.. de 1500.

4.2 A ascensão da Ribeira Grande META 20

Quando se fala da importância de Cabo Verde no início


da ocupação das ilhas, fala-se principalmente da Vila
da Ribeira Grande, que pouco tempo depois foi elevada
a cidade. Foi na Ribeira Grande que moraram os pri-
meiros povoadores das ilhas e foi aí que construíram a
primeira aldeia cabo-verdiana. Ali se fixaram as primei-
ras pessoas. As primeiras capelas, igrejas, casas e ruas
foram construídas na Ribeira Grande. Por isso, diz-se
que Ribeira Grande é berço da cabo-verdianidade.
O povoamento das ilhas, começou pelo sul da ilha de
Santiago, vale da Ribeira Grande, porque possuía me-
lhor condição do que as outras regiões do arquipélago.
Rua da Banana (Ribeira Grande) uma
das primeiras ruas de Cabo Verde (IPC) Possuía, por exemplo, bons portos e boas águas.

Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde 85


Tema 2 O passado das ilhas de Cabo Verde

Pouco tempo depois, a Ribeira Grande já era


Segundo o Piloto Anónimo, em meados um importante porto, tanto para o arquipélago
de 1500: como a nível internacional. Ganhou uma gran-
de importância com a reexportação de escravos
A Ribeira Grande contava com “boas ca- para as Américas. Tornou-se ponto de passa-
sas de Pedra e cal habitadas por infinitos gem obrigatória dos navios que faziam o comér-
cavaleiros portugueses e castelhanos, cio, principalmente entre África e América.
contendo mais de quinhentos fogos”.
Em 1533 tornou-se sede do Bispado de Cabo
Anónimo (Piloto português, século XVI), Viagem Verde e ascende ao estatuto de cidade.
de Lisboa à Ilha de S. Tomé Neste período a Ribeira Grande atingiu o seu
auge.

4.3 A Igreja META 21

A história de Cabo Verde está interligada


com a história da igreja católica no arqui-
pélago. Juntamente com os descobridores
navegadores vieram os religiosos. Estes ti-
nham função dar assistência aos cristãos e
de evangelizar aqueles que não eram cris-
tãos.
Estavam entre os primeiros habitantes das
ilhas. Para cuidar do espírito e da educação
da população. Nas ilhas construíram cape- Igreja de Nossa Senhora do Rosário, construída
las, igrejas, sé catedral, conventos e outros no final do século XV – Ribeira Grande (AHN)
edifícios religiosos.
A Igreja tinha ação na religião e na educa- figuração da sociedade cabo-verdiana.
ção. Além de evangelizar, ensinava as pri- A sociedade e a cultura cabo-verdiana têm a
meiras letras à população. Por isso, teve um marca, desde início, da igreja católica e dos
papel muito importante na formação e recon- valores cristãos.

86 Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde


O arquipélago de Cabo Verde nas rotas internacionais

4.3 A relação de proximidade entre as ilhas e a costa ocidental africana META 22

A história das ilhas de Cabo Verde


está interligada com a costa ociden-
tal de África, principalmente o país
que hoje se chama Guiné-Bissau.
O arquipélago de Cabo Verde, situa-
do a 450 km do cabo Verde, desde
o início da ocupação esteve ligado à
costa. Esta ligação veio refletir-se na
identidade e cultura cabo-verdianas.
A partir do século XV, as ilhas e a re-
gião da Guiné foram administrados
conjuntamente, por isso, havia tam-
bém ligações do ponto de vista eco-
nómico, social e cultural.
Ilhas de Cabo Verde, Costa e País dos Negros, 1700. Por exemplo, em 1466, foram conce-
didos aos moradores de Santiago um
conjunto de benefícios sobre a costa africana. Isto permitiu o fornecimento de grandes quan-
tidades de pessoas que povoaram as ilhas (marca, assim, o início de uma longa relação de
interdependência). A maior parte dos povoadores das ilhas vieram desta costa.
Também devemos lembrar que um dos objetivos da ocupação do arquipélago era base de apoio
ao comércio com a costa. Significa que as ilhas serviam de porta de entrada e de saída de pro-
dutos nesta região do continente africano.
Além da administração conjunta, havia uma relação de amizade e de solidariedade entre os ha-
bitantes da costa e das ilhas. Estas relações também que se estendiam aos negócios e a laços
de parentescos.
Estas relações marcaram profundamente a identidade e a cultura cabo-verdianas. Estes laços
culturais e históricos foram recuperados por Amílcar Cabral no século XX para a Luta de Liber-
tação Nacional.

No 6º ano vais estudar a Luta de Liberta-


ção Nacional e vais conhecer melhor Amíl-
car Cabral

Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde 87


Tema 2 O passado das ilhas de Cabo Verde

Prepara-te para a avaliação


EM SÍNTESE

As ilhas de Cabo Verde, quando descobertas, não tinham recursos naturais mas a sua localiza-
ção permitiu utilizá-las como ponto estratégico. Serviram de ponto de apoio à navegação e base
para o comércio com a costa.
No arquipélago, a Igreja desempenhou papel muito importante na formação da sociedade cabo-
-verdiana. Teve importante contribuição na catequização e na educação da população.
Um dos objetivos da ocupação das ilhas eram que estas serviissem de base ao comércio com
a costa ocidental africana. Desde então, as ilhas e a costa mantiveram-se uma relação de pro-
ximidade e de interdependência.
Os laços entre os habitantes das ilhas e habitantes da costa foram mantidos a nível económico
e familiar. Isso influenciou muito a cultura e a identidade dos cabo-verdianos.


Verifica o que aprendeste

1. As ilhas de Cabo Verde, quando descobertas não tinham recursos. Situavam-se longe de
Portugal, mas, mesmo assim, os portugueses ocuparam-nas. Porquê?

2. Assinala com X a opção correta.

A primeira ilha a ser povoada foi:

a. Maio porque tinha muito sal

b. Santiago porque era maior e tinha mais condições

c. Fogo porque tinha ponto mais alto para controlar os inimigos

3. Onde foi fixada a primeira povoação em Cabo Verde?

4. Ainda hoje encontramos igreja católica por todo o lado em Cabo Verde.

4.1. Qual é o seu significado?

88 Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde


O arquipélago de Cabo Verde nas rotas internacionais

4.2. Completa o texto: A igreja foi muito im-


portante nas ilhas porque: _______________
________________________.
i. ensinava os habitantes a ler e a escrever.
ii. produzia muita cana para o fabrico de aguar-
de.
iii. libertavam os negros africanos da escrava-
tura.
Figura 1. Uma igreja na ilha do Maio

5. Observa a Figura 2. Assinala com (V) as afirmações Verdadeiras e (F) as Falsas.


a) A grande parte dos povoadores das ilhas de Cabo
Verde vieram da costa ocidental de África.
b) As ilhas de Cabo Verde ficavam mais perto de
Portugal do que da costa ocidental de África.
c) Quando os portugueses chegaram às ilhas chama-
ram de Cabo Verde porque eram muito verdes.
6. Investiga quem foi Cristóvão Colombo.
7. Investiga quem foi Pedro Alvares Cabral.

Figura 2. Lázaro Luís, 1563.

Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde 89


Tema 2 O passado das ilhas de Cabo Verde

Subtema 5 O abandono e a decadência das ilhas

Vou aprender a…

Identificar os fatores gerais da decadência das


META 23
ilhas (ataques dos corsários, maus anos agríco-
las, secas, fomes e falta de mão-de-obra);
META 24 Compreender a decadência da Ribeira Grande;

90 Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde


O abandono e a decadência das ilhas

META 23
5.1 Fatores da decadência
A partir da 1560, a Ribeira Gran-
de e as ilhas de Cabo Verde, em
geral, entraram em decadência.
Os franceses e os ingleses co-
meçaram a fazer concorrência à
coroa portuguesas e aos mora-
dores de Santiago, no comércio
na Costa.
Eles levavam os produtos mais
baratos para a costa (inclusive
as mercadorias proibidas). Por
isso, os produtos das ilhas pas-
saram a ter menos saída.
A cidade de Ribeira Grande dei- Ruinas da Sé Catedral – Ribeira Grande (AHN)
xou de ser ponto de escala obri-
gatória. As rotas para as Américas deixaram de passar pelas ilhas. As escalas passaram a ser
feitas no Cacheu.
Além disso, a cidade era frequentemente atacada pelos corsários e piratas franceses e ingleses.
Que pilhavam e destruíam a cidade.
Podemos concluir que as ilhas de Cabo Verde entraram em decadência depois da 2ª metade do
século XVI.
- o comércio passa a ser feito diretamente na costa;
- os navios faziam pouca escala, por isso não havia
saída para os produtos produzidos nas ilhas;
- Cabo Verde deixa de ser considerado ponto estra-
tégico;
- havia poucos meios para defender as ilhas.

5.2 Decadência da Ribeira Grande META 24

A Ribeira Grande funcionava como placa giratória.


As produções da ilha de Santiago sustentavam os

Ataques à Ribeira Grande


1578-79 – Francis Drake (Cosário inglês)
1583 – Manuel Serradas (português) com os
franceses
Pelourinho degradado – Ribeira Gran-
1712 – Jacques Cassard (pirata francês)
de (AHN)

Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde 91


Tema 2 O passado das ilhas de Cabo Verde

Ruinas do Forte de São Felipe (Construída em 1593)

negócios que se faziam ali. Quase tudo que entrava e saía do arquipélago era através dos
portos da Ribeira Grande.

A partir de 1560 deixa a ter importância que tinha. Devido ao abandono e constantes ataques,
a cidade ficou em ruinas.

Os bispos passam a morar em


outras ilhas.
Em 1770 mudaram a capital
para a Vila da Praia.

Saber mais
A antiga cidade da Ribeira
Grande é hoje chamada de Ci-
dade Velha.
Foi a primeira capital de Cabo
Vou resolver
Verde e é considerada berço
da cabo-verdianidade. 1. Indica os principais ataques de piratas e corsários à
Ribeira Grande.
Em 2009 foi considera o Patri-
mónio Mundial da UNESCO. 2. Quando é que foi transferida a Capital da Ribeira
Grande para a Vila da Praia?

92 Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde


O abandono e a decadência das ilhas

Prepara-te para a avaliação


EM SÍNTESE

No século XVI as ilhas de Cabo Verde deixaram de ser o ponto de passagem obrigatória dos
navios que faziam comércio na costa africana.
O abandono das ilhas, falta de investimentos, falta de comércio, e os ataques de piratas e de
corsários levaram as ilhas e, principalmente, a cidade de Ribeira Grande às ruinas.


Verifica o que aprendeste

1. Sublinha a opção correta:


1.1. As ilhas de Cabo Verde entraram em decadência no século
a) XV b) XVI c) XVII d) XVIII

2. Enumera as principais causas da decadência da Ribeira Grande.

3. Relaciona a figura 1 com a decadência das ilhas.

Figura 1: Vestígios de Canhões que serviam para defender as ilhas


(ilha da Boa Vista)

4. Relaciona a decadência da Ribeira Grande com a decadência das ilhas em geral.

5. Faz uma investigação sobre um dos piratas ou corsários que atacaram a Ribeira Grande.

Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde 93


Tema 2 O passado das ilhas de Cabo Verde

Subtema 6 No tempo do Porto Grande

94 Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde


No tempo do Porto Grande

Vou aprender a…

Compreender a fundação e a importância do


META 25
Mindelo e do Porto Grande

? Sabias que …

N
asceu no Mindelo e é filho de pais italianos. Foi um poeta italo-
-cabo-verdiano.
Escreveu poemas em crioulo e em Português.

Temp’ d’Canequinha

Um vez Soncente era sabe,


Um vez Soncente era ote cosa,
Povo ca ta anda mod agora,
Na mei d’miseria,
Chei d’fome.
Ta imbarca,
Ta ba mbora,
Era vapor na baia,
Pa tud’es rua de morada
Era um data d’stranger
Era uma vida folgada,
Ta nada na d’nher. Sérgio Frusoni (1901-1975)

Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde 95


Tema 2 O passado das ilhas de Cabo Verde

6.1. A Fundação do Mindelo e a construção do Porto Grande META 25

Com a decadência da Ri-


beira Grande e as ilhas
abandonadas a partir do
século XVI, o arquipéla-
go de Cabo Verde só vai
reentrar para as rotas in-
ternacionais a partir da
2ª metade do século XIX,
com a instalação do depó-
sito de Carvão e Constru-
ção do Porto Grande no
Mindelo.
No século XIX os ingleses
já dominavam o Atlântico.
Com o desenvolvimento
do barco a vapor, precisa-
vam de um ponto estraté-
Porto Grande do Mindelo (Imagem do AHN)
gico para o abastecimento
dos referidos barcos com carvão.
É nesta circunstância que recuperaram a importância estratégica do arquipélago de Cabo Ver-
de, localizado a meio caminho entre a Europa, a América e a África.
Os ingleses instalaram um depósito de carvão no Porto Grande (Min-
delo) em 1838 - para o reabastecimento de muitos navios que atraves- Cabos telegráficos
submarinos - nós
savam o oceano Atlântico.
submarinos que
O Porto foi aberto à navegação em 1850. permitia comuni-
Em 1874, também trouxeram os cabos telegráficos submarinos a cida- cações a uma lon-
ga distância, por
de do Mindelo, ligando a América do Sul e à África do Sul.
exemplo entre dois
A instalação do depósito do carvão no Porto Grande e a abertura do continentes.
mesmo Porto fez da ilha de São Vicente, mais especificamente a cida-
de do Mindelo um importante centro do arquipélago.
A população aumentou muito e a vila do Mindelo foi elevada a cidade em 1879. Nesta altura
Mindelo já tinha:

- iluminação a petróleo
- um conjunto de edifícios (a igreja, a câmara municipal, o palacete do governo)
- um conjunto de edifícios junto ao cais de madeira
- um pequeno caminho-de-ferro.

96 Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde


No tempo do Porto Grande

- o comércio crescia (havia inúmeros bazares – espaço comercial)


- maior parte das ruas já eram calcetadas
- jardins e praças públicas
- várias escolas que melhorou educação e instrução.

Tudo isto transformou Mindelo num grande centro cultural de Cabo Verde.
A partir de 1910, o desenvolvimento do Mindelo começava a abrandar e os ingleses começaram
a interessar-se pelas Canárias e por Dacar.
O Porto Grande entra em decadência, provocando fome e revolta.

Porto Grande e Monte Cara, Mindelo, 1900

Saber mais

Houve várias tentativas do povoamento da ilha de São Vicente, desde o século XVII. Mas só come-
ço a resultar a partir de 1819 com o envio de 56 famílias da ilha de S. Antão.
A 1ª povoação do Mindelo foi baptizada de Povoação Leopoldina, em homenagem à D. Leopol-
dina, arquiduquesa de Áustria, mulher do príncipe D. Pedro II do Brasil e que seria mãe da futura
rainha de Maria II Portugal.

Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde 97


Tema 2 O passado das ilhas de Cabo Verde

Prepara-te para a avaliação


EM SÍNTESE

Na 2ª metade do século XIX, Cabo Verde entrou de novo nas rotas internacionais.
Os ingleses instalaram um depósito de abastecimento do carvão no Porto Grande, o que contri-
buiu muito para o desenvolvimento de Cabo Verde em geral.
O porto foi aberto em 1850, mas entrou em decadência a partir de 1910.


Verifica o que aprendeste

1. Em que século foi povoada a ilha de S. Vicente?


2. Quando é que o arquipélago de Cabo Verde reentrou nas
rotas internacionais?
3. O que fez Cabo Verde reentrar nessas rostas?
4. Observa a figura 1.
4.1. Indica as rotas dos navios que se abasteciam no Por-
to Grande.
5. Completa a seguinte frase:
5.1. Mindelo foi elevado à categoria de cidade em _______.
6. Sublinha apenas as opções corretas.
Figura 1: Mapa sobre o reabas-
A cidade do Mindelo em 1879 tinha: tecimento do carvão no Porto
Grande.
a) grande campo para o cultivo de algodão;
b) iluminação a petróleo;
c) poucos edifícios;
d) um grande porto;
e) fraco comércio porque os navios não paravam nas ilhas;
f) várias escolas que melhorou educação e instrução;
g) maior parte das ruas já eram calcetadas;
h) extraiam muito sal para vender aos navios entrangeiros;

98 Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde


Conflitos e revoltas populares nas ilhas

Subtema 7 Conflitos e revoltas populares nas ilhas

Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde 99


Tema 2 O passado das ilhas de Cabo Verde

Vou aprender a…

Identificar os principais conflitos ou revoltas


META 26
ocorridos em Cabo Verde (Revolta de Ribeira
Grande (1811), Revolta dos Engenhos (1822),
Tentativa de Revolta de escravos na vila da
Praia, Revolta de Achada Falcão (1840), Revol-
ta da Casa Martins (1848), Revolta de Ribeirão
Manuel (1910), Revoltas em S. Vicente (1934)

? Sabias que …

O
rlando Monteiro Barreto (Orlando Pantera)
Nasceu em São Lourenço dos Órgãos (ilha de Santiago) em 1967
e faleceu na Praia em 2001.
Foi um importante músico e compositor cabo-verdiano.

Raboita Di Rubon Manel

Na 1910 mosinhus
Raboita di Rubon Manel
Djes leba nhos mudjei, djes prendi nha
guenti
Pamo kel um dôs gran di purga
Eh eh eh forti duedo na mundo
Eh forti passa mal tamanhu
Refrão
Xila di Pala ka meresi ba kadia
Nhanha Bombolom ka mereci ba kadia
Maridus tudo dizorientadu
Pamo mudjeres sta fitchadu
Refrão
Orlando Pantera (1967-2001)
Djes perdi tinu es ca sabi undi es ta bai
Nhanha Bombolom mixa bragero na boca
Soldado tranka pe na pedra da totis na tchon
Nha guenti djes kori es bai ses kaminhu
Refrão
Djes manda tchoma Padri Duarte
Kela go nada ver ca tem
Djes fazi diskursu bunitu
Ma li na tchon ki nu sta
Compositor: Orlando Pantera

100 Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde


Conflitos e revoltas populares nas ilhas

Conflitos e revoltas populares nas ilhas META 26

A história de Cabo Verde foi desde o início marcada pela desigualdade. Por isso, desde
muito cedo surgiram confrontos, conflitos e revoltas. A população frequentemente mostrava
o seu descontentamento.

Confrontos e revoltas em Cabo Verde aconteceram com mais frequência a partir do século
XIX.

São várias as causas das revoltas e conflitos:


As ilhas estavam abandonadas, a economia, comércio e financeira estava cada vez mais
degradada.

- as melhores terras estavam nas mãos de algumas pessoas;


- os senhores maltratavam os seus escravos;
- os senhores abusavam dos seus rendeiros;
- o governo não conseguia controlar a população;
- os escravos queriam a liberdade;

7.1 Revolta de Ribeira Grande em 1811

No dia 28 de Dezembro de 1811, a população de Ribeira Grande e arredores levantaram-se


contra o governador D. António Coutinho de Lencastre. Cerca de 3000 habitantes organizaram,
um grupo a cavalo, marcharam em direção à vila da Praia para reclamar os altos impostos ta-
xados pelo governador.

7.2 Revolta dos Engenhos no interior de Santiago em 1822

Em janeiro de 1822, os camponeses rendeiros da Ribeira dos Engenhos, em Santa Catarina, no


interior de Santiago, revoltaram-se contra o Coronel Domingos Ramos, por este se ter queixado
à junta do governo, alegando que os rendeiros não queriam pagar as rendas e que o queriam
assassinar.
Os rendeiros defenderam-se, dizendo que o coronel abusava deles e que tinha ido cobrar a
renda com grande autoritarismo. Por isso, tinham negado pagar as rendas.

7.3 Tentativa de Revolta de escravos na vila da Praia em 1835

No dia 6 de Dezembro de 1835, à noite, escravos de toda a ilha de Santiago, uns armados e
outros a cavalo, prepararam um ataque à vila da Praia. No entanto, foram descobertos devido a
uma denúncia. Mais tarde, os cabecilhas da revolta, os escravos Gervásio, Narciso e Domingos,
foram fuzilados.

Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde 101


Tema 2 O passado das ilhas de Cabo Verde

7.4 Revolta de Achada Falcão, no interior de Santiago, em 1840

Em 1840, dizia-se, na ilha de Santiago, que em Portugal tinha saído


uma lei que assegurava que, a partir daquele período, a terra pertencia Morgado – família
a quem a trabalhava. que tinha grandes
Por isso, em janeiro de 1841, no interior de Santiago, na localidade de quantidades de ter-
Achada Falcão, cerca de 300 rendeiros, reuniram junto à casa do pro- ras e que as arren-
dava as pessoas
prietário, Nicolau Reis Borges, armados de facas e manducos, dizendo
para as explorarem.
que não pagariam rendas ao senhor, porque as terras já eram deles.

7.5 Revolta da Casa Martins na ilha do Sal em 1847

No dia 12 de maio de 1847, escravos e jornaleiros da viúva de Manuel António Martins, assal-
taram o quartel militar com armas de fogo e depuseram o comandante
militar Groumicho Couceiro. Nomearam em seu lugar um trabalhador Jornaleiros – traba-
da Casa Martins, chamado Teófilo Lima. Os revoltosos diziam que eram lhador que recebe
maltratados e violentados diariamente pelo comandante deposto. por dia de trabalho.

Manuel António Martins


Nasceu em Braga em 1772, chegou ao arquipélago de Cabo Verde por volta de 1792/1794. Fixou-
-se na ilha de Boavista. Foi um grande exportador de urzela. Foi encarregado de povoar a ilha do
Sal. Foi nomeado Prefeito da Província de Cabo Verde, em 1833. Viveu nas ilhas de Cabo Verde
cerca de 40 anos.

7.6 Revolta de Ribeirão Manuel, no interior de Santiago, (1910)

Em novembro de 1910,
no interior de Santiago,
na localidade de Ribeirão
Manuel, os camponeses
revoltaram-se.
As tropas prenderam algu-
mas mulheres que apanha-
vam purgueiras na proprie-
dade dos morgados. Foram
levadas para a cadeia de
Cruz Grande.
Homens e mulheres da lo-
calidade armaram-se de
Selos sobre as revoltas populares (AHN)

102 Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde


Conflitos e revoltas populares nas ilhas

machins, machados e pedras e deci-


diram ir libertar as mulheres presas.
Raboita Di Rubon Manel Djes perdi tinu es ca sabi undi
Ao chegar à prisão de Cruz Grande
es ta bai
os guardas ficaram com medo e abri- Na 1910 mosinhus Nhanha Bombolom mixa brage-
ram a porta, libertando as mulheres. Raboita di Rubon Manel ro na boca
Em seguida, marcharam a dançar e Djes leba nhos mudjei, djes Soldado tranka pe na pedra da
a cantar para Ribeirão Manuel. prendi nha guenti totis na tchon
À noite, assaltaram os armazéns Pamo kel um dôs gran di Nha guenti djes kori es bai ses
de purgueira dos morgados Reis purga kaminhu
Borges. Eh eh eh forti duedo na mundo Refrão
Eh forti passa mal tamanhu Djes manda tchoma Padri
Na madrugada, seguinte os solda- Refrão Duarte
dos atacam a localidade e houve Xila di Pala ka meresi ba kadia Kela go nada ver ca tem
um confronto com a população. A Nhanha Bombolom ka mereci Djes fazi diskursu bunitu
tropa foi obrigada a fugir. ba kadia Ma li na tchon ki nu sta
O morgado Aníbal dos Reis Borges Maridus tudo dizorientadu
pediu reforços da Praia, que chega- Pamo mudjeres sta fitchadu
Refrão Compositor: Orlando Pantera
ram no dia 17, mas não houve mais
confrontos.

7.7 Revoltas em S. Vicente

Em 1929, trabalhadores/as do Porto Grande,


estudantes e professores/as manifestaram a
favor do emprego e da melhoria de condições
do trabalho.
No dia 7 de junho de 1934, grupos de pes-
soas, liderados pelo Nhô Ambrósio, manifes-
taram-se, com uma bandeira preta contra a
fome, o desemprego e a miséria. Esta revolta
ficou conhecida como a “revolução de Capitão
Ambrósio”. Os manifestantes invadiram a al-
fândega, armazéns e lojas de alimentos.
Nhô Ambrose foi preso e deportado para a Antiga Alfândega do Mindelo (AHN)

Angola. Outros presos foram enviados para as


outras ilhas.

Nhô Ambrose
(Ambrósio Lopes)
Nasceu em Santo Antão em 1978 e morreu a
25 de Outubro de 1946, em S. Vicente. Era car-
pinteiro de profissão.

Selos sobre as revoltas populares (AHN)

Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde 103


Tema 2 O passado das ilhas de Cabo Verde

Capitão Ambrósio
1 2

Bandeira Mãos erguidas


Negra bandeira Em força, duras, erguidas
Bandeira negra da fome. Pés marcando a revolta
Em mãos famintas erguidas O povo marcha na rua.
Guiando os passos guiando
Nos olhos livres voando Vai na frente o Ambrósio
Voando livre e luzindo Mulato Ambrósio guiando
Inquieta e livre luzindo Leva nas mãos a bandeira.
Luzindo a negra bandeira Pesada e fria é a noite
Clara bandeira da fome. Injusta e amarga é a fome
Mas vai na frente o Ambrósio

3 5

Foi um minuto. Veio o vento e passou.


Mulato ambrósio foi preso Capitão Ambrósio chegou!
Julgado e preso o Ambrósio Chegou o Ambrósio chegou!
Preso para longe o Ambrósio
Mandado para longe o Ambrósio.
Longe do povo o Ambrósio.
Mas a banceira ficou.
Morreu e foi enterrado Gabriel Mariano, Ladeira Grande.
Mas a bandeira ficou Antologia Poética, 1993.

104 Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde


Conflitos e revoltas populares nas ilhas

Prepara-te para a avaliação


EM SÍNTESE

Nos séculos XIX e XX ocorreram nas ilhas várias manifestações contra os abusos, injúrias e
outras formas de opressão.
Em 1811 a população da Ribeira Grande revoltou-se contra os altos impostos.
Os habitantes da Ribeira dos Engenhos, no interior de Santiago, revoltaram-se contra as ren-
das, em 1822.
Na vila da Praia, em 1835, escravos planearam uma revolta. Mas foram descobertos antes do
ataque.
20 anos depois da Revolta dos Engenhos, os rendeiros de Achada Falcão, revoltaram contra as
rendas.
Por volta da 1847, escravos e jonaleiros da Casa Martins revoltaram-se na ilha do Sal.
Em 1910, uma nova Revolta no interior de Santiago, conhecida com a Revolta de Ribeirão Ma-
nuel.
Várias manifestações se fizeram na ilha de S. Vicente. Mas em 1934 foi a mais alargada. Esta
revolta foi liderada por Nhô Ambrose.


Verifica o que aprendeste

1. Identifica as principais revoltas que estudaste.


2. Quais os motivos estavam na origem das revoltas em Cabo Verde.
3. Para além das revoltas que estudaste, aconteceram outras revoltas importantes no arquipé-
lago.

3.1. Localiza no tempo e no espaço a re-


volta retratada na Figura 1.
4. Investiga mais sobre uma das revoltas que
aconteceu na tua ilha ou na ilha mais pró-
xima.

Figura 1. Selo sobre as revoltas popu-


lares em Cabo Verde

Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde 105


Tema 2 O passado das ilhas de Cabo Verde

Subtema 8 Fim da sociedade escravocrata

Vou aprender a…

Compreender as transformações sociais, cultu-


META 27 rais e económicas da 2ª metade do século XIX
(Abolição da escravatura, Novas instituições
sociais e culturais)
META 28 Identificar o surgimento de uma elite cabo-ver-
diana no final do século XIX

106 Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde


Fim da sociedade escravocrata

8.1 O fim da escravatura META 27

Desde muito cedo houve muitas pessoas a


levantarem-se contra a escravatura e o tráfico
de escravos. Mas até chegar o fim do tráfico e
da escravatura foi um longo caminho. Pois, as
pessoas a favor estavam em maior número e
eram mais poderosas.
A sociedade cabo-verdiana foi criada basea-
da no sistema escravocrata. A economia ca-
bo-verdiana foi desenvolvida à base de mãos
de obra escrava.
Ao longo do século XVIII sugiu um conjunto de
transformações um pouco por todo o mundo,
que levaram ao fim do sistema escravocra-
ta. O processo foi lento e desenvolveu-se em
diferentes fases.
Em Cabo Verde, a grande quebra na agri-
cultura, devido à escassez de chuva, os se-
nhores ficaram sem o que fazer com grandes
quantidades de escravos. Sem trabalho para Símbolo contra escravatura e
fazer, os escravos gastavam mais do que o tráfico de escravo
lucro que davam aos seus senhores.
Por isso, viram-se obrigados a libertar os escravos.
A lei que ordena o fim da escravatura em Cabo Verde só chegou em 1869.

Vou resolver

1. Qual é a data que


marca o fim da es-
cravatura em Cabo
Verde?
2. Quais foram os
fatores em Cabo
Verde que contri-
buíram para o fim
de uma sociedade
escravocrata?

Tráfico de Escravos negros africanos

Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde 107


Tema 2 O passado das ilhas de Cabo Verde

8.2 As transformações sociais, culturais e económicas da 2ª metade do sé-


culo XIX em Cabo Verde

Novas instituições sociais e culturais

Também na última metade do século XIX


surgiram um conjunto de instituições que
muito contribuíram para o desenvolvimento
da sociedade e da cultura de Cabo Verde.
- Imprensa Nacional – 1842
- Seminário-Liceu de S. Nicolau em 1866
(e outras escolas)
- Biblioteca e Museu Nacional – 1871
- Aparecimento de revistas e jornais: In-
dependência (1877); O Correio de Cabo
Verde (1879); Eco de Cabo Verde (1880);
A Justiça (1881); Revista de Cabo Verde
(1899); etc.
Seminário Liceu de S. Nicolau (AHN)

Estas instituições contribuíram para uma maior formação e informação dos cabo-verdianos.

A nível socio-económico
Morgado – família
Aumentou a Emigração dos cabo-verdianos para os Estados Unidos que tinha grandes
de América. quantidades de ter-
A fuga e a libertação de escravos aumentaram a pobreza, porque não ras e arrendava às
tinham terras nem ou outros meios de sobrevivência. pessoas para ex-
plorar.
Por isso, muitos buscaram a emigração como forma de fuga à fome e
à morte, principalmente nos anos de seca.

108 Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde


Fim da sociedade escravocrata

Um dos primeiros lugares de


destino da emigração dos cabo-
-verdianos foram Estados Unidos
de América. Desde os finais do
século XVIII, os cabo-verdianos
começaram a trabalhar nos na-
vios que vinham para a pesca da
baleia. Começam a instalar-se
comunidades de pescadores nas
margens do Atlântico, em Rhode
Island (parte dos actuais EUA).
A emigração permitia uma melhor
qualidade de vida.
Pesca da Baleia

8.2.2 O surgimento de uma elite cabo-verdiana no final do século XIX META 28

O fim da escravatura, as novas instituições e a emigração contribuíram


para o maior poder (cultural, social e económico) dos cabo-verdianos Elite: uma minoria
que aos poucos tornaram-se os principais representantes da terra. que detém o pres-
Começaram a aparecer grupos de cabo-verdianos (elite cabo-verdia- tígio sobre o grupo
na), que começam a pensar na melhoria da realidade dos próprios dos social; mais valori-
zado e de melhor
cabo-verdianos e de Cabo Verde.
qualidade;
A situação não era boa, por isso contestaram e reivindicaram a favor
dos interesses da terra e dos cabo-verdianos.
Estes protestos e reivindicações eram feitos principalmente através da
escrita de situações do dia a dia, que eram publicadas nas revistas e nos jornais.
É neste contexto que destacaram homens como: Eugénio Tavares, José Lopes da Silva, Luís
Loff de Vasconcelos, Januário Leite, Pedro Cardoso.

Nome Nascido Local Profissão Morte


Eugénio de Paula Tavares 1867 Ilha Brava Jornalista e escritor 1930
José Lopes da Silva 1872 S. Nicolau Professor e escritor 1962
Luís Loff de Vasconcelos 1861 Maio Jornalista e escritor 1923
António Januário Leite 1865 Santo Antão Professor e escritor 1930
Pedro Monteiro Cardoso 1890 Fogo Professor, jornalista e 1942
escritor

Quadro

Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde 109


Tema 2 O passado das ilhas de Cabo Verde

Força de Cretcheu Cretcheu más sabi, ê quêl qui’m crê


Ah s`m pêrdel mort dja bem.
Ca tem nada ness bida más grande qui amor Óh força di cretcheu abrim nha asa em flôr
Si deus catem midida, amor ainda ê maior Dixam alcançá céu
Amor ainda ê maior, maior qui mar qui céu Pám ba odjá noss senhor
Ma d`entre otros cretcheu, di meu ainda ê Pam ba pidil simente d`amor
maior. Sima ess di meu, pam bem dá tudo djenti
Cretcheu más sabi, ê quêl quê di meu Pa tudo bem conchê céu.
Eugénio Tavares Ele ê quê tchábi qui t`abrim nha céu Eugénio Tavares

Tributo Final Mesmo na dor o coração imerso!...


Eu te saúdo! Teu obscuro filho,
Se não te posso dar, do génio o brilho,
“Ilhas de Cabo-Verde ! — No meu verso
Contudo a um grande amor podes sor-
Eu quisera elevar-vos tanto, tanto,
rir!
Que transmitir pudesse no meu canto
Vossos nomes a todo o Universo!...
Recebe o coração do teu poeta.
Possa na morte, em lágrima discreta,
Terra da minha pátria! onde disperso
Levar n’alma a visão do teu porvir!...
José Lopes Fica o meu ser, em átomos de pranto,
Amor e sofrimento!... Meu encanto, José Lopes, Jardim das Hespérides

Saudade Que resta a [à] alma, pela dor ven-


cida,
Nas trevas desta noite de procela?
(À memória de minha estremecida
mãe)
Apenas mil lembranças! e, suspenso,
O éco da sua voz e a soledade!...
Alma mais simples do que a flor sin-
Ó mãe, se numa balança, tal qual
gela,
penso,
E coração de rola a mais sentida,
A minha santa mãe inesquecida
Existe no teu mundo, a eternidade,
Era o ideal das mãis: tal era ela.
Januário Leite Mãe, põe dum lado o teu amor imen-
so,
Não mais verei a luz da minha es-
E doutro lado põe: a minha saudade!
trela
No céu caliginoso desta vida! Januário Leite

110 Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde


Fim da sociedade escravocrata

Pedro Cardoso Luís Loff

Coitado quem dixâ sê terra “Venda das colónias”

Coitado quem dixâ sê terra, “Feridos profundamente no nosso duplo patriotismo, de portu-
Sêl dixã nél sê coraçom; guês e de africano, não podemos deixar de patentear o nosso
Êl embarca pa terra longe desgosto, o nosso pesar, ante essa ideia, que, embora perfilha-
Sim sabê si al birâ, ó nam! da por um distinto parlamentar, reputamos fundamentalmente
afrontosa para o brio nacional e humilhante para os naturais
das colónias. […] Temos inúmeras razões, como filho de uma
Coitado quem p`es mar de Cristo das colónias portuguesas, para graves ressentimentos contra a
Cubiça têm chumá-l, lebá, mãe pátria, pela sua descuidada tutela e desleixada adminis-
Pôs canto bês tem conticedo tração colonial, que não tem permitido o largo desenvolvimen-
Mute que bai ca boltâ má! to moral e material que a nossa terra, o nosso querido Cabo
Verde, poderia ter. […]
Queremos, pois, ser portugueses como os portugueses, quere-
Coitado quem nim ta drumi
mos as mesmas regalias, os mesmos respeitos, as mesmas aten-
Sê coraçam ta descançâ: ções governativas. Porém, o que não queremos é ser vendidos.
Pa punde êl bai voz de sodade […]
Na obido ´sta-l`sá ta chorá!

Luís Loff de Vasconcelos,


Coitado quem na terra estranho,
A Perdição da Pátria (extratos da obra).
Sim má, sim pá, sim jaraçôm,
Si êl dijijâ bem pa sê terra
Ca achâ ninguêm pa dá`l de môm!
Vou resolver
Pedro Cardoso, 1. Que tipo de transformações surgiram em Cabo Ver-
Folclore caboverdiano, 1933 de no final do século XIX?
2. Identifica as instituições sociais e culturais que trans-
formaram a sociedade cabo-verdiana na 2ª metade
do século XIX.
3. Indica o nome dos primeiros intelectuais cabo-ver-
dianos.

Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde 111


Tema 2 O passado das ilhas de Cabo Verde

Prepara-te para a avaliação


EM SÍNTESE

A partir da 2ª metade do século XIX ocorreram várias transformações a nível social, económico,
intelectual, cultural, etc. que mudou os cabo-verdianos e as próprias ilhas: pôs-se o fim à escra-
vatura e ao tráfico de escravos, criaram escolas, revistas e jornais.
A nível económico, ocorreu um grande processo migratório, principalmente para os EUA.
Com as transformações surgiu um conjunto de homens que passou a defender o interesse das
ilhas e dos cabo-verdianos.


Verifica o que aprendeste

1. Qual era o significado do fim da escravatura para Cabo Verde?


2. Com ajuda do teu professor, faz uma investigação sobre a importância do Seminário Liceu
em Cabo Verde.
3. Assinala a opção correta:
3.1. Os jornais e revistas criados na ilhas defendiam o interesse dos:
a) portugueses
b) cabo-verdianos c) africanos
4. Completa o quadro seguinte quadro:

Nome ilha onde nasceu


Eugénio Tavares
Maio
José Lopes da Silva
Fogo
António Januário Leite

5. Investiga mais sobre um intelectual da tua ilha ou da mais próxima.


6. Indica as contribuições dos intelectuais para Cabo Verde e cabo-verdiano.

112 Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde


História e Geografia de Cabo Verde

E, no próximo ano…

O Passado das ilhas de Cabo Verde

• A cultura cabo-verdiana/quadro cultural das


ilhas

• Descolonização de Cabo Verde

• A formação do Estado Cabo-verdiano

Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde 113


História e Geografia de Cabo Verde

Cabo Verde Hoje

• A população cabo-verdiana no Século


XXI

• O lugar onde vives

• As atividades económicas

• O mundo mais perto de nós

114 Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde


FONTES E BIBLIOGRAFIA

7. Procura mais textos sobre estes intelectuais.

FONTES E BIBLIOGRAFIA

Nota Sobre as imagens: Todas as imagens utilizadas no manual foram autorizadas pelos proprietários e ou
produzidos pelos autores e parceiros.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
AMARAL, I., Santiago de Cabo Verde: A Terra e os Homens. Lisboa, Junta de Investigação do Ultramar, 1964.
Atlas Básico de Geografia Física, Didática Editora, Lisboa, 2003
Atlas Terra – 3 dimensões, Porto Editora, Porto, 2000
BRITO, A. SEMEDO, J. M., Nossa Terra Nossa Gente: Introdução à Geografia de Cabo Verde., Praia, Projeto PFIE,
1995.
BRITO-SEMEDO, M., A constru ção da identidade nacional: análise da imprensa entre 1877 e 1975, Praia, Instituto da
Biblioteca Nacional e do Livro, 2006.
CARITA, R., Curso de História e Cultura de Cabo Verde, CD-ROM, Universidade da Madeira e IAC-Instituto
Açoriano de Cultura, 2008.
CARREIRA, A., Cabo Verde. Formação e extinção de uma sociedade escravocrata, 1460-1878, 3ª ed, Praia, Instituto de
Promoção Cultural, [1972], 2000.
Dicionário temático da lusofonia, dir. e coord. Fernando Cristóvão [et al.], 2ª ed., Lisboa [etc.], ACLUS - Associação
de Cultura Lusófona, Texto Editores, 2007.
FERREIRA, M., A aventura crioula, 3ª ed., Lisboa, Plátano, D.L., 1985.
História Geral de Cabo Verde, 3 Vols., vol. I, coordenação de Luís de Albuquerque e de Maria Emília Madeira
Santos, vols II e III, Maria Emília Madeira Santos, Lisboa-Praia, Centro de Estudos de História e Cartografia
Antiga, Instituto de Investigação Científica Tropical, Direcção Geral do Património Cultural, Instituto Nacio-
nal de Investigação Cultural, 1991-2002.
OLIVEIRA, J. N. de, A imprensa cabo-verdiana 1820-1975, Macau, Fundação Macau, Direcção dos Serviços de
Educação e Juventude, 1998.
PEREIRA, D. A., Estudos da história de Cabo Verde, 2ª ed. rev. e aum., Praia, Alfa – Comunicações, 2005.
Portugal no Mundo, vols. I e II, Dir. de Luís de Albuquerque, Lisboa, Alfa, 1989.
RIBEIRO, O., A Ilha do Fogo e as Suas Erupções, Lisboa, Junta de Investigação do Ultramar, 1960.

Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde 115


História e Geografia de Cabo Verde

SANTOS, D., A imagem do cabo-verdiano nos textos portugueses (1784-1844), Livraria Pedro Cardoso, Praia, 2017.
SEMEDO, J.M., Introdução a Geografia de Cabo Verde: O Território, o Ambiente e a Sociedade, Praia: Universidade de
Cabo Verde, 2008.
SILVA, A. L. C. , Histórias de um Sahel insular, 2ª ed., Praia, Spleen, 1996.
VARELA, E., Representações de cabo verde e dos cabo-verdianos, 1890-1910, Lisboa, 2010. (Tese de mestrado, apre-
sentação a Faculdade de Letras Universidade de Lisboa).

Fotografias
stock.adobe.
p. Terra vista do espaço; globo terrestre; planisfério
p. fotografia área da cidade da Praia
p. imagem satélite da ilha do Fogo
p. praia de Santa Maria e escarpa na ilha de Santo Antão
p. medição dos elementos do clima
p. vegetação da ilha de São Tomé e da ilha de São Nicolau
p. vegetação da ilha de Santo Antão
p. aspetos da paisagem/vegetação

Vários
p. imagem de satélite, porto da cidade da Praia, NASA
p. Terra dividida pelo equador e eixo, Areal Editores
p. relevo, Banco e imagem da INTEF
p. Altitude, Infopédia, Porto Editora
p. Ribeiras e construção, Aseamana online
p. climas do continente africano, adaptado de José Carlos Rabello
p. e p. distribuição da precipitação em Cabo Verde, adaptado de Carlos Albertino Santos

p. mapa hipsométrico de São Nicolau, Belmira Antónia Goth


p. doenças tropicais – paludismo, Instituto Nacional de Saúde Pública

116 Caderno Experimental de História e Geografia de Cabo Verde

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