Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Enquadramento da situação:
António assumiu a função de Director financeiro e membro do Conselho de
Administração de uma PME familiar e bem sucedida. Era o primeiro membro fora da
família a assumir aquela posição e ser incluído no Conselho de Administração. Mal
assumiu funções a empresa decidiu pela primeira vez proceder a um downsizing no
sentido de responder às mudanças rápidas a ocorrer no sector. A empresa tem decidido
os lay-offs com base na pontuação atribuída na avaliação de desempenho anual dos
colaboradores. Cada director de departamento deveria enviar a lista da média atribuída a
cada colaborador nas três últimas avaliações. O António e o conselho de administração
teriam que traçar uma linha, e os que se posicionassem abaixo dessa linha seriam
despedidos. Quando recebeu as avaliações de desempenho dos departamentos verificou
que três departamentos onde a classificação deveria vir atribuída não tinham qualquer
classificação. A justificação para os colaboradores não terem qualquer avaliação foi
estes estarem na organização desde a sua fundação e quando foi implementado o
processo de avaliação de desempenho não seriam avaliados e continuariam a receber
avaliações informais tal como sempre tinham recebido.
Quando questionou o CEO sobre esta situação este justificou-se que não tinha
avaliado esses colaboradores, mas que estava na altura desses se reformarem porque já
não tinham os mesmos desempenhos.
O Downsizing
O downsizing pode ser definido como um conjunto de actividades levadas a
cabo pela gestão de uma organização, tendo como objectivo melhorar a eficiência
organizacional, a produtividade e/ou a competitividade. Envolve reduções de pessoal,
embora não se circunscreva a esse aspecto. Em síntese, é um processo de
“emagrecimento” que visa actuar sobre a proporção de empregados relativamente ao
trabalho a executar na empresa.
Entre os benefícios esperados do downsizing, identificam-se a redução de
custos, o decréscimo dos obstáculos burocráticos, a maior celeridade do processo
decisório, a melhoria da eficiência comunicacional, o maior vigor do comportamento
intra-empreendedor e do espírito inovador, a eliminação de tarefas desnecessárias, os
desempenho, quer indirectamente através das suas relações com a selecção, formação,
desenvolvimento profissional, promoção e remuneração dos colaboradores da
organização” (Caetano, 1996). A AD nas organizações, quando implementada, pretende
alcançar um conjunto de objectivos estratégicos e administrativos. Em termos
estratégicos a avaliação de desempenho serve para incitar, encorajar, recompensar e
motivar os colaboradores. Trata-se de um instrumento de gestão que pode ser usado
para manter o desempenho individual, da unidade ou da organização. Em termos
administrativos a AD representa um conjunto de resultados que serão usados para
determinar uma variedade de decisões de recursos humanos, como a compensação,
promoções, formação e desenvolvimento do colaborador.
Dada a utilidade da AD como uma ferramenta de gestão nas organizações, é
essencial que esta seja eficaz. Uma aspecto chave que importa ter em consideração para
que o sistema de AD seja mais eficaz é compreender o “porquê” do sistema de
avaliação. É fundamental que avaliadores e avaliados entendam qual o valor acrescido
da AD . É, por isso, importante que o avaliador não veja a avaliação como um aspecto
meramente burocrático, mas antes como um processo que contribui para a motivação
dos seus colaboradores.
No início do ciclo da avaliação, os avaliadores deverão definir com os avaliados
quais os deveres e obrigações da função, os objectivos a alcançar, quais os
comportamentos e resultados esperados, assim como, as recompensas a atribuir. Os
comportamentos e as actividades críticas para o desempenho deverão ser discutidos
antes do início do ciclo de avaliação. Quando existe um planeamento eficaz do
desempenho aumenta a credibilidade do sistema de desempenho e os colaboradores
ficam motivados para desempenharem as tarefas e terem os comportamentos desejados
pela organização. A ausência de um planeamento eficaz retira a vantagem de se utilizar
uma ferramenta importante para aumentar o desempenho e diminui a satisfação das
chefias e colaboradores com os processos da avaliação e os seus resultados.
O desenvolvimento de modelos e procedimentos que sejam compreendidos por
todos os trabalhadores contribui igualmente para que o sistema de AD tenha qualidade.
Os modelos de avaliação deverão ser simples e fáceis de interpretar.
Para que um sistema de AD tenha sucesso, é necessário formar avaliadores e
avaliados. A formação das chefias deverá focar-se em ajudar os avaliadores a
desenvolver as competências específicas de avaliação e a confiança na habilidade para
Susana Marlene Rodrigues Magalhães, nº PG 17562
Mestrado em Sociologia – Organizações e Trabalho 1º Semestre
Organizações e Avaliação de Desempenho 2010/2011
merecidas aos seus subordinados devido a problemas que possam advir da utilização
dessa táctica. No entanto, dão avaliações mais baixas quando: pretendem incentivar um
subordinado a aumentar o seu nível de desempenho; querem punir um subordinado
difícil ou rebelde; pretendem encorajar um subordinado problemático a sair da
organização; ou quando procuram criar um registo que justifique um despedimento
planeado.
A inflação ou deflação das avaliações do desempenho têm um impacto directo e
negativo a vários níveis dentro da organização, como, por exemplo: a desmotivação dos
colaboradores, o desperdício de tempo e recursos, a deterioração da relação entre a
chefia e os seus subordinados, impede o desenvolvimento e crescimento profissional
dos colaboradores e, em última análise, pode até contribuir para diminuir o
desempenho.
Sinopse
A avaliação de desempenho é um processo pelo qual uma organização mede a
eficiência e eficácia dos seus colaboradores. No geral, o processo serve como uma
ferramenta de auditoria e controlo da contribuição para os objectivos e/ou resultados dos
participantes organizacionais. No entanto, na prática, este processo é muito difícil de
por a funcionar por várias razões. Uma dessas razões são as questões éticas e
emocionais, o processo de avaliação de desempenho pode ter profundas implicações no
futuro das pessoas. Nesta situação a empresa não aplicou a avaliação de desempenho a
todos os seus colaboradores. Os colaboradores mais antigos continuaram a receber
avaliações informais sem serem submetidos ao processo de AD. Esta opção, feita por
parte do CEO pode justificar-se por estes estarem na empresa desde a sua fundação, e
quando o processo de AD foi implementado os colaboradores mais antigos já não
tinham os mesmos desempenhos. O CEO teve um comportamento de protecção para
com eles, porque eles contribuíram para o crescimento da empresa. Agora com as
rápidas mudanças no sector da empresa, esta sentiu necessidade de desencadear um
processo de downsizing para se tornar mais flexível e adaptar-se às mudanças. Mas na
minha opinião este processo não deveria ser desencadeado sem uma nova avaliação de
desempenho de todos os colaboradores, para não haver despedimentos injustos.
António encontra-se num dilema. Como é que vai fazer para satisfazer os
interesses do CEO e os interesses dos colaboradores mais antigos. Ou faz o que o CEO
lhe sugeriu, que é reformar os colaboradores mais antigos, que segundo este já não são
produtivos, ou então terá de encontrar uma alternativa para não prejudicar nenhum dos
colaboradores.
A AD deve ser entendida como um processo vantajoso para a empresa e não
como mais um processo burocrático que se faz porque se tem de fazer. A abrangência
de um sistema de AD deve ser total. Todos sem excepção devem ser avaliados. É
importante que a avaliação de desempenho seja vista por todos os colaboradores, como
mais uma das tarefas de que é composta a sua função. A empresa, conhecendo melhor
os seus colaboradores poderá conseguir uma maior produtividade.
Bibliografia: