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História da toxicologia

A História da Toxicologia se confunde com a História da própria Humanidade.


Desde a antiga história do Egito achamos alguns relatos interessantes e um
deles se referia a Hórus.Hórus (ou Heru-sa-Aset ou Her'ur ou Hrw ou Hr ou
Hor-Hekenu) era o deus egípcio do céu, filho de Osíris e Ísis. Tinha cabeça de
falcão e seus olhos representavam o sol e a lua. Matou Set e tornou-se o rei
dos vivos no Egito e perdeu um olho lutando com Seth. Ficou sendo o famoso
olho de Hórus, ou o Olho de Rá, que serviu como um dos amuletos mais usados
no Egito em todas as épocas, simbolizando o poder real. Os antigos
acreditavam que este símbolo de indestrutibilidade poderia auxiliar no
renascimento. Ele teria morrido por uma picada de escorpião.

Outra referência é encontrada sobre o Deus Rá, o qual adotava várias formas
durante o dia: era um deus vivo de dia e morto à noite. Nascia de manhã como
uma pequena criança, se transformava em homem no meio do dia e era um
velho ao pôr-do-sol – para renascer na manhã seguinte. Durante este tempo,
navegava pelo paraíso em um barco chamado “Barca de Milhões de Anos” que
os egípcios usavam na sua explicação do movimento do sol no céu. O culto de
Rá ao sol era baseado em Heliópolis. Acredita-se que ele tenha sido o pai dos
reis e de todos os deuses importantes. Rá, o Deus-Sol, teria quase morrido por
uma picada de serpente venenosa. No entanto, é difícil acreditar que deuses
poderiam ser vítimas de venenos.

Os primeiros manuscritos encontrados relacionados com a Toxicologia são os


papiros de Smith e de Ebers. Descoberto pelo egiptólogo e novelista alemão
George Maurice Ebers, em 1873, o papiro de Ebers se encontra na Universitats
Bibliothek de Leipzig, Alemanha.Ele é um pergaminho que compila os textos
médicos mais antigos que se conhecem, datado de cerca de 1550 A.C. Foi
descoberto próximo à câmara mortuária de Ramsés e contém 800 fórmulas
mágicas, remédios feitos à base de plantas e algumas outras substâncias com
propriedades de veneno. As propriedades medicinais da romã, por exemplo,
conhecidas desde a Antiguidade, são descritas nesse documento, além do efeito
de várias outras substâncias vegetais e minerais como a cicuta, ópio, chumbo,
antimônio, etc.

Outros pensadores deixaram um importante legado para a Toxicologia.

THEOPHRASTUS (370-286 A.C.) foi um dos mais importantes botânicos da


Antiguidade. Depois de ter estudado com Platão, tornou-se o pupilo favorito de
Aristóteles e teve a oportunidade de continuar o seu trabalho. O filósofo liderou
a academia durante 35 anos, e foi responsável pelo primeiro Jardim Botânico
que se conhece. Das 227 obras que chegaram aos nossos dias, duas delas são
sobre Botânica:

- A História Natural das Plantas (De historia plantarum), é composta por 9


livros
- Sobre as Razões do Crescimento das Plantas (De causis plantarum) é
composta por 6 livros.

Estas obras foram trazidas à luz da cultura ocidental pelo Papa Nicolau V, que
ordenou a sua tradução para o latim, tendo sido publicadas primeiro em 1483,
com demasiados erros de tradução, e, depois em 1497, numa versão retificada.
São livros que trazem conhecimentos gerais, porém, o primeiro se refere à
ação venenosa de algumas plantas; suas informações foram adotadas por
muitos séculos.

Nicander de Colophon (204-138 A.C.) escreveu vários textos, muitos redigidos


em forma de poemas. Dois deles se destacam em relação à toxicologia:

- Theriaca (Theriac é o nome de um antídoto da antiguidade) refere-se às


mordidas de serpentes, aranhas e escorpiões venenosos, e como proceder para
o tratamento. Descreve mais de uma dezena de serpentes e os efeitos de suas
picadas;

- Alexipharmaca é outro tratado onde são enumerados outros envenenamentos


animais, vegetais e minerais, incluindo cicuta, ópio e chumbo. Dá mais
destaque às plantas tóxicas e refere os sintomas e remédios específicos para o
tratamento, alguns dos quais válidos até hoje. Divide também os venenos de
acordo com a velocidade em que causavam óbito.

Mas foi Paracelsus quem representou um grande marco da Toxicologia,


separando esta ciência em antiga e moderna. Philippus Aureolus Theophrastus
Bombast von Hohenheim, o Paracelsus (1493 - 1541), foi médico, filósofo,
alquimista iatroquímico, astrólogo e segundo alguns, charlatão, nascido em
Eisnsiedeln, cantão suiço, que revolucionou a Medicina de seu tempo ao
antecipar a homeopatia e o uso da química no tratamento médico. Formou-se
em medicina em Viena, doutorou-se em Ferrara e adotou o nome de Paracelso,
que significa “superior a Celso” (Aulo Cornélio Celso, famoso médico romano do
século I). Viajou pela Europa personificando uma transição viva entre a antiga
Arte, no sentido alquímico, astrológico e cabalístico obediente tão só aos
princípios hipocráticos e galênicos, e a nova Medicina, que trazia novos
métodos e novos ensinamentos decorrentes de notáveis descobertas que se
processavam em todos os setores da patologia, da terapêutica, da cirurgia, da
farmácia e das ciências físico-químicas. Entre outras realizações, introduziu do
conceito de doença na Medicina, empregou o método experimental, introduziu o
ópio, o mercúrio, o óxido de zinco e outros preparados químicos na terapêutica.

Este suíço-alemão produziu o primeiro manual de cirurgia, Die kleine chirurgia


(1528). Com a publicação do Die grosse Wundartzney (1536), ganhou fama e
riqueza. Fez a melhor descrição até então registrada da sífilis e assegurou que
a doença podia ser curada com doses de mercúrio (1530). Descobriu que a
doença dos mineiros era a silicose e não um castigo divino, como se acreditava,
e enunciou alguns dos princípios que seriam resgatados no século XIX por
Hahnemann, fundador da homeopatia.

Paracelsus é considerado o idealizador da Farmacologia moderna e também da


Homeopatia. Em sua obra Paramirum, destacou a importância da observação
clínica do paciente. Em experiências alquimistas, procurou o bálsamo que
curaria todos os males e que chamava de múmia. Sua maior virtude foi utilizar
seus conhecimentos de alquimia para criar medicamentos e não para a
transformação de metais em ouro.

Envaidecido pelo sucesso, afirmou estar de posse da panacéia universal e


morreu demente, no hospital-convento de Saint-Etienne, Salzburgo, hoje
cidade da Áustria. Deixou várias obras publicadas, tais como Opus Chirurgicum,
Paragranum e De gradibus. A palavra paracelsismo corresponde ao sistema
médico de Paracelso que verberou o galenismo e deu aos medicamentos
minerais uma importância que dantes não tinham.

É ainda dele a frase que personifica a Toxicologia moderna, onde diz que
“Todas as substâncias são venenos; não existe nada que não seja veneno.
Somente a dose correta diferencia o veneno do remédio.” Existem algumas
variações da frase, porém o que importa nela é a idéia de que qualquer
substância pode constituir um veneno para o corpo humano.

A Toxicologia influenciou diretamente a vida das pessoas e a História da


Humanidade. Alguns exemplos célebres são preciosos.

Sócrates (não o jogador de futebol imortalizado pelas jogadas de calcanhar,


mas o pensador grego) nasceu em Atenas, provavelmente no ano de 470 AC, e
tornou-se um dos principais pensadores da Grécia Antiga. Podemos afirmar que
fundou o que conhecemos hoje por Filosofia Ocidental. Seus primeiros estudos
e pensamentos discorrem sobre a essência da natureza da alma humana. Era
considerado por seus contemporâneos como um dos homens mais sábios e
inteligentes da época. Em seus pensamentos, demonstrou grande necessidade
de difundir sua sabedoria e, através da palavra, do discurso, buscou transmitir
os conhecimentos sobre as coisas do mundo e do ser humano a todos os
cidadãos gregos. Infelizmente, não deixou escritos e o seu pensamento nos foi
legado através dos documentos de dois dos seus discípulos: Platão e
Xenofontes. A pesar de tudo, Sócrates não foi muito bem aceito por parte da
aristocracia grega, pois defendia algumas idéias contrárias ao funcionamento da
sociedade grega, afirmando que muitas tradições, crenças religiosas e
costumes não ajudavam no desenvolvimento intelectual dos cidadãos. Temendo
algum tipo de mudança na sociedade, a elite mais conservadora de Atenas
começou a vê-lo como um inimigo público e um agitador em potencial. Foi
preso, acusado de pretender subverter a ordem social, corromper a juventude e
provocar mudanças na religião grega. Em sua cela, foi condenado a suicidar-se
tomando cicuta, em 399 AC.

O crescente uso de venenos teve, como conseqüência a busca por antídotos,


principalmente pelas pessoas que seriam alvos potenciais dessas intoxicações.
O rei Mithridates VI (132–63 AC) teria experimentado vários venenos e
antídotos em prisioneiros de guerra e, misturando diversos produtos, buscava
um antídoto universal que neutralizaria qualquer veneno. Chamou de
muthridattum e posteriormente de Theriac o que considerou como o antídoto
para todos os venenos de répteis e outras substancias. Após perder uma das
suas últimas batalhas e estar perto de ser capturado pelos romanos, matou sua
mulher e filhas e tentou suicídio ingerindo um produto tóxico de seu
conhecimento. Não se sabe se o veneno não funcionou ou se o rei estava sob
efeito do Theriac, mas ele não morreu e pediu a um soldado que o esfaqueasse.

A importância que teve a Toxicologia, na época da dinastia Julio-Claudiana,


principal casa de imperadores romanos, ficou demonstrada nas circunstâncias
da morte de quatro de seus membros:

- Augustus (27 AC -14 DC) teria sido envenenado pela terceira esposa, Lívia
Drusilla;
- Tibérius (14 - 37) teria sido envenenado e sufocado por Calígula;
- Claudius (41 - 54) foi, provavelmente, envenenado por sua terceira mulher,
Messalina;
- Nero (54 - 68) suicidou-se ingerindo alguma substância tóxica, possivelmente
cicuta ou ópio.

Nero Cláudio César Augusto Germânico (15 de Dezembro 37 - 9 de Junho 68),


se interessou pela idéia do Theriac e, com a ajuda de seus médicos, adicionou-
lhe carne de víbora, baseando-se na idéia das serpentes não morrerem pela
ação de seu próprio veneno. Sua teoria não teve efeito.

Também na literatura, a influência da Toxicologia esteve sempre presente. Na


obra de William Shakespeare, grande escritor inglês – Romeu e Julieta – a
trama se baseia em uma história situada na cidade de Verona, Itália,
envolvendo dois jovens amantes que vivem um amor proibido. A rivalidade
entre suas famílias conduz o romance a um desenlace trágico, envolvendo
substâncias toxicologicamente ativas. Até mesmo na literatura infantil, pode-se
ver a influência da toxicologia: no clássico “Branca de neve e os 7 anões”....que
substância deveria conter a maçã da bruxa má???

Agatha Marie Clarissa Miller, conhecida como Agatha Christie, também explorou
esta ciência. E não são os fãs que dizem isso: são as listas dos livros mais
vendidos. Em todo o mundo, a autora de novelas policiais, a Rainha do Crime,
ainda é lida, com voracidade, por pessoas que encontram em seus livros o
melhor do mistério. Dos cerca de 75 romances policiais que escreveu, 50%
envolvem envenenamentos, o que comprova a fascinação do tema no âmbito
literário.

Lewis Carroll, em Alice no País das maravilhas, um livro clássico transformado


em um filme quase lisérgico, também envolve a Toxicologia, quando sua
protagonista fica em dúvida sobre beber de um vidro cujo rótulo diz “beba-me”,
e que teme ser veneno. No caso, não era, porém provoca todas as
complicações descritas na literatura e cinema.

Antes da divisão originada por Paracelsus em Toxicologia antiga e moderna,


tem-se uma fase mais primitiva, em que o homem descobre os tóxicos
existentes na natureza, aprende a evitá-los e passa a utilizá-los em sua defesa
e nas atividades de caça. Na etapa seguinte, os venenos passam a ser
empregados para fins punitivos e homicidas. Ela constitui uma das mais
prolongadas e marcantes fases da história da Toxicologia, encontrando sua
época áurea na Idade Média.

São tão notáveis os vários aspectos do início dessa fase moderna, tão
divulgados os venenos e as técnicas de envenenamento na literatura e na arte,
que acabou criando, na sociedade, um conceito errôneo de que a ação tóxica
estaria ligada tão somente a alguns produtos venenosos, como arsênico,
cianeto, ácido sulfúrico etc. e sempre correlacionados ao crime ou às punições.
Formou-se a idéia de que os venenos eram utilizados pelos assassinos para
“atingir seus propósitos malignos” ou “para retirar seus adversários do
caminho”. A ação do envenenamento era tida como premeditada e secreta,
causando terror nas pessoas que sofriam da possibilidade de poder entrar em
contato com os venenos, mas sem nunca saber qual deles o mataria.

Assim, vemos que Toxicologia sempre foi uma ciência pluridisciplinar,


envolvendo a Medicina, Farmácia, Química, Bioquímica, Biologia, Ecologia,
Epidemiologia, Estatística, Psicologia, Enfermagem, Veterinária, entre outras
especialidades. Ela estuda os tóxicos/venenos em todos seus aspectos e
envolvimentos com essas especialidades.

A palavra Toxikon tem origem grega e significa veneno das flechas. As pontas
das setas eram preparadas com material biologicamente contaminado como,
por exemplo, pedaços de cadáveres ou venenos vegetais, com o intuito de
acelerar a morte dos animais durante a caça. Serviam para isso as plantas que
provocavam inflamações, que levavam o coração à paralisia ou paralisavam os
músculos ou a respiração. A Toxicologia é, pois, o estudo dos efeitos nocivos
causados por matérias químicas sobre organismos vivos.

Logos, em grego, significava inicialmente a palavra escrita ou falada — o Verbo.


Mas, a partir das idéias de filósofos gregos como Heráclito, passou a ter um
significado mais amplo. Passa, então, a ser um conceito filosófico traduzido
como razão, tanto como a capacidade de racionalização individual ou como um
princípio cósmico da Ordem e da Beleza.

Logos era definida por Sócrates como palavra, conversa, e, no sentido


filosófico, passa a significar a razão que se dá a algo, ou mais propriamente
conceito. O que se diz para definir algo, é a logos do mesmo, a razão dada ao
mesmo. Em conseqüência, definiu-se logos como o estudo de determinado
assunto.

A palavra inglesa poison vem do latim potionem, pelo francês poison, que
significava bebida, poção. Com o tempo, la poison tornou-se, ainda na França,
sinônimo de veneno e, mais tarde, os dois significados se separaram, dando le
poison, o veneno, e la boisson, a bebida. Serviu ao sentido de veneno o fato de
muitos tipos de tóxico serem administrados na forma de bebidas e, assim,
serem mais fáceis de manipular e dar às vítimas.

Os venenos sempre foram chamados de “arma covarde” por serem


administrados, geralmente, de forma furtiva, aos poucos, e por um
determinado período de tempo. Geralmente proporciona à vítima um
sofrimento prolongado. Tem associado à ação do envenenamento um particular
sentimento de ódio, o que torna o “envenenador” um indivíduo “sinistro”. O
envenenador é, assim, caracterizado pela sua falta de compaixão, e mata suas
vítimas sem o calor de um momento de stress – como numa discussão, ou
numa briga.

Um dado curioso em relação aos envenenamentos é que freqüentemente quem


os praticava eram mulheres e os principais protagonistas da história também
retratam isso, tornando algumas delas famosas. Em Nápoles, no século XVII,
uma mulher chamada Giulia Toffana preparava cosméticos contaminados com
arsênico e um poderoso veneno chamado Acqua Toffana ou água de Toffana.
Esse produto era vendido para clientes mulheres que tinham dificuldades no
casamento, acompanhado das instruções de uso. Os ingredientes da mistura
eram pouco conhecidos, porém, sabe-se que continha arsênico e,
possivelmente, chumbo e algum derivado da beladona. Era incolor e sem sabor,
podendo ser facilmente misturada com água ou vinho para ser servida com
refeições. Suas atividades foram revelados para a autoridade papal por uma
cliente. Toffana foi presa e confessou sob tortura a morte de 600 pessoas. Foi
executada em Roma, em 1659.
Reis e Rainhas também usaram venenos. Catarina de Médici (1519-1589),
famosa aristocrata francesa, nascida em Florença e mãe de três reis da França
(Francisco II, Carlos IX e Henrique III), influenciou a vida política desse país
durante mais de trinta anos. Aplicou e estudou o efeito de vários venenos
produzidos por ela em pessoas pobres e doentes. Na verdade, esse período da
Idade Média se caracterizou, do ponto de vista toxicológico por um grande
número de pessoas que, na Europa e principalmente a França, se valiam desses
produtos.
Outra italiana chamada Hieronyma Spara (La Spara) (em torno de 1659)
muitas vezes foi confundida com Toffana; exercia atividade similar e viveu
durante o mesmo período de Toffana. Chegou, inclusive, a aperfeiçoar a arte de
Toffana.

Catherine Deshayes (~1640 – 22 de fevereiro de 1680), representou o auge do


glorioso período de envenenadores. Também conhecida como Madame Voisin,
vendia veneno para esposas que queriam desfazer-se de seus maridos. Ela foi
responsabilizada pela morte de aproximadamente 1000 homens e, por também
ser exercer atividades satânicas, foi queimada viva em 1680.

César e Lucrécia Bórgia (setembro de 1475 – 12 de março de 1507 e 18 de


abril de 1480 – 24 de junho de 1519, respectivamente), filhos ilegítimos do
Papa Alexandre VI que morreu ao engolir, por engano, um veneno que ele e o
filho César prepararam para outras pessoas, foram acusados de simonia
(tráfico de coisas sagradas ou espirituais, tais como sacramentos, dignidades,
benefícios eclesiásticos etc.), luxúria, incesto e outras perversões, além de
envenenamentos, fratricídios e uma insaciável sede de poder. Os Bórgia
alimentaram as piores histórias sobre o papado da Renascença. Seu veneno
chamado “La Cantarella” tem sua composição desconhecida até hoje.
Provavelmente continha cobre, arsênico e fósforo bruto. Lucrecia Bórgia teria
sido envenenada por um de seus filhos.

Leonardo di ser Piero da Vinci (15 de abril de 1452 – 2 de maio de 1519) não
era um assassino. Foi grande pintor, arquiteto, engenheiro, cientista, músico e
escultor do Renascimento italiano e é considerado um dos maiores gênios da
história da Humanidade. Estudou venenos e criou uma teoria chamada de
passagem, na qual o veneno extraído dos órgãos impregnados de um animal
morto envenenado eram administrados a outros animais e, assim,
sucessivamente. Com isso, esperava que a força do veneno aumentasse.
Aparentemente isso não ocorria, porém ao testar o mesmo procedimento com
plantas, teve mais sucesso. A casca de árvores frutíferas era injetada com
cianeto de potássio com a suposição que o sistema vascular da planta levaria o
produto até os frutos e os tornaria venenosos. No entanto, as concentrações do
veneno eram muito baixas e eram necessários muitos frutos para causar
intoxicações. Diz a história que Leonardo da Vinci enviou frutas tratadas a uma
pessoa da família Sforza, bastante importante em Milão, para testar seu efeito
tóxico e que esta acabou por falecer após ingestão de vários frutos.

Finalmente, a Toxicologia moderna saiu das trevas e do mundo de fantásticos


antídotos para um tempo de desenvolvimento científico baseado em evidências.
Técnicas e instrumentos modernos permitem, atualmente, identificar venenos
através de amostras de sangue e urina, por exemplo, para obtermos
diagnósticos cada vez mais precisos. Passamos do tempo do Theriac, para o
tempo de antídotos fisiológicos e dos quelantes, além do desenvolvimento de
antídotos específicos.

A Toxicologia é hoje uma ciência reconhecida, desenvolvida por investigadores


brilhantes e com objetivos voltados para a promoção, proteção e recuperação
da saúde das populações.

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