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Outra referência é encontrada sobre o Deus Rá, o qual adotava várias formas
durante o dia: era um deus vivo de dia e morto à noite. Nascia de manhã como
uma pequena criança, se transformava em homem no meio do dia e era um
velho ao pôr-do-sol – para renascer na manhã seguinte. Durante este tempo,
navegava pelo paraíso em um barco chamado “Barca de Milhões de Anos” que
os egípcios usavam na sua explicação do movimento do sol no céu. O culto de
Rá ao sol era baseado em Heliópolis. Acredita-se que ele tenha sido o pai dos
reis e de todos os deuses importantes. Rá, o Deus-Sol, teria quase morrido por
uma picada de serpente venenosa. No entanto, é difícil acreditar que deuses
poderiam ser vítimas de venenos.
Estas obras foram trazidas à luz da cultura ocidental pelo Papa Nicolau V, que
ordenou a sua tradução para o latim, tendo sido publicadas primeiro em 1483,
com demasiados erros de tradução, e, depois em 1497, numa versão retificada.
São livros que trazem conhecimentos gerais, porém, o primeiro se refere à
ação venenosa de algumas plantas; suas informações foram adotadas por
muitos séculos.
É ainda dele a frase que personifica a Toxicologia moderna, onde diz que
“Todas as substâncias são venenos; não existe nada que não seja veneno.
Somente a dose correta diferencia o veneno do remédio.” Existem algumas
variações da frase, porém o que importa nela é a idéia de que qualquer
substância pode constituir um veneno para o corpo humano.
- Augustus (27 AC -14 DC) teria sido envenenado pela terceira esposa, Lívia
Drusilla;
- Tibérius (14 - 37) teria sido envenenado e sufocado por Calígula;
- Claudius (41 - 54) foi, provavelmente, envenenado por sua terceira mulher,
Messalina;
- Nero (54 - 68) suicidou-se ingerindo alguma substância tóxica, possivelmente
cicuta ou ópio.
Agatha Marie Clarissa Miller, conhecida como Agatha Christie, também explorou
esta ciência. E não são os fãs que dizem isso: são as listas dos livros mais
vendidos. Em todo o mundo, a autora de novelas policiais, a Rainha do Crime,
ainda é lida, com voracidade, por pessoas que encontram em seus livros o
melhor do mistério. Dos cerca de 75 romances policiais que escreveu, 50%
envolvem envenenamentos, o que comprova a fascinação do tema no âmbito
literário.
São tão notáveis os vários aspectos do início dessa fase moderna, tão
divulgados os venenos e as técnicas de envenenamento na literatura e na arte,
que acabou criando, na sociedade, um conceito errôneo de que a ação tóxica
estaria ligada tão somente a alguns produtos venenosos, como arsênico,
cianeto, ácido sulfúrico etc. e sempre correlacionados ao crime ou às punições.
Formou-se a idéia de que os venenos eram utilizados pelos assassinos para
“atingir seus propósitos malignos” ou “para retirar seus adversários do
caminho”. A ação do envenenamento era tida como premeditada e secreta,
causando terror nas pessoas que sofriam da possibilidade de poder entrar em
contato com os venenos, mas sem nunca saber qual deles o mataria.
A palavra Toxikon tem origem grega e significa veneno das flechas. As pontas
das setas eram preparadas com material biologicamente contaminado como,
por exemplo, pedaços de cadáveres ou venenos vegetais, com o intuito de
acelerar a morte dos animais durante a caça. Serviam para isso as plantas que
provocavam inflamações, que levavam o coração à paralisia ou paralisavam os
músculos ou a respiração. A Toxicologia é, pois, o estudo dos efeitos nocivos
causados por matérias químicas sobre organismos vivos.
A palavra inglesa poison vem do latim potionem, pelo francês poison, que
significava bebida, poção. Com o tempo, la poison tornou-se, ainda na França,
sinônimo de veneno e, mais tarde, os dois significados se separaram, dando le
poison, o veneno, e la boisson, a bebida. Serviu ao sentido de veneno o fato de
muitos tipos de tóxico serem administrados na forma de bebidas e, assim,
serem mais fáceis de manipular e dar às vítimas.
Leonardo di ser Piero da Vinci (15 de abril de 1452 – 2 de maio de 1519) não
era um assassino. Foi grande pintor, arquiteto, engenheiro, cientista, músico e
escultor do Renascimento italiano e é considerado um dos maiores gênios da
história da Humanidade. Estudou venenos e criou uma teoria chamada de
passagem, na qual o veneno extraído dos órgãos impregnados de um animal
morto envenenado eram administrados a outros animais e, assim,
sucessivamente. Com isso, esperava que a força do veneno aumentasse.
Aparentemente isso não ocorria, porém ao testar o mesmo procedimento com
plantas, teve mais sucesso. A casca de árvores frutíferas era injetada com
cianeto de potássio com a suposição que o sistema vascular da planta levaria o
produto até os frutos e os tornaria venenosos. No entanto, as concentrações do
veneno eram muito baixas e eram necessários muitos frutos para causar
intoxicações. Diz a história que Leonardo da Vinci enviou frutas tratadas a uma
pessoa da família Sforza, bastante importante em Milão, para testar seu efeito
tóxico e que esta acabou por falecer após ingestão de vários frutos.