Na coluna de 22.12.2010, foi publicado artigo defendendo a decisão
“corajosa e cidadã” do Desembargador Vladimir do TRF da 5ª Região, apontando, ainda, a existência de uma crise ética por parte da OAB, ao defender o Exame da Ordem. Inteiramente equivocada a peça opinativa, por motivos bastante singelos.
Primeiramente, o problema do Exame da Ordem é que ele demonstra,
com clareza e total precisão, a pobreza do ensino superior jurídico no país. Mas o Exame não se presta à solução desse problema; ele tão somente detecta, de forma acidental, essa problemática. A finalidade do Exame é proteger a sociedade. Sociedade esta que não compreende, a fundo, as questões jurídicas e até mesmo os seus direitos. Nessa quadra, o leigo deve ser protegido de possíveis maus profissionais em diversas áreas que demandam alto grau de conhecimento específico: Medicina, Psicologia etc. Em sua grande maioria, quem chia, grita e esperneia contra o Exame da Ordem é porque reconhece que não tem o cacife para a aprovação.
Em segundo lugar, o “digno e ético” (adjetivos do artigo de 22.12)
Desembargador Vladimir decidiu, de acordo com notícias locais, com base em interesse pessoal – seu filho foi reprovado em quatro oportunidades no referido certame. Quem levanta a bandeira da derrubada do Exame só pensa em si próprio (ou nos filhos, bem dizendo), quem deseja sua manutenção, na sociedade como um todo. A “crise ética” existente nesse caso pertence àquele primeiro grupo, não ao segundo. *Advogado, mestrando em direito processual civil pela UFRGS.