Você está na página 1de 1

Uma crise educacional persistente

João Paulo K. Forster*

Na coluna de 22.12.2010, foi publicado artigo defendendo a decisão


“corajosa e cidadã” do Desembargador Vladimir do TRF da 5ª Região,
apontando, ainda, a existência de uma crise ética por parte da OAB,
ao defender o Exame da Ordem. Inteiramente equivocada a peça
opinativa, por motivos bastante singelos.

Primeiramente, o problema do Exame da Ordem é que ele demonstra,


com clareza e total precisão, a pobreza do ensino superior jurídico no
país. Mas o Exame não se presta à solução desse problema; ele tão
somente detecta, de forma acidental, essa problemática. A finalidade
do Exame é proteger a sociedade. Sociedade esta que não
compreende, a fundo, as questões jurídicas e até mesmo os seus
direitos. Nessa quadra, o leigo deve ser protegido de possíveis maus
profissionais em diversas áreas que demandam alto grau de
conhecimento específico: Medicina, Psicologia etc. Em sua grande
maioria, quem chia, grita e esperneia contra o Exame da Ordem é
porque reconhece que não tem o cacife para a aprovação.

Em segundo lugar, o “digno e ético” (adjetivos do artigo de 22.12)


Desembargador Vladimir decidiu, de acordo com notícias locais, com
base em interesse pessoal – seu filho foi reprovado em quatro
oportunidades no referido certame. Quem levanta a bandeira da
derrubada do Exame só pensa em si próprio (ou nos filhos, bem
dizendo), quem deseja sua manutenção, na sociedade como um todo.
A “crise ética” existente nesse caso pertence àquele primeiro grupo,
não ao segundo.
*Advogado, mestrando em direito processual civil pela UFRGS.

Você também pode gostar