Você está na página 1de 55

HEMATOLOGIA

Hemograma
• Eritrograma:
– Hemoglobina
– Eritrócitos
– Hematócrito
– VGM
– HGM
– CMHG
– RDW
HEMATOLOGIA

Hemograma
• Leucograma:
– Contagem total de Leucócitos
– Contagem diferencial
• Granulócitos
– Neutrófilos (GN)
– Eosinófilos (GE)
– Basófilos (GB)
• Mononucleados
– Linfócitos
– Monócitos
HEMATOLOGIA

Hemograma
• Plaquetograma:

– Contagem de plaquetas

– Plaquetócrito

– Volume plaquetário médio

– PDW (plaquetar distribution width)


HEMATOLOGIA

Citometria de fluxo
Evolução histórica
• Coulter desenvolveu, no final dos anos 40, um contador
de células que mediante a alteração da impedância, no
orifício de passagem do fluxo celular, contava e media
as células suspensas numa solução isotónica

• No início da década de 70, começou a produção e


marcação de Acs monoclonais com fluorocromos e o
uso de sensores especializados em medir fluorescência

• Recentemente os progressos na área da computação


permitem a análise e manipulação de toda a informação
electrónica
HEMATOLOGIA

Tecnologia VCS da Coulter


V=Volume – o princípio da impedância eléctrica, permite
determinar o volume da célula

C=Condutividade – uma corrente alterna em banda de


radiofrequência, atravessa a membrana e penetra na
célula para dar informações sobre a sua composição
química, volume do núcleo e razão N/C

S=Scatter – um raio laser Hélio-Néon é usado para


colher informação sobre a granularidade celular,
lobulação nuclear e características da superfície celular
A dispersão de luz num ângulo de 10 a 70 graus permite
diferenciar GNs de GEs e as células mononucleadas
entre si
HEMATOLOGIA

Citometria de fluxo V

S
HEMATOLOGIA

Esquematização dum citómetro de fluxo


HEMATOLOGIA

Citometria de fluxo
Com as informações emanadas dos diversos sensores, o
sistema informático do citómetro vai agrupá-las em
histogramas virtuais, de acordo com as características
das várias células
HEMATOLOGIA

Citometria de fluxo
Outras aplicações passam por:

– Fenotipagem da população linfocitária em:

• Acompanhamento de doentes SIDA


• Diagnóstico de leucémias
• Diagnóstico de linfomas

– Determinação da existência do Ag HLA-B27


HEMATOLOGIA
Variações fisiológicas do leucograma
• Idade – RN
– Apresenta um pico de neutrófilos às 12 horas após o
nascimento
– Aos 10 dias os linfócitos constituem 60% dos leucócitos
– A inversão mantém-se até aos 5 - 7 anos

• Raça - ↓ global dos leucócitos com inversão N/L nos Africanos


• Exercício - ↑ leucócitos (GN, L e M )
• Tabaco - ↑ leucócitos
• Emoção – ↑ leucócitos
• Variação Diurna - ↓ leucócitos pela manhã
HEMATOLOGIA
Variações fisiológicas do leucograma

• Sexo –

– Na idade fértil a contagem total dos leucócitos e dos GN


pode ser ligeiramente superior na mulher
– O uso de contraceptivos ↑ os leucócitos

– Na menopausa os valores tornam-se menores que os


observados no homem do mesmo grupo etário

• Gravidez –
– ↑ de leucócitos ( GN ), com um pico na 8ª semana antes
do parto
HEMATOLOGIA

Valores de referência

Glóbulos vermelhos (x 10¹²/L)


Homem média 5.2 (intervalo 4.5 – 5.9)
Mulher média 4.6 (intervalo 4.1 – 5.1)

• Reticulócitos – 50 a 100 x 109/L (0.5 – 2.5%)

Glóbulos brancos (x 109/L)


12 meses média 11.4 (intervalo 6.0 – 17.5)
10 anos média 8.1 (intervalo 4.5 – 13.5)
21 anos média 7.4 (intervalo 4.5 – 11.0)
>21 anos média 7.8 (intervalo 4.4 – 11.3)
HEMATOLOGIA

Valores de referência para o adulto

Leucócitos – 7.0 ± 3.0 x109/L


• Neutrófilos – 2.5 a 7.0 x109/L (40 a 80%)
• Linfócitos – 1.0 a 3.0 x109/L (20 a 40%)
• Monócitos – 0.2 a 1.0 x109/L ( 2 a 10%)
• Eosinófilos – 0.02 a 0.5 x109/L ( 1 a 6%)
• Basófilos – 0.02 a 0.1 x109/L (<1 a 2%)

Plaquetas – 150 a 400 x109/L

PCT – 0,10 a 10 %
VPM – 5 a 11 fL
PDW – 12 a 18 %
HEMATOLOGIA

Contagem diferencial de GBs


O número e o tipo de leucócitos é normalmente reportado
em % (números relativos)
Se em vez de as distribuirmos em função de 100 células
contadas, o fizermos em função no número de células
em x 109/L obtemos um número absoluto, que é mais
correcto
Por exº, se numa contagem de 7.0 x 109/L tivermos 70%
de GNs, em valor absoluto eles serão 4.9 x 109/L GNs/L
(4900/μL)
A conversão faz-se multiplicando os GBs contados em
unidades decimais pelos GBs contados por litro

0.70 x (7.0 x 109/L) = 4.9 x 109 GNs/L


HEMATOLOGIA
Formula leucocitária

• Constitui a percentagem dos diversos


tipos de leucócitos determinados num
esfregaço de sangue periférico

• Esta contagem diferencial faz-se pelo


menos sobre 100 elementos, mas, para
um menor desvio dos valores relativos,
deve fazer-se sobre um maior número
de elementos
HEMATOLOGIA
Variedade de leucócitos
HEMATOLOGIA

Leucócitos
Dividem-se em dois grupos:
1. Fagocitos
Granulócitos
• Neutrófilos
• Eosinófilos
• Basófilos
Monócitos

2. Imunocitos
Linfócitos
Plasmócitos
HEMATOLOGIA

Fagocitos
HEMATOLOGIA

Leucócitos
Granulócitos neutrófilos

Circulam de 6-10 h antes de passarem para os


tecidos. Aí, se não forem destruídos pelo
exercício da fagocitose, podem durar de 4-5
dias até à sua senescência
HEMATOLOGIA

Neutrofilia (↑GN)

– Infecções bacterianas
– Inflamação e necrose tecidular
(miosite, vasculite, EAM, trauma)
– Alterações metabólicas
(urémia, eclampsia, acidose, gota)
– Neoplasias de todos os tipos
– Hemorragia aguda ou hemólise
– Corticoterapia (inibe marginação)
– Doenças mieloproliferativas
(LMC, Policitémia Vera, mieloesclerose)

EAM = Enfarto agudo do miocárdio


LMC = Leucémia mielóide crónica
HEMATOLOGIA

Neutrofilia (↑GN)
Reacção leucemóide
É uma reactiva e excessiva leucocitose caracterizada pela
presença de células imaturas no SP
É particularmente importante na criança
Acompanha:
– Infecções agudas e crónicas
– Hemólise grave
– Metastização tumoral
A determinação das fosfatases alcalinas leucocitárias faz o
diagnóstico diferencial com LMC (↓)
HEMATOLOGIA
HEMATOLOGIA
HEMATOLOGIA

Eosinofilia (↑GE)

– Doenças alérgicas
(asma, febre dos fenos, urticária)
– Doenças parasitárias
– Recuperação de uma infecção aguda
– Algumas doenças cutâneas
(psoríase, pênfigo, herpes)
– Poliarterite nodosa
– Doença de Hodgkin e alguns outros tumores
– Leucémia a eosinófilos

Têm um tempo de circulação um pouco mais longo do


que o GN
HEMATOLOGIA

Basofilia (↑GB)

– LMC
– Reacções alérgicas (têm locais de ligação à IgE)
– Metaplasia mielóide
– Policitémia Vera
– Anemia hemolítica crónica
– Pós-esplenectomia
De forma temporária:
– Após radiação

Os grânulos contêm heparina e histamina


Nos tecidos tornam-se mastócitos
HEMATOLOGIA

Leucócitos
Monócitos

Depois de circularem por 1 a 3 dias, passam para os


tecidos transformando-se em macrófagos que têm uma
longevidade que vai de vários meses a alguns anos

Assumem funções específicas em vários tecidos e as


dendríticas vão envolver-se na apresentação dos Ags
às células T
HEMATOLOGIA
Monocitopoiese
HEMATOLOGIA

Monocitose

– Infecções bacterianas crónicas


(tuberculose, brucelose, febre tifóide, endocardite bacteriana)
– Infecções a protozoários
– Neutropénia crónica
– Doença de Hodgkin e alguns outros tumores
– Mielodisplasia (LMMC)

LMMC = Leucémia mielomonocítica crónica


HEMATOLOGIA

LMMA – Tumefação gengival difusa por infiltração de


células leucémicas
HEMATOLOGIA

Leucémia aguda – Necrose da mucosa gengival


HEMATOLOGIA

Leucémia aguda – Necrose da língua


HEMATOLOGIA

Defeitos na função dos fagocitos


• Quimiotaxia –
– Defeito congénito – S. do leucócito preguiçoso
– Defeito adquirido – LMA e LMC
S. Mielodisplásico
Corticoterapia
• Fagocitose –
– Deficiente opsonização:
↓ componentes do Complemento
Hipogamaglobulinémia
• Morte e digestão intracelular –
– Anomalias congénitas
Do metabolismo oxidativo leucocitário
Deficiência em mieloperoxidase
LMA e LMC
S. de Chediak-Higashi
HEMATOLOGIA

Alterações benignas dos fagocitos


Alterações morfológicas
• Hereditárias:
– Anomalia de Pelger-Hüet
– Anomalia de May-Hegglin
– Sindroma de Chediak-Higashi
– Sindroma de Hurler (mucopolissacaridose rara que altera a
granulação dos granulócitos)

• Comuns:
– Hipersegmentação nuclear
– Corpos de Döhle e granulação tóxica
– Apêndice cromatínico
– Pseudo-Pelger (L. mielóide e S. mielodisplásico)
HEMATOLOGIA

Neutropénia
O limite normal de GN é de 2.5 x 109/L
Excepto nos negros e no Médio Oriente em que é de
1.5 x 109/L
< 0.5 x 109/L – infecções recorrentes
< 0.2 x 109/L – risco muito sério de infecção
Manifestações clínicas:
– Ulcerações da boca e garganta
– A nível da pele e do ânus
– Septicémia a agentes de flora comensal, como
Staphylococcus epidermidis e Gram- do intestino,
que se tornam patogénicos
HEMATOLOGIA

Neutropénia
Ulcerações da língua
HEMATOLOGIA

Neutropénia
1. Parte de pancitopenia
2. Selectiva
2.1 Congénita – Autossómica recessiva, apresenta erro
na codificação da elastase dos GN
2.2 Adquirida –
• Benigna (racial ou familiar)
• Cíclica (elastase), leva ao aumento dos monócitos
• Autoimune
• Leucémia a LGL
• Infecções
– Vírus – Hepatite, VIH, Influenza
– Bactérias – febre tifóide, tuberculose miliar
• Induzida por fármacos
– Anti-inflamatórios, anti-bacterianos, anti-convulsivantes,
hipoglicemiantes, etc.
HEMATOLOGIA

Imunocitos
HEMATOLOGIA

Linfocitose
– Infecções agudas
– MNI Tosse convulsa Papeira
– VIH Rubéola CMV
– Herpes simples ou zóster
– Infecções crónicas
– Tuberculose Brucelose Toxoplasmose
– Sífilis Hepatites infecciosas

– Tirotoxicose
– LLA e LLC
– Alguns Linfomas não Hodgkin
HEMATOLOGIA

Linfocitose
MNI
É uma doença que apresenta linfocitose a linfócitos T que
reagem contra linfócitos B infectados com EBV
Linfocitose absoluta encontra-se aos 7-10 dias
Por volta das 2 a 3 semanas da doença e por 6 semanas
são detectáveis os Acs heterófilos pela R. de Paul-
Bunnell Davidsohn ou Monoteste
Acs anti-cápside de EBV (Anti-VCA) também são precoces
e duradouros
Acs anti-núcleo de EBV (Anti-EBNA) são mais tardios, mas
persistem por toda a vida
Pode acompanhar-se de anemia hemolítica e trombocito-
pénia autoimunes
HEMATOLOGIA

Linfocitose
MNI
HEMATOLOGIA

Linfocitopénia

– Falência MO
– Corticoterapia
– Imunossupressão
– Radiação
– Doença de Hodgkin
– SIDA
HEMATOLOGIA

Linfocitopénia
Infecção por VIH
Contagem Estadio Clínica
de CD4+
> 0.5 x 109/L Precoce Baixo risco de doença

0.2-0.5 x 109/L Médio Risco moderado de


doenças oportunistas
0.05-0.2 x 109/L Tardio Elevado risco de
doenças oportunistas
< 0.05 x 109/L Avançado Elevado risco de
doenças oportunistas e
morte
Razão CD4:CD8 normal é de 1,5 a 2,5:1
vai tender para 1:1 ou ainda menos
HEMATOLOGIA

Gânglio linfático
HEMATOLOGIA

Folículo linfático
HEMATOLOGIA

Paraproteinémia

Diz respeito à presença, no soro, de uma imunoglobulina


produzida por um único clone de plasmócitos

Situações benignas:
– Transitória (infecções)
– Plasmocitoma solitário
– Gamapatia monoclonal benigna
– SIDA
– Doença crónica de hemaglutininas a frio
– Doença de Gaucher
– Raramente associada a carcinomas
HEMATOLOGIA

Paraproteinémia
Situações malignas:
– Mieloma múltiplo
– Macroglobulinémia de Waldenström (IgM paraproteína)
– LLC
– Leucémia de plasmócitos
– Linfoma maligno
– Doença das cadeias pesadas (α é a mais comum)
– Amiloidose primária (caracteriza-se pelo depósito extra-
celular de proteínas numa forma fibrilar anormal e em que o
diagnóstico se faz com Vermelho do Congo sob luz polarizada)
HEMATOLOGIA

Mieloma múltiplo
1. A paraproteína é:
– IgG em 2/3 dos casos
– IgA em 1/3
– Raramente IgM ou IgD
– Pode haver casos mistos
– A secreção das IgG, IgM e IgA normais está reduzida
– A urina contém proteína de Bence-Jones em 2/3 dos casos
– São cadeias livres, κ ou λ, do mesmo tipo da paraproteína
– Em 15% de casos encontra-se sem que haja paraprotei-
némia
– Casos raros de Mielomas não secretórios, cursam sem
paraproteinémia
HEMATOLOGIA

Mieloma múltiplo

2. Pode apresentar aumento de plasmócitos na MO


(> 20%), com formas anormais

3. Lesões ósseas de tipo osteolítico, que produzem


fracturas patológicas

Em 20% dos casos não há lesões ósseas

O diagnóstico faz-se com base na existência de pelo


menos dois destes achados
HEMATOLOGIA

Mieloma múltiplo
Outros achados laboratoriais:
– Anemia normocrómica, normocítica ou macrocítica
– Rouleaux
– VS aumentada
– Plasmócitos em SP, em 15% dos casos
– Neutropénia e trombocitopénia (em doença avançada)
– Aumento da calcémia em 45% dos casos, com ALP normal
– Sindroma de hiperviscosidade, neuropatia e falência
cardíaca devido à polimerização da proteína anormal
– Insuficiência renal, para o que contribui a proteinúria, a
calcémia, ácido úrico, amilóide e pielonefrite
– β2 – microglobulina serve como indicador de prognóstico
Valores < 4 mg/L são de bom prognóstico
HEMATOLOGIA

Plasmócitos

Presentes em SP:

– Escarlatina
– Varicela
– Mieloma múltiplo
– Leucémia a plasmócitos
HEMATOLOGIA

Diagnóstico de uma leucémia

• Morfologia
• Imunofenótipo
• Citogenética
• Biologia Molecular
• Anatomia Patológica
HEMATOLOGIA

Classificação das leucémia

• FAB Baseada na morfologia


• MIC Baseada na citogenética
• EGIL Baseada no imunofenótipo
• WHO Baseada em todas as anteriores
Universalmente aplicável
Com relevância na terapêutica e no
prognóstico
HEMATOLOGIA

VS (Velocidade de sedimentação dos eritrócitos)


É uma determinação muito comum, embora inespecífica
que mede a velocidade com que os GVs sedimentam no
prazo de 1 hora

A velocidade está muito dependente da concentração


plasmática de grandes proteínas como o fibrinogénio
e imunoglobulinas

Valores no homem – 1 a 5 mm/ 1ª h


Valores na mulher – 5 a 15 mm/1ª h

Aumenta progressivamente com a idade


HEMATOLOGIA

VS
• Valores elevados:
Gravidez
Anemia grave
Doença neoplásica
Inflamações sistémicas
Valores > 100 mm/h observam-se no MM

• Valores diminuídos:
Policitémia Vera
Poliglobúlias

• Útil na monitorização de:


Artrites reumáticas
Doença de Hodgkin
Resposta a terapêutica

Você também pode gostar