Carlos Serrano Angola Nascimento de uma Nacao Um estudo sobre a construcgio nee da Identidade Nacional Prefacio de Alfredo MargaridoCAPITULO VI A palavra das armasPara abordar a criagéo da identidade nacional angolana nés poderiamos ter varias vias, sobretudo se quiséssemos fazer a andlise tendo emi vista © processo histérico. O primeiro mo- mento € a consequéncia directa da intervengéo sempre brutal € pouco habil do colonizador: o individuo toma-se angolano para melhor organizar a oposi¢&o ao colonizador, ainda que nessa primeira fase as lutas se realizem de forma um tanto fragmentada. No segundo momento, pode-se considerar que praticamente a integragio se deu: as diferentes -nacionali- dades reconhecem-se na domina¢ao sob um denominador co- mum € unem-se para 0 protesto, para as diferentes formas de resisténcia. Entdo, os individuos de um grupe, como os Cokwe ou os Kwanyama so angolanos, mas ainda tém a sua especifi- cidade de origem enquanto grupo étnico. Para a colonizago, no entanto, o grupo étnice € fragmentado e é dessa maneira que se constitui a propria base da colénia angolana, base que comeca a ser substituida dentro clas fronteiras que constituem © Estado colonial angolano, numa relagio interna € constante dos diferentes grupos que transitam pouco @ pouco neste es paco jd angolano. Impossivel estabelecer cronologicamente o momento em que essa mobilidade e as relagdes interétnicas entre 05 diversos grupos criam ou comecam a criar uma cons ciéncia precisa em relacio ao dominador comum, Pelo menos nos finais do século XIX, quando a relagdo com o Brasil permi- te expresses de nativismo provocadas por intelectuais nativis- tas impregnados de interesses e valores vindos do Brasil ‘A segunda fase desse processo € a da racionalizaglo da identidade cultural a que estamos nos referindo e que procede dh inuelligentzia urbana, Sto eles angolanos, no $6 por rejei- fo 20 modelo portugués o que, embora imponante, ainda € limitado, mas pelo conhecimento da propria autonomia, auto- non 5 0 € do reconheci-