Você está na página 1de 13

Em prises baixas fui um tempo atado, vergonhoso castigo de meus erros; inda agora arrojando levo os ferros que

a Morte, a meu pesar, tem j quebrado. Sacrifiquei a vida a meu cuidado, que Amor no quer cordeiros, nem bezerros; vi mgoas, vi misrias, vi desterros: parece-me questava assi ordenado. Contentei-me com pouco, conhecendo que era o contentamento vergonhoso, s por ver que cousa era viver ledo. Mas minha estrela, que eu jgora entendo, a Morte cega, e o Caso duvidoso, me fizeram de gostos haver medo.

1524

1549

1553

1560

1570

1542

1552

1556

1568

1580

Lus Vaz de Cames, filho de Simo Vaz de Cames e Ana de S e Macedo, nasceu a 1524 ou 1525, segundo documentos publicados por Faria e Sousa. Em Lisboa ou em Coimbra, a data e o local do seu nascimento no so certos. Segundo registo da lista de embarque para o Oriente do ano de 1550, declara-se que Lus de Cames se inscrevera e, nesse registo, -lhe atribuda a idade de 25 anos.

Entre 1542 e 1545, viveu em Lisboa, trocando os estudos pelo ambiente da corte de D. Joo III, conquistando fama de poeta, e feitio altivo.

Em 1549 Lus Vaz de Cames segue para Ceuta e por l fica at 1551. Era uma aventura comum na carreira militar dos jovens, recordada na elegia Aquela que de amor descomedido. Num cerco, teve um dos olhos vazados por uma seta. Ainda assim, manteve as suas potencialidades de combate.

Em 1552 so-lhe atribudos vrios amores, no s por damas da corte mas at pela prpria irm do Rei D. Manuel I. Teria cado em desgraa, a ponto de ser desterrado para Constncia. No h, porm, o menor fundamento documental. No dia de Corpus Christi de 1552 entra em rixa, e fere Gonalo Borges sendo preso durante 8 meses.

Um ano mais tarde libertado por carta rgia de perdo de 7 de Maro de 1553, embarcando para a ndia na armada de Ferno lvares Cabral, a 24 desse mesmo ms.

Em 1556 parte para Macau, onde continuou os seus escritos. Vive numa clebre gruta com o seu nome e por a ter escrito boa parte de Os Lusadas. Naufragou na foz do rio Mekong, onde conservou de forma herica o manuscrito d Os Lusadas. No naufrgio teria morrido a sua companheira chinesa Dinamene, celebrada em srie de sonetos. possvel que datem igualmente dessa poca ou tenham nascido dessa dolorosa experincia as redondilhas Sbolos rios.

Em 1560 regressa a Goa e pede a proteco do Vice-Rei D. Constantino de Bragana num longo poema em oitavas. Aprisionado por dvidas, dirige splicas em verso ao novo Vice-Rei, D. Francisco Coutinho, Conde do Redondo, para ser liberto.

Em 1568, vem para a Ilha de Moambique, onde, passados dois anos, Diogo do Couto o encontrou, como relata na sua obra, acrescentando que o poeta estava "to pobre que vivia de amigos". Trabalhava ento na reviso de Os Lusadas e na composio de um Parnaso de Lus de Cames, com poesia, filosofia e outras cincias.

Em 1570, Lus Vaz de Cames aportou em Lisboa. Essa viagem foi paga por um dos seu amigos Diogo do Couto, visto o poeta se encontrar na misria.

Em 1580 assistiu partida do exrcito portugus para o norte de frica. Morre a 10 de Junho numa casa de Santana, em Lisboa, sendo enterrado numa campa rasa numa das igrejas das proximidades.

Tmulo de Cames, Mosteiro dos Jernimos

Você também pode gostar