A circuncisão é no meu olhar um acto bárbaro e cobarde, e passo a explicar
esta minha opinião. È feita a crianças masculinas de tenra idade, na qual ainda não possuem nenhuma auto-defesa sobre actos desta natureza, cometidos por vontade ou com o consentimento dos próprios pais. Pessoas essas, que pela criança são consideradas orientadores com enorme sabedoria e amadas incondicionalmente por ela. Utiliza-se como argumento para operar a criança o mais cedo possivel, que nessa idade “dói menos”. Quem é que realmente se lembra de uma maneira mensurável com que intensidade sentia as dores com um ano em comparação à idade de cinco? Além disso este argumento representa uma mera desculpa porque têm medo que o homem em questão com uma idade mais avançada já não o quererá fazer, o que é em alguns casos bastante provável. E aí como fica a nossa família perante os outros? A circuncisão não é posta em causa porque é um hábito inserido na cultura de duas das quatro maiores religiões do planeta, o que a tornou inevitavelmente em algo perfeitamente “normal”. O que numa sociedade ou cultura ou religião é considerado normal, ninguém põe em causa, ainda por cima é defendido com mais ou menos força por todos. Se alguém puser o “normal” em causa, é olhado com desdém, como alguém que quer criar desordem ou desequilíbrio, ou como alguém com algum “problema”. Dou um exemplo: No mundo ocidental há cem anos atrás o jovem solteiro João (20 anos) chegou perto de seus pais e disse: “Eu vou alugar uma casa e viver com a minha amada”. Como é que os pais desse jovem terão reagido? Como é que a família e a comunidade teriam reagido, se os pais consentissem tal acto??? No entanto, cem anos depois, o jovem João é capaz de levar uns “bons” conselhos dos pais e é libertado de casa. Quero dizer com isto, que muita coisa que é normal hoje, não o foi no passado, nem o será no futuro porque houve ou haverá a partir de dado momento cada vez mais pessoas que puseram ou porão determinados lugares comuns em causa. E com isso está explicado que a circuncisão certamente mais cedo ou mais tarde já não se usará. Tal como tudo neste mundo, que está em constante mudança. Agora, há mais um argumento a favor da circuncisão, dizendo que ela é estremamente benéfica para o homem porque evita a criaçao de bactérias e consequentes doenças, até acredito que este argumento corresponde à verdade. Mas, quem usa a circuncisão por hábito são as comunidades muçulmanas e judias, que são pessoas que se preocupam bastante com a higiéne corporal. Para quém se lava diáriamente ou até duas ou mais vezes por dia e com rigor não faz na minha opinião diferença alguma se tem ou não ainda o seu prepúcio. Vejamos, para a mulher muçulmana ou judia tanto faz se o rapaz e cortado ou não porque não acontece a ela própria, nem a seu igual. Os homens, como são considerados de uma meneira geral como insensíveis não se importam que o pequenito seja cortado, porque um homem aguenta muito mais do que uma “coisinha” dessas, além disso o próprio já o fez e está vivo e contente! Só que lhe fizeram-no aos quinze meses quando não se podia opor de forma alguma a esse acto, consequentemente deseja que também o seu filho, sobrinho, neto leve o mesmo tratamento etc. Imaginemos agora, que uma mulher se junta a um homem que vive inserido numa determinada sociedade em que é natural que às meninas de tenra idade se corte o pequeno lábio da vagina, por razões de maior higiéne, beleza e outras tantas como o hábito adquirido ao longo de décadas ou séculos. O que é que se passará no mundo interno dessa mulher ao ser confrontada com a questão de ter que cortar à sua recém-nascida menina o tal por essa sociedade considerado supérfluo lábio pequeno da sua pequena vagina? Ela não pensará coisas do género: “Que povo bárbaro é este, o do meu marido?”?