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Os Xucuru, com uma população atual de cerca de 3.

500 índios, vivem na serra do


Ororubá, numa área de 26.980 hectares, no município de Pesqueira.
De acordo com vários pesquisadores, o nome da serra Ororubá possui diversas origens e
significados: seria uma corruptela de uru-ybá – fruta dos urus, onomatopaico de várias
pequenas perdizes; viria de "orouba", uma palavra oriunda do cariri; seria de origem tupi,
vindo de uru-ubá – fruta do pássaro ou ser corruptela de arara-ubá ou, ainda, poderia
dizer respeito à expressão designativa da primeira tribo tapuia-cariri localizada na serra.
Sua presença na serra do Ororubá, vem desde a época da colonização portuguesa, como o
comprovam alguns documentos. Provavelmente nunca tenham se afastado do local.
Em 1879, como aconteceu com outras aldeias que ainda sobreviviam à invasão do seu
território, houve a extinção da aldeia Xucuru pelo Governo. O grupo passou então a
sobreviver vagando pela serra.
Foram alvo de perseguições, como a proibição de seus ritos religiosos e da prática do uso
de ervas medicinais para curar suas doenças. Porém, a indefinição de seus limites
territoriais foi, no entanto, o que mais afetou a existência do grupo. Seu território foi
demarcado em 1995, mas o processo de regularização fundiária ainda não foi concluído,
ocasionando muitos conflitos pela posse da terra.
Os remanescentes Xucuru que sobreviveram ao processo de perseguições sistemáticas e
expropriação de suas terras conservaram poucos traços étnicos e culturais. O toré é
dançado em poucas ocasiões, não falam mais sua língua nativa, salvo algumas palavras
ainda conhecidas pelos mais velhos como, lombri= água; lomba=terra; clariu= estrela;
amum= farinha; echalá= fava; maiu= panela; xigó = milho; chrichaú= feijão; memengo=
bode, entre outras.
O grupo está distribuído em 18 aldeias: São José, Afeto, Gitó, Brejinho, Canabrava,
Courodanta, Bentevi, Lagoa, Santana, Caípe, Caetano, Caldeirão, Pé de Serra, Oiti,
Pendurado, Boa Vista, Cimbres e Guarda.
Cada aldeia é constituída por um grupo de famílias, habitando cada uma na sua casa.
Toda a aldeia possui um representante, que leva os problemas da sua comunidade para o
cacique, que é o representante dos Xucuru como um todo.
Vivem, essencialmente, da agricultura de subsistência, horticultura, fruticultura e do
artesanato de bordados de renascença feitos pelas mulheres da tribo.
As principais culturas são milho, feijão, fava e mandioca, porém o que garante a
sobrevivência dos índios é a fava, por ser de custo mais baixo que o feijão, sendo colhida
durante todo o verão.
Os Xucuru revivem, anualmente, suas tradições mítico-religiosas por ocasião das festas
de Nossa Senhora das Montanhas e de São José. Apesar de não serem festas indígenas,
servem de motivo para que os índios revivam costumes próprios da sua cultura, através
das danças, cantigas em dialeto misturado com português e o cultivo das lendas sobre a
tribo, como a que diz: "Nos tempos dos índios inocentes, encontraram a imagem de
Nossa Senhora num tronco de jucá, os padres levaram, então, a Santa para a igreja, mas a
santa voltou para o tronco de Jucá".
Segundo dizem, é neste local que se realiza o ritual dos caboclos: os homens, vestidos
com trajes de palha de milho, com flautas e bastões, dançam no local durante toda a
noite.
Saber mais:
Espaço Cultural do Povo Xukurú de Ororubá

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